Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 70 - Meu Pudim?

Meu Pudim?


Marcela

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Eduardo: (mensagem deletada)

Marcela: Oi...

Marcela: Tudo bem?

Marcela: Devo ficar preocupada ou acreditar que foi só engano?

Eduardo: Sob controle

Eduardo: Desculpa os áudios

Eduardo: (figurinha)

Marcela: Você me mandou ONZE áudios?????????????????

Marcela: (figurinha)

Marcela: Aproveitando, por um acaso você está com um livro meu?

Marcela: Sobre pontes??

Eduardo: Vou dar uma olhada aqui, pode ser?

Marcela: Claro!! Obrigada!

Eduardo: (figurinha)

Marcela: (figurinha)

— Marcela? — eu ouvi o meu nome e praticamente joguei meu celular para o alto ao tentar bloquear a tela, o que fez com que ele caísse em cima da minha mesa em um baque que estremeceu as mesas ao meu redor e derrubou o porta-treco do Alexandre.

— Oi, boa tarde! — eu cumprimentei Gisele e peguei o aparelho, vendo que a película de vidro estava estilhaçada pela queda, porém, se a propaganda não tivesse me enganado, a tela do meu celular ainda estaria inteira. Só que eu não queria ver aquilo exatamente naquele segundo, então fiquei com a tela de Schrödinger, que estava quebrada e inteira ao mesmo tempo até que eu decidisse descobrir o que de fato havia acontecido — tudo bem?

Agora pelo menos eu poderia dizer que meu coração estava descompassado por causa do susto e não por efetivamente ter trocado algumas mensagens de texto com o Edu e saber que ele não havia bloqueado meu número — eu acho que ele não teria bloqueado, mas a confirmação daquilo foi boa de qualquer maneira.

E... onze áudios? Quero dizer, mandar um áudio sem querer já é absurdo, mas onze? Ele havia feito o que para mandar não apenas um, mas onze áudios?

Será que eram áudios me mandando a merda por ser uma péssima pessoa? Mas ele me mandou uma mensagem preocupada outro dia, então seria completamente incoerente da parte dele se preocupar e depois me mandar a merda, né?

Ah tá, falou a rainha da coerência, né?

— Quinta-feira, meio de mês, fim de ano vindo com tudo. Eu estou ótima, e você? — ela me deu um sorriso polido depois de assoprar sua franja para longe do nariz arrebitado e eu me forcei para focar minha atenção nela e não na pessoa que eu estava me forçando a não ver.

Não que eu tivesse visto que ele estava conversando com o Isaac e parecia... estranho. Meio off, como se estivesse de corpo no trabalho, mas o espírito estivesse em outro lugar. Então o engenheiro sustentável deu uma risada e bateu no peito do Eduardo para recuperar o fôlego e eu só vi o arquiteto ficar verde e cambalear para trás.

O que estava acontecendo?

Então eu notei que a rainha do RH estava me olhando com a expectativa de uma resposta.

Sobre o que estávamos conversando mesmo?

Ah, falar sobre projetos normalmente era a resposta mais simples.

— O projeto está indo bem, os nossos fornecedores do sul são de confiança e estamos começando a fundação, então as próximas semanas serão insanas, mas serão incríveis. E já que estamos com a Casa Amarela muito bem encaminhada, eu consigo começar a focar no novo projeto do Thales que é a expansão do Porto de Vitória e... — aí eu olhei para ela de soslaio, notando que ela estava batucando um de seus pés, impaciente em relação a algo — o que foi?

— O que? Nada! Não disse nada — ela me deu outro sorriso que parecia que ela havia acabado de ingerir grandes quantidades de açúcar e eu não sabia muito bem se aquilo era um bom sinal ou não.

— Gi, você não engana ninguém — eu abaixei meu tom de voz e apontei com o queixo para a cadeira vaga ao meu lado, já que o Alexandre estava fazendo quinze horas de almoço e não voltava nunca — o que foi?

— Queria dizer que oficialmente Oliver Kaiser entregou os a papelada toda assinada. A CPN e os Kaiser não possuem mais nenhum vínculo — ela colocou a mão em cima da minha e eu soltei minha respiração lentamente, buscando algum indício que aquele não era o final da notícia boa que ela havia me dado — eu queria poder te dar essa notícia em primeira mão. Tive que ganhar da Renata no par ou ímpar.

