Será que teremos um final ruim?
Fugindo do mundo
Vá comigo até o fim meu amor!
Será que teremos um final ruim?
Fugindo do inevitável
Me abrace forte, até quebrar!
Me beije com ainda mais amor!
Nós dois perdidos.
Por qual erro
Nós fomos tão unidos?
Love Wins All
IU
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Anthony segue com o carro, rápido pelas ruas escuras do bairro, o medo toma conta de seu rosto, enquanto vira as esquinas quase sem olhar direito. Ele mantém as mãos firmes no volante e seus olhos grandes, hora ou outra, conferem no retrovisor, notando que os homens ainda os seguem sem hesitar. Mas assim que Érika olha para trás, seu corpo treme de pavor, ao ver o carro se aproximando com a mesma rapidez.
- Anthony, por favor, acelera mais esse carro! - Seus olhos transmitem medo, enquanto vira o pescoço para trás mais uma vez.
- Eu estou tentando ir o mais rápido que posso!
- Não Anthony! Isso não é rápido! - acusa a garota, agarrando forte ao tecido da camisa do rapaz, demostrando em tal ação, o quanto esta apavorada. - Eu preciso que você vá mais rápido ainda!
- O-ok.
Em meio a sua preocupação, Érika não percebe o quanto Anthony está afetado. O rapaz tenta a todo o custo acelerar mais seu carro, assim como Érika pede, mas acaba se tornando impossível para ele.
- Anthony! Você não está entendendo. Esse carro pode correr muito mais do que eu imagino, então porque não o faz?
Anthony ouve, mas parece não conseguir responder. Acaba entrando em sintonia com seus temores antigos, sua visão vai se tornando embaçada e ele começa a rever a visão da pista antiga em sua frente, a mesma de quase seis anos atrás. Exatamente no momento em que aconteceu o acidente com seu irmão e ele.
Ele parece ouvir o barulho do motor acelerado do carro de Guilherme. Logo em seguida, ele ouve uma forte batida, seguida de buzinas de carro e por fim, o som alto da ambulância. Os sons misturados, vão fazendo eco em sua mente, seu coração acelera as batidas, sua cabeça começa a girar. Só conseguindo sair de seu transe, quando ouve o grito de Érika.
- ANTHONY!!
Érika o chama, vendo o rapaz finalmente virar o rosto em sua direção com expressão confusa e respiração ofegante.
- Anthony! Está podendo me ouvir? - A garota olha preocupada.
- Eu... Eu não sei se... Posso ir mais rápido. Não sei se posso realmente fazer isso, entende?! - O rapaz parece tentar atravessar seus próprios limites, mas sem sucesso. - Sempre que preciso dirigir com mais velocidade, não consigo evitar de lembrar daquele dia... É como se eu estivesse revivendo aquele momento toda a vez.
É quando Érika se dá conta que havia esquecido dos traumas de Anthony. Ela lembra-se de que quando Anthony e Guilherme estavam juntos no dia do acidente, seu irmão, dirigia em alta velocidade. E isso de certa forma, o afeta.
- T-tá tudo bem, Anthony... Tudo bem.
Érika parece pensativa por alguns segundos, sente que de certa forma, está incentivando Anthony a retroceder na evolução de seus traumas, mesmo ele ainda estando na terapia. Uma culpa toma seu peito, então ela começa a se perguntar se ele estaria melhor sem ela.
- Tente respirar, Ok?! Eu vou pensar em alguma coisa, eu... prometo! - Érika olha para trás, ainda com jeito agitado, mas ainda pensativa. Depois observa as ruas escuras, passando em seu campo de visão, através da janela do carro. - Aqui! Pare o carro de frente pra esse beco, ali do outro lado, já é a travessa da avenida do Bar.
Anthony faz o que ela pede sem hesitar, parando o carro. Já Érika, ainda sentada no banco ao lado dele, começa a tirar rápido suas sandálias altas, de cor preta e abre a porta do carro, fazendo menção de sair sozinha.
- Érika? - Anthony a segura pelo braço de forma rápida e a confusão toma sua face.
- Já chega, Anthony! Não posso mais te envolver nas minhas coisas! Não quero que te machuquem por erros do meu passado. - Seus olhos vão sendo coberto pela tristeza e por um instante, lágrimas embaçam seus olhos. Porém, ela retoma o ânimo para ele não perceber.
- Mas o que está dizendo, Érika? Eu vou com você!
