O vestido era vermelho e apertado, meu vestido predileto, valia a pena todo o sacrifício.
       Meu padrasto deseja que, ele próprio, escolha meu marido. Pelo menos ele sabe que não tem capacidade para fazer isso sozinho, que escolher um que agrade apenas a si próprio seria um problema, pois eu o mataria logo no primeiro dia, portanto ele convocou uma comissão, com jovens bem falados em todo o Reino.

-- Está pronta, senhorita?-- Joana, a criada, entrou no quarto.-- Estão te esperando lá em baixo.
-- Você esqueceu de bater na porta...
-- Oh, desculpe-me, senhorita. Isso não se repetirá .
-- Certo. Diga a eles que já estou descendo.
-- Irei fazê-lo. -- Joana saiu do quarto.

       Eu dei um suspiro e olhei para meu reflexo no espelho. Uma mulher? Era aquele o corpo do qual eu pertencia, porém não era assim que me sentia. Eu ainda queria meus sonhos de criança dançando não só em minha mente mas também na minha realidade.
      Sai do quarto e me dirigi a sala de jantar, onde todos haviam se reunido.

-- Recebam a Princesa Marie de "Kandy".-- Jean falou alto e claro. Palmas e reverências por todo salão, da minha família, da comissão, dos funcionários.

      Desci as escadas lentamente, observando rostos, memorizando-os. Então, de repente, eu avistei ao rosto mais lindo de todo o universo, Erika estava lá! Ela realmente estava lá, e fazia parte da comissão. Inevitavelmente, eu sorri. Mostrei toda a minha beleza em um único sorriso, retribuído com a alegria de todos e o desdém dela.

-- Sente-se conosco, filha.-- disse minha mãe. Me sentei ao meio dela e do meu pai.-- Vejo que todos estão aqui.
-- Vamos começar a reunião. Gostaria que a comissão que convoquei se apresentasse.
-- Sim, vossa majestade. -- levanta um homem alto e atraente.-- Eu sou Terence Alamy, filho de Harry e Ariadne Alamy. Estou aqui, em nome de todo do grupo "Novus Ordo", e junto dos meus melhores colegas: Anna Hubard, George Spielberg e Erika Lavoisier; --eles se levantavam a medida que eram apresentados.-- estamaos aqui com a missão de encontrar o pretendente perfeito para a filha do rei.

       Foram horas e horas de discussão em que eu deveria estar fortemente ativa, defendendo um "tipo ideal" e até mesmo as características que eu queria que meu filho herdasse, essa era a minha parte. Normalmente eu ficaria bem nervosa, contudo, eu me mantive calma, tudo que precisei fazer foi contemplar o rosto e toda a beleza de Erika.

-- E com isso damos fim a discussão aberta, Terence será levado a minha sala para que tudo seja acertado.-- disse o rei.

     Resumindo, me casarei com um Príncipe de contos de fadas. Terence tem os nomes de pretendentes anotados, o que posso fazer é esperar.

-- Vocês podem aproveitar da hospitalidade que nosso castelo oferece. --Disse a rainha.
-- Oi Erika!-- Eu já estava sentada ao lado dela-- É tão bom vê-la por aqui! Se você não estivesse nessa comissão estaria bem mais nervosa!
-- Sim... imagino...
-- Que desânimo é esse?! Venha, vamos dar uma volta pelo Jardim. -- Não dei tempo para que ela se pronunciasse e saí puxando sua mão pra fora daquele lugar. Num piscar de olhos já estávamos caminhando lá fora. -- É uma surpresa vê-la no meio da comissão...
-- Por que sou uma simples plebeia?
-- Não, porque você está sempre me evitando, dessa vez veio direto a mim, eu fiquei feliz.
-- Feliz? Para mim você estava la por mera obrigação .
-- Sim, é claro, mas ver seu rosto deixa as coisas um pouco melhores. O resto das pessoas são muito chatas.
-- É imagino. Pelo visto seu futuro marido vai ser um gato...
-- Do que está falando?
-- Anna anotou todas as características físicas que você e sua mãe disseram, e quando ela estava a toa fez um desenho. Tenho que admitir que homem!
-- Ah...-- Eu cai na gargalhada.-- Primeiro, nos desenhos tudo é mais bonito. Segundo, não vão achar um cara bonito assim e que ainda é rico e proprietário de terras. Terceiro, a beleza dele ainda não seria nada diante da tua.
-- Argh! Eu odeio quando você começa a me irritar desse jeito!
-- Isso não te deixa feliz?
-- Definitivamente, não.-- andamos em silêncio por um tempo, mas Erika veio com um grito repentino.-- MARIE!
-- O que é? ! -- Eu me coloquei em posição de luta pronta para ver algum monstro de dois metros pelo jeito que ela tinha gritado.
-- Como você consegue andar nesse calor com um vestido desse??
-- Ah...-- Eu ri-- estou acostumada.
-- Hmm... tive uma ideia! -- ela segura meus braços e começa a puxar as mangas do meu vestido.
-- Ei!  Não precisa fazer isso, por favor me solte!-- Eu tentei me desprender dela sem sucesso.
-- Não vou estragar seu vestido, rela...-- ela para e arregala os olhos, em seu rosto há uma expressão de dúvida. -- Marie, o que é isso... no seu braço?
-- Ah... não é nada, haha, só alguns arranhões...
-- ...-- ela olha bem fundo nos meus olhos e logo depois me derruba no chão.-- Fique quieta.
-- Mas o que você está fazendo?-- Eu tento me levantar mas ela me prensa forte no chão. --Isso dói!-- ela começa a desamarrar meu corset -- Erika! Quer tanto me ver nua assim!?
-- Eu mandei você... -- ela para de novo, se levanta e volta a falar depois de um tempo-- Marie... suas costas estão todas... seus braços.... o que é isso?! São chicotes!
-- O rei não gosta quando o desobedecem.-- Eu me levantei e ajeitei o vestido.-- Vamos Erika, já devem estar nos procurando.-- Eu sorri para ela.