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Capítulo 77 - E vice-versa

E vice-versa


Eduardo

Esther: Te amo, filhote

— Era para você procurar um macacão, Lê — eu expliquei pela milésima vez, erguendo os olhos da tela do celular para meu galã preferido, que continuava carregando aquele mesmo vestido branco de um lado para o outro e insistindo que era perfeito.

A missão era simples: comprar presentes de natal.

A outra missão também era simples: achar uma reposição para o macacão de Marcela que eu tinha estragado com meu sangue.

Ok, talvez eu devesse parar no "que eu tinha estragado". A outra questão meio que fazia meu estômago se contorcer e eu já tinha passado mal demais por causa de...

— A gente já gastou três horas e meia procurando um macacão e nenhum é igual ao dela — Leandro explicou, colocando uma das mãos na cintura. A vendedora que estava nos ajudando, Luciana, deu um sorriso tão mole para ele que eu quase perguntei se ela precisava de ajuda para levantar o queixo do chão ou limpar a baba que estava escorrendo. — E você não pode estragar um tecido daqueles e devolver um tecido inferior, então você vai comprar esse vestido, meu anjo.

Eduardo: Sim, eu já comprei seu jogo de chá, sua interesseira

Eduardo: Mas eu também te amo

Eduardo: E tô louco pra te dar um cheiro, Esther Senna

Eduardo: No natal eu vou ser insuportável de tanta saudade que eu estou de você e do pai

Eduardo: ME AGUARDE

Leandro deu um tapa na minha nuca e foi Chicão quem veio em minha defesa, fazendo carinho no meu cabelo e olhando feio para ele.

— Meu neném já está todo roxo-esverdeado depois da briga, precisa disso, Leandro? Precisa? — Ninguém me entendia e protegia tanto quanto Henrique Francisco Gadelha e eu não estava ali para reclamar.

É claro que eu ainda estava cheio de hematomas por causa da briga com Igor, mas agora eles já estavam menores e em um tom de verde-arroxeado médio ao invés do roxo escuro original — e, segundo Chicão, que examinava aquilo todo dia, era um bom sinal, porque era o último estágio antes de começar desaparecer.

Bom, pelo menos não estava mais inchado e totalmente dolorido e sensível. E meu médico preferido tinha tirado os pontos quando o corte no supercílio cicatrizou o suficiente e, sinceramente, eu tinha que dar os louros que ele merecia, porque ele conseguiu enfiar sal na minha boca, tirar os pontos lindamente, elogiar as habilidades de sutura de Getúlio falando que ele seria um ás nos transplantes de córnea se se especializasse, já que seus pontos eram perfeitos, e ainda avisar Leandro para parar de olhar se achava que ia vomitar.

Parecia que a briga com Igor tinha acontecido há cinco minutos, mas, na verdade, já estávamos quase no Natal e o churrasco tinha sido no início de dezembro, então, sim, meu rosto não estava mais tão esfolado quanto antes. E nem o de Igor, embora... Eu nem sabia que eu conseguia fazer tanto estrago.

— Meu neném? Eu deveria ficar com ciúmes? — Tiago perguntou, parando ao lado de Leandro para alisar o tecido branco do vestido que o galã estava segurando. Aparentemente, ele aprovou.

— Você precisa entender que se está com o Chicão, está com o Edu e comigo também — Leandro explicou, dando uns tapinhas amigáveis no ombro de Tiago, que apenas deu de ombros porque acho que, àquela altura, ele já tinha sacado que ou eram as Três Espiãs Demais, ou não era nenhuma. — Mesmo o Eduardo sendo um ingrato que me arrasta pelo shopping inteiro pelos meus dotes com tecidos e me ignora completamente para mexer no celular ou simplesmente não acredita em mim quando eu digo que esse é o tecido perfeito!

E aí meu celular vibrou de novo.

E de novo.

E de novo.

E de novo.

— Eu estou falando com a minha mãe, Lê — expliquei, desbloqueando o celular de novo. — E eu não estou te ignorando, só estou dizendo que eu preciso de um macacão e não de um vestido.

