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Capítulo 113 - Ah, cara, meus pneus arriaram

Ah, cara, meus pneus arriaram

Marcela

Eu acordei no dia seguinte com Eduardo tentando delicadamente retirar o braço debaixo da minha cabeça, porém ele parou toda a sua operação ninja quando me viu piscando os olhos pesadamente e sorrir ao ver o seu rosto lindo e amarrotado ao meu lado.

— Bom dia — murmurei, me aconchegando ainda mais contra o seu corpo ao apoiar meu rosto contra o seu peito, sendo abraçada lateralmente pelo seu lobo.

— Eu te amo — ele me respondeu, arrancando um sorriso tão tolo dos meus lábios que, quando ele se inclinou na minha direção, sabia que estava beijando um sorriso, porém acho que ele não se importava nenhum pouco com isso.

— Eu também te amo — devolvi, colando meus lábios nos seus no mais breve dos beijos, sentindo uma movimentação borbulhante no meu ventre quando eu me lembrei da noite anterior — quer tomar um banho?

— Neste momento eu amo que você tenha um chuveiro a gás. Desculpa mãe natureza — ele se espreguiçou do meu lado antes de me abraçar e beijar o meu pescoço, causando uma onda de pelos arrepiados se espalhando pelo meu corpo — eu amo acordar assim. Amo dormir no seu tapete fofinho.

Eu rolei meus olhos antes de olhar para a sacada, vendo que a janela estava escancarada, o dia estava nublado ainda, porém acho que a chuva forte da noite anterior havia dado uma trégua a nós.

— Vem, então, amor — eu comecei a me levantar, segurando as mãos dele para que ele imitasse o meu movimento, mesmo que Eduardo estivesse de manha e alegando que não queria nunca mais sair do meu tapete.

Antes, por motivos óbvios, nós fizemos uma parada estratégica para escovarmos os dentes e eu ofereci para ele uma escova nova que estava guardada para quando a minha tivesse que ser trocada, porque não era só porque nós trocávamos saliva, que usaríamos a mesma escova.

Nós entramos no chuveiro rapidamente e eu notei como alguns hábitos nunca realmente desapareciam, pois, assim que entramos, eu enxaguei o meu corpo e saí para passar o shampoo enquanto ele começava a se ensaboar. Então nós trocamos quando eu passei tirei o shampoo do cabelo e passei o condicionador antes de pegar o sabonete dele para que o Edu passasse o shampoo em seus cabelos.

No entanto, ele parou no meu banheiro, olhando para a minha cestinha de produtos de higiene que havia ali e eu parei para entender onde ele tinha ido dentro dos seus pensamentos.

Eduardo pegou o shampoo de linhaça que ele usava e o olhou por alguns segundos antes de me encarar de volta, um sorriso meio enigmático tomou conta dos seus lábios e ele se inclinou na minha direção antes de me beijar.

Ao contrário dos beijos urgentes que trocamos na noite anterior, esse teve gosto de calmaria, como um oceano após uma tempestade tropical, estalando seus lábios contra os meus como se ele não quisesse se afastar de mim, por mais que estivéssemos debaixo de uma eterna ducha.

— Você... não jogou fora? — perguntou, soltando minha boca por alguns segundos ao me mostrar a embalagem de shampoo.

— Eu... não, não exatamente. Eu acho que, enquanto eu guardasse essas coisas, parecia que você iria voltar — dei de ombros, sentindo minhas bochechas queimando quando eu me enfiei embaixo da água na esperança de que ela conseguisse esconder o rosado que havia nascido em minha pele.

— Eu voltei, não voltei? — me perguntou ao enrolar um braço em minha cintura, entrando na água comigo. Neste momento, Eduardo não me beijou, não tentou nenhuma safadeza, apenas me segurou contra o chuveiro e nós ficamos ali, em um abraço que poderia durar para sempre se eu tivesse algum poder de voto naquele lugar — mas acho que a gente já gastou água demais, né?

— Uma vez Capitão Planeta, sempre Capitão Planeta — gracejei, terminando de tirar a água do meu corpo e deixando um pouco do seu shampoo de linhaça na minha mão, espalhando-o contra os seus cabelos, mesmo que ele fosse mais alto que eu e tivesse que se abaixar para que eu o fizesse.