- Talvez tenha sido um erro eu ter voltado. Eu deveria ter pego seu contato lá mesmo na cafeteria e marcado de nos encontrarmos em minha cidade, com mais calma. Eu jamais me perdoaria se algo acontecer com você, por minha causa. Por favor, me deixa ir sozinha para o bar e você segue caminho pro seu apartamento. Se nos separamos, vamos deixá-los confusos e quem sabe assim, eles vão embora?
- Não se preocupe comigo Érika, mas sim, com você!
- Siga direto, Anthony! Eu eu vou entrar nesses becos e sumo da vista deles rapidinho, então você também estará livre!
- Não, já disse que vou com você! - As palavras de Anthony saem firmes.
Anthony sente medo de Érika seguir pelas ruas escuras sozinha, para se esconder, então toma uma decisão inesperada, saindo do carro apressado. Seu olhar segue para dentro dos becos escuros da avenida, ao mesmo tempo em que puxa Érika firme pela mão iniciando uma corrida rápida, ainda agarrado a ela, na direção do bar do Eddy, numa pressa absurda.
- Mas o que você está fazendo? Ela vai sendo levada por Anthony, tendo sua mão presa a mão grande e firme dele. A outra mão, Érika segura a barra de seu vestido preto, facilitando a corrida rápida.
Eles param por um instante, ofegantes, procurando qualquer movimentação dos delinquentes ao redor das ruas. Érika encosta a cabeça no muro de tijolos vermelhos e fecha os olhos, pondo os fios bagunçados de seus cabelos para trás, com uma das mãos
- Você não deveria ter feito isso! - A voz dela sai ofegante, enquanto o repreende.
- E o que você queria que eu fizesse, te deixasse lá sozinha para ser pega?
- Eu disse que iria me esconder em algum lugar, sei lá!... Eu ia me virar! Só não posso deixar que te peguem por minha causa. Eu não me importo comigo!
Eles tentam retomar o fôlego, por mais alguns segundos. Seus olhos observam as ruas escuras, tentando ver se ainda estão sendo seguidos.
- Você nunca se imaginou em uma situação dessas, não é? Nem mesmo no início, quando insistia me procurar no bar do Eddy? - A garota procura o rosto do rapaz ao seu lado.
- Você sabe que não! - Anthony responde um tanto incomodado, desviando os olhos dos dela.
- Em pensar que eu havia te avisado tantas vezes...
- Será que dá para você fechar essa sua boquinha pelo menos uma vez, Érika! - O rapaz se vira e aproxima o rosto próximo ao dela, e dessa vez é ele que a repreende, mantendo um olhar sério. - Isso não é hora para essa conversa. Ok, eu tinha consciência disso desde o começo. Por isso, não se culpe! E não vamos nos separar. Vamos dar um jeito! - Anthony segue firme em sua decisão.
A garota faz o que ele pede por uns segundos, tenta parar de se culpar por estar o envolvendo nisso.
- Ali no final da rua, fica o bar do Eddy, vamos entrar lá. Há tantas pessoas na rua que eles não vão nos achar, subimos e nos escondemos, é a nossa única chance!
E logo, eles voltam a correr pelos becos escuros novamente, agarrados nas mãos um do outro. Por poucos segundos, eles já conseguem ver o final do beco e o começo da esquina do Bar.
- Estamos chegando! - Avisa Érika sentindo uma ponta de esperança em sua mente.
- Eles sumiram! Acho que a movimentação dos bares os afugentaram. - Anthony para de correr, e tenta recuperar o fôlego junto a Érika, parando de frente para o Bar do Eddy, finalmente.
Seus olhos grandes e apreensivos procuram pelos delinquentes, mas não vê qualquer sinal deles.
- Ah que ótimo! - Érika consegue abrir um pequeno sorriso eufórico, tentando manter a calma, enquanto já se aproximam da entrada do bar - E que bom que o meu médico vai chegar são e salvo!
Mas de repente, Érika avista um dos bandidos parado na esquina, do lado escuro do beco. Seu coração acelera quando vê uma arma na mão dele, apontada na direção deles.
- ANTHONY!! .... Érika tenta avisar o mais rápido que consegue.
Na pressa e desespero, Érika joga seu corpo impulsionando para frente, no instinto de correr e proteger Anthony e inevitávelmente, o casal ouve um barulho alto de tiro. Érika sente a bala rasgar sua pele numa velocidade sem tamanho, junto a dor aguda em seu barriga, que a estremece, fazendo seu corpo ser derrubado sobre os abraços de Anthony.
Assustando o casal e mais algumas pessoas que estão do lado de fora dos bares da Avenida.