Esther: Como você pode me acusar de ser interesseira, Eduardo? Eu, que te carreguei no ventre por nove meses sem cobrar aluguel!

Esther: Você acha que foi fácil? Você me chutava o tempo todinho e me fez ficar com enjoo de café e eu amo café!!!!!!!!!

Esther: Além disso, te mandei a foto do jogo de chá de forma completamente desinteressada, você comprou pq me ama demais

Esther: (figurinha)

— Não existe macacão branco igual ao dela nesse shopping, acredita em mim, eu já teria achado porque eu sou o cara para esse tipo de coisa. O tecido é uma seda egípcia linda, então você não pode devolver crepe ou zibeline. — O galã bateu o pé, irredutível, e eu tive que aceitar o que ele estava falando por falta de conhecimento de causa para debater. — Mas eu vi um macacão verde de seda na Rebu e...

— Não, tem que ser branco — expliquei, antes que ele se empolgasse demais com a ideia, porque Leandro podia ser bem insistente se quisesse.

Eu ainda estava apegado à ideia de que, de alguma forma, aquilo tinha sido um sinal. Então eu também tinha que devolver um sinal. Branco era a única cor aceitável.

Eduardo: E mandou os chás que você quer para a Ceci de forma desinteressada também? A coitada comprou metade da Blend Perfeito e ainda está com cheiro de alecrim no cabelo

Eduardo: E te amo mesmo, sorte sua

Eduardo: E espero que vc saiba que essa figurinha não é um cacto fazendo coração

Eduardo: Mães deveriam ser proibidas de ter essas coisas no celular

— Então você vai ter que levar o vestido, porque ninguém que tenha a minha assessoria vai comprar um macacão que vai estragar na primeira lavagem — Leandro disse.

— Mas o que a Marcela vai fazer com um vestido branco? — questionei, porque até eu sabia que os usos de um vestido longo branco eram limitados.

— Ano novo! — Leandro disse, como se fosse completamente óbvio e ele não estivesse mais entendendo porque sua expertise sobre o assunto estava sendo questionada daquela forma que era praticamente uma sabatina.

— Casamento? — Tiago perguntou e três pares de olhos foram parar nele, o fazendo erguer as mãos em rendição. — O quê? Eu não estou falando que é casamento dela com o Eduardo, só... — e aí Chicão apertou os olhos para ele, porque ele apenas estava se complicando. — Ela pode ir de branco em um casamento de alguém que ela odeia só para ofuscar a noiva? É válido!

Esther: Você acha que eu te plantei no chão e você nasceu, Edu?

— Tá bem, lindo, não se complica mais — Chicão disse e deu um sorriso para o dentista. — Vou te ajudar.

E aí ele calou Tiago beijando Tiago.

Eu não sei porque eles simplesmente não se casavam logo.

Eduardo: MÃE!

Eduardo: Às vezes você não precisa ser tão aberta assim comigo

Eduardo: Me poupe dos detalhes do meu nascimento, a gente só começa a ter lembranças a partir dos quatro anos por um motivo

Leandro cruzou os braços e ficou me encarando com um olhar cortante que dizia "eu não tenho o dia todo para procurar roupa com você, Sam".

Ele era a Clover e Chicão era a Alex.

Eu não tenho orgulho de dizer que a gente decidiu isso em uma conversa sóbria.

Eduardo: Te amo, mas preciso terminar as compras de natal antes que Leandro me enforque com um vestido branco

Eduardo: Te ligo depois, mamacita

— Vestido! — ele disse e colocou a peça nos meus braços ao mesmo tempo que pegou meu celular da minha mão.

Eu tinha que admitir, ele tinha um dom. O tecido era macio e encorpado exatamente do mesmo jeito que era o tecido do macacão de Marcela e era realmente muito bonito, com as alças largas, um decote discreto em "v", uma faixa na cintura e uma fenda na perna.

A ideia de Marcela dentro daquele pedaço de tecido me fez sorrir, porque ela ia ficar absolutamente linda — ainda mais linda, no caso, porque ela era linda vestindo qualquer coisa. E vestindo nada também.

