Capítulo 60 - Eu amo a Begônia
Eu amo a Begônia
Eduardo
Acho que eu queimei meio tanque de gasolina rodando por São Paulo completamente sem rumo, tentando organizar aquele turbilhão de pensamentos e sentimentos como se eles fossem peças de tetris — se eu conseguisse organizá-los da maneira certa, eles sumiriam, certo?
Errado.
Até porque eu nem realmente conseguia organizar tudo. Era apenas uma bagunça sem precedentes no meu peito, que continuava doendo em crescente, como se cada centímetro que eu me afastava do apartamento de Marcela machucasse um pouco mais.
Eu não sabia como fazer aquilo parar, porque voltar lá não era realmente uma opção.
A sensação de ter sido apenas um segredo sujo por não ser bom o suficiente parecia me engolir, porque, depois de tudo... Depois de descobrir como, de verdade, eu me sentia com relação a Marcela, era simplesmente difícil demais de entender e aceitar que eu não tinha passado de algo a ser escondido para ela.
Algo bom para se divertir, mas não bom o suficiente para... Uma vida. Ou mesmo para ser um rolo aleatório que ela pudesse dividir com as pessoas que conviviam com ela.
Era mais ou menos como quando eu descobri sobre Ágata e Aristeu, a mesma sensação de insuficiência, de ter me entregado por inteiro e ainda assim ser pouco. Só que era multiplicado por um milhão, porque, depois de entender que eu amava Marcela, a consciência sobre nunca ter amado Ágata veio como um efeito colateral, um subproduto, um resultado que não podia ser afastado.
Marcela era diferente. De tudo. De qualquer coisa que eu já tivesse sentido.
E, ainda assim, o resultado foi o mesmo: eu não fui bom o bastante.
Então, no fim, eu nem sabia o que doía mais: o orgulho ferido ou a ideia de ter perdido algo que, de verdade, eu nunca tive.
Um completo idiota.
Nem a playlist de rock tocando nas alturas conseguia calar os meus pensamentos para que eu pudesse apenas ter um única concepção sobre algo que não fosse Marcela Noronha. You Shook Me All Night Long costumava ser uma música que me deixava para cima, mas, de alguma forma, tudo ia e voltava exatamente para o mesmo lugar. Para aquela briga. Para o meu coração partido. Para o olhar ressentido dela. Para as acusações. Para a dor.
Se nem AC/DC conseguia me ajudar, talvez eu tivesse que recorrer ao que eu estava evitando, porque, acho que os olhares de pena de Chicão e Leandro iam acabar de fincar a estaca no meu coração. Mas eu não estava aguentando lidar com aquilo sozinho, então... Eu ia ter que torcer para, como um vampiro, eu virar cinzas quando acontecesse.
Fiz uma última parada no Bar dos Ardos antes de ir para casa.
Entrei no elevador e passei todo o tempo enquanto ele subia até o meu andar torcendo para que ver meus dois melhores amigos bastasse para acalentar aquele sentimento que estava me esmagando, porque eu não queria começar a... Porque, uma vez que eu começasse, eu não sei se...
Eu não ia chorar.
Eu não ia chorar.
Eu não ia chorar.
Abri a porta com o engradado de Eugências no ombro — acho que foi algo no meu sofrimento sem precedentes que fez Breno me arrumar um engradado que já estivesse com a bebida gelada, porque normalmente as garrafas geladas eram vendidas por unidade. Só que uma das vinte e quatro garrafas que cabiam ali não era de cerveja — eu tinha comprado um absinto.
Segundo Patrício, era a bebida com a maior graduação alcóolica permitida por lei no Brasil. Cinquenta e quatro por cento, precisamente. Se isso não fosse capaz de me fazer parar de pensar, então... Então eu não pensei.
— Eu estava esperando só ver a estrela do dia amanhã, mas, pelo visto, você veio prontíssimo! — Foi o que Leandro disse, apontando vagamente para o engradado. Aí eu abaixei as cervejas e coloquei no chão e ele pôde ver meu rosto que, pela expressão que tomou o dele, estava a própria feição da derrota. — Edu?
E isso fez com que Chicão se virasse no sofá para olhar para mim, ficando de pé em um ímpeto. Acho que bastou uma breve análise sobre o meu estado, o engradado e a memória do que eu tinha saído para fazer para que um déjà vu o atingisse em cheio.
— Eduardo... — ele começou e eu mordi meu lábio inferior ao perceber que ele estava tremendo e me abaixei para pegar o absinto e desenroscar a tampa, tomando uma quantidade generosa que chegou a escorrer pelo meu queixo quando os meus olhos começaram a lacrimejar. Chicão esperou que eu terminasse de beber e ergueu as sobrancelhas. — O que aconteceu?
Foi automático.
Acho que meu corpo sabia que tudo bem chorar agora, porque Leandro e Henrique Francisco estavam ali e não iam me deixar sucumbir àquela coisa horrível que me dominava e...
É claro que o pisciano do caralho ia chorar.
Não sei porque eu esperava, ainda, que não fosse acontecer.