Nós terminamos o banho um pouco depois, em uma batalha pouco elegante para quem usaria a toalha, porque esquecemos de pegar uma segunda, então eu fiquei incumida de correr pela casa sem deixar rastros d'água para buscar mais uma enquanto ele me esperava e inundava o meu banheiro com o aroma do seu desodorante que tinha só um restinho, mas ainda estava ali.

— Eu acho que vou ter que usar terno, né? — ele brincou comigo, enrolando a toalha em sua cintura enquanto eu abria o meu armário e separava uma troca de roupa limpa para aquele dia.

— Hm... — comprimi meus lábios enfiando um macacão verde musgo de algodão que era quase um shorts grudado com uma camisa. Edu acompanhou o meu movimento ao se sentar na minha cama, que estava perfeitamente arrumada depois de ter sido trocada pelo meu tapete da sala, e eu espremi meu cabelo molhado contra a toalha — acho que eu tenho algo por aqui para você.

— Eu sei que você tem uma coleção de casacos meus aqui, Má, mas o problema é mais embaixo, literalmente — pontuou e eu rolei meus olhos, sentindo que ele levantou da cama e me abraçou por trás, beijando meu pescoço — eu te amo.

Fechei meus olhos e segurei as mãos que me envolviam, adorando o seu toque, o seu encaixe, o seu molde e como nós éramos peças perfeitas que mal precisavam se encostar para que virássemos uma só.

— Olha, eu posso me acostumar com isso — murmurei, adorando a sensação da sua boca contra a minha pele sensível pós banho.

— Então se acostume, porque eu tenho muitos eu te amo's guardados — sussurrou contra o meu ouvido e eu girei dentro do seu abraço, para olhá-lo de frente, vendo as gotas de água escorrendo pela sua testa e me permitindo passar a mão em seus cabelos antes de puxá-lo mais para perto e beijá-lo.

— Tipo aqueles beijos que estava me devendo? — levantei uma sobrancelha e um sorriso nada bom moço se apossou do seu rosto que, até então, estava completamente amigável.

— Não me lembro de você ter reclamado deles ontem, quando eu te beijava bem... — sua voz morreu e eu o empurrei de leve para trás, mas foi o suficiente para ele tropeçar na cama e cair no meu colchão, sua toalha soltou de leve em sua cintura, porém continuou ali.

— Não provoca, vou te arranjar uma roupa — eu apontei na direção dele, que continuou rindo enquanto eu abria o meu guarda-roupa e abria a última gaveta — você deixou... hum, algumas roupas aqui da época em que nós estávamos juntos e depois... bem, eu não sabia se eu deveria te devolver.

— Deveria, né? — ele espiou por cima do meu corpo e seus olhos brilharam — eu estava louco atrás dessa bermuda de sarja! Marcela, Marcela, sua ladra de roupas. É nisso que você vai gastar o seu réu primário?

— Eu só... — droga, eu senti minhas bochechas ficando vermelhas de novo e fiquei irritada comigo mesma, porque eu não era tímida. Não com o Eduardo. Não sobre nós. Então o que estava acontecendo comigo? — não sabia se eu queria te devolver, porque se eu fizesse isso, ficaria sem você aqui comigo — meu nariz coçou e eu dei uma risada sem-graça — nossa, isso soou meio idiota, desculpa — passei para ele a bermuda de sarja que ele comentou antes e uma camiseta branca com a foto de uma floresta em forma de pulmões. Ou algo que era mais ou menos isso.

Edu pegou as roupas, porém segurou meu braço para que eu me levantasse, ficando de frente para ele, pousando suas mãos em minha cintura enquanto eu encarava os seus olhos. Por mais que nós tivéssemos dormido pouco, o rosto dele parecia descansado e levemente alegre — e eu não conseguia deixar de pensar que um pouco era por mim.

— Não é idiota. Lembra que eu fiz uma tatuagem de pena, ok? — ele brincou e eu deixei um sorriso se esgueirar pelos meus lábios — e eu também tenho uns crimes na minha ficha.

— Eu sei, meu casaquinho cinza ainda está com você, né? — tombei meu rosto para o lado sentindo o cheiro do seu shampoo de linhaça, misturado com meu sabonete de verbena e a pasta de dente mentolada.

— Bem, isso também — ele coçou a sua nuca, constrangido — mas o seu livro também.

— Qual livro? — indaguei, confusa, sem memória alguma do que ele estava falando.

— O livro de pontes em concreto armado. Está comigo. Na minha cabeceira — ele me explicou, sem desviar o olhar do meu, esperando que aquela informação caísse na minha mente e eu conseguisse processá-la direito.