— Olha aqui — Leandro prosseguiu, mostrando a foto que Marcela e eu tínhamos tirado no dia do churrasco da CPN e nós estávamos usando como referência, como se eu não já tivesse olhado para ela um milhão de vezes desde então, praticamente tendo decorado seu sorriso, seus olhos encarando os meus e até como eu não conseguia disfarçar minha feição boboca, enrubescida e apaixonada enquanto olhava para ela. — Tá vendo? O tecido é super delicado e tem um caimento lindíssimo que você não vai replicar com outro. E tudo bem que o macacão dela é pérola e o vestido é off-white, mas ela vai te perdoar.

Só aí eu notei que Tiago e Chicão estavam olhando a foto por cima dos nossos ombros.

— Namore alguém que te olhe como Eduardo Senna olha para Marcela Noronha — Tiago disse, observando a foto e dando um sorriso para mim, com aqueles seus quarenta e dois dentes e carinho no olhar. — E vice-versa.

Vice-versa...?

— Titi, eu vou te beijar de novo — Chicão disse e, de alguma forma, soou como uma ameaça. Não que Tiago tenha se sentido ameaçado, até porque... Bem, acho que ele ia gostar de ser punido daquela forma.

Não sei se alguém se importaria de ser punido se a punição fosse ser beijado pela pessoa por quem está apaixonado. Eu mesmo, em pessoa, podia dizer que não.

— Mas ela tinha um macacão e...

— Edu, meu coração, deixa eu te explicar... Não é o macacão em si que importa, é você ter pensado nela. É o gesto — Leandro disse, me puxando para o caixa pela mão.

Chicão e Tiago nos seguiam de mãos dadas também, mas de um jeito bem menos mandão, carregando várias sacolas em uma mão só apenas para terem a outra livre um para o outro.

Normalmente, eu teria achado engraçado.

Mas agora eu entendia.

Porque eu também faria isso para andar de mãos dadas com... Bem.

Olhei mais uma vez para o vestido. Ela ia ficar linda nele, sim.

— Fui convencido, mais uma vez, pela sensatez do homem com a borboleta no cóccix — eu disse e Leandro ergueu o dedo do meio de forma nada educada para mim, mas deixou o sorriso aparecer porque amava ser o consultor das pessoas com lençóis, tecido, limpeza, dicas domésticas, como ser galã e skincare.

Então eu fui para o caixa pagar pelo vestido e dar orgulho para Leandro Lamas, sabendo que estava abrindo um rombo sem precedentes na minha conta bancária em um dia só porque eu tinha feito uma lista muito grande de presentes — Chicão disse que eu daria um presente até para o nosso síndico, aí eu achei que talvez eu devesse mesmo. Seu Vanderlei era demais e tinha uma paciência quase infinita com três caras barulhentos que viviam pedindo socorro com parafusos e torneiras.

— Tá, quem falta? — Henrique perguntou, com uma feição cansada de quem não aguentava mais rodar como uma barata tonta pelo shopping. — Eu só preciso comprar o robô aspirador para a minha mãe.

— Eu preciso comprar alguma coisa para a Ceci ainda. — Eu olhei para Leandro, levemente surpreso por ele estar presenteando a pirralha e ele logo emendou: — Eu sou amigo da sua irmã e ela é sua irmã, Eduardo! Estou contando com a sua ajuda, inclusive. E também preciso comprar um presente para o Tiago. Chicão, o que ele gosta?

— O Tiago está aqui, você pode perguntar para ele — Chicão disse, mesmo que todo mundo soubesse que era inútil pedir ao dentista uma dica sobre o próprio presente, porque com certeza não ia nos ajudar com isso.

— Ti, me fala por favor o que você gostaria de ganhar. Não vale um oftalmologista pelado com um laço na cabeça, tem que ser algo possível para mim — explicou Leandro, dando um sorriso enquanto eu equilibrava as minhas sacolas na mão.

Eu já tinha feito uma viagem para o carro para deixar algumas antes, porque... Muita coisa.

Era oficial: eu era a maior fraude ambiental após me render dessa forma para o consumismo, mas eu gostava de ver as pessoas felizes.

