🌧️₊˚ˑ 𝗘𝗹𝗲 𝗦ó 𝗣𝗿𝗲𝗰𝗶𝘀𝗮 𝗱𝗲 𝗔𝗺𝗼𝗿
𝐀 noite chegou. Jisung entrou rapidamente em sua casa. Ele agradecia por ter chego antes da chuva começar a cair. Animadamente correu para a cozinha, pensando em encontrar seus pais, estava quase em horário de janta. Mas eles não estavam ali. Jisung os chamou por todo o primeiro andar, mas simplesmente nenhum sinal. Ele subiu para o segundo andar, ainda chamando por seus pais.
ㅡ Mãe? Pai? ㅡ Eles não estavam no quarto de casal. Jisung não conseguia entender a falta da presença de ambos. Suspirando fundo, pensando nas prováveis coisas que eles deveriam estar fazendo, adentrou seu próprio quarto, vendo os mais velhos sentados em sua cama ㅡ Céus? Omma, appa! ㅡ Agradecia a presença deles, infelizmente pensava no pior ㅡ Por quê não me responderam?
O casal se levantou, só então Han pôde ver as duas malas jogadas ao chão do quarto. Jisung arqueou as sobrancelhas, olhando de forma desentendida para seus pais que até então estavam em silêncio.
ㅡ Jisung ㅡ O senhor Han chamou com o tom de voz grosseiro ㅡ Queremos que vá embora e nunca mais volte para essa casa! ㅡ Chutou a mala em direção ao moreninho desentendido ㅡ Está escutando, muleque!? ㅡ Gritou com tanto ódio que baba nojenta voou de sua boca, ao mesmo tempo que ele ficava vermelho ㅡ Seu verme! Viadinho! Bixinha do caralho! ㅡ Ergueu a mão para acertar o menor, mesmo que estivesse longe.
Jisung sentiu sua alma sair do corpo quando seu pai gritou, ele levou um susto. Era sempre assim com a voz de seu pai, ele era muito temperamental sempre, afinal, era um bêbado viciado, não tinha quem o parasse. Mas o pior foi o olhar de sua mãe, ela estava machucada e tinha pequenos resquícios de lágrimas no cantinho dos olhos.
ㅡ Mãe, a senhora... ㅡ Iria perguntar se a mais velha estava bem, mas seu pai impediu, jogando uma das malas em sua direção ㅡ Appa! ㅡ Seus olhos se marejarem. Estava acostumado, mas não dessa forma... Sua mãe estava ferida, assim como deveria estar dilacerada mentalmente.
ㅡ Seu nojento ㅡ Cuspiu na direção de Han ㅡ Você não é meu filho! 'Tá me ouvindo, vagabundo? Sua prostituta! Isso que você é! - Jisung não queria chorar, queria ser forte por si tanto como queria ser forte por sua mãe que estava ali, também evitando chorar, evitando transparecer estar mal ㅡ Pegue suas coisas e vá embora, antes que eu mate você.
ㅡ M-Mãe... Não... ㅡ A mais velha virou o rosto para o lado, deixando uma lágrima escorrer sobre suas bochechas gordinhas como a do filho. Jisung pode ver melhor a marca de dedo na bochecha de sua mãe; pode ver o vergão se formando ali. Seu pai segurava uma faca atrás das costas, pronto para qualquer coisa, se não fosse para matar o filho, mataria a mulher ㅡ Eu vou embora ㅡ Disse, levantando a mão em paz. Sua mãe apontou com o olhar para o Han mais velho, tentando dizer de alguma forma que a ideia era péssima.
ㅡ Vai mesmo! Aqui você não fica mais, nunca mais! ㅡ Cuspia as palavras que batiam no coração de Jisung como a lâmina da faca que seu pai segurava. As palavras palavras dolorosas de toda sua vida vinham a tona ㅡ Não quero que se lembre que existimos, some ㅡ Seus pais - apenas seu pai - o expulsavam de sua casa, na qual nasceu, cresceu e agora deixaria sua alma frágil.
Han entendeu o peso das palavras. Não iria se dar ao direito de levar as malas que o faria lembrar-se de suas origens; de seu pai. Ele se afastou, passando pela porta que em momento algum foi fechada. Silenciosamente disse adeus para sua mãe que chorava baixinho.