— Comigo ela sempre faz cara ou coroa — eu franzi o cenho, pois sempre que almoçávamos juntas, ela pedia cara e acabava escolhendo.

— Aquela moeda duas caras dela? Nunca caí nessa não — ela deu dois tapinhas na minha mão.

Renata Pinheiro, aquela vigarista! Por isso ela sempre ganhava!

— Obrigada, Gi — eu mordi meus lábios e segurei suas mãos, apertando-a com força entre as minhas — de coração. Obrigada.

— Eu disse que você não estava sozinha — Gisele se levantou e arrumou o terninho em seu corpo, com a sua postura impecável de Miss Universo, porém ela continuou parada ao meu lado, sorrindo para mim com o seu pezinho nervoso quase em um ritmo eletrônico fritaceira.

Então eu esperei.

— Ok, mais alguma notícia mega importante ou apenas você quer um abraço? — eu abri meus braços na direção dela, franzindo meu cenho quando ela suspirou profundamente e eu soube que realmente havia algo que ela ainda não havia dito ainda — vai, pode falar que eu estou pronta — eu abaixei meus braços, porque havia ficado no maior vácuo de abraço da história da CPN.

E eu não distribuía abraços de graça assim.

— Você sabe o motivo de eu estar aqui — a musa do RH ajustou seus óculos de gatinho, agora vermelhos, em seus olhos e eu arqueei minhas sobrancelhas completamente confusa, porque até trinta segundos antes eu achei que estávamos tendo um momento mega especial — não adianta me olhar com essa carinha inocente, porque eu sei o que você fez.

Bem, eu havia feito muitas coisas nos últimos tempos, mas eu acreditava piamente que ela não estava falando sobre nada do que passava pela minha mente.

Oh, bem, havia algo que eu havia feito que ela poderia mesmo querer cobrar satisfações...

— Ok, eu posso ou não ter comido o pudim, mas em minha defesa não tinha nome e ele praticamente pulou na minha boca — eu levantei minhas mãos em rendição, esperando o ataque.

— Eu estou falando do churrasco de... espera. Você comeu o meu pudim? — ela colocou suas mãos na cintura da maneira mais indignada que conseguiu e eu me enfiei um pouco mais em minha cadeira, porque a Gisele era pequena, mas tão brava quanto um pitbull — meu pudim? Eu dei um sermão de uma hora no Ramiro para lavar a minha alma, pensando que ele era o ladrão!

— Bem, podemos considerar sua alma lavada agora, então? — eu sorri para ela e ela apenas empurrou minha cadeira para o lado, abrindo o meu e-mail em busca de algo — isso não é invasão de privacidade?

— O que? Tem algum email aqui que eu não possa ler? — ela rolou seus olhos teatralmente na minha direção e eu engoli a seco, porque havia sim.

Na verdade, não era um e-mail apenas, mas uma série deles que eu havia guardado em uma pasta chamada "CP", porém eu apenas imitei seu movimento e cruzei meus braços, secando as palmas das minhas mãos na minha blusa de algodão cinza.

Eu sabia que eu deveria ter deletados os e-mails, como eu pedi diversas vezes para que a outra pessoa o fizesse, contudo sempre que eu estava a um "esvaziar lixeira" de distância, eu recolhia do lixo e o salvava nesta pasta, porque eu sentia que um dia eu iria me esquecer das coisas, das conversas e dos nossos momentos, então se eu guardasse aqueles pequenos e-mails, era como se eu ainda tivesse uma pequena e preciosa parte do que tivemos comigo.

Gisele passou com o cursor do mouse a poucos milímetros da pasta em questão e eu senti que meu sangue congelou em minhas veias.

Por favor, não abra esta pasta, por favor, por favor.

Ela parou o cursor em cima de CP.

Meu Deus.

Era isso.

Era o fim.

Pelo amor de Deus, Gisele!

— Aqui! A prova do crime — ela apontou para a minha tela com a sua carinha de Eureka e eu prendi minha respiração para saber o que ela tanto havia fuçado no meu e-mail.