— Eu já ganhei isso, Lê — Tiago disse e deu um beijo na bochecha de Henrique Francisco, que nem teve a decência de ficar vermelho pelo seu amor ter um fetiche nele fantasiado de presente e ele realizar. O dentista olhou de Leandro para mim com os olhos semicerrados. — Vocês não precisam comprar um presente para mim.

— Precisamos sim! Você faz o meu neném feliz! — eu disse e Tiago deu o sorriso de quarenta e cinco dentes mais derretido que eu já tinha visto na minha vida inteira.

E a melhor parte é que era verdade.

Eu nunca tinha visto Henrique daquele jeito antes, todo bobo rindo para o celular, cantando de manhã, ansioso esperando Tiago chegar ao nosso apartamento depois de um dia inteiro de consultas e, mesmo que os dois estivessem super cansados, só queriam ficar juntos, nem que fosse só para dormir abraçados. E, como devia ser, isso só estava crescendo com o tempo e era lindo ver os dois se apaixonando todo dia um pouquinho mais.

— Me ajuda! — Leandro pediu para Chicão, pendurando-se no braço dele com um ar pidão e esperançoso. — Te amo.

— Falso! — Chicão acusou, estreitando os olhos para o galã que era quase uma versão humana do Gato de Botas naquele momento. — Reflitam comigo, meus amores: Tiago comprou um HB20 branco e vai descolorir o cabelo para o carnaval. O que uma loira odonto gostaria de ganhar de natal?

— Eu não sou uma loira odonto! — Tiago se defendeu, mas, contra fatos...

Leandro abriu o sorriso flerte para Tiago Lira. Gengiva demais. Dentes demais. Galãzice de menos, de alguma forma bizarra.

— Eu tenho um fraco por loiras odonto, sabia? — perguntou e piscou os dois olhos, mesmo que eu tenha quase certeza que a ideia ali era passar o mesmo recado que uma piscadela de um olho só.

— Sem talaricagem! — eu disse e abracei o casal, como se assim pudesse protegê-los do mundo inteiro, porque nem Leandro ia se meter no meio de Chiago. — Foca que você ia comprar o presente do Tiago porque ele faz o Chicão feliz!

— Você vai ganhar o melhor jogo de lençóis da sua vida, Ti, pode ter certeza — Leandro garantiu, apontando para Tiago, e então virou para mim. — Seus pais também!

Ergui minhas sobrancelhas. Eu já tinha escutado essa conversa uma vez...

— Você está tentando ficar com a Ceci de novo? Meu pai vai ficar bravo, ele demorou para te perdoar da última vez — expliquei, porque meu pai apenas supostamente tinha perdoado Leandro por usar lençóis como uma artimanha para chegar no coração dele e ter um rolo com Cecília, ainda que eu, Ceci e o próprio Leandro já tivéssemos dito que não foi isso o que aconteceu.

Fábio Senna, no entanto, parecia pouco disposto a acreditar que o galã-maravilha era só uma tia do lençol muito empenhada e que sua filhinha foi quem o seduziu, para começo de conversa, com vinho, sinuca e um vestido azul escolhido a dedo.

— Dessa vez é para garantir você, Eduardo, fica tranquilo. — Então ele deu seu sorriso flerte para mim.

E eu meio que entendi o motivo pelo qual funcionava.

Era esquisitíssimo e lindo. E eu me senti tão lisonjeado de ser para mim que...

Meu Deus, eu precisava ter aulas com ele urgentemente! Ele era um gênio incompreendido!

— Se meus pais não te aceitarem, a gente vai namorar escondido — garanti.

— Você está emocionalmente indisponível para mim, mas eu gosto do seu jeito de pensar — Leandro disse e Chicão enviou aquele famoso olhar "não vamos tocar nesse assunto, por favor? Eu tenho um bisturi". — Ah, Francisco Henrique, para de agir como se você não adorasse a Má e como se fosse um segredo que o Edu está em celibato!

Eu estava em celibato.

Uma verdade incontestável.

Porque eu só queria... Bem, Marcela.