Descendo as escadas ele digitava em seu celular o número de um amigo. Ele temia que o outro fosse lhe ignorar, pois deveria estar mais ocupado em uma festa qualquer. Errou diversas vezes o botão de ligar, estava tremendo. Sua respiração também estava fora de controle; seu peito subia e descia. Ao sair da casa ele suspirou forte, inalando o cheiro da chuva, aquela que acabava de cair dos céus.
Tudo estava escuro. Alguns postes oscilavam em acender e apagar, não aguentando iluminar por muito tempo. O céu não estava tão estrelado. A lua se escondia, refugiando-se nas nuvens escuras. As gotas grossas caiam, Han permitiu-se chorar, sentado no meio fio em frente a casa que lhe fazia mal. Ele pensara em sua mãe, que agora sofreria o dobro nas mãos do mais velho.
Minho não atendeu.
Merda. O que ele iria fazer agora? Pra onde iria? Não tinha nada, mais nada. Seu celular denunciava pouca bateria. Com a ausência de roupa a chuva o inundava, ele usava as gotas como refúgio para chorar. Por que seu pai tinha que ser mau? Por que tinha que beber e agredir - não só fisicamente, mas verbalmente também?
Apoiou os braços nos joelhos dobrados e abaixou a cabeça. Céus, como aquilo doía. Tudo que guardara para si por horas, dias, meses e até anos, vinham átona. Poucas vezes o moreno se via chorando, raras eram elas, mas, sempre que acontecia, era um baque emocionante enorme para si.
Alguns minutos ali, a chuva começou a alagar o meio fio. Estava forte e machucava o braço desnudo de Jisung. Mas, bem, ele quase não sentia; quase nem se importava, não doía tanto como doía seu peito. Poxa, nem ele mesmo entendia de onde saíam tantas lágrimas salgadas, ou por quê chorava tanto. Talvez fosse a imaginação sobre seu futuro. Um garoto no auge dos dezesseis ano, nunca passara por sua mente trabalhar, incrivelmente seu pai não deixava. O senhor Han dizia que as mulheres deveriam agir de forma trabalhadora enquanto os homens aproveitavam sentados no sofá, afogando a bunda no estofado. É. Um hipócrita.
ㅡ Ji! ㅡ Um grito em meio ao silencioso ensurdecedor ㅡ Jisung ㅡ Algo, ou melhor, alguém o abraçou. Mesmo encharcado, Minho o cobriu com seus braços, logo após jogar em suas costas a jaqueta grossa ㅡ Você está congelando... O que aconteceu? ㅡ Jisung levantou o rosto, aquele que estava todo vermelho e lotado de lágrimas. Seus olhos vermelhos denunciavam o muito choro sem cessar. Han abraçou de volta o amigo, deixando o rosto enterrado na curvatura do pescoço alheio.
ㅡ M-Meu pai... ㅡ Soluçava por não conseguir parar de chorar. Minho fez para que ele ficasse em silêncio novamente, entendia o garoto, conhecia muito bem o pai do amigo. Lee afagava as madeixas molhadas. Ambos abraçados, próximos o suficiente para esquentarem-se ㅡ Min, ele me mandou embora ㅡ Tremia de frio e medo. Medo de algo que ele ainda não sabia, que ele não entendia. Minho sabia e compreendia, estava nos seus dezoito anos e sabia como era ter problema com pais homofóbicos, saiu de casa por esse motivo.
ㅡ Tudo bem, Jiji... Eu 'tô aqui ㅡ Murmurou no 'pé do ouvido' de Jisung. Afastou-se, mas sem ir para longe e segurou o rosto do menino em suas mãos ㅡ Vou te ajudar, eu vou ㅡ Juntou as testas. Han chorava mais ainda, dessa vez agradecendo por ter conhecido Minho. Mesmo que ele tenha quase o atropelado após uma festa. Minho gosta de beber bastante quando saí.
Por sorte, naquele dia nebuloso para a mente nebulosa de Han, Minho não havia bebido muito. Na verdade, o Lee iria começar. Seu celular estava no modo silencioso, ele iria para o quarto do segundo andar com um cara que havia conhecido, mas seu estômago girou, e mesmo não tendo bebido, ele estava com muita ânsia, resultando em ter que sair correndo para fora da festa. Ele pegou seu celular, apenas para ver o horário e viu algumas mensagens de Jisung, assim como ligações perdidas. Ele tentou ligar de volta, mas o celular estava desligado. Minho não tardou a ir atrás de Jisung, um grande amigo que só precisava de proteção.