E, para a minha surpresa, o convite do churrasco de trinta e cinco anos da CPN estava estampado na minha tela.

— Não entendi — eu acho que fiquei vesga por um momento, tentando ler todas as letras miúdas que havia ali. Eu acho que não tinha nem visto este e-mail, porque... bem, eu tinha a péssima mania de arquivar a maior parte das coisas que ela me mandava dentro da pasta de "Comunicação". Isso quando eu não deletava direto.

— Vou colocar em caixa-alta da próxima vez para que você consiga ler com clareza a parte do: presença obrigatória — ela abaixou sua cabeça na direção da minha e disse mais alto, provavelmente mirando meus ouvidos com sua irritação e querendo arrebentar meus tímpanos com sua ira — ou seja, é bom você marcar como "aceitar e não enviar mensagem" ou eu juro que congelo suas promoções até o churrasco de quarenta anos, ok?

— É mesmo obrigatório? — eu indaguei, franzindo meu nariz para aquela notícia e tentando dar meu olhar de cachorrinho abandonado, porém ela apenas assentiu sem um pingo de piedade — mas é o tipo de obrigatório que lá no fundo é opcional, não é?

— Marcela, até o Sandro aceitou este convite. E faz um mês — ela juntou o seu indicador e polegar em uma pinça e eu tinha absoluta certeza que ela estava imaginando me esganar naquele exato segundo — aceite por livre e espontânea vontade ou aceite por livre e espontânea pressão.

— Posso aceitar com ressalvas? Eu acho que eu terei um imprevisto — eu sorri para ela, porém acho que até mesmo a Rainha da Paciência tinha um limite, porque ela apenas bateu com fúria no meu mouse e aceitou o convite de uma vez.

— Integração e networking são habilidades importantes para seus próximos passos como uma gestora de pessoas nesta empresa, principalmente se vamos sair da nota três em reatividade, ok? Comece a falar mais com os coleguinhas e a participar dos eventos que eu organizo! Pense nisso e me agradeça não comendo meu pudim — e ela estreitou os olhos na minha direção antes de sair dali.

Então era isso o que os casais chamavam de "fim da lua de mel"?

É, acho que a desculpa de cuidar do gato do Romeu desta vez não iria funcionar, será que eu poderia pedir do Getúlio me prescrever um atestado médico? Acho que ninguém ligaria que ele era pediatra.

Ou eu poderia apenas ir por meia-hora, bater o ponto e depois ir para casa — este parecia um plano promissor.

— Ei, Noronha — Sandro me chamou da sua mesa e olhou para o seu computador.

Eu precisei de dois neurônios decentes para entender que ele havia me chamado para avisar que havia me enviado um e-mail.


De: Sandro Ventura <[email protected]>

Para: Marcela Noronha <[email protected]>

Assunto: Tá feito

Data: Quinta-feira, 22 de outubro de 2020, 16:37h


Att,

Sandro Ventura

Engenheiro

CPN Construtora


Aquele era o tipo de e-mail que não precisava de muito mais para que eu o entendesse, porque Sandro, o engenheiro mais irritantemente tradicional e conservador da CPN, havia concordado em construir um restaurante de bambu.

Eu abri a última gaveta do meu porquinho e afastei todos os pacotes de pipoca doce que eu havia colecionado para dias de fome latente, pegando a pasta com todos os esboços e desenhos e cálculos do projeto da Horta Verde da Cecília, lembrando de como ela havia me abraçado com força naquele dia só porque eu disse sim para o pesadelo da engenharia. E eu não me arrependi nenhum segundo após isso.

Era estranho me desvencilhar de algo depois de tantos meses encabeçando a execução com Eduardo, só que eu acho que ele não me queria mais ali, não depois de eu ter dito que nós éramos uma péssima dupla e que ele secretamente me odiava — quando eu sentia bem o oposto de ódio quando pensava nele — e a obra precisava continuar, não é?

Eu acho que ele me mandaria capinar um lote vasto e pouco amigável se eu aparecesse depois de tudo com o meu capacete amarelo para verificar se a parede de cortiça havia sido reforçada com o bambu prensado como eu havia explicado mais de três vezes, porque eu tinha certeza que o Bartolomeu estava fazendo do jeito que ele queria, ignorando meus direcionamentos.

