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AMOR, CIÚMES E BIBLIOTECA

— Meu amor, o que você tem? — Pergunta Samantha à Luana, que está com um livro de anatomia na sua frente, aberto, estudando.

— Estou lendo. — Responde Luana à Samantha que acabou de chegar, e deu um beijo no rosto da namorada. Sammy, faz uma cara brincando, como quem não esperava essa resposta.

— Sério? Não brinca... — Sammy ri gentilmente para ela. — Por isso te amo tanto, e tenho o maior orgulho em ser sua namorada.

— Obrigado por sentir orgulho. Mas estou estudando para a prova de Anatomia.

Novamente, há um leve tom áspero na voz de Luana.

— Isso estou vendo, mas você está diferente. O que aconteceu?

— Nada, não aconteceu nada. — Luana vira a página do livro.

— Se não aconteceu nada, por que você está me tratando assim? – Samantha, toca na mão de Luana.

Luana, suspira chateada e começa:

— Como foi vê o Enzo? — Luana fecha o livro.

Agora foi a vez de Samantha fechar a cara.

— Você, está me punindo por causa do seu ciúme? — Sammy, fica ofendida, e afasta o corpo da mesa. — Meu amor, estou com você por que quero, e nunca te trairia com ninguém.

— Então, você não sentiu nada ontem? Ao ver Enzo na sua frente?

— Não! — Samantha volta e apoia-se na mesa, olhando nos olhos de Luana.

— Nem, quando ele recitou a música?

— Lu, eu amo você. Se, eu quisesse levar uma vida de porra louca, não entraria numa relação séria, para toda vida. Por que é exatamente isso que desejo, um amor pra toda vida.

Luana, limpa os olhos marejados, ela não queria ter agido assim, mas, o ciúmes falou mais alto.

— Eu, te amo sem medidas. — Luana  segura com ternura a mão direita de Samantha. — Nunca imaginei que sentiria isso por alguém. Eu penso em você quando acordo, durmo... Meu respirar é seu. E não quero nem imaginar em te perder.

— Mas, Lu... Você nunca vai me perder. Eu não sei mais viver sem seu olhar. Agora, só peço que não estrague nossa relação, por causa de besteira. Eu te amo.

— Desculpas, foi o medo de te perder.

— Você só vai me perder para si mesma. Não vejo outra pessoa que me faça te tirar da sua vida.

As duas beijam-se.

— Eu sou louca por você. — Fala Luana, beijando a boca de Samantha, que retribui alisando sua face.

— E eu, não sei viver sem você. Mas, no mais está tudo bem?

Luana limpa o rosto, banhado pelas lágrimas desajeitadas que caem.

— Eu invejo sua família, no bom sentido. — Luana abre o livro de anatomia novamente.

— Ah, não fale assim. Eu adoro seus pais.

— É por que os vejo... Envoltos em mentiras. Acho que eles não imaginam que sei dos amantes deles.

— Eles tem amantes? Não acredito! Digo, seu pai já desconfiava dele com aquela loura rabuda, mas sua mãe... Nunca.

— Pois é Sammy... Minha mãe está com alguém. Não sei quem é, mas desconfio.

— E como surgiu essa desconfiança?

— Ela, está mais viva, feliz. Passa muito tempo fora de casa. Teve um dias desses, que ela saiu com uma roupa e voltou com outra.

— Meu Deus... E qual foi a desculpa?

— Nenhuma! Ela agiu como se tivesse saído com aquela roupa mesmo.

— E o que você vai fazer?

— Nada! O que posso fazer? Apenas ficar com vontade de vomitar, quando estamos na mesa, e eles trocam carinhos... Não sei como conseguem.

— Mas, você já parou para pensar que pode ser com o consentimento deles?

— Será? — Luana, vira-se surpresa para sua namorada.

— Você, nunca pensou nisso?

— Não! Minha mãe? Deus... Vai ser ainda mais bizarro, se for assim... Eles saberem dos amantes.

— Olha, não vamos almoçar? Já são doze e meia. — Samantha percebe, que o assunto está deixando Luana pior, ao invés de deixá-la melhor.

As duas saem para almoçar, dão as mãos e seguem conversando.

— Mais tarde, o que vamos fazer? — Pergunta Samantha, apertando empolgada a mão de Luana.