Acho que Leandro nunca tinha me visto chorar, porque ele ficou estático e tentou murmurar algo várias vezes, até se dar finalmente por vencido. Então ele colocou a mão no meu ombro e me guiou até o sofá onde Chicão estava enquanto eu tentava inutilmente secar meus olhos como se fosse só uma lágrima e não várias e várias que molhavam o meu rosto cada vez que eu conseguia enxugar as anteriores.
— Edu... — Henrique tentou de novo, mas eu apenas fiz que não com a cabeça e me sentei no assento ao seu lado. Tombei meu tronco até que eu estivesse com a cabeça apoiada nas pernas dele.
Vi os dois se entreolharem em dúvida, mas também sabia que Chicão provavelmente estava menos perdido, porque sabia que eu tinha saído para me declarar para Marcela, só que eu precisava de bem mais álcool antes que aquela verdade que não ele sabia e que estava me matando saísse de mim em um surto de coragem bêbada.
Senti os dedos dele fazendo carinho no meu cabelo, talvez numa tentativa de dizer "ei, tô aqui, cara". Eu sabia que estava, porque Henrique Francisco Gadelha, desde que a gente se conheceu na infância, nunca tinha me deixado na mão ou sozinho. Nem uma única vez. E agora tinha Leandro, que podia até estar com a gente há menos tempo, mas que era exatamente assim também.
Leandro arrastou o engradado de cerveja até perto do sofá, provavelmente entendendo que a gente precisaria daquilo quando eu dei mais um gole no absinto, que desceu queimando minha garganta e todo o meu sistema digestivo, como se eu pudesse sentir por onde ele passava por causa da ardência. Aí ele pegou minhas pernas para colocar em cima do sofá, porque eu estava todo torto debruçado no oftalmologista — Chicão deu uma olhada muito feia para Leandro quando ele tentou tirar meus sapatos, mas Lê não se intimidou e eu não me importei.
Não queria ser para Leandro uma pessoa merda como tinha sido para Marcela. O amigo que ele teria vergonha porque nem tirava os sapatos para colocar os pés no estofado.
Depois, ele se sentou no tapete, bem de frente para mim, e apoiou a cabeça na almofada estofada do sofá que sobrava na altura da minha barriga e ficou me olhando e tentando entender o que estava acontecendo, só que não era pena que tinha no seu olhar: era preocupação, simplesmente.
Eu o assisti finalizar a primeira garrafa de Eugência. A segunda. Entregar outra para Chicão, que continuava passando os dedos pelo meu cabelo em forma de apoio. Eu me mantive firme tomando o absinto, esperando quase ansioso pelo gole que me derrubaria e faria aquela agonia no meu peito parar.
Em certo ponto eu solucei de tanto chorar, mas agora eram apenas lágrimas que escorriam e escorriam e estavam ensopando a calça de Chicão.
Após a quarta garrafa, Leandro decidiu que eu precisava de um motivo para ser feliz de novo, então ele simplesmente pegou um vaso de begônias que ficava no aparador e colocou perto de mim.
— Ele ama a natureza! — Leandro disse, se defendendo quando Chicão o olhou de um jeito que dizia que trazer plantas para mim não ajudava em nada.
Eu apenas abracei o vaso de begônias contra o meu peito, pensando na ocasião em que Marcelo me disse que eram essas as flores que eu deveria comprar para Marcela no dia da sua promoção, porque combinava conosco porque... Era boa para namorados apaixonados.
E eu nem pensei que, na verdade, não éramos namorados, porque meio que, na minha cabeça, éramos sim. Ou algo tão próximo disso que nem valia a pena tentar distinguir — era só uma questão técnica que nós, Marcela e eu, não nos chamássemos assim ainda.
Aspirei o cheiro das flores, pensando em como aquela noite tinha sido especial. Em quanto Marcela tinha sido especial, em quanto...
Solucei de novo e Leandro apertou as sobrancelhas, olhando para mim com a cabeça na almofada do sofá e uma Eugência na mão.
— Edu, fala com a gente — pediu, baixo, perto do meu rosto. Suas sobrancelhas estavam levemente apertadas e seus olhos castanhos escuros me olhavam com carinho. Quase como quando... Mas os dela eram mais claros.
Inferno, Eduardo.
— Vai ficar mais leve quando a gente carregar o peso com você, Edu — Chicão completou e eu senti mais uma lágrima escorrendo do olho para o tronco do meu nariz, caindo na bochecha que estava pressionada na coxa de Chicão até pingar na calça dele.
Ironicamente, a fala de Chicão me levou de volta à primeira briga com Marcela. O primeiro sinal do tsunami.
Fechei os olhos e solucei de novo antes de engolir mais uma quantidade generosa de absinto. Era quase como tomar um veneno, porque eu queria chegar o mais rápido possível naquele estado torpe que o álcool podia me proporcionar, mas absinto era horrível... Bom, a cada gole ia ficando menos horrível. Ou talvez fosse eu, parando de sentir.
— Posso te dar um beijo? — Leandro perguntou e eu nem precisei abrir os olhos, porque ouvi o estalo do tapa que ele levou de Henrique Francisco. E Leandro gritou "ai!". — Funcionou com a irmã dele!