Se não fosse ela... Então ok, eu ficaria sozinho por um tempo.

Acho que não dava para superar, esquecer ou substituir alguém que tinha cuidado de mim como ela tinha cuidado, que se preocupava comigo e que tinha me perdoado depois de tudo. Talvez eu nunca fosse conseguir esquecer de como seu abraço fez a minha visão voltar depois de eu ter ficado cego de ódio com Igor, ou como ela me sustentou para que eu não caísse, de como ela limpou o sangue, de como ela tinha ficado como uma barreira entre mim e Gisele, do seu olhar carinhoso, do cuidado, da sensação dos seus lábios tão perto dos meus, do calor da sua pele nos meus lábios...

Eu tinha perdido Marcela pelos meus próprios erros e, mesmo ciente disso, eu não conseguia deixar de... Até porque eu não queria deixar de amá-la.

Mesmo que doesse ficar tão perto sem poder simplesmente ser dela. Sem poder tê-la para mim.

Então... Sozinho.

Ou num relacionamento platônico com Leandro, mesmo que ele estivesse muito ativo e nessa mesma manhã eu tivesse tropeçado em uma loira alta, com sandálias nas mãos, cabelos bagunçados e uma cara de extrema satisfação e depois com ele cheio de marcas de chupão e batom vermelho, replicando o sorriso satisfeito.

— A Má é incrível! Ela sempre tenta conversar comigo quando está de boca aberta no consultório e eu estou mexendo nos dentes dela. Impecáveis, inclusive, ela tem um talento com fio dental — Tiago a defendeu.

Será que era por isso que beijar a boca dela era quase um evento?

— Eu amo a Marcela, ela é maravilhosa e eu fui o fã #1 de Marcela e Eduardo — Henrique se defendeu. — Mas eu sei como acabou e eu não quero... Eu não consigo... Eu não vou suportar ver o Edu daquele jeito de novo.

Eu só joguei minhas sacolas em cima do Leandro, torcendo para que o galã conseguisse segurar tudo, para abraçar Henrique Francisco e quase esmaga-lo dentro dos meus braços, porque se ele deixasse aqueles olhinhos castanhos marejarem de novo por minha causa eu mesmo ia deixar meu outro olho roxo me socando por ser um lixo de amigo.

Ele era tão, tão, tão, precioso.

— Eu já disse que quem fez merda fui eu, eu mereci totalmente ficar como eu fiquei — expliquei de novo e ele apenas fez que não, como se conseguisse ver algo que eu não via ou se não fosse exatamente disso que ele estava falando. — Te amo, Henrique Francisco Gadelha.

— Eu também amo você, Edu — ele disse.

— Por favor, se beijem — Tiago pediu e foi isso que fez a gente rir e acabar com aquele momento em que eu queria pegá-lo no colo e dizer que ele nunca mais ia sofrer por minha causa porque ele era a melhor pessoa que existia.

— Tá bom, eu vou fingir que não estou com ciúmes e torcer para aquela escapada na Sephora ter me rendido o melhor skincare de todos os tempos, Eduardo Senna — Leandro disse e eu mandei um beijo para ele e torci para ter acertado no skincare que ele queria, porque tinha tirado fotos de todos os cremes da pia do banheiro dele e entregado para a moça que estava me ajudando. — Você precisa comprar mais alguma coisa?

Peguei meu celular para olhar a minha lista.

— Ceci e Marcela — eu disse, após uma olhada rápida.

— Você não acabou de comprar um vestido para a Marcela? — Tiago perguntou, apertando as sobrancelhas.

— Uma reposição. Preciso de um presente agora — expliquei.

— E se a gente comprasse uma pulseira e brincos combinando para a Cecília? — Leandro perguntou e eu assenti.

Eu ainda não sabia o que comprar para ela e acho que ele tinha um gosto muito melhor do que o meu, ainda que a irmã fosse minha.

— Vocês vão para a loja, Ti e eu pegamos uma mesa no Cantinho de Minas? Estou louco para um pão de queijo com café, uai — Chicão disse, pegando todas as nossas sacolas com a ajuda de Tiago. Daquela vez, infelizmente, não teve como eles deixarem as mãos livres para andarem de mãos dadas.

