Descobertas
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Lucy já dorme profundamente sobre o colchão no chão, mas Érika ainda caminha devagar, sozinha e pensativa pelo cômodo escuro. Para de frente para a janela, depois sobe e senta sobre a mesma. Começa a observar a vista da cidade, enquanto acende mais um cigarro. Ali em cima do bar do Eddy, mesmo as duas da madrugada, o brilho da Cidade ainda é fascinante para ela.
O ar gélido da madrugada bagunça seus cabelos, fazendo arrepiar seu corpo, então ela aperta mais a coberta felpuda em volta de seus ombros. E inevitavelmente, leva seus pensamentos em Anthony, mais uma vez. Isso já acontece com muita frequência. Pensa no que ele estaria fazendo agora. Será que bebendo? Ela não percebe quando deseja profundamente que ele não esteja.
A curiosidade a consome de um jeito avassalador, então decide que não vai mais ficar se mordendo, simplesmente vai mandar uma mensagem e pronto! Levanta o celular próximo ao rosto, com o cigarro entre os dedos e procura seu número. Já tinha mandado um oi no dia em que salvou o seu contato, então manda mais uma vez. E seu coração acelera logo que sua mensagem é visualizada e um oi é respondido de volta.
Thony - Achei que não era para ficarmos trocando mensagens, só as tarefas do Teddy! Se eu soubesse tinha mandado antes. Então. Sem sono?
Érika - Só quero saber como se sente e ficaria muito satisfeita se não estiver bebendo no momento. Você não passou bem hoje, então se puder evitar, fique longe de uma garrafa de álcool, ok?
Thony - A bebida deve estar mesmo fazendo mal para a minha cabeça! Eu entendi bem ou a 'Srta. Coração de pedra' está realmente preocupada comigo a ponto de mandar uma mensagem às duas da madrugada!?
Érika - As duas coisas. - Ela brinca. - Tenta dormir um pouco.
Thony - Você sabe que eu quase não durmo, infelizmente.
Érika - Uma pena, isso não faz bem.
Thony - E você, o que faz acordada?
Érika é relutante em responder. Encosta a cabeça na parede com olhar pensativo voltado para a cidade, suspira e dá um trago no cigarro. Depois resolve escrever.
Érika - Eu estava resolvendo umas coisas. E já quero avisar que vou ficar uns dias sem poder ir ao seu apartamento. Peço que cuide do Teddy, como ele merece.
Érika quer evitar que Anthony a veja machucada, pois não quer ter que se explicar. Também já pensa em sumir da vida dele, já está bem envolvida com a máfia e teme pela segurança do rapaz também.
Thony - Vai desistir, Érika? Pelo menos me diga o porquê?
Érika - Eu preciso de alguns dias. Não posso lhe dizer muito. Vou dormir agora, boa noite.
Ela abrevia a conversa.
Thony - Ok. Mas eu vou te esperar, não suma, por favor!
Quatro dias se passam.
Érika ainda não havia voltado a trabalhar para Anthony. Ainda que o corte no lábio inferior, já não estivesse tão feio. Havia um pequeno hematoma no canto da boca que ela preferia que o rapaz não visse.
As amigas se arrumam para irem as compras. Lucy já está pronta e sentada no colchão contando algumas notas, enquanto Érika, tem um pequeno espelho em uma das mãos. Ela termina de passar batom, para tentar disfarçar seu lábio machucado. Lucy desce na frente, avisando que vai esperar lá embaixo, deixando Érika sozinha.
Assim que ela termina, dá uma última olhada no espelho. Observa sua calça jeans cintura alta, um cinto preto, uma blusa branca, larga, porém curta. Seus cabelos longos e cheios estão soltos e repartidos ao meio. Suas sobrancelhas arqueadas e bonitas mostram que foram feitas em um bom salão.
A necessidade de vestir-se bem sempre, era uma forma de se iludir dos problemas em que vive. Mesmo sabendo que tinha que repensar em suas ações, ela preferia se enganar e doer menos, ao invés de enfrentar sua realidade e ser dolorido.
Mas assim que vai pela porta, tromba em Jack que ia entrando a procura dela.