Eu até podia deixar Leandro me beijar e torcer pra isso levar a dor embora, mas eu acho que não adiantava nada quando era outro beijo que eu queria e era justamente por isso que eu estava naquela merda, para início de conversa.
Abri os olhos e vi os outros dois pares olhando para mim.
Eu entreabri os lábios para falar, mas nada saía dali. Porque enquanto estivesse só na minha cabeça, parecia que não era real. Que podia ser só um tipo de sonho ruim. Uma coisa que eu imaginei, um delírio. Quando eu falasse... Seria verdade.
Mas era melhor arrancar o band-aid de uma vez, não é? Talvez quando saísse de mim não ia ficar parecendo que estava me dilacerando.
E provavelmente eu já estava no ponto do álcool onde vinha a coragem.
— Eu saí daqui para falar com a... — hesitei, como se não conseguisse falar Marcela sem entrar naquele abismo de choro e autopiedade de novo, então notei a planta que eu segurava contra o peito com o braço esquerdo, já que o direito pendia no sofá para segurar a garrafa. — Begônia. — Leandro ergueu as sobrancelhas, meio confuso, mas Chicão entendeu. — Só que, quando eu cheguei lá...
— Begônia é a Marcela? — Leandro perguntou e Chicão jogou uma tampa de garrafa nele, porque eu finalmente estava falando. Senti mais uma lágrima fazendo o caminho pelo meu rosto e acabando na calça de Henrique. — Desculpa, Edu, continua.
— Quando eu cheguei lá, no trabalho da Begônia, ela estava com... — Fechei os olhos devagar e voltei a abri-los apenas quando cuspi a próxima frase. — O Cravo.
Por que eu não podia estar com Marcela no momento que ela precisava de alguém? Por que ela tinha escolhido um tempo de mim e não do Pirulito Louro? Por que tudo bem ser vista com ele e não comigo?
— Quem é cravo? — Leandro sussurrou e, dessa vez, Chicão apenas deu de ombros para dizer que não sabia.
Eu até podia explicar quem era ele, mas... A última coisa que eu queria era pensar nele.
— E o primeiro problema é que a Begônia me pediu para ficar longe, porque queria um tempo, mas o Cravo estava lá, dentro da CPN, com ela, sendo loiro e perfeito. — Eu não vi o olhar de Chicão, mas como estava deitado nele, senti sua mudança de postura. — O segundo grande problema é que ela... Ela... Ela estava comigo quando não tinha ninguém olhando, mas queria distância quando alguém podia ver e... Ele estava lá com ela, no meio do nosso trabalho, onde qualquer um podia ver, tanto que eu... Eu vi.
— O que você viu? — Chicão perguntou.
— Que eu não era bom o suficiente pra ela. — Eu suspirei e ouvi o chiado que saiu da minha boca, naquele choro estranho que eu não conseguia conter. — Exatamente como não fui para a... Pedra Preciosa. E isso nem é o pior...
— Se a gente está falando da Ágata, então assim como a pedra, de preciosa ela tem bem pouca coisa — Leandro disse. Aparentemente não era só Henrique Francisco quem tomava as minhas dores ali, mesmo que o galã nem tivesse chegado a conhecer Ágata.
Chicão nem ficou bravo pela interrupção dessa vez, porque ele teve que parar seu raciocínio para concordar.
— O que é pior, Edu? — perguntou ele, por fim.
Tomei mais um gole de coragem líquida, porque era mais uma coisa que seria real quando eu falasse. Porque eu não tinha falado sobre aquilo nem para... A Begônia.
Quando eu vi, de gole em gole eu tinha matado mais de metade da garrafa. Como eu ainda estava racional? Ou será que eu não estava mais e só achava que sim?
Eu respirei fundo e sequei meus olhos, me encolhendo no sofá.
— Enquanto eu ia para lá, eu descobri que eu... — Hesitei e Leandro maneou a cabeça, em um incentivo para que eu prosseguisse: — Eu amo a Begônia. Eu amo tanto a Begônia que... Eu queria ser suficiente para não ter que ser um segredo dela. Para que ela sentisse orgulho de estar comigo. Tanto quanto eu sinto... sentia de estar com ela.
Chicão se dobrou por cima de mim e eu senti seu queixo no meu ombro, no abraço mais esquisito que a gente já tinha trocado em muito tempo. E eu tinha anos de experiência de abraços em ângulos estranhos para levar em conta.
— Eu sinto muito, Edu. Me desculpa por ter te falado para ir falar com ela, me desculpa mesmo. Se eu tivesse calado a minha boca enorme para tentar entender o lado da Begônia quando você contou sobre o elevador, você estaria aqui com a gente, bêbado e feliz no dia que você merece estar bêbado e feliz — ele disse, me apertando contra si mesmo do jeito que dava. — Se ela acha que você é pouco para ela, então ela quem está perdendo. Você é uma pessoa incrível, Eduardo Senna, nunca duvide disso. A Begônia e a Pedra vão se arrepender muito de ter deixado você escapar. Você é suficiente para qualquer pessoa, tá ouvindo? Qualquer uma.