E acho que minha reação não foi a mais graciosa de todas, porque, primeiro, eu dei um leve tapa em seu peito, bem em cima da sua pena, que agora reluzia contra a luz do meu quarto e eu amava todos os seus detalhes, todas as suas nuances, sombreados e delicadeza. Poderia ser apenas uma tatuagem bêbada, mas era a minha tatuagem bêbada preferida e eu a amaria todos os dias um pouco mais, por isso eu a beijei, deixando meus lábios ali, em sua pele, tempo suficiente para que ele se aquecesse comigo.

— Isso é um fetiche? Porque eu também amo a sua pena? — perguntou e eu comecei a rir contra seu peito, inclinando sua boca contra a minha e amando como, agora, todo o beijo que trocávamos tinha gosto de Marcela e Eduardo.

— Acho que é uma fase, logo passa — brinquei, me afastando dele para que pudesse se trocar — vou ver de fazer alguns pães de queijo que tenho congelado, porque eu duvido que algum delivery está funcionando hoje depois do caos de ontem.

Comecei a sair do quarto, porém escutei um assobio dele, ainda sentado em minha cama com o sorriso mais derretido de todos na minha direção.

— Eu te amo, Marcela Noronha — declarou, sem hesitar, pensar ou titubear sobre o assunto. Minhas pernas vacilaram com a certeza no seu olhar e eu me apoiei contra o batente da minha porta para ficar firme.

— Eu te amo, Eduardo Senna, e vou repetir isso quantas vezes você precisar ouvir para saber que eu te amo pra caralho — e eu comecei a sair do quarto antes que eu desistisse dos pães de queijo e decidisse desfazer meus lençóis perfeitamente arrumados com ele.

Não que fosse uma péssima ideia, se bem que... Eu ouvi o barulho da geladeira e do microondas apitando que a energia havia voltado e agora conseguimos acender a luz da cozinha para buscar todos os estilhaços de copo que estavam espalhados na pia.

— Eu te amo? — sugeri com um sorriso meio e muito manipulador, no batente da porta.

Eduardo começou a rir da minha cara, abertamente, mesmo que seus olhos brilhassem um pouquinho mais sempre que ouviam aquelas três palavrinhas saindo dos meus lábios — e eu queria repeti-las sempre, porque quanto mais eu falava, mais eu sentia. Era como se elas apenas reaquecesem a brasa que estava dentro do meu coração, sempre um pouquinho mais quente do que antes. Nunca quente o suficiente.

— Boa tentativa, mas eu sei o que está passando nessa sua cabecinha genial e não vou cair como um patinho... — a voz dele começou a morrer quando eu fiz um beicinho extremamente convincente que gritava: olha que dózinha de mim, amor!!!!!!!!!! — eu vou cobrar em vinhos e beijos e eu te amo's.

— Essa dívida eu pago com gosto — sorri, quando ele passou por mim no batente da porta e parou ali apenas por um segundo, inclinando sua bochecha na minha direção, então eu fiquei na ponta dos pés e o beijei ali, sussurrando, bem baixinho, no pé do seu ouvido — amo você.

— Com certeza eu morri e fui para o céu — ele suspirou, dramaticamente, até chegar na cozinha e começou a limpar os vidros — mas eu pensei que teria mais Eugência, menos roupa e mais rock. E mãe natureza.

— Esse é o seu céu? — indaguei, cruzando meus braços ao rir da sua descrição, por mais que ela fosse estranhamente precisa e que eu conseguisse ver Eduardo saltitando em um lugar assim.

— O que? Só porque o seu teria aço, concreto e vinho? Deixa eu ser feliz do meu jeito, Má — ele arqueou uma sobrancelha, pegando os pedacinhos de vidro da pia com cuidado e, só depois de dois segundos, que eu percebi que aquilo era uma receita pronta para o desastre!

Eduardo + objetos cortantes = Geléia de Eduardo

Essa matemática todo mundo já havia aprendido e não queria mais ter que conhecer.

— Deixa que eu faço isso — pedi começando dar pequenas bundas no seu quadril para que ele se afastasse do local, mas não forte o suficiente para ele se desequilibrar e cair em cima de um caco de vidro — sai pra lá que eu...

Só que eu me perdi nas palavras quando escutei meu celular ser exorcizado de longe, estranhando que ele ainda tinha algum resquício de bateria enquanto o dele estava morto em algum lugar.