- Érika! - Anthony a agarra, olhando com jeito perdido, procurando os olhos dela, parece não acreditar que isso realmente aconteceu numa fração de segundos. Já estavam tão próximos de entrar no bar finalmente.
Nesse mesmo segundo, Érika leva seus pensamentos rapidamente em sua mãe, Elza e Lucy. Lembra-se do momento em que ela avisou para não voltar mais para a cidade das luzes. O medo de sua mãe, era como se sentisse algo ruim para ela nesse lugar.
Mas o rapaz penetra seus olhos grandes e apreensivos, no mais profundo olhar de sua amada, e pôde ter a certeza, quanto viu uma dor desesperada esvair das íris castanhas e profundas de Érika, que vão se apagando aos poucos, junto a expressão dela.
- Não!... - Anthony sente um grito alto e profundo lhe subir em sua garganta, enquanto vai segurando Érika mais forte em seus braços, sentindo ela amolecer aos poucos.
Mas ao contrário do que pensou, o único som que sai do fundo da garganta do rapaz, é apenas um grunhido abafado e falho, seguido por todo o ar que vai esvaziando de seus pulmões, pelo medo e desespero da perca. O sentimento que o toma no momento é o mesmo de anos atrás, quando tinha Guilherme, em seus braços.
Sua garganta trava pelo tremor, unindo-se a dor que corta seu peito, assim como a bala que cortou a pele de sua garota. Ele aperta os olhos respirando com dificuldade, extremamente ofegante, sentindo que lágrimas amargas e pesadas lhe embaçam rápido demais sua visão.
Ele vê Érika lutar contra sua dor, respirando com dificuldade, pressionando a garganta, as veias do seu pescoço já vão ficando evidentes, talvez pela força da garota em manter-se sã.
- Não me deixe também, meu amor! Não, você! Fica comigo, por favor! Eu não suportaria mais uma perca.
Mas logo, Érika percebe seus olhos ficarem pesados, não conseguindo mais mantê-los abertos, sua cabeça gira e não sente mais forças nas pernas. Ela sente entregar aos poucos, seu corpo por completo nos braços de Anthony. O rapaz senta-se de qualquer jeito sobre a calçada, acomodando o corpo dela em suas pernas que também estão fracas.
- Não. Não, Érika! Não! - Ele somente sussurra as palavras, enquanto a olha com cuidado. Seus olhos grandes estão desolados, então ele a abraça forte contra seu peito, ao mesmo tempo em que vê o vermelho do sangue de Érika jorrar da pele dela e manchar as mãos e roupas dele, também.
Depois do barulho do tiro, todos saíram dos bares e enchem a avenida de movimentação.
- Temos que ligar para a polícia! - avisa um rapaz, junto a um grupo de pessoas que se aproximam do casal.
- Também precisamos de um médico! - avisa uma mulher que também se aproxima deles.
- E-eu... Sou médico! - Anthony luta para as palavras saírem de sua garganta que parece travada, pelo tremor de seu corpo.
Ele passa os olhos pelas pessoas ao seu redor e depois volta a olhar para Érika de forma rápida. Parece acordar de um transe, então ele arruma forças onde acha que já nem tem em suas pernas e levanta Érika em seus braços, sentindo seu próprio corpo cambalear pela fraqueza do choque.
- O senhor é médico? - pergunta alguém do meio das pessoas.
- Sim. Eu sou médico! Eu vou fazendo os primeiros socorros, enquanto alguém me arruma um carro urgente até chegarmos no hospital!
Mas Anthony percebe alguém se aproximar dele de forma rápida:
- Érika! - Eddy surge em meio as pessoas, ao redor do casal.
- Eddy! - Anthony sente uma ponta de confiança ao ver alguém conhecido aparecer em seu campo de visão - Um carro! Preciso lava-la ao hospital o mais rápido possível! - Anthony arranja um pedaço de pano e pressiona fundo sobre o ferimento da garota desacordada e tenta estancar o líquido vermelho que já cobre completamente as mãos dele.
- Traga ela! Vamos pegar meu carro! - Eddy tira as pessoas do meio do caminho e pega a garota desacordada em seus braços, sentindo a tristeza lhe cobrir a face de uma forma absurda.
Enquanto o mais velho caminha apressado, Anthony ainda mantém suas mãos pressionadas sobre o ferimento na pele dela, na altura da barriga. Logo eles somem pela avenida movimentada da cidade das luzes o mais rápido que conseguem.
Continua...
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