Leandro olhou para nós dois, abraçados e pedindo desculpas um para o outro entre lágrimas.
— Eu não sei quem eu deveria abraçar agora — ele disse e eu apenas o puxei contra a minha barriga, dando um abraço nele, em Chicão e na begônia. A planta.
A Begônia... Bem, a Begônia não me queria, mesmo que eu a quisesse praticamente como meu corpo queria oxigênio.
Vi que Leandro abriu os lábios para falar alguma coisa, mas, por fim, silenciou.
— O que foi? — perguntei, quando ele nos largou e deu uma golada na Eugência.
— Só que... Algo não está fazendo sentido, mas você está triste agora e eu só preciso que você pare de chorar porque eu amo você e é uma merda te ver triste assim — ele disse e fez carinho no meu braço que envolvia a begônia. — O que a gente pode fazer por você?
Suspirei profundamente. Eu não tinha uma resposta definitiva, mas, talvez...
— Me ajudem a esquecer — pedi, num fio de voz.
— Você já está bem encaminhado, Edu. Ressaca de absinto é ruim demais e isso não vai resolver nada, você sabe — Leandro disse, sendo o galã sensato que eu sabia que ele era por trás do seu sorriso estranho e da aura de conquistador que o acompanhava.
Só que eu não precisava de soluções e sensatez.
Eu precisava e queria amnésia.
Parar de pensar em Marcela e na porra do coração que martelava meu peito naquela dor que irradiava para o meu corpo inteiro de forma tão pungente que eu tinha certeza que eu podia sentir até nos meus cílios, que eram pelos mortos que não sentiam nada, supostamente.
— Se fizer parar de doer, tá valendo — eu expliquei e Chicão pegou outra Eugência para si mesmo. Leandro assentiu, pegando o absinto da minha mão e bebendo do mesmo jeito que eu tinha feito, até os olhos lacrimejarem e escorrer pelo queixo, deixando claro que faríamos aquilo juntos.
Então eu bebi abraçado com uma planta que era uma metáfora, até colocar uma garrafa vazia em cima da mesinha de centro e perder um pouco a noção de qual era o centro de equilíbrio do meu corpo.
E depois larguei a planta, porque... Eu não sei porque. Eu só não conseguia encarar as begônias.
Leandro apareceu com uísque e eu não sei quanto tempo levou para nós três matarmos a garrafa toda, só sei que foi pouco.
Chicão disse que ia ser muito legal se Leandro tivesse me beijado e eu tenho quase certeza que eu ri. Ou talvez aquele barulho fosse aquele choro esganiçado de gente bêbada sem controle das próprias ações.
Alguém colocou uma garrafa de Eugência na minha mão.
Eugência de mel de laranjeira, o mesmo gosto que estava na minha boca quando... Quando eu beijei Marcela pela primeira vez, após sua escalada na mesinha de centro. Naquela mesma mesinha de centro onde eu estava colocando as garrafas vazias e...
Só percebi que falei isso ao invés de pensar quando Chicão instituiu uma lei de que toda vez que eu começasse a ficar triste por causa de Marcela, eu tinha que virar uma garrafa.
O problema é que eu estava bem triste por Marcela e tinha tanto dela em todo lugar...
Chicão jogou uma almofada em Leandro quando ele voltou da cozinha com um vinho, uma bebida que ele declarou estar banida para todo o sempre da nossa casa enquanto me entregava uma garrafa da sua cachaça de banana, que eu virei na boca até ter que parar para respirar.
E aí ele voltou de novo com uma tequila.
Eu nem sabia que a gente tinha tanto álcool em casa. A gente precisava de ajuda? Era moralmente aceito ter tanto álcool dentro de casa?
Tomei mais uma Eugência, que parecia mais doce por causa do amargor do resto das bebidas, torcendo para que em algum ponto o torpor afogasse todas as lembranças de Marcela. Todos os beijos. Todas as noites juntos. Todas as risadas. Todos os sorrisos. Todos os narizes franzidos. Todos os...
Eu mesmo peguei a garrafa de tequila e bebi direto do gargalo, sentindo tudo girando e me sentindo tão, tão, anuviado... E, ainda assim, doía como se eu tivesse sido esfaqueado.
Tipo aqueles crimes que passam no Cidade Alerta que a pessoa toma cinquenta facadas.
Sessenta.
Cem e contando.
Em algum ponto Chicão tirou a begônia de perto de mim e acho que ele a levou para a sacada ao invés do aparador, onde eu poderia ver e voltar a chorar pelo que eu tinha perdido. Se é que em algum momento eu tivesse parado, de fato, de chorar, porque eu ainda sentia meu rosto molhado.
Eu estava bebendo para esquecer, mas não conseguia esquecer.
E isso era uma merda.
A gente colocou uma música muito alta que eu acho que era I Don't Wanna Lose Your Love Tonight, do The Outfields.
E depois ignorou o interfone, já que provavelmente era seu Vanderlei com uma multa. Chicão colocou uma garrafa na minha mão e passou a música quando viu que eu estava prestando atenção na letra.