— Acho melhor ver o que é, vai que Retúlio tem uma emergência — considerou e eu estreitei meus olhos na sua direção — eu não disse qual o grau de emergência, mas pode variar desde aspargo no hospital até que acabou o vinho na casa deles.

— Com certeza o vinho é alerta vermelho e aspargo é alerta verde — brinquei. Só um pouquinho, né? Eu conhecia meu melhor amigo e Eduardo não estava lá muito errado — vou ver, já terminamos aqui — o jornal já estava cheio de todos os estilhaços (benção ao vidro temperado) e eu apenas o embrulhei e o embalei em uma sacola plástica para jogar no devido lugar.

Apenas depois que eu fiz isso, notei que o Edu estava me observando, quase pronto para me dar uma medalha de mérito por pensar na natureza e nos lixeiros — bem, era quase um dever cívico, não era?

Quando eu pesquei meu celular, perdido no meio das almofadas do sofá, vi que, na verdade, eram ligações frenéticas da minha família, e que o grupo da família estava pegando fogo será que o Patrício e o Enzo estavam discutindo de novo sobre Grey?

Marcele: (imagem)

Marcele: (imagem)

Marcele: (imagem)

Marcele: (imagem)

Marcele: (imagem)

Marcele: (imagem)

Marcele: TEM BEIJO ESCALANDO A MESINHA E EU TENHO PROVAS

Valentina: Olha...

Valentina: Dessa vez parece verídico

Cristiano: Ele vem pro aniversário da Vanessa?

Marília: Eduardo tá limpando a boca da Marcelinha?

Marília: Não entendi

Patrício Mota adicionou Eduardo Senna no grupo

Heitor: GANHEI!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Alessandra: Ah pronto, vou ter que escutar esse homem no meu ouvido até a próxima aposta

Alessandra: Querem fazer uma nova aposta?

Alessandra: Qual vai ser o sexo do M4?

Marcele: MENINO

Bruna: MENINA

Enzo: Vai ser Marceluh?

Valentina: Certeza que é Marcely

Valentina: Ou Marceli

Samantha: Olha aqui, vou falar isso apenas uma vez, mas eu tenho esse direito, porque eu estou gerando uma vida no meu ventre e meus hormônios me dão vontade de comer até sola de sapato

Samantha: Eduardo, se você machucar a minha preciosidade de novo, eu acabo com a sua raça!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Valentina: (figurinha)

Marcele: Fica tranquila que a Celinha é forte e o Edu não é tão tapado de cometer o mesmo erro duas vezes

Valentina: (figurinha)

Samantha: Você acha que a preciosidade é a Celinha?

Samantha: Mozão ficou sem falar de flores por duas semanas quando o Eduardo saiu do grupo!

Samantha: Duas semanas!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Patrício: Projetam o Celão!!!!!

Marcelo: Precisava me expor, Sam?

Marcelo: Hm

Marcela: Foi Retúlio que mandou as fotos?

Marcela: Sabia que foi uma péssima ideia apresentar vocês

Marcele: Para sua informação, quem mandou foi o Leandro

Marcela: COMO VOCÊ É AMIGA DELE?

Marcele: Ele mandou mensagem perguntando se eu gostei dos lençóis que você me deu de Natal

Marcele: Aí a gente continuou conversando

Marcele: Ele está até me ajudando com o tecido do vestido de noiva!

Patrício: Acredite, ele está mesmo

Patrício: E ele disse que a cor da gravata que a gente escolheu não realça meus olhos

Samantha: #CasamentoNoronha

Bruna: OPA OPA OPA

Bruna: PODE PARAR COM ESSA PUTARIA AI

Bruna: JÁ ROUBARAM MEU TROVÃO COM A DATA ANTES DA MINHA!

Bruna: ESSA HASHTAG ME PERTENCE!!!!!!!!

Valentina: (figurinha)

Vanessa: Valentina, isso não modos?????

Cristiano: Marília, dá um jeito na sua filha, pelo amor de Deus

Marília: Ah, bem, vou enfiar no útero para ver se eu faço certo da próxima, que tal?

Adriel: A vontade de sair do grupo aumenta cada vez mais

Enzo: Você só diz isso em voz alta porque já é Noronha

Enzo: Se fosse só um agregado, teria medo

Patrício: Sigo com o relator

Patrício: Mas acho que ser advogado me dá pesos a mais do que ser um corretor de imóveis

Enzo: CORRETOR DE IMÓVEIS?

