08 ─ Is that you smiled
𝐏𝐀𝐘𝐓𝐎𝐍 𝐌𝐎𝐎𝐑𝐌𝐄𝐈𝐄𝐑
-AI AI! - Maeve gritou e eu percebi que ela era a coisa macia. - Qual é a sua dificuldade de ficar quieto e em silêncio?! - ela perguntou irritada. - Sai de cima de mim!! - ela me empurrou brutalmente e se levantou.
- Me desculpa. Eu vou ficar quieto dessa vez. - eu dizia enquanto ela subia a arquibancada e eu ia atrás. - Jones, me espera.
- Primeiro: Cala a boca. Segundo: Para de me chamar assim! - ela se sentou no alto da arquibancada.
Me sentei ao seu lado e nós ficamos em silêncio enquanto ela observava o jogo que estava tendo no campo. Sem perceber eu comecei a cantar baixinho. E ela ficou me encarando como se me esperasse parar.
- Me desculpa. Eu prometo que não vou dar mais nenhum pio daqui pra frente! - eu fechei um zíper imaginário na minha boca e joguei fora a chave, também imaginária, e Maeve soltou uma risada fraca.
Pela primeira vez eu tinha visto ela sorrir.
Fiquei sorrindo bobo enquanto encarava ela e logo sua cara de brava voltou.
- O que foi? - ela perguntou.
- Nada... - respondi sorrindo na esperança que ela insistisse pra eu dizer o que era.
- Tá bom. - ela voltou sua atenção pro jogo.
Eu não sei como ainda tenho a ilusão que ela vai dar mole pra mim ou pra qualquer outra pessoa.
- Não vai perguntar o que é?
- Não.
- Porque não?
- Porque você disse que não era nada ué.
- Era só jeito de falar.
- Tá se fazendo de difícil porque?
- Não estou me fazendo de difícil.
- Fala logo o que era antes que eu levante e saia andando. - disse impaciente.
- É que você sorriu. - respondi simples e ela me olhou com tédio.
- Bacana.
- Ah, - me virei pra ela. - A gente pode terminar o trabalho hoje se você quiser.
- Você disse que não podia.
- É, mas agora eu posso.
- Ok então.
- Hoje ao invés de ir a pé, você vai comigo.
- É o que vamos ver. - o sinal tocou e ela desceu as arquibancadas. Fiquei ali alguns segundos e fui pra minha aula.
[...]
- Até amanhã pessoal! - o professor do último horário disse e eu saí da sala.
Me despedi dos meus amigos e de Sarah e fui na biblioteca. Quando entrei consegui ver Maeve devolvendo algum livro para a bibliotecária. Me encostei em uma pilastra e fiquei esperando elas terminarem de conversar. Assim que Maeve começou a caminhar e me viu, revirou os olhos.
- Parece que você vai embora comigo. - sussurrei vitorioso quando ela se aproximou.
- Cada vez que eu te vejo eu tenho a impressão que você ficou mais insuportável. - ela disse e começou a andar.
- As vezes eu fico me perguntando se te fiz alguma coisa pra você me tratar assim.
- Você nasceu.
- Viu. É de graça.
- Cadê seu carro? - ela perguntou quando chegamos no estacionamento.
- Não muda de assunto. - eu destranquei meu carro e nós entramos.
Dei partida e ficamos o caminho todo em silêncio. Maeve parecia nem se importar mas minha língua estava coçando pra falar alguma coisa.
- Chegamos. - estacionei na minha casa.
Entramos e fomos almoçar. Não tínhamos trocado nenhuma palavra. Então eu decidi dizer alguma coisa.
- Qual o seu cantor ou cantora favorita?
- Não escuto muita música.
- Entendi... Eu gosto bastante do Post Malone.
- Não faço idéia de quem seja.
- Em que mundo você vive? - perguntei e peguei meu celular. Desbloqueei o mesmo e abri meu Spotify. - Aprecie. - eu disse e dei play em uma playlist do Post Malone. Ela continuou comendo e eu fiquei cantando.
- Até que você canta bem. - ela disse indiferente.
- Você acha? - perguntei metido.
- Foi o que eu disse. - respondeu sem nenhuma emoção e eu sorri.
Terminamos de almoçar e subimos pro meu quarto para terminar o trabalho. Não trocamos muitas palavras. Apenas o básico. Pelo o que eu percebi, ela não gosta muito de falar. Prefere o silêncio total.
- Porque você escolheu fazer o trabalho comigo e não com a Charlotte? - pela primeira vez ela foi quem cortou o silêncio.