Leandro me obrigou a dançar com ele e eu, sinceramente, não reclamei, apenas me deixei ser seduzido pelo meu galã preferido, que me guiava enquanto eu mal sabia onde colocar cada perna para não acabar de cara no chão.
Só que toda aquela mistureba de álcool, a dança e a dor iam cobrar seu preço.
Então, quando Chicão chegou a conclusão que ignorar a porta era pior do que ignorar o interfone, eu saí correndo pelo apartamento e entrei no banheiro social apenas para vomitar.
E vomitar.
E vomitar.
Até só restar dor e Marcela dentro de mim.
Quando eu olhei para trás, Chicão e Leandro estavam sentados no chão do banheiro perto de mim. O mineiro tinha um ticket de multa em uma mão e o controle do home theater em cima da perna.
— Ela partiu nosso coração, cara! — Chicão dizia, segurando a gola da camisa de Leandro para forçar o galã a olhar para ele. — O nosso coração!
O galã olhou para mim em total desespero, mas eu não sabia como ajudar. Eu só caí ao lado deles e me apoiei na parede, sentindo que aquele lugar estava girando, e girando, e girando...
E eu suspirei, porque não queria pensar em Marcela naquele momento, mas... É como dizem os filósofos Matheus e Kauan, naquela música "É problema" que estava em todas as playlists sertanejas que eu conhecia: quem tem saudade sofre, quem sofre tem sede, quem tem sede bebe e quem bebe lembra.
E eu estava me lembrando constantemente, porque uma bebedeira não ia me fazer esquecer o que eu sentia por Marcela. E nem ia me fazer parar de pensar nela, no seu sorriso, no seu cheiro, nos nossos momentos... Nos seus braços me envolvendo e me dando sustentação enquanto eu vomitava no cruzeiro.
Porque, no fim, tudo o que eu queria eram os braços dela em volta de mim, se recusando a me soltar, exatamente como tinha acontecido naquele dia.
⟰
— Bom dia, Bela Adormecida. — Ouvi a voz de Leandro enquanto sua mão sacudia o meu pé para me acordar e uma bigorna esmagava minha cabeça, porque só isso explicava a dor que eu estava sentindo.
E que merda de barulho era aquele?
Demorei uns segundos para entender que era meu alarme, que seria prontamente ignorado se Leandro não tivesse vindo me acordar depois da bebedeira de ontem.
A gente tinha bebido por causa de...
Então a história toda voltou para minha cabeça. Bom, a parte de Marcela e de chegar em casa chorando e até o início da bebedeira. Depois, vários flashes de Leandro dançando, Chicão colocando bebida na minha mão e o interior do vaso sanitário.
Eu não tinha muita certeza, mas eu tinha várias lembranças de Leandro muito perto. Sua boca estava na minha cabeça em detalhes. Será que ele realmente tinha colocado seu plano em ação e me beijado para eu me sentir melhor?
Estiquei a minha mão e desliguei o alarme antes que meu cérebro explodisse pelo barulho agudo e irritante. Meu coração já tinha ido, então era bom não brincar com outros órgãos vitais, até porque havia uma chance do fígado estar comprometido também.
Eu fechei os olhos de novo.
— Não, Eduardo, não! — Leandro me sacudiu de novo e eu abri os olhos mais uma vez. — Você precisa acordar para ir trabalhar e, pelo amor de Deus, toma um banho porque parece que a gente está dentro de um barril de cachaça com o cheiro que está aqui — ele disse, franzindo o nariz.
— Não franze o nariz — pedi.
— Você dormiu abraçado com um livro? — perguntou ele, franzindo a porra do nariz, e só então eu notei que a resposta era sim. Um livro. Pontes em concreto armado.
Um livro de Marcela. Que eu estava segurando contra o peito.
Era um livro que estava sempre com ela e, como sempre, ela esquecia comigo. Marcela leu aquele livro umas trinta vezes desde a sua promoção e tinha um milhão de anotações e marcadores adesivos ali. Ela sempre consultava alguma coisa naquele livro, como se não tivesse decorado. Era por isso que ele estava na minha cabeceira junto com o meu Manual do Arquiteto Sustentável.
Suspirei. Pensar nela era pior do que a bigorna.
— Ele disse que não conseguia dormir sem a Marcela e pegou isso — Chicão disse, aparecendo na minha porta. Ele estava vestido, como todas as manhãs, inteiramente de branco bem passado, mas seu rosto parecia ter sido atropelado por um caminhão. — Você está horrível, Edu. Eu acho que eu perco meu CRM, mas estou considerando te dar um atestado por conjuntivite porque... Coitado.
— O que ele menos precisa agora é de mais tempo pra ficar sofrendo. E o que mais precisa é um banho, eu estou ficando bêbado de novo. — Chicão aparentemente concordou com a última parte da análise de Leandro, porque jogou minha toalha de banho na minha cara.