Eu sorri, olhando para aquelas duas palavras no e-mail e sentindo que o fusquinha que pilotava minha vida havia engatado a primeira em uma ladeira muito íngreme, porém, finalmente, estava saindo do lugar e logo logo eu conseguiria andar na velocidade que fosse em uma pista plana e sem mais tanta sinuosidade.

Então eu caminhei até a mesa do engenheiro e lhe entreguei todos os três quilos de material que eu havia coletado ao longo dos meses para fazer o restaurante ser tudo e mais um pouco que os irmãos Senna sonharam, porque... ah, bem, porque um sonho daqueles merecia se tornar realidade.

— O que é isso, Noronha? — ele indagou com a sua voz rouca e passando as mãos nos seus cabelos já armados, fazendo com que eles se espetassem ainda mais.

— Tudo o que você precisa saber sobre o projeto. Obrigada, Sandrinho — eu disse com simplicidade e comecei a me afastar.

— Algum dia vai me contar o que realmente aconteceu? — ele sugeriu e eu meneei minha cabeça ao comprimir meus lábios — certo, sem perguntas. Lembrei.

— Você é um fofo, sabia? — eu considerei apertar a sua bochecha, mas tinha quase certeza de que ele me morderia de verdade se eu o fizesse.

— Retire o que disse agora mesmo — ele me guilhotinou com o olhar e eu bati uma continência antes de me afastar dele. Não antes, claro, de fazer carinho em seus cabelos e ouvir o seu rosnar.

Sandro daria um ótimo colega para o Marcelo. Não tenho provas, apenas convicções.

Quando eu voltei para a minha mesa, Lucas Assumpção estava ali, bisbilhotando de maneira discreta os papéis que estavam espalhados em cima da minha mesa e levou um susto quando eu limpei minha garganta ao seu lado e eu fiquei me perguntando se ele sempre realmente se pareceu um Golden e eu que não havia notado.

— Que legal, é um porto? — Lucas ele sorriu para mim e eu tentei manter minha expressão séria e profissional, mesmo que agora eu não conseguisse deixar de notar que ele estava mostrando os dentes como um cãozinho faria e que sua animação era praticamente canina.

— É sim — eu estendi o projeto para que ele o pegasse e o arquiteto passou os olhos com um brilhinho de quem ainda era deslumbrado com a engenharia e todos os seus ângulos — quer saber mais sobre ele?

E ele não precisou concordar comigo, pois apenas se sentou ao meu lado e eu comecei a discorrer sobre a engenharia costeira, todo o processo que estávamos fazendo de reconhecimento de área, um estudo geomorfológico para ver se era factível uma expansão do Porto de Vitória e como, mesmo nós sabendo que o Brasil era uma zona livre de agitação sísmica, havia um estudo de que um terremoto poderia atingir o Brasil em escala Richter sete em até quinhentos anos.

O problema do "em até" é que poderia ser hoje, amanhã ou em, efetivamente, quinhentos anos.

— Irado, Má — ele concordou comigo completamente interessado — e vocês já estão fazendo análise de sedimentos ou estudos de bêctons ou mapeamento de algas?

— Isso estamos tomando como base o que a empresa que construiu originalmente o Porto de Vitória utilizou, mas eu pedi uma contraprova, só por garantia — comentei com leveza e olhei para o relógio, vendo que já passava das cinco e eu precisava de um café — vou pra copa pegar um cafezinho, quer?

— Eu nunca recusaria um café com você — e ele me deu um sorriso que eu acho que era uma tentativa de ser derretido, mas ele ficou igual a uma figurinha que eu tinha de um Golden dando uma piscadinha e eu engasguei ao tentar engolir meu sorriso.

Então ele me metralhou com mais algumas perguntas sobre a obra em si e eu fiquei seriamente tentada a perguntar se ele não queria embarcar no projeto comigo, pois eu ainda estava sem um arquiteto e a tal da Lavínia estava com algum problema no RH, pelo jeito ela estava no período de não competitividade e nunca conseguia efetivamente começar.