- Porque eu estou precisando de nota, e as suas são as melhores da sala! - eu expliquei e ela voltou sua atenção ao trabalho com uma cara meio de decepção. Mas eu tinha mentido. O motivo não era nota. - Ei, eu estou brincando. Quer dizer, as suas notas realmente são as melhores da turma mas não foi por isso que eu quis fazer com você.
- Foi porque então? - perguntou tentando não demonstrar sua curiosidade escondida por baixo daquele jeito frio dela.
Fiquei pensando por alguns instantes em uma resposta para a pergunta que ela me fez mas sinceramente eu não sei porque recusei fazer com a Charlotte para fazer com a Maeve.
- Sinceramente? Eu não sei. - o silêncio tomou de volta o seu lugar.
- Espera, como você sabe minhas notas? - ela cortou o silêncio novamente.
- Eu pedi para a moça da secretaria.
- Mas esses registros não deveriam meio que ser "secretos"? - fez aspas com os dedos. - Eu não sabia que qualquer um poderia ir lá e violar as leis de sigilo e proteção da integridade dos alunos.
- E não pode mas a secretária fez esse favor por mim.
- Em troca você teve que transar com ela?
- Não! Que nojo! Ela deve ter 4 vezes a minha idade.
- Como se isso fosse impecilho para alguém...
- É verdade... Mas eu não comi a secretária! Eu apenas sou carismático e muito conhecido na escola. - dei de ombros.
- Pelo menos a secretária te conhece. - ela riu de canto.
- Você que é muito desinformada! Onde já se viu não conhecer o capitão do time de futebol?!
- Lá vem você e seu ego ferido de novo. - ela revirou os olhos.
- Eu não tenho o ego ferido!
- Se não tivesse não iria precisar ficar se auto afirmando toda hora.
- Eu não fico me auto afirmando.
- Aham. Me conte uma verdade.
- Você é tão chata.
- Você é tão egocêntrico. - ficamos nos encarando por alguns instantes e eu mostrei a língua pra ela e ela pra mim. Aí nos demos conta que estávamos agindo igual duas crianças e começamos a rir.
Maeve logo fechou a cara de novo e voltamos a fazer o trabalho. Ela nitidamente não gostava de se sentir vulnerável e estava sempre na defensiva tentando ter o controle da situação.
[...]
- Finalmente terminamos. - eu disse assim que finalizamos o trabalho.
- Finalmente mesmo. - ela começou a juntar suas coisas.
- Já vai?
- Óbvio.
- Porque?
- Porque eu não tenho mais nada pra fazer aqui.
- Não quer jogar? Ou assistir um filme?
- Nós não somos amigos. - ela se levantou.
- Não disse que somos amigos. Só te convidei pra ficar mais um pouco.
- Muito obrigada mas eu vou pra casa. - saímos do meu quarto.
- Então deixa eu te levar pelo menos? O que seus pais vão pensar de mim te deixando voltar sozinha pra casa?
- Minha mãe morreu, meu pai não se importa e eu já estou bem grandinha.
- Eu sinto muito pela sua mãe. - eu disse fazendo o clima ficar desconfortável. - Mas eu tenho certeza que seu pai se importa.
- Você não conhece o meu pai...
- Mas todo pai se importa com seus filhos. Quer dizer, menos o meu.
- E muito menos o meu.
- Ele não tem tempo pra você porque trabalha muito igual minha mãe ou abandonou sua mãe grávida igual meu pai? - eu disse e ela parecia surpresa com o que eu disse.
- Ele trabalha muito...
- Finalmente alguém que me entende. - suspirei.
- Bom, então tchau. - ela disse e eu abri a porta.
- Tem certeza que não quer ficar ou que eu te leve?
- Tchau Payton. - ela ignorou o que eu disse como da última vez.
- Tchau Maeve. - ela começou a caminhar. - Ei, Jones. - ela parou e se virou. - Se algum dia seu pai estiver trabalhando muito e sei lá, você não queira ficar sozinha... Pode vir aqui pra casa. - eu disse meio tímido.
- Tá bom. - ela voltou a caminhar.
- Você não vai vir né? - perguntei derrotado.
- Provavelmente não.
- Mas eu posso ir na sua casa?
- Claro. - senti a ironia na sua fala.
- Me passa seu endereço então!
- Pede pra secretária! - ela gritou por conta da distância.
- Você é tão ridícula.
- Você é tão carente. - eu ri e observei-a até ela sumir do meu campo de visão.
+ NOTAS !
• qual o cantor ou cantora favoritx de vocês? pergunta aleatória só porque não sei oq colocar aqui
• votem, comentem e compartilhem!
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