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Capítulo 57 - Bêbado, feliz e pensando em abraçar árvores

Bêbado, feliz e pensando em abraçar árvores


Eduardo

— Eu queria abraçar uma árvore, porque a gente vai salvar o planeta uma construção por vez! — Lucas disse, erguendo uma caneca de cerveja e olhando para algum ponto entre mim e Sandro, provavelmente enxergando pares de cada um de nós depois da quantidade de álcool que tinha consumido. Aí ele se deu conta de que estava olhando para mim: — Chefe! A gente já brindou sua promoção?

Eu ri enquanto Sandro, sentado ao meu lado, rolou os olhos como o turrão que era.

— Eu não sou seu chefe e a gente já brindou a minha promoção umas quinze vezes graças a você — eu respondi, o que não impediu Lucas de erguer a caneca e chamar outro brinde falando "ao chefe!".

Todos bateram as canecas de novo, inclusive eu.

— Tem uma árvore ali na frente, vai lá abraçar ela — Sandro disse, apontando para a rua e Lucas pareceu muito entusiasmado.

Talvez ele realmente fosse um Golden e estivesse empolgado com árvores como se elas fossem gravetos gigantes. E Sandro sabia que os cachorrinhos eram inocentes e abusava muito disso.

— Ou — eu disse, segurando o braço de Lucas antes que ele fosse abraçar uma árvore de verdade, porque eu juro que ele estava se levantando para ir — a gente corta o álcool dele e fica de olho pra ele não sair do nosso campo de visão, porque claramente ele é um perigo para si mesmo nesse momento?

— Oi, chefe — ele disse, olhando para a minha mão no seu braço. — A gente já comemorou a sua...?

— Já, Lucas, pelo amor de Deus — Sandro disse, passando as mãos pelo rosto. — Eu vou matar esse garoto!

Eu ri e quase estiquei minha mão para fazer um carinho na cabeça de Lucas quando ele pareceu assustado com o Sandro sendo tão Sandro quanto era possível.

Ok, eu vou admitir.

Eu fiz carinho na cabeça dele de verdade, mas a culpa não era minha! Ele era um Golden bípede! Não tem como olhar para um fucking Golden e não querer fazer carinho nele! Pelo menos Lucas não sabia o poder que tinha, porque se ele me olhasse com aquela cara e pedisse a minha casa eu sairia de lá com Chicão e Leandro sem nenhum arrependimento.

E eu ri sozinho.

E percebi que, mesmo tendo ficado meio na dúvida se realmente deveria sair para comemorar depois de brigar com Marcela, foi melhor ter feito isso, então eu precisava agradecer por Sandro ter me deixado sem qualquer opção quando me informou (informou, porque não foi um convite) que nós íamos sair para comemorar minha promoção quando chegou na minha mesa, no fim do expediente, e fez um delicado discurso para me convencer:

Levanta esse traseiro ecologicamente correto, economicamente viável, socialmente justo e culturalmente aceito da cadeira porque hoje o álcool é por nossa conta, gerente — VENTURA, Sandro, 2020.

Ele citou o conceito de sustentabilidade para a minha bunda e eu simplesmente não consegui falar não para aquele poeta moderno.

Até porque eu merecia comemorar minha promoção.

E precisava parar de pensar na briga com Marcela porque aquilo estava me machucando a ponto de... Bem, eu precisava terminar um projeto de Yasmin e simplesmente não conseguia pensar em qual seria o melhor piso para o saguão porque eu não conseguia pensar em nada além do olhar magoado de Marcela.

E porque eu ficava repassando todas as minhas brigas com ela em looping infinito. Argamassa, bambu, aço, vidro, reuso de água... Nunca tínhamos brigado em um nível pessoal. A gente podia quase se atracar por poliuretano, mas, no fim do expediente, éramos plenamente capazes de sorrir um para o outro e conversar como os amigos que éramos.

Porque as nossas brigas nunca eram sobre Marcela e Eduardo.

Mas, daquela vez, tinha sido.

Pela primeira vez, eu não sabia se conseguia encarar Marcela, mesmo que quisesse entender de onde aquela acusação tinha vindo. Será que fazia tempo que ela estava desconfiando? Ou será que aquilo foi só um jeito de extravasar o que estava acontecendo desde a sexta-feira?

Eu queria entender, sinceramente. Porque eu não dava para acreditar que Marcela pensaria que eu... Trairia. Qualquer um. Mas, especialmente, ela.

Porque, depois de todo o tempo que passamos juntos... Caralho, eu estava tão apaixonado por Marcela Noronha que teria doído menos se ela tivesse me acertado com aquela marreta com a qual ela quebra os blocos malfeitos do que ter me acusado daquele jeito.