— Tem um Engov, uma dipirona e um suco verde pra você na cozinha. E nem vem com seu papo de maçã verde porque você vai vomitar nos seus projetos super sustentáveis sem a minha ajuda e eu estou mandando. Eu, o médico que vocês nunca respeitam, mas vão respeitar hoje nem que eu tenha que enfiar os comprimidos na goela de vocês.
Coloquei o livro de volta no lugar e cocei os olhos, apenas assentindo porque eu não tinha neurônios acordados o suficiente para discordar dele naquele momento e eu acho que não tinha remédio natural no mundo que fizesse meu cérebro parar de pulsar contra o meu crânio como se quisesse fugir de dentro da minha cabeça.
Será que o analgésico conseguia curar outras dores? Umas dores de origem não física? Porque acho que era a que doía mais, apesar de tudo.
— Tá bom — eu concordei e Chicão ergueu a sobrancelha, quase surpreso. — Obrigado por cuidar de mim. — Olhei para Leandro. — Os dois.
— A gente ainda tem um longo caminho pela frente, não agradece ainda — Leandro disse e deu de ombros, como se não soubesse como aceitar esse tipo de elogio.
Então eles se olharam e vieram me abraçar. Ou pelo menos eu achei que era isso, até entender que os dois meliantes estavam juntando forças para me carregar para o banheiro — e foi exatamente isso o que eles fizeram, como os bons amigos que eram, me obrigando a seguir em frente.
E, bem, eu precisava trabalhar.
Naquele lugar.
Naquele mesmo lugar onde Marcela trabalhava.
Será que o negócio do atestado ainda estava de pé? Eu podia espirrar desodorante no olho para fingir que era verdade. Dizem que funciona. Talvez funcionasse uma vez só, porque eu ficaria cego, mas sem tempo para pensar nos efeitos colaterais!
Joguei a roupa do dia anterior no cesto, sentindo que eu estava mesmo fedendo a álcool e, pelo barulho de gente mexendo no meu quarto, provavelmente Leandro estava trocando meus lençóis que estavam na mesma situação. Acho que ninguém teve condição de me obrigar a tomar banho na noite anterior — o que fazia todo o sentido se todo mundo tivesse bebido o mesmo tanto que eu.
Eu tinha bebido o suficiente em uma terça-feira à noite para ter um blackout. Ótima ideia, se eu tivesse morrido antes da quarta de manhã.
Saí do quarto depois de uns vinte minutos, já vestido com a primeira calça decente que eu achei e a camisa azul que era à prova de erros, porque eu não ia conseguir pensar em outra coisa, de qualquer maneira.
Os dois estavam na cozinha. Leandro estava lendo o jornal, como sempre, e Chicão estava meio comendo um pão de queijo e meio falando com Tiago. Eu não sei muito bem como aquilo funcionava, mas o fato de ele estar rindo dizia que, de alguma forma, funcionava sim.
Eu estava feliz por ele e Tiago. Alguém tinha que dar certo no amor entre nós três e claramente não era eu. E nem Leandro, mas, pelo lado bom, ele não estava realmente procurando nada no momento.
Dr. Henrique apontou para uma cartela de comprimidos enquanto falava no celular e pegava a pasta.
— Lindo, um minuto — pediu para Tiago, no telefone. Leandro ergueu as sobrancelhas e deu uma risada mole para Chicão, mas o médico se virou para mim e ignorou suas insinuações sobre a sua paixão irrefreável por Tiago Lira. — Toma um Engov e a Dipirona agora. O resto da cartela do Engov você pode ir tomando ao longo do dia se não melhorar, mas no máximo quatro. E toma um isotônico se estiver com enjôo demais para comer. Mas não fica sem comer ou tomar porque piora a sensação de enjôo, ok? Tem pão de queijo se você quiser, mas toma seu suco verde também. Leandro te leva para o trabalho se você precisar, porque ele já está medicado. — Lê apontou para o bolso da camisa, indicando que os comprimidos sobressalentes de Engov estavam lá, mas ele parecia bem melhor do que o próprio Chicão. — Bom dia para vocês. Edu, qualquer coisa me liga. E lembra que você é perfeito e qualquer um que te ache menos do que isso está errado.
Leandro mandou um beijo para ele enquanto eu batia uma continência desengonçada, porque estava engolindo os comprimidos com o suco verde no exato momento que ele saiu da cozinha. Eu até pensei em comer um pão de queijo, mas quando o cheiro do café me atingiu e meu estômago começou a girar loucamente, percebi que seria uma péssima ideia se eu quisesse evitar vomitar nos meus novos projetos e era melhor ficar só no suco.
Até porque Chicão tinha uma mão ótima para suco verde — ele sempre acertava o gengibre e tinha colocado até linhaça. Meu Henrique era incrível mesmo e eu claramente não merecia esse homem.
Assim como eu também não merecia...
— Precisa de carona, bonitão? — Leandro perguntou, quase como se adivinhasse o rumo que meus pensamentos estavam tomando naquele exato minuto e estivesse desviando intencionalmente. — Você não está com cara de quem consegue dirigir.