— Podemos ir no boliche. O que você acha?

— Nunca fui... Vai ser ótimo! Você já foi?

— Sim, fui a semana passada com as meninas.

— Verdade! Foi mesmo. Estava com enxaqueca, por isso não fui com vocês. — Lembra Samantha, ainda empolgada com a ideia do boliche.

— Eu, pensei que você fosse ficar chateada.

Samantha sorri e beija Luana.

— Meu amor, nunca iria travar você de fazer alguma coisa, só por que não poderíamos está juntas.

Luana, sente o impacto da frase.

— O que vamos comer? — Pergunta Samantha.

— Não sei, mas era tão bom que hoje, dona Maria tivesse feito um feijão verde, com charque.

— Verdade! Deu fome agora! — As duas sorriem.

Enzo, passa por elas... Na direção do estacionamento. Ele não as viu, nem Samantha percebeu o rapaz. Luana, olha à Samantha, curiosa como será a reação dela, ao vê-lo.

— Qual o curso que ele faz? — Luana pergunta à Sammy.

— Quem? — Samantha puxa a cadeira no restaurante para sentar.

— Enzo.

— E qual a importância dele na nossa conversa? — Sammy, ainda não havia o visto. Na verdade, ela nem o procurou. Mas, incomodou-se ao perceber que Luana a está testando, e que ele deve ter passado por elas... Mas, ela não o viu, e nem queria.

— O que você vai querer? — Pergunta Luana.

— Perdi a fome.

— Como assim?

— A sua babaquice me fez perder a fome.

Luana, levantou as duas mãos, como quem pergunta: " Que porra aconteceu?"

— Não subestime minha inteligência. — Samantha olha séria para Luana. — Eu, já disse que te amo, logo, não use de sua insegurança imatura para me ferir.

Samantha, levanta-se da mesa, e continua falando:

— Eu, lembrei que preciso ir na biblioteca buscar um livro. — Samantha pega sua bolsa e sai do restaurante e deixa Luana na mesa.

Quando, Sammy chega do lado de fora, começa a chorar, mas, não para e continua a andar. Ela suspira, e lágrimas rolam.

Samantha está chateada, com essa forma que Luana vem agindo. Ela a ama, mas, se não frear o ciúmes dela agora, as duas nunca serão felizes.

Samantha chega na biblioteca, vai até à recepcionista, procurar o livro.

Depois de alguns minutos de procura, a moça acha a reserva no nome dela e a entrega o livro sobre Monografia.

Sammy, olha para o lado e vê umas mesas sem ninguém no final do corredor, já perto das janelas que dão para o lago.

Ela senta e começa a ler, mas, o silêncio do local, com a temperatura ambiente  agradável a faz pegar no sono.

Samantha acorda, olha as horas no celular e já são quase cinco horas. Dormiu bem.

Ela, sai cabisbaixa. Segue na direção da parada do ônibus. Fica se perguntando o que fez com Luana? Ela não veio lhe procurar na biblioteca. Sammy, sabe que se fosse o contrário, teria ido à procura dela.

— Sammy, — Fala para si mesma. — Não queira que os outros ajam com você, como faria com elas. — Mas, seu coração dói com a ausência da procura.

Quando Samantha chega na parada, há mais umas três pessoas esperando o CDU/CAXANGÁ /BOA VIAGEM. Ela senta, pergunta as horas ao rapaz em pé, que a responde, e ao voltar para pista vê Luana passando de carona com duas de suas amigas.

Passaram muito rápido.

Lágrimas rolam pelos seus olhos.

O ônibus para, as pessoas entram, ela fica.

Depois que o ônibus sai, ela abaixa a cabeça e escuta:

— Naruto, quer uma carona? — Samantha não acreditou que ele estava ali. Ela passa uns trinta segundos sentada, olha para ver se vem um ônibus.

Só há carros vindo na sua direção.

Samantha não sabe o que fazer.

— Naruto, sem pressa... Eu espero.

Sammy, levanta e entra na BMW.

— Obrigada.

— Não por isso. Aonde você quer ficar?

— Vou para casa.

— Okay, apenas me diga aonde fica.

O BMW sai da Cidade Universitária sentido Boa Viagem.

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