ㅡ Vamos embora, Jico, antes que a chuva piore... ㅡ Acariciou a bochecha gelada ㅡ Você precisa banhar-se e dormir um pouquinho ㅡ Ajudou o menor a se levantar, que apenas concordou com a cabeça ㅡ Quer que eu busque suas coisas? ㅡ Han negou ㅡ Tudo bem... ㅡ Beijou a têmpora do moreno, abraçando ele de lado enquanto caminhavam para a moto que não estava muito longe, apenas o suficiente para o pai de Han não escutar. Digamos que ele odeia Lee Minho.
O caminho foi inteiro em silêncio. Silêncio e silêncio, só falamos em silêncio. Jisung não gosta muito do silêncio, se sente preso e sem rumo, normalmente é bem conversador e alegre, uma luz iluminando o mundo. Mas, pelos ocorridos recentes, não havia como ele sorrir, não tinha como se alegrar.
ㅡ Vem, ji ㅡ Puxou-o de mãos dadas. Han estava com péssimas olheiras, os olhos vermelhos e o rosto inchado ㅡ Ji? Vamos? ㅡ Jisung não se mexia, estava apenas paralisado, não estava bem, não entendia ㅡ Jisung? ㅡ Segurou o garoto que iria cair se não fosse Minho ㅡ Você está tão mal... Ji, não gosto de te ver assim, para ㅡ Como se Han tivesse controle daqueles atos. Minho também não entendia certas crises de Jisung, mas fazia o que podia para compreender e ajudar. Lee estava com pequenas gotículas no canto dos olhos, sendo forte para não chorar, pegou Jisung 'estilo noiva' e entrou rapidamente dentro de sua casa. Apartamento, para melhor dizer.
ㅡ Jico, olhe pra mim ㅡ O menor estava com o rosto espremido contra o peito do mais velho, Han estava quase dormindo, Minho não deixaria aquilo acontecer ㅡ Jiji, fala comigo ㅡ O deitou na cama ㅡ Jico! ㅡ Sua voz estava embargada de tanta vontade de chorar ㅡ Jisung, por favor! ㅡ Apoiou a testa na testa de Han.
ㅡ Min... 'Tá doendo... ㅡ Falou fraco. Minho se afastou, quase sorrindo se não fosse um momento doloroso ㅡ Dói tanto...
ㅡ Vamos tomar um banho, colocar uma roupa bem quentinha e dormir, vamos? ㅡ Pedia, querendo muito que o mais novo aceitasse de bom grado ㅡ Sim, Ji? ㅡ Jisung não queria, mas tinha, então acenou positivamente.
Minho cuidadosamente retirou sua jaqueta que cobria boa parte do mais novo. Tirou também as calças. Deixou apenas a cueca e a camiseta, tentaria ser o menos invasivo possível diante daquela situação. Passou o braço de Jisung por sua nuca e caminhou com ele até o banheiro. Minho ligou a banheira, deixando a água quente cair na mesma. Voltou para perto de Han, que estava sentado sobre a privada fechada, acariciando os fios do moreno, cantarolando baixinho alguma canção para acalmar o mesmo.
Era engraçado como - por um quase acidente de moto - Jisung tenha virado uma parte na vida de Minho, arrancando casquinha por casquinha pedacinhos machucados do coração de Lee, e o reformando de uma forma um tanto diferenciada. Han diariamente tinha problemas com seu pai, e Minho fazia questão de estar ali para cuida-lo e protegê-lo. Lee estava ali mais como uma figura paterna do que verdadeiramente um amigo. Era estranho. Mas tudo bem, porque se era o que Jisung precisava, Minho assim então faria.
Minho ajudou Han a entrar na banheira quentinha. Jisung, por um instante, se arrepiou, o corpo gelado com o contraste da água quente deu-lhe um choque rápido. Lee soltou um risinho baixo, não era intencional, mas achou fofo com o menor fez. O moreno virou-se para aquela risada baixa, encarando o outro, totalmente de forma desentendida.
ㅡ Desculpa Jico ㅡ Parou de rir, não queria parecer que estava tirando sarro do bochechudo, mas em troca, Jisung devolveu o risinho ㅡ Tudo bem? ㅡ Sorriu ao ver o menor parecer melhor ㅡ Fico feliz que tenha sorrido um pouquinho ㅡ Usou o dedão para fazer um carinho nas bochechas rosadinhas ㅡ Por favor, fica bem ㅡ Beijou a testa alheia e terminou de ajudá-lo a entrar na banheira. Sentou o garoto e prestes a sair do banheiro escutou Han.