Leandro e eu fomos à loja e compramos um conjunto de prata e topázio azul que quase gritou Cecília Senna porque era exatamente da cor dos olhos dela — uma perspicaz observação do meu roommate.

E eu acabei dando outro rombo no meu cartão ali, porque achei algo que gritou Marcela Noronha para mim também.

Não foi difícil encontrar Chicão e Tiago depois, mesmo que Leandro tivesse me feito entrar com ele nas Americanas e na Casas Bahia atrás de um secador de cabelo Dyson Supersonic, porque era só seguir o cheiro de café e amor, que nem nos desenhos animados quando o personagem apenas viajava no aroma da torta, que geralmente era feita por uma bondosa senhora e posta para esfriar na janela. Bem Tom & Jerry.

Eu só me dei conta de que estava com fome quando me sentei com o casal e comi o primeiro pão de queijo, que estava crocante por fora, macio por dentro e temperado com fome, o que só fazia com que ele ficasse ainda mais gostoso do que já era normalmente.

E café coado no pano sempre seria café coado no pano, à prova de erros, só perdendo para quando o meu mineiro preferido resolvia colocar a mão na massa, porque aquele toque de Minas Gerais e amor era o que deixava tudo especial.

— E aí foi super complicado, porque a raiz do siso estava muito perto do nervo e se eu errasse, poderia deixar a boca dele insensível, sabe? — Tiago estava explicando, gesticulando como se todo mundo ali compreendesse uma extração de siso como ele, fazendo o movimento que ele teve que fazer com a pinça enquanto eu pensava em hashis, visualizando algo metade sushi e metade dente. — Aí eu tive que partir o dente e tirar pedaço por pedaço para evitar o contato, mas, no fim, deu tudo certo. Os pontos ficaram lindos e agora vai ter espaço para o ortodontista acertar a mordida dele e... — Então Tiago reparou que Chicão estava olhando para ele com um sorriso que ia da sua boca aos olhos. Eu reconhecia aquela expressão tanto. — O que foi?

— Nada, desculpa — Chico disse, finalmente saindo daquela hipnose, sacudindo a cabeça devagar. Ele tinha até esquecido de tomar seu café, que a essa altura estava provavelmente em temperatura ambiente dentro da sua xícara. — É que você fica lindo quando está todo empolgado assim.

Tiago sorriu.

Minha teoria é que ele tinha quarenta e cinco dentes e, de alguma forma, isso deixava o sorriso dele incrível.

— É por isso que nove entre dez dentistas recomendam sua boca na minha — Tiago disse e Chicão sorriu de novo, uma réplica com menos dentes do sorriso do dentista. — O décimo queria estar beijando você no meu lugar.

— Porra, Tiago, assim você quebra as minhas pernas. Que lindo! — Foi Leandro quem disse. Henrique Francisco tinha esquecido formas verbais de comunicação e só foi se inclinando na direção do dentista. — Ok, eles vão se beijar na nossa frente de novo.

E foi exatamente o que eles fizeram.

Eu amava ver o meu amigo feliz.

Porque eu sabia exatamente como ele se sentia cada vez que beijava Tiago.

Aquela chama gostosa no peito, crescendo e crescendo e deixando todo o resto em segundo plano; o formigamento nos lábios, a ansiedade pelo contato, e aí, quando finalmente encostava... Encaixava. Fazia sentido. Mesmo que o sentimento fosse aquele frio na barriga que, de alguma forma, era tão bom.

E talvez eu não fosse mais me sentir assim.

Porque Marcela estava com Gustavo.

Literalmente.

Eu podia ver.

Passando pelo corredor do shopping.

Ele estava carregando as sacolas dela enquanto ela ria e conferia sua lista no celular.

Aquilo... Doía. Quase na mesma proporção que era agridoce.

Mas eu não tinha mentido para ela quando disse que se Gustavo fizesse bem para ela, era tudo o que eu queria saber.