— Então... — ele disse de repente quando eu parei de falar sobre interligação de trânsito multimodal para ver se ainda havia uma cápsula de café intenso dentro do potinho comunitário — eu queria te fazer um convite, mas sem compromisso, porque já me falaram que você não é desse tipo de programa.

— Se for sobre aquela petição para salvar as baleias, eu já assinei o papel que a Alice me passou ontem, ok? — eu lhe garanti, colocando o cafezinho dentro da máquina e apertando o botão do expresso.

— Não era bem isso, mas eu to muito feliz que você fez isso! Boa Má! — e aí ele me deu um soquinho no braço enquanto eu pegava um café e o líquido todo caiu na minha mão.

— Cacete — eu murmurei baixinho, sentindo minha pele queimar no mesmo momento que ele pediu em completo desespero em um latido: — foi mal!

Eu deixei um pouco de água corrente passando pelos meus dedos e vi que Lucas estava pulando como uma barata tonta pela copa sem saber onde ficavam os panos de prato para limpar a bagunça de café enquanto surtava que eu iria perder a mão — quando foi que uma queimadura de café ocasionou uma amputação eu não sei, mas ele parecia extremamente preocupado com a possibilidade.

E, como qualquer coisa que acontecia naquela empresa não conseguia ser apenas um pequeno incidente entre apenas duas pessoas, Galileu e Eduardo entraram na copa no mesmo instante que eu estava consolando o arquiteto júnior e garantindo que minha mão não iria cair ao limpar a bancada.

Eu acho que todos os dias quando eu estava no ônibus indo trabalhar, eu me preparava psicologicamente para encontrar com Eduardo, só que eu nunca, de fato, encontrava com ele. Pelo menos não tão próximo. Não na mesma sala. E acho que foi por isso que naquele dia eu fui pega completamente desprevenida com o seu aroma do One Million e a camisa de algodão azul para combinar com a sua calça de sarja bege — aquilo era tão Eduardo Senna que eu acho que fiquei tempo demais apenas olhando para ele, absorvendo a sua presença ali comigo.

E tudo o que eu conseguia pensar era eu amava aquele estúpido sorriso de canto que ele usava com todo mundo, mas que quando era comigo era diferente, porque ele era um pouco menos sorriso e um pouco mais olhar, fazendo com que meu corpo reagisse quase de maneira automática a ele, querendo enfiar minhas mãos em seus cabelos e afundar a minha boca na sua. Sentir o seu gosto, deleitar-me com suas mãos me apertando contra o seu corpo enquanto ele sussurrava "Marcela" no meu ouvido ao começar a puxar minha blusa para cima e...

Eu desviei meu olhar dos dois quando senti um comichão no meu peito, ofegando, porque aquela memória era tão viva dentro de mim que eu quase acreditei que ele iria me jogar contra a bancada suja de café e me beijar até que eu esquecesse quem eu era, amando cada pedacinho do meu corpo um pouco mais do que havia amado da última vez que estivemos juntos e...

Se eu soubesse que a última vez que estivemos juntos seria mesmo a última, eu jamais teria saído do meu quarto.

— Tudo bem? — Gali me perguntou e eu assenti automaticamente, olhando diretamente para o namorado de Andreia ao invés da pessoa que estava ao seu lado, porque eu sentia que se tentasse falar algo, provavelmente seria "eu te amo", e eu não sei como eu poderia explicar a alguém que eu estava me declarando para o Lucas, porque era a única pessoa disponível e...

— Eu queimei a Marcela — Lucas choramingou em voz alta e eu dei mais alguns tapinhas em suas costas completamente agradecida pela distração, pois se eu focasse nele, não daria tempo para os meus divertidamentes enlouquecerem com a presença do Edu.

Dois passos de distância depois de uma eternidade longe.

— Como assim queimou? — Eduardo perguntou com os olhos estreitos para o arquiteto júnior que quase desmaiou de susto.

— Não foi nada, de verdade — eu levantei minha mão com a voz levemente instável, mostrando o local vermelho onde o café tinha me tocado — sério, Lucas, tá tudo bem. Não foi nada demais. Eu já prendi meu dedo em caixas de ferramentas mais vezes do que você consegue contar, então isso não é nada, ok?