Eu acho até que eu conseguia, sim, mas a ideia de mim mesmo sozinho dentro do meu carro, pensando em tudo o que tinha acontecido e tendo que aceitar que, nessa realidade, não podia mais existir aquela faisquinha de felicidade no meu peito porque eu ia encontrar Marcela, como nos raros dias em que a gente dormia separados... Foi isso me fez aceitar a carona dele.
Felizmente, Leandro não tinha uma vibe matinal de música calma, feliz, talvez um MPB ou algo assim. Seu Onix estava estourando com Eminem. Eminem! Leandro não tentou puxar uma conversa quando percebeu que eu não estava na vibe para nada e estava cantando junto.
Quer dizer, mais ou menos, porque o Eninem cantava umas quarenta palavras por segundo e Leandro umas três, mas mesmo assim, era melhor do que... Se ele estivesse ouvindo sertanejo eu ia abrir a porta do carro e pular, então acho que era melhor ouvir 1/25 da música do Eminem cantada pelo galã.
A gente só fez uma parada para comprar isotônico. Eu saí do carro enquanto ele estava cantando a parte mais rápida de Godzilla — o resultado era um blablablá em velocidade impressionante e sem nenhum sentido que fazia Leandro babar enquanto cantava — e voltei quando ele estava em um agudo na parte da Rihanna de Love The Way You Lie.
Acho que ele percebeu meu estado de espírito e mudou pra outra música em velocidade supersônica. E voltou a cantar enquanto eu desmanchava o fardo com seis Gatorades de limão e deixava três para ele.
Leandro quase conseguiu disfarçar que ficava me olhando pelo retrovisor, como se esperasse o momento que eu ia deitar a poltrona do seu carro para chorar. Eu meio que queria fazer isso, se fosse para trabalhar com honestidade, mas eu não podia naquele exato momento em que eu tinha que parecer um arquiteto minimamente decente. Um gestor minimamente decente.
Ele estacionou numa vaga rotativa perto da CPN alguns minutos depois.
— Quão feia está minha cara? — perguntei, sabendo que eu estava com o rosto inchado e amassado e com olheiras porque eu dormi tipo... Umas duas horas? E acho que foi pela bebida e não porque meu corpo realmente relaxou, então eu me sentia acabado, cansado e indisposto.
— Não resolveria nem se eu passasse a ferro, Edu — disse com sinceridade e eu fiz uma careta. — Você acabou de fazer ficar pior. Mas está tudo bem, você vai superar e... "Apressa-te a viver bem e pensa que cada dia é, por si só, uma vida".
— Leandro? — perguntei, levemente tentado a dar risada dele quando ele só queria me ajudar.
— Sêneca! — Ele se apressou a explicar. — Felipe disse que é um ótimo filósofo para momentos de crise e me mandou essa frase hoje de manhã! Está até no meu plano de fundo, olha!
Leandro enfiou o celular na minha cara e, de fato, a frase estava lá em um lettering bonitinho. Eu sei que para o galã aquilo era como uma forma diferente de dizer "só se vive uma vez", mas, para mim... Eu podia pensar que eu estava começando uma vida nova?
Uma vida nova sem Marcela.
Uma vida nova que eu nem tinha certeza que eu queria, mas que não tinha exatamente opção, porque Marcela tinha deixado muito claro que eu não cabia na dela.
— Bom dia, Lê. Obrigado pela carona — eu disse, de verdade, porque sabia que eu tinha desviado consideravelmente meu amigo da sua rota.
— Por nada, lindo. Bom dia, Edu — ele disse quando eu coloquei um pé para fora do carro. — E acalma esse coração, tá? Deixa a poeira baixar antes de... Sabe, tentar ver o panorama geral da sua situação com a... Orquídea? Eu tenho certeza que a Má não queria esconder você.
Eu apenas assenti, porque não queria realmente pensar naquilo. Porque se ela não quisesse... Ela não fugiria de mim repetidamente, não é?
Após parar na portaria e pedir desculpas a Joana por ter passado como um touro por ela na noite anterior e ignorado quando ela perguntou se estava tudo bem, eu entrei no elevador e passei pela sala habitual onde eu trabalhava, indo até a copa para tentar encontrar um espaço na geladeira para os isotônicos e cumprimentando Galileu e Andreia no caminho.
Quando eu voltei, Marcela já estava na mesa dela, parecendo... Abatida.
Eu tenho quase certeza que a gente olhou um para o outro e desviou o olhar em um milésimo de segundo, mas foi tão rápido que eu nem tenho certeza. Talvez só eu tivesse olhado de fato, então eu tentei não pensar demais sobre isso e apenas me sentei na minha mesa.
E aquela dor voltou como se Marcela tivesse pessoalmente me dado um soco equipada com um soco inglês. Aquele misto de dor, aquela coisa ruim que eu sentia pela ideia de ser insuficiente para ela e aquele sentimento cálido e recém descoberto que eu tinha por ela fizeram um caminho confuso pelo meu esôfago e eu senti que ia vomitar — até puxei a lixeira com o pé para uma posição estratégica para não despejar o conteúdo do meu estômago pelo chão, mas, no fim, não expeli nada e só voltei tudo para o lugar, ajeitando minha camisa e voltando a sentar como se eu fosse apenas uma pessoa normal com muito interesse pelo conteúdo da lixeira.