Eu queria que ela fosse feliz, mesmo que não fosse comigo. E Gustavo tinha ajudado quando ela precisou, então... Eu podia e ia me resolver comigo mesmo sobre aquilo.

Marcela e eu éramos amigos agora. Apenas. Depois do churrasco e do estacionamento, nunca mais tinha parecido que... Que ela me queria da mesma forma como eu a queria, porque eu sentia que podia atravessar a CPN inteira apenas para afundar a minha boca na dela umas oito vezes ao dia ou mais. Sempre que a gente se olhava, ou sorria um para o outro, ou se esbarrava, ou quando eu erguia meus olhos para ela e via que ela estava olhando para mim também.

Mas agora eu sabia que não podia fazer isso, porque Gustavo tinha sido quem esteve lá por ela e eu não ia meter o bedelho, porque eu não podia ser egoísta assim com ela de novo, só porque eu queria um pouco mais do que a gente tinha.

Teve.

Eu não sei por quanto tempo encarei a cena, mas foi o suficiente para sentir a mão de Henrique Francisco na minha e ver que ele sabia exatamente o que eu tinha visto e como eu me sentia. Seu olhar exalava preocupação, porque ele sabia que... Ele entendia que o amor que eu sentia por Marcela Noronha não tinha acabado.

— Edu...

— Tá tudo bem, Chicão, de verdade — eu disse, mas não quis que ele tirasse a mão da minha por um tempo. — A gente está bem, eu juro.

Ele ergueu as sobrancelhas e eu não tenho absoluta certeza que ele acreditou em mim, mas era verdade. Eu estava bem com Marcela. Nós sempre fomos amigos e era isso que nós seríamos. Eu só não queria... Perdê-la de todos os modos.

Porque com isso eu não ia saber lidar.

E foi isso que eu disse para ele, ainda que não tenha realmente dito. Porém, eu sabia que ele me entendia quando eu o olhava, porque ele era o meu Henrique Francisco, PhD em Eduardo Senna.

— E se você distraísse sua cabeça me ajudando em algo? — Tiago sugeriu após um tempo, provavelmente também entendendo o que eu tinha visto, passando o braço no meu e me fazendo ficar de pé com ele.

— Vou fingir que não sei que você está fazendo isso para ele te ajudar com o meu presente — Chicão disse, dando de ombros com um sorrisinho de canto enquanto enfiava um pão de queijo na boca.

— Não estraga a surpresa! — Leandro disse para Chicão logo antes de choramingar porque queimou a boca. — O café é por minha conta se você me ajudar a escolher um jogo de cama lindo para o seu homem!

— Eu tenho escolha? — Chico perguntou, fazendo a melhor imitação humana dos olhos do Gato de Botas do Shrek que eu já tinha visto. — Eu não quero outra aula sobre seda e fios!

Eu não sei se fui eu quem puxou Tiago ou se ele quem me puxou, mas estava claro que nenhum de nós dois queria esperar que Leandro quisesse estender a aula para mais dois alunos, porque nós dois já tínhamos passado pela experiência mais do que uma vez.

E um de nós queria apenas fingir que não estava triste.

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Tem como terminar melhor a semana do que com o capítulo de CEM? (spoiler, não tem não)

Atenção, atenção: Ambientalista de Taubaté é  flagrado no shopping em um surto de consumismo desenfreado!!! (fonte: Chiandro feat Loira Odonto).

E... o queeeeeeee? Marcela está no shopping com o Gustavo? Será que ela resolveu dar mais uma chance pro Boss dos Ardos? MEU DEUS LIBRIELA, ME DÁ UM CAPÍTULO DE SOSSEGO!!!!

Momento para nós podermos agradecer a todos vocês pelos votos e comentários! Chegamos ao #1 em humor nas últimas semanas e estamos mantendo o top 3 faz uma semana! Obrigada mesmo por todo o carinho e por serem essas pessoas tão incríveis!!!!

Não esqueçam das teorias, surtos e estrelinhas! O que será que essa entidade do mal (aka Libriela) tem planejado pros próximos capítulos? Uma dica: tem a ver com colchões, gel e vinho!

Beijinhos,

Libriela <3

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