— Eu sinto muito, Má — ele ronronou baixinho e eu me ajoelhei ao seu lado, já que ele estava sentado na única cadeira da copa, para tentar nivelar nossos olhares enquanto eu me concentrava em ignorar em quem eu queria reparar.

— Eu sei e está tudo bem. Se não estivesse eu já teria te falado, mas eu posso ficar levemente irritada se você não melhorar essa carinha, ok? — eu lhe expliquei mais didaticamente e ele arregalou ao concordar, seus olhinhos castanhos brilhando com pânico.

— Vai querer mel pra adocicar o chá, Edu? — Gali perguntou para Eduardo em uma conversa que não era minha.

— Ele não come mel — eu repliquei antes que o próprio pudesse responder e Galileu apenas virou a cabeça na minha direção, mimicando o gesto do colega.

E foi neste momento que eu olhei dentro dos olhos de Eduardo e me perdi no seu oceano azul com gotas douradas por breves milissegundos, tentando entender qual era o sentimento que seu olhar espelhava.

Seria surpresa? Confusão? Irritação ou... não sei, outra coisa que provavelmente era apenas uma ilusão da minha mente sem cafeína? Será que ele ainda me odiava por pensar que eu tinha o mesmo número de série que sua ex-namorada traidora? Será que ele me odiaria para todo o sempre?

— O que foi? Todo mundo sabe que ele não come mel — eu fiz pouco caso e senti a mentira se enrolando em minha garganta como uma bola, e eu senti que os dois conseguiram notar que eu não estava tão plena assim, mas o que eu poderia fazer? Me jogar no balcão da copa e pedir pro Eduardo tomar meu corpo inteiro?

Olha...

— O que você tem contra as abelhas, cara? — Gali perguntou e o Edu quebrou o contato visual comigo para dar de ombros com um sorriso evasivo.

E, desta vez, eu tive a decência de não me intrometer e falar que era porque ele tinha alergia ao veneno delas.

Eu deveria receber uma medalha por esforço descomunal realizado, sinceramente.

— Ok, vou voltar para minha mesa — eu apontei para a porta da copa e comecei a recuar antes que eu falasse o que eu tanto queria dizer.

E, desta vez, não era apenas "eu te amo", era... "eu não sou a Ágata".

Ele tinha que entender... que não era isso. Que eu jamais faria isso com ele e que ele foi a melhor coisa que havia acontecido na minha vida (tirando toda a parte da promoção e novos desafios profissionais, porque isso também foi maravilhoso). Ele precisava saber que eu era uma pessoa melhor quando estávamos juntos.

— Espera! — Lucas me chamou de novo e eu pensei em me fingir de doida e sair mesmo assim, só que eu tenho certeza de que ele correria atrás de mim e isso seria estranho — eu queria te chamar pra tomar uma cerveja hoje. Meu aniversário é final de semana e eu pensei em adiantar a comemoração com a galera do trabalho, topa? O pessoal todo já confirmou e... ia faltar você — e aí ele tombou a cabeça exatamente como um Golden faria.

Eu tinha uma longa revisão de projeto pela frente e normalmente recusava confraternizações de trabalho, mas eu tinha certeza de que se eu dissesse não, ele acharia que foi pelo café derramado e iria me atormentar com aqueles olhinhos caninos o restante do horário comercial até que eu dissesse sim, então eu encurtei meu sofrimento:

— Combinado, onde e que horas?

⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ ⟰ 

Hello, Bambuzetes, como estão?

Depois dos últimos surtos, temos aqui um dia relativamente normal na CPN:

1) Gisele sendo fofamente assustadora (não comam o pudim dela, #fikdik);

2) TUDO PARTE DO PLANO DA MARCELA O SANDRO NO RESTAURANTEEEEEEEEEEEEEE (muita gente já tinha suspeitado esse pedaço, mas a confirmação deixa o coração disparado);

3) E o Golden sendo golden <3

Quem conhece Libriela, sabe que a gente não dá ponto sem nó, então o que será que nos aguarda esse happy hour, em?

Esperamos que estejam gostando!!! Não esqueçam da estrelinha e das teorias!

Beijinhos,

Libriela <3

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro