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35 ─ Run away with me

𝐏𝐀𝐘𝐓𝐎𝐍 𝐌𝐎𝐎𝐑𝐌𝐄𝐈𝐄𝐑

Onze horas da noite e eu simplesmente não conseguia dormir. Já havia me deitado faz mais de uma hora e não consegui pregar os olhos nem por um minuto sequer.

Enrolado nas cobertas, a chuva descia forte lá fora e algo me atormentava. Me impedia de dormir.

Perdido nos meus pensamentos, ouço a campainha tocar e dou um pulo pelo susto.

Quem seria a essa hora da noite e porque?

Calcei meus chinelos rapidamente e me levantei. Descendo as escadas, a campainha tocou de novo e de novo.

─── Já vai! ─── exclamei impaciente com tanto desespero da tal visita noturna.

Assim que abri a porta tive uma surpresa ao ver Maeve ensopada em minha frente.

─── Maeve? ─── indaguei confuso e a garota me abraçou apertado.

Ela chorava a ponto de soluçar.

─── O que aconteceu? ─── nos soltamos. ─── O que houve com seu olho? ─── perguntei ao reparar que Jones tinha um de seus olhos inchado e roxo.

─── Meu pai. ─── respondeu ela visivelmente esgotada. ─── Eu não quero voltar 'pra casa, Payton. Não quero. ─── seus olhos me fitavam como um pedido de socorro.

─── Tudo bem, você pode ficar aqui. ─── a envolvi em meus braços.

─── Me desculpa, eu não sabia para onde ir.

─── 'Tá tudo bem. ─── acariciei seus cabelos.

─── Eu preciso de ajuda. ─── sussurrou.

─── Eu estou aqui. Eu vou te ajudar.

─── Eu não sei mais o que fazer. ─── ela afundava o rosto contra meu peito.

Eu pensava no que fazer ou simplesmente dizer enquanto a garota desabava em meus braços, mas nada parecia ser bom o bastante para acalmá-la. Ver Maeve naquele estado com certeza me desestabilizava.

Após longos minutos em silêncio eu disse:
─── Foge comigo. ─── sugeri jurando que aquela era a resposta para todos os nossos problemas.

Mal sabia eu que a insistência nessa estúpida idéia traria consequências irreversíveis...

─── Payton... ─── suspirou negando com a cabeça em meio aos soluços.

─── Pensa em como nossa vida ia mudar! Morando de frente para a praia, em Califórnia com nossos pés na areia, você naqueles shorts de cintura alta... ─── um sorriso se forma em meus lábios ao imaginar a cena. ─── O mundo inteiro em nossas mãos. ─── ela permanecia em silêncio.

Eu sabia que no fundo ela cogitava a idéia. Parte dela queria aquilo tanto quanto eu porque éramos jovens e ingênuos, com sede de um mundo perfeito, livre da culpa e das injustiças.

─── É o único jeito, Maeve. ─── acrescentei por fim.

─── Payton, não é tão simples. ─── ela se soltou.

─── O que está nos impedindo?

─── Eu não quero nem pensar no que meu pai é capaz de fazer se eu sumir. ─── pude sentir o medo em sua voz.

─── Eu não vou deixar que ele faça nada com você.

─── Payton, nem a polícia conseguiu pará-lo.

─── Eu não ligo. ─── tolo adolescente...

─── Mas eu ligo porque sou eu quem vou ser estuprada! ─── Maeve disse como se estivesse tirando um peso das costas. Nós dois paralisamos instantaneamente, tentando digerir o peso daquelas palavras, mas não era tão simples. ─── Me desculpa. ─── Maeve abaixou a cabeça deixando mais lágrimas escorrerem pelos seus rosto.

─── Maeve, você não tem que pedir desculpas. Não é sua culpa. Eu não consigo imaginar pelo o que você tem passado, mas você tem a mim e eu estou aqui por você, sempre. ─── coloquei uma mecha do seu cabelo atrás de sua orelha. ─── 'Tá bom? ─── ela assentiu e eu a puxei para mais um abraço.

Eu nunca imaginei que fosse possível odiar alguém que eu nunca conheci, nem sequer sei o nome, mas eu tive certeza que isso era possível quando ouvi Maeve me pedir socorro porque seu próprio pai estava a sufocando, tirando suas noites de sono. Foi o cúmulo.

─── Deveríamos ir até a polícia. ─── sugeri.

─── Não, Payton. ─── ela falava com dificuldade em meio as lágrimas. ─── Eu só quero dormir. Dormir sem me preocupar em ser machucada. ─── Jones se envolveu mais em mais braços.

Vê-la assim partia meu coração em milhares de pedaços. Como se ele fosse de vidro e tivesse caído.

─── E a Ravena? ─── perguntei me dando conta de que a gatinha não estava conosco.

─── Uma hora dessas já deve estar morta no meio da rua. ─── o choro mal a deixava falar.

─── Q-que? Como assim?

─── Meu pai acertou ela várias vezes com chutes e ela conseguiu fugir pela janela, mas no estado que ela ficou... ─── ela nem conseguia terminar de dizer.

─── Eu tenho certeza que a Ravena está bem, ela é esperta. Nós vamos encontrá-la.

─── Eu não teria tanta certeza... ─── Jones se soltou secando as lágrimas.

─── Vamos subir. Você precisa de um banho quente antes que fique gripada.

[...]

Maeve se encostou no batente da porta do banheiro assim que terminou de se arrumar. Parecia pensativa, assim como eu.

─── Vem cá. ─── ela caminhou até minha cama, se sentando no meu colo. ─── Vai ficar tudo bem. Eu te prometo. ─── suas pernas enrolaram em minha cintura.

Jones não parecia acreditar que tudo ficaria bem, mas assentiu mesmo assim.

─── Obrigada. ─── um sorriso fraco surgiu em seus lábios. E então, eu juntei nossos lábios, calmamente. Puxando Maeve cada vez mais para mim enquanto suas mãos deslizavam pelos meus cabelos.

Maeve só queria se sentir segura, e foi naquela noite que jurei a mim mesmo que a protegeria para sempre e nunca mais a deixaria se sentir sozinha outra vez, porque eu a amo.

Eu amo Maeve.

+ NOTAS !

• oi gente, tudo bem?

• coloquei referências de sweater weather, tchau.

• qual horário vocês preferem que eu poste os caps? (não me deixem no vácuo, sou cardíaca!😢☺️☠️)

gente, fala um horário pelo amor de deus☠️ pelo menos "de manhã", "de tarde" ou "de noite" sla KKKKKKKKKKKKKK pq eu não sei quando vcs estão desocupados pra ler aaa

• não se esqueçam de votar!<3

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