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Capítulo 55 - Parabéns, Capitão Planeta

Parabéns, Capitão Planeta


Eduardo

Não tinha sido uma noite exatamente fácil e, talvez, tenha sido assim porque eu realmente faço jus a toda a sensibilidade de ser um pisciano emocionado, ou porque eu estava preocupado com Marcela triste, ou porque eu não sabia o que ela tinha querido dizer com precisar de tempo e espaço de tudo, porque eu gostava dela demais, ou porque eu não tinha dormido mais do que uma hora naquela cama sem ela... Provavelmente um misto de toda essa bagunça.

Eu pensei em ligar, ou falar algo... Mas era sobre isso, não era? Ela queria ficar sozinha.

Sinceramente, se Romeu estivesse em São Paulo, eu acho que eu poderia ficar mais relaxado, mas a ideia de Marcela daquele jeito sem falar com alguém e simplesmente remoendo... Doía.

Mas, se ela não queria falar comigo, o que realmente eu poderia fazer? Marcela sabia, com certeza, que eu estava ali para qualquer coisa. A distância era de uma ligação, porque eu iria até ela se ela quisesse, a hora que ela quisesse.

E, bem, acho que se ela realmente quisesse um tempo de nós dois como casal, ela teria me falado, certo? Marcela não era de meias palavras ou de deixar as coisas nas entrelinhas... Ela simplesmente falava e era uma das coisas que eu amava nela.

Então eu daria tempo e espaço, se era o que ela queria, ainda que isso acabasse gerando uma sensação de que algo estava sendo triturado no meu peito.

Na terça-feira, quando eu cheguei na CPN de manhã, Marcela já estava lá e estava massacrando seu teclado com raiva, mas ergueu os olhos para mim quando eu passei. Apenas sorri e disse "bom dia", seguindo para a minha mesa e tentando não voltar lá para tentar tirar a expressão triste do seu rosto de novo, mesmo que ela não me quisesse fazendo isso.

Liguei meu próprio computador e tinha apenas começado a responder um dos e-mails de Diego, que questionava justamente a porcaria do revestimento de pastilha de côco – aparentemente nós não tínhamos mais comunicação verbal, então ele tinha resolvido ter uma conversa por escrito.

Eu estava digitando uma resposta apenas mais ou menos educada para ele quando Fernando Nogueira apareceu.

— Eduardo, você tem um minuto? — perguntou.

Claro que quando é o seu chefe que pergunta, não é realmente algo para o que você possa falar não, então eu apenas anui, já imaginando que Diego tivesse falado algo sobre eu estar sendo extremamente intransigente e eu fosse tomar um delicado aviso para parar de ser assim.

— Sempre, Fernando — eu disse, já me levantando para segui-lo até a primeira das três salas alinhadas que tudo viam dentro da CPN porque eram, basicamente, de vidro. Fernando, Renata e Thales gostavam de ter o controle de tudo e, bem, fazia sentido.

Eu realmente senti um frio na barriga quando eu vi que não era apenas Fernando que queria falar comigo, mas a santíssima trindade da CPN. Porra, Diego tinha dito que eu tinha me tornado um troglodita ou o quê? Eu não esperava Carvalho, Pinheiro e Nogueira juntos para me dar um sabão por estar criando embaraços no trabalho em equipe, mas... Depois de tudo o que foi dito sobre Marcela naquela mesa, o problema realmente era eu?

Será que era assim que as vacas se sentiam quando iam para o abatedouro? Porque era tão ruim quanto parecia sim, mas eu não tinha muito o que fazer. Era só... Entrar e ver no que aquilo ia dar, então foi o que eu fiz, fechando a porta de vidro atrás de mim, me sentando na cadeira e encarando os três, esperando o que eles tinham a dizer.

E, dessa vez, eu não me senti mal por estar errado, porque o assunto... Bem, eu saí de dentro daquela sala com um sorriso no rosto que praticamente se encontrava na nuca, porque quando Sandro olhou para a minha cara, sua expressão claramente dizia que ele não sabia que eu tinha aquela quantidade de dentes.

O trio CPN voltou para o ambiente principal comigo e, de alguma forma, Alice tinha conseguido reunir quase todo mundo ali — eles dispensaram a sala de reuniões porque o anúncio era rápido e porque sabiam que dois corpos não ocupam o mesmo lugar, então provavelmente não caberíamos todos lá.

E foi quando Fernando, o rei dos contratos, sorriu para mim que eu acreditei que era real.

Renata foi quem começou a falar, ajeitando o blazer laranja que contrastava lindamente com sua pele negra. Aliás, todos os meus chefes eram mesmo lindos, né? Renata era uma musa. Fernando era um galã estilo Leandro e Thales combinava mesmo com aquele estilo lenhador e... Ok, acho que eu só estava mesmo feliz.

— Bom dia! Um minuto da atenção de vocês? Temos um anúncio rápido — Renata disse e, como se ela fosse magnética, todos estavam prestando atenção nela. Poder, meus consagrados, é assim que funciona. — Muitos de vocês já devem ter notado que estamos reestruturando a CPN. Estamos redistribuindo alguns setores, realocando os profissionais e, para além do ambiente interno, estamos ampliando nossa área de atuação.

— Isso inclui uma expansão para construções não comerciais — Thales continuou e Renata sorriu abertamente para Marcela, que sorriu de volta mesmo com aquela nuvem negra sobre a sua cabeça, porque ela estava mesmo animada com a ideia de pontes e portos e ferrovias e projetos que a desafiassem como engenheira. Ouvi uma risadinha que só podia ser de Igor, mas não consegui localizar onde ele estava para mandá-lo para o quinto dos infernos via olhar — e também inclui a criação de um novo setor.

— Faz um tempo que a CPN tem saído da linha das construções mais tradicionais e isso, somado a um mercado com demanda crescente, fez com que abríssemos os olhos para um segmento que ainda é muito novo e pouco explorado no nosso ramo — Fernando emendou. — E, por termos pelo menos um pé nele, acabamos percebendo que, sim, há procura por construtoras especializadas em construções sustentáveis e com um impacto menor do que o tradicional. Então estamos criando um novo setor voltado exatamente para isso.

Ouvi Sandro dar risada, provavelmente entendendo porque conseguia ver meus trinta e dois dentes. Era uma risada orgulhosa, eu acho.

Um novo setor voltado apenas para construção civil sustentável. Ok, eu estava mesmo nas nuvens.

— E, quando a gente pensa em causar menos impacto com construções e em ter um setor totalmente voltado para isso... — Renata prosseguiu, com um ar divertido. — Tem um nome que vem à nossa cabeça imediatamente, não é? Acho que o Eduardo foi o pioneiro em provocar a empresa para se atentar a isso e tem sido quem realmente têm incluído isso nas nossas obras e que fez um novo segmento de mercado olhar para nós, então, não tinha como ele não ser o gerente do novo setor.

Senti Lucas abraçando a minha cintura e deixei, porque eu queria mesmo ser abraçado. Eu estava muito feliz. Foram anos da CPN tentando fazer alguém enxergar a construção civil por aquele ângulo e... Eu tinha chegado lá.

E pegar a gerência de todo um setor era uma promoção que me fazia passar direto por uns dois degraus no plano de carreira de um arquiteto que levariam uns dez anos para serem escalados. Era apenas... Incrível. E um sonho bem diante de mim, perto o suficiente para que eu fizesse carinho nele com os dedos. Todas as obras seriam como o restaurante de Cecília e...

Deus do céu, eu estava me sentindo mais um Golden Retriever do que Lucas naquele momento. Eu estava tão feliz que possivelmente faria xixi fora do tapetinho mesmo. Ser eco-chato e ter fama de eco-chato tinha trazido coisas boas para mim (e, em larga escala, eu estaria ajudando o planeta, não é? Viva o bioconcreto! O bambu! Argamassa de argila!).

É claro que isso significava que eu não trabalharia mais com Marcela, porque nossas áreas eram completamente distintas e Isaac seria a minha metade na dupla arquitetura-engenharia no setor (e é claro que Lucas também ia conosco e tenho certeza que Sandro sentiria falta dele), mas eu tinha certeza que uma parte da minha conquista era dela – sem Marcela aceitando os meus toques sustentáveis, viabilizando que aquilo funcionasse como parte do todo... Ninguém teria me notado e aquele segmento seguiria ignorado por muito tempo.

Então eu busquei o olhar dela, porque... Bem, era Marcela. Ela sorriu para mim em resposta e eu soube que ela estava feliz, porque foi o primeiro sorriso realmente genuíno dela desde a sexta-feira (e aquilo sim aqueceu o meu coração de novo, porque a opinião dela era muito, muito importante para mim) ainda que também soubesse que não trabalharíamos mais nos mesmos projetos.

Quando Carvalho, Pinheiro e Nogueira voltaram para suas salas, eu fui engolido por um abraço de Sandrinho – que era chamado de inho como uma piada, porque era a pessoa mais alta que eu já tinha visto.

— Você conseguiu, Eduzinho! — ele disse. Lucas me abraçou de novo porque ele não se aguentava e eu ouvi Isaac rindo da cena em algum lugar próximo.

Eu não conseguia guardar meus trinta e dois dentes.

Marcela

Se havia algo que me deixou feliz depois de toda a merda que estava acontecendo, foi a notícia do Eduardo, porque ele era incrível e merecia todo o reconhecimento do mundo por querer salvar a Terra — vamos combinar que não é todo mundo que faria isso e que ninguém era tão empenhado nisso quanto ele.

E foi por isso que mesmo no meio do trabalho e mesmo que ele estivesse rodeado de pessoas, eu fui até o seu encontro apenas para ficar um pouco mais perto do seu calor, da sua luz, colocando minha mão em seu ombro para que ele soltasse o Sandro — desde quando o Sandro abraçava o Eduardo com tanto carinho e por que eu achava aquilo fofo? — e eu tivesse minha chance de compartilhar essa vitória com ele.

— Parabéns, Capitão Planeta. Você merece o mundo — eu mordi meu lábio de leve ao notar que os seus olhos brilharam um pouco a mais quando ele me viu, puxando-me para um abraço que eu prontamente correspondi, porque... bem, porque eu não sabia não abraçá-lo de volta quando ele me segurava daquela maneira, como se quisesse me guardar e cuidar e...

— Obrigado, Má — ele sussurrou contra o meu ouvido e eu fechei meus olhos, inspirando todo One Million que eu consegui antes de soltá-lo, porque nós estávamos no meio da CPN e tudo o que eu mais queria era arrastar meu nariz pelo seu pescoço e beijar seu corpo inteiro.

— Finalmente a gente se livrou dele, né? — Sandro cruzou seus braços ao meu lado com seu tom de brincadeira e eu tombei o meu rosto na direção dele, sorrindo para carranca forçada que ele estava fazendo, porque o Sandro era uma boa pessoa. Contanto que você não mexesse no seu aço e vidro, sabe? Como todo bom engenheiro tradicional.

Talvez por isso Matheus Kaiser tenha dito que ele era melhor do que eu (e mérito do Sandro Ventura por ser um engenheiro extremamente metódico, só que isso não significava que um era melhor do que o outro, porque éramos muito diferentes). Só que será que por ele ser do jeito que ele era, significava que ele era de fato melhor do que eu? Será que eu apenas não havia dado mérito suficiente para ele antes?

Eu parei de sorrir por um breve momento e respirei fundo, voltando para a minha mesa antes que alguém notasse a bagunça que eu me sentia por dentro, mesmo que não fosse difícil notar que uma bola de destruição passava por todas as minhas estruturas. Era uma sequência de dúvidas que me metralhavam sempre que eu parava de pensar nas palavras de Matheus e entrava em um limbo, começando a me questionar desde o primeiro projeto do Hospital Paulistano até a Torre Norte. Qual era mérito meu e o que era do par de peitos que me acompanhava? Será que um dia eu realmente seria considerada uma profissional séria que eles respeitariam? Como foi que eu cheguei ali?

Desde a noite anterior, Andreia estava tentando falar comigo para ver se eu estava bem, mas era claro que eu não estava, porque eu não respondi nenhuma das suas trinta e sete mensagens ou quatro ligações.

Eu não fazia ideia de que a história de eu ter sentado em um restaurante com Matheus Kaiser por trinta segundos seria tão ruim quanto o próprio... incidente? Eu não sabia o que chamar aquilo. Aparentemente alguém que contou para alguém que contou para alguém e todo o hemisfério masculino na CPN já estava ciente dos meus encontros sexuais com o cara — fiquei até sabendo de uma manobra que eu fazia com a perna que era impressionante, sendo que eu nunca nem havia ouvido falar dela.

Eu só descobri o quanto a situação estava ruim quando Andreia me mandou mensagem na noite anterior questionando sobre o assunto, afinal Galileu ficou sabendo por alguém da logística e contou para ela. E acho que foi nesse momento que eu simplesmente me entreguei ao fundo do poço e foi uma tristeza tão grande que eu estava sentindo, que eu tinha certeza de que se o Edu ficasse perto de mim, eu o impregnaria com tudo de ruim que havia dentro de mim. Por isso eu queria um tempo. E espaço. Porque não dava para estar com uma pessoa como ele entregando apenas metade de si.

Eu precisava ficar sozinha e tentar entender que aquilo não era minha culpa — mesmo que eu conseguisse encontrar "provas" de que eu havia plantado aquela armadilha para mim mesma quando achei que eu poderia ser apenas uma engenheira. Que as pessoas me veriam apenas como uma engenheira. E eu me esqueci de levantar a guarda.

Será que um dia eu recuperaria todo respeito que eu trabalhei tanto para conquistar?

Eu fiquei tentada a ligar para Romeu o final de semana inteiro, mas uma maratona de Titanic com Estrelas Além do Tempo em looping foi o suficiente para me deixar menos triste — e as cinco garrafas de Merlot deram o suporte extra que eu precisava. Eu não tenho certeza se eu dormi muito naquele final de semana, porque eu apenas me lembro de pedir comida, assistir filme e talvez um banho, mas só talvez.

Meu celular vibrou e eu apenas espiei o nome de Andreia, basicamente me ameaçando com prata (até parecia que eu era um lobisomem) para que nós fôssemos almoçar para que eu lhe contasse o que estava acontecendo. Só que eu não queria falar disso com ninguém. Não com o Eduardo. Nem com a Andreia. E as pessoas não conseguiam entender isso.

Parecia que se eu falasse em voz alta, eu não poderia mais tentar fingir que isso nunca aconteceu, pois seria real e eu teria que lidar com o olhar de pena dos outros e a sequência de elogios padronizados para que eu não ficasse mal. E eu teria que fingir que eu estava pelo bem deles, mas não pelo meu, porque eu ainda estaria na merda.

Eu só queria sobreviver até a grande próxima bosta acontecer e as pessoas simplesmente se esquecerem de mim — e o quão deprimente não era isso?

Respirei fundo, odiando estar certa pela primeira vez na vida, porque no primeiro sinal de enrolo, todo mundo começou a desmerecer anos de trabalho, sendo que eu não tinha nada com ele. Imagina se eles soubessem do Eduardo? Eu só não conseguia deixar de pensar o que diriam agora que ele havia se tornado gerente se descobrissem sobre nós dois estarmos juntos. Provavelmente colocariam tudo o que a gente já viveu de escanteio, todas as nossas obras e projetos e conquistas, apenas para dizer que eu estava com ele por um aumento.

Eu me levantei da minha mesa com raiva e fui até o filtro d'água, fazendo o caminho mais longo até lá para tentar evitar o pequeno aglomerado que continuava ao lado da estrela do dia — e eu não queria estar triste do lado dele, porque ele merecia todo carinho que estava recebendo. Ele construiu aquele momento, trabalhando dia e noite e final de semana até que as coisas dessem certo e insistindo nos seus ideais até que uma pequena e simples ideia fosse à frente. Sem desistir e nem desanimar.

Quando eu cheguei no filtro, notei que eu estava sem minha garrafa, então apenas peguei um copo descartável e o enchi, senão seria muito estranho explicar o que eu estava fazendo ali de mãos abanando.

— Marcela, a mulher que eu queria encontrar — Gisele surgiu das sombras e parou ao meu lado.

Ela com certeza tinha alguns esconderijos na CPN para aparecer e desaparecer do nada, tipo a ventilação do Among Us.

— Ai, Gi, assim eu fico me sentindo especial — eu brinquei com ela, porém não havia muito humor na minha voz quando notei que os caras de suprimentos passaram por mim apontando e rindo de algo hilário que um deles provavelmente havia acabado de inventar.

Ser mulher era uma grande bosta, se eu tivesse que ser muito sincera.

— Não consegui falar com você desde a sua promoção e eu queria te parabenizar — ela arrumou o seu óculos de gatinho nos olhos e me deu aquele sorriso de quem conseguia ver a minha alma. E provavelmente ela sabia que eu não estava tão feliz quanto imaginou que eu estaria. Ela só talvez não conseguisse entender exatamente o motivo.

— Obrigada, mas acho que a estrela do dia não sou eu — eu inclinei minha cabeça na direção de Eduardo com um pequeno sorriso, que estava palestrando com muita animação sobre Upcycling que fez com que o Sandro defendesse que os ferros enferrujados tinham que ser jogados fora e não ser usados como decoração secundária.

— Ah, sabe, eu me sinto culpada — ela comentou com a voz baixa e eu arqueei minhas sobrancelhas para nossa psicóloga sem formação em psicologia, porque normalmente ela fazia a parte de ouvir e não de falar.

— Por quê? — eu mordi a pontinha do meu copo de plástico, estreitando meus olhos na sua direção.

— Porque todo ano no feedback ele me dizia que queria mudar o mundo e construir coisas para as futuras gerações terem orgulho, e eu não fiz nada sobre o assunto — ela me olhou e eu acho que algo no meu olhar fez com que ela se empolgasse em continuar a falar, porém tudo o que eu conseguia pensar era que... eu não fazia ideia de que o Eduardo falava aquilo. Para a Gisele. Pro RH. Era isso o que ele pensava do nosso trabalho? Ele não tinha orgulho do que estávamos construindo? — e eu só notei que ele realmente estava insatisfeito com o que fazia aqui quando vi ele falando de um restaurante todo sustentável e tinha aquele brilho no olhar de quem faz o que ama, sabe?

Aparentemente eu não sabia, porque eu pensei que ele tinha esse brilho no olhar com todas as obras que havíamos construído nos últimos três anos.

— E eu não o culpo, também, porque deve ser horrível trabalhar com algo que você não gosta. Você já ouviu falar da obra que ele está construindo? Ah, Marcela, você não faz ideia das coisas incríveis que ele está fazendo e nós não fazemos parte — ela terminou seu mini discurso com um suspiro e eu senti minha mão vacilar contra o copo.

Eduardo estava trabalhando com o que ele não gostava? Ele não gostava dos nossos projetos? E ele disse tudo para a Gisele? A Gisele que planeja nossas carreiras? Será que ele falou sobre isso com a Renata? O Fernando? Com o Thales? Por que ele não falou comigo? Por que ele não me disse tudo isso ao invés de elevar o caso e...?

Será que ele também achava que eu era incompetente e por isso correu para longe de mim? Será que ele mesmo pediu para que eles desfizessem a nossa dupla? Por que ele não me quis ali com ele?

— Quem deve estar adorando isso é o setor de marketing, porque fazia um tempo que eles estavam comentando que a gente precisava desta mudança, só nunca era o momento, certo, sabe? — ela comentou com tanta tranquilidade que eu acho que não reparou no temporal que ocorria dentro de mim naquele exato momento.

E tinha isso também, se eu realmente parasse para procurar todos os pelos em ovos da minha vida. Tinha o encontro com Tamara que o Edu nunca comentou sobre e... por que ele não me disse? Ele não confiava que eu era madura o suficiente para saber que ele estava reencontrando amigavelmente uma ex-musa-do-marketing que era a Afrodite encarnada? Ou ele simplesmente...?

O que mais ele estava escondendo de mim?

— Que bom que ele finalmente vai estar... satisfeito — eu senti as palavras se arrastando para fora da minha garganta como ferro quente e eu respirei fundo — eu tenho que... hum... projeto e... é.

Eu saí dali antes que Gisele e seus olhos biônicos notassem a minha mudança de humor.

Passei rapidamente pela minha mesa e peguei o meu crachá na bolsa. Eu pouco me importei que ainda era dez e meia e ninguém saía para almoçar naquele horário, porque eu precisava apenas espairecer.

Dentre todas as pessoas da CPN, a última que eu imaginei que fosse falar algo assim sobre mim era Eduardo, porque ele sabia o quanto aquilo significava e ele mesmo me dizia que eu era a "engenheira mais foda". Será que isso foi uma mentira apenas para não magoar meu ego? E se sim, o que mais será que ele mentiu para mim? Será que a Tamara foi mais uma das coisas? Será que o Matheus Kaiser, o babaca encarnado, tinha razão sobre algo?

Eu entrei no elevador e rezei para as portas se fecharem antes que alguém entrasse ali comigo, mas é óbvio que isso não aconteceu.

E o próprio arquiteto sustentável se esgueirou ali antes das portas se fecharem nele.

— Almoço? — ele me perguntou com um sorriso e abaixou a sua cabeça na minha direção, seus lábios buscando os meus.

Só que eu... eu não conseguia querer aquilo com todas as dúvidas que estavam agitando meu estômago, então eu virei meu rosto e ele beijou apenas a minha bochecha, recuando ao notar que eu havia feito aquilo de propósito.

— Tudo bem? — ele questionou, afastando-se um passo de mim e eu apenas cruzei meus braços, enfiando minhas mãos contra o tecido do meu casaco para que ele não notasse que eu estava tremendo — Marcela, o que está acontecendo?

Bem, por onde começar? Nosso cliente me assediou e me chamou de lixo de engenheira? A empresa inteira acha que eu sou uma vadia que dá para as pessoas para conseguir projetos bons? Você falou repetidas vezes para a Gisele que odiava trabalhar comigo e a minha falta de verde? Você tem zero orgulho de tudo o que fizemos até hoje? E por que você não me disse sobre a Tamara? E agora eu só não consigo deixar de me questionar se eu realmente sou uma boa engenheira ou se eu me fechei em uma ilusão de que eu era ótima sendo que a única coisa ótima em mim é o meu rostinho bonito.

— Nada — eu fechei os meus olhos, porque eu sentia que o tremor das minhas mãos estava se espalhando pelo meu corpo inteiro e eu estava prestes a não conseguir mais aguentar. Eu sentia que se eu respirasse mais fundo, algo dentro de mim iria embora e eu jamais conseguiria recuperá-lo.

— Não é nada, Marcela. Desde sexta tem alguma coisa acontecendo e eu não consigo te ajudar se você não me falar o que é — ele me encarou com aqueles pontos dourados dentro de seus olhos, só que o que antes me acalmava, agora simplesmente foi a gota d'água.

Por que quando as coisas davam errado, não era apenas uma coisa? Por que as coisas ruins vinham em bando? E por que você tinha que estar no meio delas? Você era para ser o meu porto-seguro, e não a tempestade que me afundasse.

Só que ao invés de eu dizer isso, as palavras que subiram pela minha garganta não pareciam ter vindo de mim, mas de algo que estava me matando por dentro, como um pequeno veneno.

— Por que você não me contou que saiu com a Tamara? — eu sussurrei as palavras para fora e ele recuou, completamente desprevenido com aquela dúvida que deveria ser tão simples de se responder, não é? Se não fosse nada, ele não hesitaria em dizer que não era nada. Mas ele hesitou.

Eu me sentia completamente perdida no meio de uma névoa densa e a única coisa que estava clara era que... que eu não era suficiente. Nem para engenharia, nem como... o que quer que eu achei que tivesse com o Eduardo.

— Eu não...! — ele começou a argumentar, porém eu acho que algo dentro de mim queimou tão forte que até mesmo ele sentiu, pois suas palavras morreram mesmo que seus lábios estivessem entreabertos.

— Não saiu com ela? — eu abaixei meu tom de voz mais um pouco e eu quase não me escutava mais, porque aquilo era... era demais.

— Não foi exatamente isso o que eu disse — ele se explicou calmamente e aquilo foi tudo o que eu precisei escutar.

— Exatamente? O que você queria dizer, então, Eduardo? — eu meneei minha cabeça, tentando retomar o meu fôlego em uma respiração entrecortada, virando-me na direção do painel do elevador, porque eu não queria sentir o que eu estava sentindo. E, principalmente, não queria sentir isso contra Eduardo, porque doía tanto apenas olhar para ele naquele momento — quer saber? Não me responde. Eu não sei se consigo falar disso agora.

— Pelo jeito você não quer falar ou estar ou ser vista comigo, né? — ele enfiou suas mãos dentro do seu bolso com a voz mais e mais baixa — tá foda pra caralho tentar te entender.

— Você não faz ideia do que... — só que eu não consegui terminar de falar, porque o "plin" do elevador nos avisou que ele havia chegado ao térreo e eu não queria que ninguém ouvisse nossa briga.

Uma briga. Entre eu e Eduardo. Nem nos nossos mais acalorados debates sobre poliuretano, nós nunca...

— Não mesmo — ele fechou o rosto, os olhos e eu acho que até mesmo o coração, fazendo com que eu me encolhesse um pouco, porque eu nunca tinha visto tanta... dor? Mágoa? Dentros os olhos de Eduardo Senna — e quer saber? Pode me ligar quando quiser me contar, porque eu cansei de tentar.

E assim ele saiu e eu fiquei ali um pouco, sendo olhada por um grupo de chineses que só queriam que eu saísse para que eles entrassem.

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O plano era postar só na quarta, maaaaaaaaaaas não teve como segurar depois dos surtos de ontem, entãaaaao, aqui estamos.

De coração feliz (pela promoção do edu MAIS DO QUE MERECIDA MEU DEUS LINDOOOOOOOOO) e coração partido (pela má ter entendido TUDO ERRADOOOOOOOOOOOOO!!!!!!!!!!!).

Zero emocional para lidar com mardo brigando e se desentendendo e sofrendo </3

É tão tão fácil escrever notinha quando tudo está lindo e tão tão TÃO difícil quando todo mundo ta sofrendo, porque a gente se sente um monstro por falar "esperamos que estejam gostando dessa facada no coração! Toma mais uma!!!", mas, de verdade, a gente espera que vocês estejam sentindo e amando CEM mesmo assim!

Não esqueçam da estrelinha (o descontrole pode continuar indefinidamente se os surtos continuarem). A gente sempre lembra, porque as vezes, na emoção, as pessoas esquecem de votar ))):

O que será que Libriela guardou pros próximos capítulos? "Um dia" a gente descobre...

Beijinhos,

Libriela </3


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