Eu já havia desistido de ler o livro que Marie me dera, estava envolvido nos meus pensamentos e fiquei preso na minha mente por toda aquela manhã.
   Quando estava prestes a adormecer Marie entra no cômodo um pouco vermelha e nervosa, fecha a porta e tranca. Ela se volta para mim com um rosto aliviado.

-- Ainda estás aqui! Te fiz esperar muito?
-- Ahn... acho que não. Que horas são?
-- Já são quase meio dia.
-- Uau! Nossa, nem reparei que já havia passado tanto tempo!
-- Certo, temos muito a fazer hoje.-- ela sorriu e se sentou na cama abrindo um grande mapa de todo o Reino Kandy.-- Eu comuniquei com a Guarda Real, vamos a sua casa daqui a vinte minutos buscar suas irmãs, no momento elas já devem estar sozinhas e um tanto quanto assustadas. Elas viram o assassinato de seu pai?
-- Todos nós estávamos do lado da casa mas conseguimos escutar os gritos do meu pai. Eu e Carolina fomos ver o que estava errado, apenas nós vimos o corpo do meu pai estatelado no chão e as mãos vermelhas da minha mãe segurando com brutalidade aquela faca...-- Eu fiquei um tempo em silêncio tentando digerir tudo e só depois voltei a falar.-- Eu e Carolina saímos correndo de lá com nossas irmãs. Juntamos todo o dinheiro que tínhamos e mandei elas irem até alguma pensão e ficarem lá por um tempo enquanto eu buscava por ajuda, e foi isso... Você acha que fiz certo em denunciar minha mãe?
-- Sim, claro que fez! Eu sei que ela é sua mãe e que vocês tem um afeto especial por ela mas poderia ter acontecido pior se deixássemos tudo correr normalmente. E vocês voltassem a viver com ela?! Ela poderia machucar algum de vocês.
-- É verdade...
-- Bem,-- ela começou a bagunçar meu cabelo (ela diz que é carinho mas eu discordo)-- continuando...

    Marie me explicou tudo o que faríamos naquele dia, era, de fato, um dia muito ocupado. Ela marcava no mapa os lugares que teria de passar e anotava em um papel os horários e as pessoas que teria que procurar. Então nosso tempo estourou, pegamos uma carruagem e fomos em direção a pensão que minhas irmãs estavam e a minha casa.

-- Não se preocupe, já limpamos tudo por lá. Suas irmãs ja podem voltar para casa seguras, eu também mandei uma pessoa para lá, ela irá cuidar de vocês muito bem até tudo se resolver.-- dizia Marie enquanto nós íamos em direção a casa. -- Você agora é o homem da casa, Darwin. Entre lá e fale com elas.-- ela deu um soquinho em meu ombro.-- Força amigo, eu venho te buscar daqui a duas horas.
-- Certo. -- Eu sorri e segurei a mão dela.-- Obrigado, por tudo. -- Eu entrei e vi minhas irmãs, todas sentadas. -- Oi...
-- Darwin!-- Tereza e Anita correram para me abraçar. -- Você ficou toda a noite e toda a manhã fora!
-- Sim, eu sei.-- Eu pedi para que elas se sentassem. -- Precisamos conversar.