— Desculpa!... — Mas ele para de falar observando-a devagar. — Nossa! "Tá" linda! — diz, em voz baixa a olhando de cima a baixo.
Érika desvia os olhos dele e se afasta caminhando.
—Posso ir junto? — pergunta ele, com jeito ansioso, a fazendo parar de caminhar.
— Na verdade, eu estava pensando de hoje ser o dia só das meninas... — ela se vira. — Mas tudo bem, vamos. — Então logo resolve aceitar que ele vá, voltando a caminhar e Jack a acompanha, abrindo um sorrisinho satisfeito.
...
Os três caminham pela calçada molhada da avenida principal, conversando, rindo e parando de vez em quando, para observar as vitrines das lojas.
Bem ali nas proximidades onde o trio passeia, está Anthony, dentro de seu carro preto de vidros escuros. Observa atento os três caminharem vagarosamente:
— É ela Teddy. E ela está linda demais! — Anthony coloca os olhos no pequeno filhote que está com ele e que apenas o observa, virando a cabeça de lado. É a primeira vez que o pequeno lhe faz companhia em seus passeios.
Seus olhos mostram total interesse na bela garota que se aproxima cada vez mais de seu carro. Anthony sente uma vontade de apreciar melhor, então abaixa o vidro, mas para a surpresa dele, Teddy a reconhece e mais que depressa, o pequeno apenas pula por cima de seu colo, descendo do carro para ir atrás dela.
— Ei! M-mas o que está fazendo? — O rapaz se surpreende com a fuga do pequeno, não conseguindo o segurar. — Onde vai?!
O filhote vai correndo ao encontro de sua cuidadora pela calçada e Anthony fica dentro do carro com olhar confuso. Depois sai, apressado em busca dele.
— Vejam que gracinha! — comenta Lucy, apontando para o cachorrinho que corre na direção deles.
—Teddy!? — Érika franze o cenho ao notar que é mesmo Teddy, que se aproxima dela com a mesma alegria de sempre, então ela o pega nos braços.
— O que ele faz por aqui? — pergunta Jack, com jeito confuso.
— Anthony... — diz Érika, em voz baixa enquanto observa o mesmo se aproximar a passos lentos. — O que faz por aqui? — pergunta, curiosa.
— Vim... passear com o Teddy. — Anthony responde sem jeito.
— Logo nas ruas perto do bar, do Eddy? — pergunta Érika, se divertindo com o jeito dele.
— Você não apareceu mais, queria saber o que houve! — declara finalmente, colocando as mãos nos bolsos de seu casaco preto, com botões prata.
— Deveria ter mandado uma mensagem.
— Não, Érika. Eu precisava ter certeza de que não sumiu. — se aproxima dela, com olhar preocupado.
Aquelas palavras vieram carregadas de um sentimento que a garota desconhece. Ao sentir a preocupação do rapaz, seu coração acelera de forma absurda, sua barriga revira rápido e ela não consegue olhar para Lucy e Jack.
— Eu te avisei que não poderia mais ir... — diz sem olhar em seus olhos.
— Espera... — ele muda o semblante se aproximando dela com olhar atento em sua boca. — Seu lábio está ferido! — ele coloca as mãos em seus ombros, fixando seus olhos mais perto de seu rosto. — Quem te machucou, Érika?! — pergunta, analisando o corte e a marca roxa no canto.
— Não é nada! — responde rápido, tirando a mão dele de seu ombro e lhe entregando o cachorrinho, enquanto abaixa mais o queixo.
A vergonha de estar naquele estado por causa de suas escolhas, tomam seu peito. É difícil ver que Anthony está a vendo daquele jeito.
— Quem fez isso com a Érika? — Ele se vira, colocando os olhos em Jack, com jeito desconfiado.
— Por que tá olhando pra mim com essa cara? — Jack se irrita com a expressão de Anthony. — Eu não bati nela! Quem você pensa que é pra vir aqui me acusar!?
— Que seja! Só sei que alguém machucou a Érika! — afirma Anthony, com olhar preocupado e sem querer olhá-lo.
— Escuta aqui, cara! — Jáck aproxima o rosto bem próximo ao dele e seus olhos se cruzam. —Você não é nada da Érika pra se meter desse jeito! Essa atitude só mostra que tá bem a fim dela! — Jack o mede de cima a baixo com olhar duro.
— Você que me insultou desde o começo, lembra? Mas seu jeito também não nega que também está a fim dela! — rebate Anthony, com firmeza.
Ao ouvir isso, Jáck se cala com um olhar que mostra consentimento. O que o grandalhão queria mesmo, era gritar o mais alto que pudesse o quanto é doido pela Érika bem na cara de Anthony, para que ele não tivesse mais duvidas e quem sabe assim ele sumisse de vez.
Mas Lucy é surpreendida com essa revelação, sente seu peito apertado e a confusão toma seus olhos. Parece que o tempo parou nesse momento, fica na esperança de ver Jack negar o mais rápido possível a acusação de Anthony. Mas isso não acontece.
— Eu já imaginava ... — deduz Anthony, soltando o ar por entre os dentes de forma incomodada.
Érika fecha os olhos e trinca o maxilar, sente seu peito apertado após ver a expressão de Lucy se tornando cada vez mais desapontada. O que ela mais temia aconteceu e de um modo horrível para Lucy e não precisava ser desse jeito.
— Quer saber, eu não preciso que ninguém me defenda, tá legal? Já chega vocês dois!
Érika passa o braço ao redor dos ombros de Lucy e sai apressada a levando de volta para o bar. Anthony passa os olhos em Jack com jeito sério, depois se vira e vai embora.
...
— Eu... Eu não acredito nisso! — a voz da pequena Lucy sai com dificuldade, ainda, perdida enquanto as duas caminham rápido pela calçada molhada. — Você sabia disso? — a morena para, colocando os olhos nela com expressão de dúvida.
Mas Érika apenas se cala, respirando rápido, olhando em seus olhos negros e não consegue dizer nada.
—Então você sabia disso o tempo todo e não me falou antes? — seu rosto vai sendo tomado pela decepção.
— Olha, Índia — ela se aproxima com calma. — Aconteceu tão rápido, tava tudo tão confuso que eu nem sabia como te dizer... Eu só não queria que ficasse triste.
Seus olhos mostram a sua tristeza e culpa.
— Eu... — Lucy não consegue terminar, apenas se vira e entra no bar a passos largos.
— Lucy, espera! — Érika pega em sua mão com rapidez. Mas ela a puxa de volta.
— Não!... Eu quero ficar sozinha —Lucy olha mais uma vez com jeito triste, depois sobe as escadas apressada.
Érika suspira fundo fechando os olhos. A preocupação toma seu peito, ao ver o quanto desapontou Lucy, lhe escondendo a verdade. Depois caminha devagar até o balcão onde Eddy está. Ele observa Lucy terminar de subir as escadas, depois coloca os olhos em Érika.
— Está tudo bem com vocês? — pergunta ajeitando as coisas na pia.
Quer deixar tudo pronto para quando for abrir o bar, mais tarde. Mas Érika continua calada.
— Eddy, o que você faria se só quisesse proteger alguém que gosta muito, escondendo a verdade, porém nada sai como o esperado? — ela encosta a mão no rosto com olhar desapontado e pensativo.
— Às vezes quando queremos muito proteger alguém que gostamos, podemos agir de forma impensada e quase sempre perdemos o controle. Mas lembre-se que todos precisam aprender quebrando a cara sozinhos. E se forem inteligentes, no fim vão tirar boas lições com seus erros e escolhas. Bom, pelo menos é o que esperamos.
— Só espero que ela me perdoe — Érika ainda pensa.
— Não se preocupe, a Lucy vai ficar bem — diz de forma calma — então, você vai trabalhar hoje à noite nas entregas?
— Sim, avise que eu estarei lá.
O Heitor não mandou mensagem marcando algum "trabalho" então
Érika tem a noite livre para se comprometer com as entregas.
— Combinado! — Eddy, dá um pequeno sorriso satisfeito.
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(1900) palavras
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