Então... Eu só queria esfriar a cabeça. Esquecer por um tempo até conseguir estar suficientemente racional para entender ao invés de só me sentir atacado e machucado e... Acho que eu não conseguiria encarar Marcela e aquele olhar acusatório no seu rosto. Especialmente em um dia que eu deveria estar bêbado e feliz e pensando em abraçar árvores por finalmente ter conseguido realizar o sonho que o Eduardinho calouro sonhou e o Eduardo arquiteto fez ser possível.

E eu precisava parar de pensar que queria estar tomando espumante com Marcela em um restaurante caro, com seu pé escorrendo pela minha perna, conversando sobre sonhos, enquanto ela me dava aquele sorriso que não era tão fácil assim, mas que valia cada segundo e que estava tão ausente nos últimos dias.

Mas não era possível, porque ela achava que... Que eu seria filho da puta o suficiente para... Com a Tamara!

Felizmente, a voz de Galileu me trouxe de volta à realidade e eu lutei para afastar qualquer pensamento sobre Marcela, porque não adiantava ficar alimentando aquela sensação horrível e todo mundo estava ali para comemorar comigo, deixando claro que eu merecia, sim, celebrar aquele momento.

— O que exatamente eu estou presenciando? — Gali perguntou, erguendo as sobrancelhas para meus dedos engalfinhados no cabelo de Lucas enquanto ele sorria.

— Foi assim que você convenceu ele a gostar dessas porcarias verdes que você gosta? — Sandro perguntou para mim e eu juro que havia algo divertido no seu rosto, mas eu não tinha exatamente certeza. — Eu podia bater na cabeça dele também se soubesse que era isso que precisava fazer para ele ficar quieto e querer usar aço!

— Por favor, não! — Lucas pediu e Valter engasgou com a cerveja para dar risada do desespero dele.

— Sandrinho, você acabaria no RH se batesse na cabeça dele. Tem que ser com carinho — Alice explicou, ao mesmo tempo em que fazia um "dois" com os dedos em direção ao balcão do Bar dos Ardos e apontava para as garrafas vazias de Eugência sobre a mesa.

A escolha do bar foi unânime. Aparentemente éramos todos movidos por "onde a Eugência estiver, estarei".

Era um ótimo lema de vida, sinceramente.

Nada era ruim demais para que uma Eugência não pudesse curar. José Eugênio, o criador, era advogado, mas eu tinha certeza que havia um pé dele na medicina (mesmo que não oficial, porque eu não sei se a medicina moderna receitaria álcool. Talvez ele pudesse criar um novo segmento, tipo a quiropraxia. Cervejapraxia).

— Boa noite, desculpa a demora — um garçom que eu não conhecia se aproximou, colocando duas garrafas de cerveja sobre a mesa e procurando um abridor de garrafa nos bolsos. — Casa cheia. Vocês estão precisando de mais alguma coisa?

Gisele, Galileu, Sâmia e Valter começaram um debate sobre pedir mais uma porção de dadinhos de tapioca ou anéis de cebola ou bolinho de mandioca picante com queijo.

Olhei o nome bordado na camisa do garçom. Breno.

Eu não conhecia nenhum Breno, então porque ele parecia estranhamente familiar? Eu já tinha visto... As sobrancelhas dele. Aquele formato de rosto. Ou eram os olhos? O cabelo cacheado e volumoso e espetado para todos os lados, com certeza. A boca.

Ele trocou o peso da perna. Talvez porque meus companheiros não conseguiam decidir sobre o que queriam comer, talvez porque tinha um lunático estudando cada traço do seu rosto exatamente como um assassino em série faria.

— Filho, abaixa aqui — Sandro disse, olhando para Breno. — Sua gola está desarrumada.

— Pai! Aqui não! — O rapaz disse, tentando escapar das mãos de Sandrinho, mas falhando miseravelmente já que o engenheiro já estava com a mão na sua gola. — Pai!

E aí eu entendi. Aquele garoto era a cópia de Sandro Ventura, só que uns vinte anos mais novo. Eu não sei se eu fiquei feliz por ter tanto conhecimento sobre a boca de Sandro para reconhecê-la em outra pessoa, mas enfim. Ele tinha uma boca bonita, ainda que... Ok, Eduardo.

Eu sabia que Sandro tinha uma vida fora da CPN, mas um filho com barba na cara foi uma surpresa para todo mundo. Tenho certeza que até Lucas estava com o queixo no chão naquele momento e eu nem sei se ele estava entendendo alguma coisa no meio de todo o torpor alcoólico e as risadas que ele dava literalmente para o nada.

— Pronto — Sandro disse, deixando o garoto ficar de pé, claramente muito envergonhado, mas com um sorriso derretido na cara assim como o... Pai. Sandro. Sorrindo. Espontaneamente. Para uma pessoa. Se eu estou em uma realidade paralela, por favor, me deixe aqui. — Tá lindo, Breno.

— Ele realmente disse pai? Pro Sandro? — Lucas perguntou, encostando o ombro no meu e foi deslizando para baixo até sua bochecha estar pressionada contra a minha camisa. Acho que em algum ponto ele se esqueceu que estava apoiado em mim e só ficou ali mesmo. Eu simplesmente percebi que nunca ia poder ter um cachorro, porque nem se ele começasse a babar eu o tiraria dali.

Acho que todo mundo estava encarando Breno e Sandro Ventura naquele momento, e Sâmia acabou falando que queria anéis de mandioca e deixando o mini-Sandro muito confuso. Agora eles sabiam como era dar tela azul como quando Marcela me mandava aquela figurinha de faltou o...

Não, eu não podia começar a pensar nisso.

— Anéis de cebola ou bolinhos de mandioca? — Breno perguntou, segurando o tablet onde anotava os pedidos e abrindo um sorriso afável para Sâmia. Tão afável que parecia um... Olhei para Lucas, com a bochecha apoiada no meu ombro.

Ok, Sandro era o pai de um labrador. E tinha um Golden como pupilo. Tanta coisa estava fazendo sentido agora!

— Eu não sei — Sâmia disse.

— Ok, vocês estão assustando o meu filho — Sandro disse, nos olhando com sua cara de mau habitual. Todo mundo, automaticamente, se virou para Lucas, tentando entender porque ele estava assustado. — Francamente, vão à merda.

A risada alta de Valter cortou o ambiente.

— Desculpa, Sandrinho Junior — pediu para Breno. — Pode trazer os dois.

Breno assentiu e se afastou de nós em meio a um coro de "prazer te conhecer, Sandrinho". Galileu voltou a encher nossas canecas e eu afastei a de Lucas, aproveitando que ele estava distraído com alguma coisa muito interessante em um cartaz de uma banda que tocaria ali no sábado. Mas aí ele voltou a si, ficando serelepe de novo e pegando a minha caneca para dar um gole.

Eu nunca diria não para ele e isso era uma merda, então agora a caneca era nossa.

— Vamos brindar a promoção do chefe! — Lucas disse de novo e Sandro lhe lançou um olhar tão cortante que ele abaixou a caneca e se encolheu atrás de mim, adivinha? Exatamente como um filhote de Golden faria!

E claro que eu não era uma barreira para Sandro, então ele estava me usando como escudo humano. O Goldenzinho!

— Para de assustar ele, Sandro! — Gisele disse, puxando Lucas pela gola para que ele chegasse mais perto. — Tem ketchup na sua bochecha.

Gisele pegou um guardanapo e limpou a bochecha de Lucas. Acho que todo mundo tinha meio que um instinto de tomar conta dele porque ele era o mais novo entre nós e tinha aquela carinha de cachorro serelepe que não entende ainda os perigos da vida.

Mas aí...

— Já te falaram que você é muito linda, Gi? — Lucas disse com uma voz estranhamente arrastada e, foco aqui, deu uma piscadela para Gisele! Não uma piscadela amigável. Uma do tipo que eu nunca pensei ver nele, especialmente combinada com aquele sorriso mole.

O Golden estava dando em cima da Gisele!

O Golden!

E aquilo fez um pequeno caos se espalhar pela mesa, porque Galileu expeliu cerveja pelo nariz quando deu risada e começou a engasgar, fazendo Valter dar tapas em suas costas para que ele voltasse a respirar; Gisele passou de branco-puríssimo para vermelho-pimentão em um misto de vergonha e risadas em menos de três segundos e Sâmia e Alice faziam uma barreira para que Sandro não fosse até lá pegar Lucas pela orelha e fazer ele pedir desculpas para Gigi.

E eu, é claro, reuni todo o meu brilhantismo habitual para, em choque absoluto, dizer:

— Golden?

— Quê? — Sandro perguntou, estancando no mesmo lugar. — Você disse golden?

— Eu gosto de Goldens — Lucas disse, esquecendo o quanto Gisele era linda muito rápido. — Eles são fofos e peludos e...

— Vocês juram que nunca perceberam que o Lucas tem exatamente a mesma personalidade que um Golden Retriever? — perguntei, apontando para o garoto que continuava citando tudo o que amava nos Goldens com muito entusiasmo. Atualmente, ele estava falando sobre as... Patinhas fofas.

— Eu sou um Golden? Eu amo Goldens!

Um ar de "realmente, ele parece um Golden" foi se espalhando pela mesa. Eu não sei como as pessoas ainda não tinham percebido, sinceramente, o garoto só faltava pedir para a gente jogar uma bolinha pra ele ir buscar!

— Como você se sente sendo um pai de pet, Sandro? — Galileu perguntou e a risada se estendeu pela mesa toda, exceto para o rosto de Sandro, mas até ele teve que ceder quando Lucas foi saltitando até ele e o abraçou pela cintura, pedindo carinho como um filhote faria.

Bebida deixa as pessoas estranhamente corajosas.

Sandro deu um tapinha nas costas dele e ele sorriu como se tivesse ganhado o dia. Eu tinha que admitir: só tinha uma pessoa capaz de dobrar Sandro Ventura na CPN e com certeza era o arquiteto junior ali era a pessoa. Ou o golden.

Lucas pegou a caneca de Sandro e levantou.

— Um brinde ao chefe Edu! — disse, e depois virou para Sandro: — Você sempre vai ser meu chefe, pai. Quer dizer, Sandro! Eu disse Sandro! San-dro! Desde a primeira vez!

Eu juro que os lábios de Sandro Ventura se curvaram levemente e eu acho que era um sorriso e não um rosnado. Duas vezes em um dia e a gente nem chamou alguém do Guinness para registrar.

As outras canecas foram erguidas também e eu ouvi mais um brinde para mim com o mesmo saudosismo do primeiro e sorri de verdade para cada um que estava ali; "ao chefe"; "ao Eduardo"; "a ninguém mais me enchendo o saco com bioconcreto"; "arrasou, coração!". Eu completei com um "aos sonhos se realizando" e Gigi colocou uma mão sobre o coração, feliz e orgulhosa.

Eu me sentia verdadeiramente grato por ter aquelas pessoas comigo todos os dias e por eles estarem felizes por mim.

É claro que eu queria mais do que qualquer coisa mais um rosto ali, mas eu estava total e sinceramente me sentindo feliz, bêbado e com vontade de abraçar árvores por causa deles.

A gente não estendeu tanto a noite no Bar dos Ardos quanto gostaríamos, porque o dia seguinte era uma quarta-feira, todo mundo tinha trabalho e eu não podia chegar de ressaca e com a cara amassada por não ter dormido no meu primeiro dia no novo setor.

Galileu e Valter praticamente me arrastaram para fora do bar quando eu tentei entregar meu cartão de crédito para Breno — eles realmente se recusaram a me deixar pagar um real que fosse da conta daquela noite, mesmo que minha promoção significasse um aumento.

Todo mundo se despediu de mim, e Sandro foi quem acabou levando o Golden para casa, até porque ele não largava mais a cintura de Sandro depois que descobriu que o engenheiro não o mataria simplesmente por tocá-lo.

Quando eu saí do bar, eu me sentia leve e feliz. Eduardo Senna, gerente do setor de Construção Sustentável da CPN, cercado de amigos do trabalho. Eu era um filho da puta sortudo pra caralho.

Contudo, não sei se aconteceu porque eu fiquei sozinho, ou porque aquela playlist de sertanejo para arrastar o chifre no asfalto tocou o caminho todo enquanto eu dirigia até em casa, mas, de repente, a falta de Marcela naquela comemoração pesou um pouco mais.

Às vezes eu realmente me questionava se todo casal que brigava ficava assim, sofrendo e repassando a briga, tentando encontrar algum sinal de que aquilo ia acontecer, como quando você vê um recuo inexplicável do nível do mar e entende que vai rolar um tsunami, ou se eu era realmente tão pisciano emocionado quanto todo mundo achava que eu era.

Eu só... Não tinha visto os sinais? Ou eles não existiram? Ou tudo tinha um ponto de convergência comum e era aquela maldita noite de sexta-feira?

Só que eu não podia saber, porque a minha cara era a última que Marcela queria ver e eu não tenho tanta certeza assim de que a gente se ver acabaria em um aperto de mãos para selar a paz ou se acabaria em algo pior do que já tínhamos naquele momento, e eu sinceramente não podia arriscar isso. Às vezes era apenas preciso deixar a poeira baixar para conseguir enxergar direito o que estava acontecendo.

Eu subi para o apartamento e, no segundo em que eu abri a porta, senti os braços de Henrique Francisco ao redor do meu pescoço e nós só não fomos parar no chão porque eu consegui me apoiar no aparador quando percebi que ele não estava apenas me abraçando, mas pulando em mim.

— Parabéns! Parabéns! Parabéns! — ele disse e eu senti sua boca no meu rosto várias e várias vezes, em uma quantidade absurda de beijos. — Eu fiquei sabendo que você foi promovido pelas fotos no Instagram porque você não teve a decência nem de mandar uma mensagem, mas eu vou te perdoar porque eu amo você, ok?

Claro que rolaram várias fotos e eu acabei compartilhando vários stories de parabéns, então eu tinha várias notificações no meu celular e com certeza várias delas eram do belo espécime pendurado em mim.

— Eu também te amo. E queria contar pessoalmente para você e para o galã de revista — eu respondi meio sufocado pelo abraço de urso dele (e talvez um pouco pelo entusiasmo) e devolvi um beijo meio esquisito na bochecha dele, porque nossa posição não favorecia. — Mas a gente vai cair se você continuar no meu colo, Chicão.

— Ok, desculpa, eu me empolguei! Não é todo dia que o meu arquiteto preferido se torna um gerente! Eu não sei gerente do quê, mas julgando pela quantidade de stickers de árvores nas fotos eu vou supor que seja uma coisa boa — ele disse e apontou para a mesinha de centro, onde havia um balde de gelo com uma garrafa de Chandon dentro. — Leandro está preso na revista e prestes a matar um tal samurai Vitório que arrumou um furo de reportagem que precisa estar na edição de amanhã e deixou o Felipe surtado, mas mandou um rappi com álcool para você.

— Eu não mereço vocês dois, sinceramente — eu disse para Chicão e negou com a cabeça antes de me empurrar para o sofá.

Eu acho que não merecia mesmo. Chicão e Leandro eram pessoas incríveis demais para alguém tão mediano como eu, que nem conseguia estar por inteiro na comemoração da minha promoção porque minha cabeça estava... Em alguém que não queria estar comigo.

— Merece sim, Edu — Chicão disse, rasgando o primeiro lacre e depois girando a gaiola para abrir o espumante.

Henrique fez tudo certinho, mas ainda assim não era tão bonito quanto ver Marcela fazendo algo que eu descobri que se chamava sabrage, que exigia uma destreza incrível porque precisava de uma faca e um ângulo perfeito para estourar o espumante — ela fazia aquilo lindamente e eu achava incrível porque, se eu tentasse, acabaria arrancando um olho.

Eu suspirei. Porque eu não queria pensar em Marcela e não conseguia não pensar em Marcela. Francamente, que pisciano do caralho!

— A gente não deveria esperar o Leandro? — perguntei quando Chicão me estendeu a taça do Galo cheia até a metade.

— Tem mais cinco garrafas na geladeira, Edu — explicou, dando um sorriso de canto. Ou Leandro queria me dar um coma alcóolico de presente ou ele estava mesmo muito muito muito empolgado para acabar comprando uma caixa de Chandon numa terça-feira. Chico ergueu sua taça para mim. — Ao meu Eduzinho.

— À minha promoção — eu disse, batendo a taça na dele. — E aos meus melhores amigos, ainda que um esteja ausente.

— Lindo! Mas não fica emotivo e me conta logo as novidades, Eduardo Senna — ele disse após dar um gole na sua taça e apontá-la para mim como se fosse uma arma.

Dei de ombros e maneei a cabeça, notando que Chicão estava levando aquela comemoração a sério o suficiente para não estar usando um pijama, que era o que ele sempre vestia quando voltava do consultório mesmo quando Tiago estava em casa, o que dizia muito sobre ele. Ele ficava bem com jeans claro e camisa de sarja.

Eu era digno de tanta gente feliz por mim? Provavelmente não. Mas, bom, ainda bem que tinha tanta gente feliz por mim, porque eu mesmo... Sentia a felicidade um pouco encoberta por uma coisa não tão boa assim. Quase como um início de eclipse, que provavelmente iria acabar encobrindo tudo se eu continuasse deixando meus pensamentos seguirem o caminho que estavam seguindo...

— Criaram um novo setor na CPN focado em construção sustentável e eu fui promovido a gerente dele pelos meus anos de ecochatice e... — Chicão abriu um sorriso tão grande para mim que foi impossível não sorrir junto.

E eu tinha certeza que Tiago estava cuidando muito bem daqueles dentes. Super branquinhos e lindos.

— Que incrível, cara! Te ouço falando sobre construções sustentáveis desde quando a gente só construía coisas de barro — ele disse e eu meio que ri, dando um gole no meu próprio espumante para sentir o gosto suave e as bolhas fazendo cócegas na minha boca. — Agora entendo porque está todo mundo tão feliz por você. Parabéns, Edu, você merece!

— Obrigado, Chicão — eu disse, dando uns tapinhas no joelho dele. — Eu estou nas nuvens. É incrível.

Chicão me encarou com as sobrancelhas apertadas e um pequeno vinco entre elas. Eu até tentei desviar o olhar para que ele não me achasse um tremendo ridículo por estar ali, no meio da comemoração com ele, mas com a cabeça um pouco longe e com o astral... Bom, meu astral já esteve melhor, com certeza.

Mas aquele era Henrique Francisco Gadelha e ele era praticamente um especialista em Eduardo Senna, não é?

— Você precisa entender, Eduardo, que o que sai da sua boca e a expressão no seu rosto estão bastante conflitantes nesse momento — explicou e eu deixei um suspiro resignado escapar pelos meus lábios e, daquela vez, foi ele quem deu uns tapinhas no meu joelho. — Conversa com o seu pretinho, vai. Não tô curtindo esse ar triste no dia da sua promoção.

— Desculpa, Chicão, eu queria estar pronto pra ficar bêbado e louco e tomar umas multas com vocês — eu disse, passando a mão livre pelo cabelo sob o olhar do meu amigo, que apenas negou com a cabeça dispensando minhas desculpas. — Eu briguei com a Marcela.

Ele arregalou os olhos.

— Poliuretano de novo? — Acho que a resposta estava na minha cara, porque ele apenas assumiu que eu não estaria triste por poliuretano. Bom, não desse jeito, pelo menos. — Ok, não foi sobre obras desta vez.

Eu assenti devagar, passando o indicador pela borda da minha taça como se pudesse fazer música ali, como aquelas pessoas que tocam armonium.

— Ela meio que... — hesitei por um momento, porque era meio complicado ficar lembrando. — Disse que eu estava traindo ela com a Tamara naquele dia que eu fui buscar suas camisas no shopping.

— O quê? Por quê?

— Não sei, Chico. Não sei porque ela assumiria que eu fiz isso... Especialmente sabendo sobre a minha história com a Ágata e... — Chicão ergueu as sobrancelhas e largou sua taça sobre a mesinha de centro. — Eu encontrei com a Tams no shopping e a gente tomou um café, mas foi só isso.

Henrique franziu os lábios, analisando a situação por uns segundos. Enquanto eu apenas encarei o tapete da sala sob os meus pés. Leandro ia me matar por estar de sapatos ali, mas eu não tive tempo de tirar quando meu médico de olhos favorito pulou em mim.

Então ele pediu para explicar melhor, porque aquela história não estava combinando com quão casal apaixonado Marcela e eu fomos naqueles últimos meses. E eu falei sobre a briga no elevador, falei sobre a coisa com Tamara, e falei que com certeza algo tinha acontecido com Marcela e ela não queria me contar.

Henrique Francisco ouviu calmamente, quase pegando um bloco para tomar notas como um psiquiatra de filme. Só que, quanto mais eu falava, menos sentido fazia. Menos eu entendia, porque... Nós estávamos bem. Era quase como viver um romance perfeitamente bem escrito com todo o carinho, as risadas, a cumplicidade. E, de repente, algo fez tudo ruir e nós estávamos ali, naquele momento em que eu só estava confuso.

— Eu deveria estar puto, não deveria? — perguntei para Chicão quando terminei de narrar as coisas que tinham acontecido. — Porque Marcela pode ter até perguntado se eu tinha alguma coisa com a Tams, mas não era realmente uma pergunta. E porque... No dia da promoção dela eu fiz Cecília cobrar favores do chef do Cozil para conseguir uma mesa lá e, bem, você está vendo Marcela aqui, comemorando comigo? — Abri os braços, mostrando um ambiente totalmente sem ela. — Eu sou um imbecil por gostar tanto dela?

— Eduardo, não começa a confundir as coisas...

— Eu sei lá o que a Marcela quer — soltei de uma vez, fazendo o mineiro me encarar, sentindo que precisava tirar aquilo de dentro de mim e torcendo para que ele conseguisse me ajudar a arrumar a bagunça que eu me sentia naquele momento. — Porque quando eu acho que entendi, quando acho que a gente está junto de verdade, ela simplesmente me dá um não gigante correndo do meu carro ou evitando que qualquer pessoa do trabalho nos veja juntos e... E eu pensei em oficializar, sabe? Mas eu estou recebendo sinais muito confusos. Uma hora tem aquela sintonia perfeita que parece loucura a gente nunca ter percebido, na outra ela está me pedindo um tempo.

— Ela te pediu um tempo do relacionamento de vocês?

— Eu nem sei se posso chamar de relacionamento, cara. E eu também não sei sobre o que o tempo que ela pediu se refere. Pode ser sobre um tempo sozinha para pensar, ou um tempo de nós dois ou qualquer outro tempo, foi um pedido bem abrangente. — Olhei para as paredes, não querendo que Chicão fizesse uma análise dentro da minha alma naquele momento. — Só que tá foda. Tá foda de verdade ficar sem entender o que está acontecendo.

Henrique mordeu os lábios devagar, de uma forma cautelosa que eu já conhecia.

— Você quer que eu realmente te dê a minha opinião? — perguntou, estalando os dedos da mão direita com o polegar. Eu assenti, balançando a cabeça. — Certeza que você não vai gostar.

— Eu quase nunca gosto e estamos aqui, né?

— Ok, mas lembre-se que você disse que queria. Estou falando isso para o seu bem — avisou, então eu apenas me preparei para o soco conotativo que ele me daria. — Primeiramente, sobre ela pedir um tempo e não querer conversar... Você deveria dar o tempo que ela quer. Eu entendo que você está morrendo por dentro por não poder fazer nada, mas fazer nada também é fazer alguma coisa. — Ele ergueu um dedo quando eu abri minha boca para retrucar e eu silenciei. — Quando você quer ficar na sua, é uma merda ter alguém insistindo, então deixa que no tempo dela ela vai te falar o que aconteceu nessa famigerada noite de sexta.

Será que Marcela estava chateada comigo por eu ser insistente? Eu... Eu só queria ajudar e acabei piorando tudo pensando mais no que eu queria do que no que ela precisava? Caralho, Eduardo. Puta que pariu.

— Eu achei a acusação de traição muito injusta com você, mas acho que a gente precisa entender que, por algum motivo, ela está tendo uma semana de merda. Talvez tenha sido um escape. Um péssimo escape, é claro, mas talvez... Talvez nem ela acredite de verdade nisso. Ela te conhece há anos, Edu, não tem porque desconfiar do seu caráter.

— Ela disse com todas as letras — expliquei de novo, ainda que quisesse abanar aquela lembrança para longe para todo o sempre. — Mas eu não faria isso, nunca! Primeiramente, porque eu sei como é o sentimento de ter sido traído. Depois porque... É a Marcela, Chico. A Marcela.

E ali estava. Ele conseguiu que eu olhasse dentro dos seus olhos castanhos e astutos e eu entreguei minha alma para ele uma bandeja de prata. Eu juro que esse homem poderia ser psiquiatra ou leitor de mentes.

— Ela é a Marcela, por quem você está apaixonado e com quem você quer ter um lance oficial. Eu sei disso. A questão, Edu, é se ela sabe.

Ele esperou que eu falasse alguma coisa.

— Eu já disse para Marcela de tantas maneiras, Chicão. Quando a gente está junto, em cada beijo, em cada abraço, cada vez que eu sinto o cheiro dela, quando a gente se enrosca e simplesmente encaixa e...

— Muito poético, coração, mas estou falando de palavras mesmo. Sabe, chegar pra Marcela e falar "olá, linda, tudo bem? Tô de quatro pra caralho por você. Se você quiser falar para as pessoas que eu sou o seu namorado, dessa vez de verdade, eu topo". Só que desse jeito emocionado seu, no caso — Chicão explicou e me encarou de novo.

— Eu não acho que a Marcela queira ouvir isso agora e...

Quase como se fosse um sinal, meu celular começou a vibrar desesperadamente. Chicão franziu o cenho quando eu peguei o aparelho apenas para encarar um monte de mensagens. Vi o nome de Cecília, Leandro, minha mãe, Lucas mandando alguma coisa em áudio e até Patrício. E, a última que tinha chegado fez meu coração dar uma cambalhota no meu peito: Marcela.

Marcela: (mensagem apagada)

Marcela: (mensagem apagada)

Marcela: (mensagem apagada)

Marcela: Eu sei que você não tem nada com a Tamara

Marcela: Eu sei, porque...

Marcela: Desculpa, Edu

Marcela Noronha, em três anos de CPN juntos, nunca tinha me pedido desculpas. E, eu não sei como explicar, porque eu tinha um monte de emoções como um redemoinho dentro do meu peito naquele momento, mas senti que aquele gelo no meu coração tinha acabado de ser destruído por aquela mensagem-Titanic.

— Marcela me pediu desculpas — eu disse vagamente para Henrique Francisco, lendo e relendo as mensagens para ter certeza do que eu estava entendendo, sentindo algo que parecia um sorriso subir pelos meus lábios, quase em descrença.

Mais uma vez o nome dela saltou na tela, mas em um e-mail. Fwd: Novo cronograma Torre Norte.

Ela ainda estava na CPN?

— Isso é bom? — Henrique perguntou e eu apenas assenti da forma mais vaga que consegui, tentando entender... Bem, o que aquilo significava? Mas meu pretinho, aparentemente, entendeu antes de mim: — Para de tentar achar motivos para ficar puto, Eduardo, você é péssimo nisso. Todo mundo sabe que você mais sofre do que fica com raiva realmente.

Bom, ele não estava errado.

— E o que eu faço?

Chicão deu uma risada, como se fosse óbvio.

— Você vai conseguir não falar com ela, Eduardo? Eu te conheço, então vai falar com a Marcela. Fala sobre esse monte de coisas que você está sentindo de uma vez. Eu disse fala, tá? Com palavras — ele disse didaticamente e eu assenti. — E, por Deus do céu, se você perguntar sobre a sexta-feira eu broto do chão para dar um soco nessa cara de bom moço que você tem.

Eu apenas me levantei, meio anestesiado, meio me perguntando... Um pedido de desculpas? De Marcela? O que estava acontecendo? Isso não era exatamente uma coisa normal.

Mas, ao mesmo tempo... Chico tinha razão. Eu queria falar com Marcela. Sobre tudo.

Eu queria dizer que eu perdoava qualquer coisa sobre a Tamara. E que não tinha Tamara quando tinha Marcela. Que não tinha ninguém quando tinha Marcela. Que eu estava apaixonado para um senhor caralho. Que eu queria oficializar, se ela quisesse. Que ela podia ter o tempo que ela quisesse e que eu não ia insistir ou forçar uma conversa que ela não queria ter, porque eu sabia que ela me falaria quando se sentisse à vontade para isso, ou talvez nunca falasse, mas que eu totalmente respeitava isso. E garantir que eu estaria ali, quando ela precisasse, porque... Porque Marcela simplesmente dava sentido para as coisas.

E aí, talvez, arrastar meu nariz pelo pescoço dela, segurar aquele rosto lindo e... Só ter certeza que nada entre nós dois estava errado, ainda que o resto estivesse se acabando em ruínas e escombros.

— Desculpa, Chicão. Eu volto mais tarde e a gente comemora? — perguntei para o oftalmologista, conferindo se a chave do carro estava realmente no meu bolso. Estava.

— Sem pressa, Leandro e eu não vamos a lugar nenhum — ele respondeu, com um sorriso de canto que dizia que ele não me esperava ali tão cedo depois que eu consertasse as coisas com a Má.

Eu peguei o carro e, enquanto eu dirigia até a CPN, a mesma playlist de música sertaneja começou a tocar, mas, dessa vez, eu estava ouvindo com bons ouvidos e as músicas faziam sentido de novo. Todas elas, especialmente as sobre amor, porque era o que eu estava sentindo. Amor. Por Marcela.

Era isso.

Tão óbvio quanto um mais um são dois.

Tão óbvio quanto bambu ser mais forte do que aço.

Eu amava Marcela Noronha.

Eu amava Marcela Noronha.

E finalmente me dar conta disso fez algo quente escorrer pelo meu peito e me aquecer por inteiro, porque fazia sentido.

Era certo me sentir daquele jeito, tão certo que não me assustou. Eu nem cogitei repensar, ou reprimir, eu só... Eu amava Marcela e amava me sentir desse jeito sobre ela.

A pessoa incrível que ela era. A minha amiga. A dona do meu sorriso preferido.

Passei e repassei um discurso na minha cabeça, mesmo sabendo que quando eu olhasse para Marcela, eu nem me lembraria dele: Me desculpa por não ter te dado espaço. Esquece aquela briga do elevador, porque eu jamais trairia você, Marcela, porque eu estou tão apaixonado que não consigo nem pensar em outra pessoa. Eu só quero uma pessoa faz um tempo, acho que talvez desde o cruzeiro, quando eu ainda não entendia isso, e quero que você saiba que é você. Só você. Se você quiser dar um nome para esse nosso lance inominado, ele já tem um nome para mim.

Joana, da portaria da CPN, me cumprimentou com um aceno quando eu usei meu crachá (que felizmente estava no carro) para abrir a entrada e quase corri até o elevador, odiando aquele pedaço de metal por ser tão lerdo.

Entrei, sentindo minhas mãos trêmulas; ansioso para ver Marcela e para, talvez, colocar um sorriso naquele rosto abatido.

Talvez eu devesse ter comprado flores?

Que se danassem as flores, com sorte, Marcela estaria satisfeita apenas comigo. Com nós dois, juntos, de forma inquestionável e sem meias-palavras.

Saltei do elevador e caminhei pelas salas até chegar na grande e central onde nós trabalhávamos. Ouvi uma voz distante — era a cara de Marcela estar falando sozinha enquanto trabalhava, mas eu não acho que ela soubesse que fazia isso.

Mas eu sabia, porque eu sabia muita coisa sobre ela. E queria descobrir todas as outras que ainda eram desconhecidas.

A porta estava aberta e eu olhei para dentro apenas para me certificar de que Marcela estava ali.

Ela estava.

E o Pirulito Louro também.


Como diria a Janice de Friends:

OH MY GOD

Espaço exclusivo para você deixar o seu surto e ameaçar Libriela para postar o próximo capítulo!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (ouvi dizer que o quanto mais surto tiver, mais rápido ele sai)

Se serve de algum consolo, esse cliffhanger também acabou com a gente (DIVERTIDAMENTES EM COLAPSO).

E aí, girassóis, o que o próximo capítulo guarda para todos os mardo lovers?

Esperamos que estejam gostando!!!!! Não esqueçam do nosso biscoito (ou bolacha, depende do seu estado né Ana hahaha) e nos contem seus sonhos e esperanças e frustrações com CEM!

Obrigada por serem maravilhosas e amarem essa história tanto quanto nós <3

Beijinhos,

Libriela <3


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