E olhei para ela de novo. O cabelo preso, um pouco mais espetado que de costume, uma blusa verde que eu me lembrava de já ter tirado do corpo dela pelo menos uma vez, que trouxe para mim uma memória muito vívida do seu cheiro, do calor da sua pele na minha, da sensação do seu sorriso contra os meus lábios e...
Puta que pariu.
Peguei meu celular, numa tentativa de me distrair com alguma coisa antes que aquela dor no meu peito se alastrasse para o resto do meu corpo e eu não conseguisse me segurar as pontas e fingir que estava tudo bem. As mensagens de Cecília ainda estavam lá sem responder, assim como as da minha mãe e do meu pai. E do Vinícius, meu personal, perguntando se eu tinha me esquecido do treino daquela manhã, que obviamente eu tinha esquecido em algum canto alcoolizado do meu cérebro.
Que lixo de pessoa eu era.
E aí tinham algumas de Patrício:
Patrício: Parabéns pela promoção, Edu!!!!!
Patrício: Quando você vier pra Vix ou eu for pra SP a gente vai ter que comemorar com álcool e protetor solar!
Eu queria estar bem para álcool e protetor solar com Pat.
E, mais recente...
Patrício: Eduardo, está tudo bem?
Patrício: Você e Marcela?
Patrício: Você saiu do grupo da família...
Eu fechei os olhos e guardei o celular, porque supostamente era para me distrair, mas aquela conversa com Patrício... Eu não queria ter aquela conversa com Patrício, porque ter aquela conversa significava voltar a falar e pensar sobre Marcela.
E com ela ali, tão linda a poucas mesas de distância, a dor de ser insuficiente quando tudo o que eu queria era ser bom o bastante para ela, era muito pior.
Não me orgulho de dizer que o jeito que eu dei para não começar a chorar no meio da CPN foi gastar os próximos cinco minutos fazendo um teste do Buzzfeed.
Que tipo de pão você é?
De forma, no meu caso. Um item básico quando o assunto é sanduíche.
E aí eu quase morri do coração quando ergui os olhos da tela e Lucas estava sentado na cadeira a minha frente, com aquela carinha de Golden Retriever, um sorriso de felicidade que eu era incapaz de retribuir e me estendendo um chá há sei lá quanto tempo.
— Bom dia, chefe! — ele disse, muito mais animado do que qualquer horário da manhã permitia. Eu só queria que ele me passasse um pouquinho daquele ânimo por osmose. — Animado para o primeiro dia no novo setor?
— Olha bem para a cara do Eduardo, Lucas! Ele não está animado o suficiente nem para estar vivo, coitado — Sandro disse, rolando os olhos. O coitado realmente me pegou desprevenido, porque nosso engenheiro master não era muito afeto a sentimentos humanos na maioria do tempo, mas aparentemente ele tinha captado a nuvem cinzenta que me acompanhava. — A gente não terminou a comemoração cedo pra ninguém chegar acabado no trabalho? Você falhou.
Ele me olhou como se esperasse uma explicação. E eu menti na cara dura para Sandro Ventura.
— Eu tive... Uma comemoração com os caras do apartamento.
E aí eu troquei um olhar rápido com Marcela e... Bom, ela sabia que aquilo não era verdade. Até porque ela sabia quando eu estava mentindo, porque... Era a Marcela.
Eu peguei o celular de novo apenas para mandar uma mensagem para Henrique Francisco:
Eduardo: POR FAVOR
Eduardo: MEU ATESTADO
Eduardo: Por favor
Eduardo: Eu não consigo nem olhar pra ela, de tanto que dói
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A gente acompanhou de camarote como a Marcela ficou após a briga e agora a gente viu o Eduardo honrar a fama de pisciano emocionado com absinto e uma Begônia!
Para quem estava em busca do Cravo, o quanto vocês gostaram dessa revelação?
Chiandro agora tem uma missão muito difícil: manter nosso Cristal nos trilhos e acreditando que ele é mais do que suficiente para qualquer um. Porque ele é incrível e merece se sentir assim, né?
Agora o grande mistério... como eles vão conseguir fingir que não estão de coração partido no trabalho? Será que alguém vai perceber algo?
Esperamos que estejam curtindo e que o surto continue! Não esqueçam de nos contar tudo o que passa pela cabecinha de vcs e da estrelinha no começo ou final do cap hehe
Para incentivar o surto, segue um spoiler na base do amor:
"— Marcela não é minha namorada — eu disse para Ágata e aproveitei para me lembrar desse fato também.
Ágata subiu as sobrancelhas de novo e cruzou os braços, me olhando com curiosidade estampada nos olhos azuis, que me analisaram como se estivessem finalmente entendido alguma coisa que não estava tão clara assim antes. Ela mordeu os lábios e tombou a cabeça."
Ps: Se a gente fizesse uma petição pra um andaime cair na cabeça do Kaiser e outra na cabeça da Ágata, qual vocês assinariam? Assim, de curiosidade hahahaha
Beijinhos,
Libriela </3
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