ㅡ Você vai sair? ㅡ Em seus lábios um biquinho curto, onde o inferior tinha mais presença. Jisung não queria ficar sozinho, estava com medo. Minho arqueou as sobrancelhas, comprimiu os lábios e franziu o cenho ㅡ Por favor, fica aqui ㅡ Ajeitou-se na banheira, para mirar Lee ㅡ Eu não quero ficar aqui sozinho... ㅡ Tinha medo do que poderia fazer com si mesmo caso aqueles pensamentos e lembranças voltassem a tona. Minho suspirou fundo, pensando um pouco, mas concordou silenciosamente, voltando para perto do Han ㅡ Obrigada ㅡ Sussurrou.
ㅡ Tudo bem ㅡ Sentou-se ao lado da banheira, apoiando o braço na borda, olhando para Jisung que também o olhava, certamente paralisado ㅡ Ji? ㅡ Passou a mão frente ao rosto de Han, para tirar ele da paralisação ㅡ Jico? ㅡ O moreno balançou a cabeça de forma fofa, Minho soltou mais um riso ㅡ Você é tão fofo ㅡ O citado virou o rosto, com vergonha do elogio sincero ㅡ Ei, não me ignore! ㅡ Fingiu estar bravo.
ㅡ Não estou ㅡ Voltou a olhá-lo ㅡ Obrigada... Por ter ido até lá, e me trazer com você pra cá ㅡ Um sorriso tristonho nasceu ㅡ Você sempre me ajuda tanto ㅡ Seus dedinhos brincavam dentro da água, entretendo-se em agarrar um ao outro ㅡ Obrigada ㅡ Minho estava com o coração quentinho diante da fala do Han.
ㅡ Bom, quer que eu lave seus cabelos? ㅡ Indagou, um pouco receoso, nunca tinha feito aquilo com Jisung, muito menos com outras pessoas. Mas Ji era tão fofo que quis cuidá-lo. Han subiu as sobrancelhas surpreso, parando de mexer em suas próprias mãos, mas logo voltou ao normal. Minho poderia estar só brincando ㅡ Não...? ㅡ Estava realmente ansioso e queria mesmo lavar as madeixas castanhas.
ㅡ Lavar... Meu cabelo? ㅡ Perguntou mais para si mesmo do que para Minho. Deveria deixar? Lee é legal, um bom amigo. É fofo e sempre cuida de si ㅡ Certo, você pode ㅡ Estaria mentindo se dissesse que outra pessoa havia lavado seus fios. Na verdade, nem mesmo sua mãe cuidava muito de si, seu pai proibia e dizia que homens tinham que ser independentes. Ele se contradiz muitas vezes.
ㅡ Eu vou tirar minha camiseta, mas vou ficar de calça. Tudo bem por você? ㅡ Lee, como dito várias vezes, não queria ser desnecessário com Jisung, muito menos invasivo. Mas também estava encharcado, havia pego chuva. Han ponderou um pouquinho até acenar positivamente ㅡ Vamos tomar um banho rapidinho, não queremos que você fique doente. ㅡ Retirou seus sapatos e meias, jogando ao outro lado do banheiro. Tinha medo de estar com chulé e criar um ar chato com Jisung.
ㅡ É pra você não ficar doente também, não é Min? ㅡ Recebeu um sorrisinho, concordando. Minho entregou na água, sentando-se atrás de Jisung, deixando menor no meio de suas pernas. ㅡV-Você vai ficar a-aí? ㅡ Virou o rosto para ver o maior. Envergonhado.
ㅡ Sim? Por que? ㅡ Tombou levemente a cabeça ㅡ Tem medo que eu te ataque com cosquinhas? ㅡ Subiu e desceu as sobrancelhas, semicerrando os olhos. Han negou, rindo ㅡ Pois deveria ㅡ Iniciou uma rápida cosquinha, agarrando a cintura do mesmo enquanto seus dedos o faziam cócegas. Jico começou a rir sem parar, contorcendo-se na tentativa de cessar a brincadeira.
ㅡ M-Min, p-para ㅡ Seu sorriso e sua risada só faziam Lee querer continuar. Amava ver ele sorrir em felicidade, quando era um sorriso sincero. Odiava ele triste, chorando e sofrendo por quem não merecia suas lágrimas ㅡ J-Já entendi, vou ficar esperto ㅡ Minho parou, também cansado, tinha água espalhada para todos os lados, Jisung agora tinha gotas de água quentinha em seu rosto ㅡ Por que fez isso? ㅡ Deu-lhe um tapa no braço. Han havia se remexido tanto que acabou virando-se para Minho.
ㅡ Gosto de te ver sorrir. Fique feliz de hoje em diante, por favor ㅡ Fez um carinho nos cabelos, descendo para a orelha e parando na lateral do pescoço. Juntando as testas ㅡ Por favor, não chore mais... ㅡ Pediu baixinho, estavam bem próximos. Han queria chorar, justo porque Minho o havia lembrado da situação com seus pais, mas também queria chorar por ter alguém tão bom ao seu lado ㅡ Toda vez que quiser chorar, sorria para mim ㅡ Se afastou e piscou um dos olhos ㅡ Vamos lavar logo esse cabelo, estão fedendo.
ㅡ Ei, Min, não fale assim do meu cabelinho, eu cuido dele muito bem ㅡ Cruzou os braços, fingindo estar bravo, ao mesmo tempo que inflava as grandes bochechas. Tão fofinho ㅡ O seu que é fedido, eca, todo desidratado ㅡ Tapou o nariz e fingiu estar fedendo.
ㅡ Você vai contra ao meu cabelo loiro? ㅡ Levou a mão ao peito, fingindo chocar-se com as palavras ditas por Jisung, em seguida levou a mão até os cabelos, puxando-os para ver se eram realmente feios ㅡ Eu deveria mudar? ㅡ Arqueou as sobrancelhas ㅡ Pintar de roxo, ou quem sabe... Azul, ruivo ou preto? ㅡ Não estava brincando, realmente queria mudar o visual, aquela seria uma ótima oportunidade para Jisung o ajudar.
ㅡ Sério? Você ficaria bem de roxo ㅡ Estava brincando sobre a suposta feiúra do cabelo alheio. Era mentira, as madeixas loiras eram lindas. Deu sua opinião verdadeira. Não mentiria sobre isso ㅡ Mas eu estava apenas brincando... Tá? Seu cabelo não é feio ㅡ Desviou o olhar, soltando o elogio.
ㅡ Eu sei, Jico ㅡ Jogou pouca água na direção de Han, apenas para brincarem mais um pouquinho ㅡ Mas eu realmente quero pintar mesmo, me ajuda nisso? ㅡ Se aproximou de Han, ficando com o rosto bem próximo ㅡ Eu pinto de roxo? Sim?
ㅡ P-Pinta, se você quiser ㅡ Se afastou. Minho entendeu e também se afastou ㅡ Vai ficar bem legal ㅡ Lee sorriu ㅡ Vamos banhar logo, já esqueceu sobre o que acabou de dizer? ㅡ Arqueou as sobrancelhas, jogando água de volta em Minho, como vingança. A brincadeira durou mais alguns segundos, até finalmente pararem e o mais velho começar a lavar os cabelos de Han.
Entre um riso e outros, espumas e bolhas, terminaram o banho alegres. Han ficara feliz e nem mostrava indícios de tristeza no início da noite. Minho estava feliz por tê-lo feito esquecer da angustiada tristeza por culpa de seu pai. Lee já presenciou aquilo outras diversas vezes - nunca expulsão, claro -, o senhor Han sempre foi muito temperamental, ainda mais por conta das bebidas e o uso de drogas em excesso.
Han ficou no banheiro, enrolado na toalha enquanto esperava Minho buscar uma muda de roupas para si. Jisung se trocou ali no banheiro e Lee se trocou no quarto, por fim se encontraram na cozinha. O loiro iria preparar algo para jantarem, o bochechudo tinha que se alimentar direito. O cheirinho de carne e o barulhinho da gordura fritando a mesma era demais para a barriga de Jisung, que murmurava com fome de cinco em cinco minutos.
ㅡ Desculpa por ter atrapalhado sua noite ㅡ O mais novo deitou a cabeça no mármore da bancada, olhando para Lee que estava incrível lindo vestido com aquele avental de cozinheiro. Han sentia-se culpado por ter interrompido a noite de Minho, ele poderia estar curtindo e bebendo com os amigos, caso não tivesse o chamado para cuidar de si. Culpava-se no momento ㅡ Não fiz por mal...
ㅡ Jico, ei. Qual é? Eu adoro passar meu tempo com você, e eu passei mal antes mesmo de beber... Parece que foi o destino, hein ㅡ Destino ou escolha propria? Sempre trocaria tudo por Jisunh. Virou a carne na frigideira, segurando o cabo e balançando para o óleo pegar melhor. Mirando rapidamente Jisung, que fez um biquinho ㅡ O que foi? Parece que ainda está com o remédio na boca ㅡ Havia dado um comprimido para evitar que Jisung ficasse doente, e ele era meio azedo, digamos assim.
ㅡ Tá chamando minha cara de feia? ㅡ Murmurou, piscando sonolento ㅡ Você que é! Eu só estou com sono ㅡ Bocejou logo após. Realmente estava cansado. Queria mesmo era cair no sofá e dormir, mas Minho havia o obrigado a esperar a janta ficar pronta ㅡ Vai demorar?
ㅡ Não, nenê ㅡ Mandou um beijinho para o mesmo, que não teve reação de início ㅡ Já já fica pronto ㅡ Colocou o bife no prato, e também colocou mais um para fritar. Um arroz estava pronto logo ali, acompanhado de salada de alface, tomate e milho. Jisung quem pediu por milho, ele ama ㅡ Você já pode comer se quiser, vou colocar pra ti ㅡ Dizia, assim já fazendo. No prato branco tinha uma quantidade razoável de comida, que logo foi posta em frente a Jisung ㅡ Come tudo ㅡ Pediu e Jisung balbuciou um xingamento. Tinha mais do que normalmente comia - quase nunca comia.
ㅡ Posso comer na sua sala? ㅡ Juntou as mãos frente peito, piscando de forma angelical, tentando convencer Lee. O coração era mole para Jisung, então concordou, colocando comida para si ㅡ Tá! Mas vou te esperar ㅡ Balançou os pés no ar, a banqueta era bem alta. Minho sorriu - estava sorrindo muito naquela noite, efeito Hanji. Estava de costas então Ji não viu.
ㅡ Pode ir indo lá, coloca alguma coisa pra gente assistir enquanto come ㅡ Disse, adiantando Jisung com a ideia. O menor levantou, com o prato em mãos e foi para a sala, que era ao lado, separada da cozinha apenas por uma estante com algumas coisas que diziam muito sobre a personalidade de Lee.
Em alguns minutos estavam sentados sobre o tapete preto, em frente a mesinha de centro, onde os pratos estavam. Minho se levantou, dizendo que havia esquecido a bebida e logo voltou com um copo de suco de laranja e uma taça de vinho. Han estava concentrado em escolher um filme da Netflix, procurando por desenhos animados. O catálogo era grande, mas nada parecia chamar a atenção do moreno. Lee voltou a se sentar ao lado do garoto, apoiando as costas nos travesseiros e almofadas ali.
ㅡ Um: Você que tem um paladar muito ruim para filmes, se estão aí quer dizer que são bons. Dois: Você é menor de idade, na casa de um cara com dezoito anos, sob minha responsabilidade, então você não vai ingerir nada alcoólico ㅡ Explicou, dando mais um gole em sua bebida. Jisung revirou os olhos, discordando da decisão que por si só, Lee Minho tomou ㅡ Não fique bravo, Ji ㅡ Fez um carinho no ombro do mesmo ㅡ Vamos escolher logo um filme, a comida está esfriando ㅡ Alcançou o controle e sozinho escolheu o que assistir. O filme estava em seus dez minutos quando Minho notou que o mais novo não havia tocado um dedo no prato ㅡ Ji, 'cê não vai comer?
ㅡ Hm, 'tô sem fome ㅡ Deu de ombros, bebendo mais um gole de seu suco, que no momento estava na metade. O loiro colocou a taça sobre a mesinha de centro e virou-se para Jisung, encarando-o, esperando que ele encarasse de volta. Como assim decidiu que não iria comer?
ㅡ Jisung ㅡ Resolveu chamar o mesmo, que ponderou um pouco - focado na tela da televisão - mas logo se virou para Lee ㅡ Você tem que comer ㅡ Seu tom não brincalhão, era sério e decidido. Han fingiu não escutar e voltou a olhar para o filme, estava com zero vontade de se alimentar, se comesse qualquer alimento, iria vomitar logo em seguida ㅡ Já foi muita sorte você não ter ficado resfriado, por favor, come pelo menos um pouquinho.
ㅡ Minho, eu não quero.
ㅡ E se eu fizer aviãozinho? ㅡ Perguntou, sorrindo ladino. Jisung o olhou de volta. Sabia o que era esse tal "aviãozinho" mas, por incrível que pareça, seus pais nunca foram do tipo que faziam essas coisinhas fofas, era sempre um "ou você come" ou "você não come". Han olhou cheio de tédio, franziu o cenho e pensou se aquela proposta era real. Patético de tão infantil ㅡ Ji? ㅡ Acariciou seus cabelos. Vê-se que Minho ama fazer carinho em Jisung. O menor não respondeu, Lee viu aquilo como um sim contido - talvez até envergonhado - então tratou de rapidamente cortar a carne e adicionar ao garfoㅡ Abre a boquinha ㅡ Fez uma concha de baixo do garfo, para não derrubar a comida ㅡ Olha o aviãozinho ㅡ Queria rir. Era legal fazer aquilo, um pouco vergonhoso, também fofo.
ㅡ Minho! Não ㅡ Negou, em seguida fechando fortemente a boca, não iria passar por aquila humilhação. Minho não disse mais nada, porém continuou com o talher frente ao bochechudo ㅡ Para ㅡ O loiro sorriu, tentando conquistar Jisung e sua marra chata ㅡ Está perdendo seu tempo ㅡ De relance olhou para a carne ㅡ Minho, para ㅡ Lee segurou o sorriso, não iria desmanchar ele até Han comesse ㅡ Tá! Merda ㅡ Murmurou e abriu de leve a boca.
ㅡ Olha o aviãozinho! ㅡ Colocou na boca do menor ㅡ Viu, Ji?! Morreu? ㅡ Subiu as sobrancelhas, encarando aquele que estava focado em sentir o gosto da comida. O tempero era bom, Minho sempre fora um bom cozinheiro ㅡ Gostou? ㅡ Arqueou as sobrancelhas, pegando mais do arroz com salada.
ㅡ Não é ruim ㅡ Falou, de boca cheia, colocando a mão na frente, com vergonha do outro lhe ver comer. Ji não gosta que as pessoas o olhem comer, é meio... Intimidante e vergonhoso, sempre erra a boca quando alguém o olha, ou deixa a comida cair antes de aproximar-se dos lábios ㅡ Vamos, me dê mais um pouquinho ㅡ Abriu a boca novamente, esperando pela garfada. Minho sorriu.
Terminaram a janta quando o filme também acabou. O mais velho teve que dar na boca de Han durante todo o filme, aparentemente ele tinha gostado do ato e decidiu não reprimir o fato de ter gostado. Agora estavam sentados no sofá, conversando sobre coisinhas banais. Minho com sua terceira taça de vinho e Jisung com seu quinto copo de suco.
ㅡ Deita aqui ㅡ Bateu em sua coxa quando viu que Han havia terminado seu suco. Han o olhou de cima a baixo. Deveria? Não tinha mal nisso, mas poucas vezes esteve na casa de Lee, e ainda mais tão próximo dele assim. Minho bebeu bastante, será que ele tinha alguma intenção? ㅡ Jico? ㅡ Deu três tapinhas em sua perna ㅡ Vem ㅡ Jisung se manteve calmo por fora, mas por dentro seus hormônios estavam apurados, e aquilo não era bom. Mesmo assim, não ligava, acabou deitando a cabeça nas coxas fartas ㅡ Muito bem ㅡ Iniciou um carinho nas madeixas.
ㅡ Vai, me conte direito sobre como veio morar aqui sozinho ㅡ Pediu Ji, curioso sobre o passado do amigo. Minho ficou pensativo, não era uma boa ideia, ainda mais sendo algo tão semelhante ao que ocorreu com Jisung recentemente. Mas bem, talvez fosse uma forma de ajudá-lo a superar. Sim?
ㅡ Hmm... Bem, meus pais me expulsaram... ㅡ Jisung olhou, de forma desajeitada, para o Lee ㅡ Por conta da minha sexualidade ㅡ Terminou. O mais novo ganhou um biquinho dos lábios ㅡ Mas tudo bem, veja, se não tivessem me expulsado eu nunca teria lhe conhecido ㅡ Apertou de leve o nariz alheio, Han sorriu ㅡ De início eu fiquei muito triste, claro, achei que meus pais, por serem justamente meus pais, iriam me apoiar, mas foi totalmente ao contrário, nem me deram espaço pra falar alguma coisa. Foi doloroso, sair e viver longe deles. Na época eu tinha sua idade, dezesseis ㅡ Tocou o indicador na pontinha do nariz de Ji, um ato fofo ㅡ Foi difícil arranjar emprego, além dos casos judiciais... Enfim, por falta de compreensão acabei me afogando em bebidas ㅡ Continuou penteando os fios alheios com seus dedos ㅡ Não faça isso! ㅡ Repreendeu e o mais novo concordou ㅡ Tive que aprender que nem tudo é bagunça, mesmo que eu ainda esteja nessa fase ㅡ Riu, Ji acompanhou.
ㅡ Assim até parece fácil ㅡ Olhou para o teto. Sua vida seria como Lee havia contato sobre sua própria? Poxa, queria que fosse mais fácil, pelo menos ㅡ Por enquanto minha história começou como a sua ㅡ Sentou novamente no sofá ㅡ Aah, o que eu vou fazer? ㅡ Gemeu em tristeza. Não gostava de pensar nessas coisas, nem sobre seu passado, nem sobre seu futuro, não tinha certeza se seria alguém.
ㅡ Nenê, você ainda é novinho, poderá fazer tudo que quiser, quando quiser, basta se dedicar verdadeiramente ㅡ Passou o dedão pela bochecha gordinha ㅡ Não importa o que acontecer, vou cuidar de ti, vou te apoiar. Tudo bem? ㅡ Beijou a testa do garoto ㅡ Vamos dormir? ㅡ Levantou, pegando a mão pequena para ajudá-lo a se levantar. Han pegou impulso e pulou para fora do sofá ㅡ Vou ajeitar minha cama pra ti, ok?
ㅡ Mas... Mas e você? ㅡ Ainda de mãos dadas com o mais velho, foi para o quarto dele. Minho não respondeu, apenas ajeitou a cama em silêncio, Jisung esperou pacientemente. Lee jogou a coberta na cama e pegou uma para si ㅡ Minho?
ㅡ Vou dormir na sala, Ji ㅡ Andou até Han ㅡ Fica avontade, ok? ㅡ Beijou a testa do menor ㅡ Qualquer coisa pode me chamar ㅡ Acariciou os fios castanhos. Jisung sorriu casto.
ㅡ Mas... ㅡ Poxa, não queria que Minho cedesse sua cama para si, ainda mais indo dormir no sofá. Após um curto bate-boca, Lee finalizou dizendo que Han tinha que dormir confortável naquela noite. O bochechudo não gostou da ideia, mas teve que obedecer quando viu que aquela conversa toda não levaria a nada, muito menos faria o outro mudar de ideia ㅡ Tá! Mas, Min, dorme bem... ㅡ Abraçou-o, agradecendo por Minho ter entrado em sua vida. Mais uma vez. Ele era o melhor dentre todos. Com certeza não saberia retribuir toda a gentileza do loiro. Mas naquele momento, o que sabia era que um abraço seria ótimo. Mesmo que Min não gostasse muito daquele toque físico ㅡ Obrigado.
Infelizmente Han não fora abraçado de volta, dois tapinhas nas costas foi o bastante, Jisung recebeu um beijo no topo da cabaça e Lee se afastou. Minho foi para a sala e o moreno foi para o banheiro, indo escovar os dentes e por fim voltando para a cama. Demorou alguns minutos para conseguir pegar no sono, pode se dizer que meia hora no mínimo, o sono só lhe atingiu pois chorou. Não chorou como chorava no início da noite, mas chorou com o coração. Ora chorava de tristeza, ora chorava de felicidade. Minho era tão cuidadoso. Uma figura parterna, sim. Além de ter deixado seu compromisso para ajudar a si, havia cedido um tempo para cuidá-lo. O que seria de hoje em diante? Minho ainda o ajudaria? Poderia? Iria conseguir? Céus! E sua mãe? Ela ainda apanharia...? Seu pai mudaria? Adormeceu com esses pensamentos.
Lee, deitado no sofá, adormeceu mais rápido que Han. Por isso nem ao menos escutou o choramingo. Mas dormira jurando para si que daria de tudo para protegê-lo, cuidaria dele fisicamente e mentalmente. O ajudaria a superar seus menos e traumas. Faria ele ser feliz, mesmo que fosse longe de seus pais, mesmo que fosse longe de seu lar. Minho faria de si um lar, um lugar de paz, um refúgio. Não o machucaria, o curaria.
🌧️₊˚ˑ Não foi revisado!!
Aaai gente, escrevi essa em dois dias pq tava muito ansioso!
Perceberam algumas coisas diferentes?? acabou que como era um caso sensível e o ji só precisava de cuidado, não coloquei nada romântico/apaixonado.
Foi isso! Amo vcs 🩷🩷!
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