Enzo: EU SOU A PESSOA QUE FAZ COM QUE A CASA FIQUE MORÁVEL PARA VOCÊ SE APAIXONAR E QUERER MORAR NELA

Samantha: Nem nome tem essa profissão

Enzo: É isso, pra mim chega

Valentina: (figurinha)

Bruna: Não ouse

Valentina: (figurinha)

Patrício: Tirando o drama do Enzo, vamos voltar para o que realmente interessa!

Patrício: (áudio 00:31)

Patrício: (áudio 00:09)

Marcele: AH PRONTO, ELE ESTÁ CANTANDO EVIDÊNCIAS VERSÃO EDUARDO

Marcelo: Minha parte preferida é quando ele canta "pra você passar protetor solar em mim, só quero ouvir você dizer que sim"

Valentina: Como eu disse, tem mais química aí do que com a Marcela

Marcela: Valentina, tome tento e vai estudar pro vestibular, vai!

Alessandra: Marcela, você não estava indo no curso de reatividade?

Marcele: Pela oitava vez, devo lembrar

Heitor: Quando que vocês vão fazer a transferência?

Heitor: Eu tô no PIX

— Ei, amor, você precisa ver isso — eu mostrei a tela do meu celular para o Edu e ele pousou o queixo no meu ombro, sua barba raspando de leve contra a minha pele ao mesmo tempo que deu um beijo na minha bochecha.

Eu amava o seu toque, o seu cheiro, ele. Não sabia se um dia me cansaria de algo ou se seria ele, mas eu sabia que naquele momento, naquele nosso momento, ele era tudo o que eu queria.

Ah, eu estava ficando muito mal-acostumada.

— Eu amo sua família, sinceramente, sabe quando que isso ia acontecer no grupo dos Senna? Nunca, porque minha mãe ia falar para todo mundo se acalmar e fazer terapia — ele roubou o celular das minhas mãos e deslizou o dedo pela tela.

— Talvez a gente devesse fazer terapia — considerei, porque a ideia não era de todo ruim. Na verdade, acho que todo mundo deveria fazer terapia. O mundo com certeza não seria um lugar que parecia um manicômio se fizessem.

— Ei, seus pais apostaram quando que a gente ia voltar? E você não me avisou? — o Edu até tentou ficar indignado, mas falhou miseravelmente na missão quando continuou a ler a conversa, que mais parecia um surto coletivo.

— Ah, claro, amor, eu ia falar para você quando não estávamos mais juntos o seguinte: E aí, Edu, tudo bem? Então, minha família abriu um bolão sobre quando a gente vai voltar a namorar, topa entrar para fazer uma grana pra trocar de carro? — cruzei meus braços, esperando que ele ao menos tivesse o bom senso de enxergar racionalmente ali.

— Pô, eu topava uma graninha extra pra trocar de carro. E ainda vinha com você de brinde — ele me puxou pela cintura e eu rolei meus olhos, impaciente — agora diga "Amazonia"!

E antes que eu conseguisse ter alguma reação além de rolar os olhos, Eduardo tirou uma foto e mandou para o grupo. Óbvio que a beldade de olhos azuis estava com um sorriso que era digno de propaganda de colgate e eu parecia ter uma síncope nervosa.

O celular apitou mais um milhão de vezes depois disso e eu apenas o coloquei no bolso da calça de Eduardo, cansadíssima de interação social com a minha família — ei! Não me julgue!

Nós estávamos zapeando pelos canais da televisão depois de descongelar uma lasanha de berinjela que Cecília havia feito na semana anterior para mim, quando o celular tocou e o Edu levantou uma sobrancelha suspeita na minha direção, indicando que ele não fazia ideia de quem poderia ser — acho que ele se esqueceu da dinâmica da minha vida.

Porque se eu já tinha conversado com os Noronha, então só poderiam ser...

— Se quiser ver quem é, eu mais do que apoio a ideia — eu fiz um olhar pedinte e ele rolou os olhos, aceitando o seu fardo de pessoa de bom coração da nossa relação — eu te amo.

— Eu posso me acostumar com isso — ele me beijou levemente, e se esticou em uma posição estranha no sofá para retirar o aparelho do seu bolso, que estava na sinfonia dos desesperados, já que era a segunda ligação — Romeu, Má.

— Atende, por favor? Ele deve querer saber se a gente não se afogou no temporal de ontem — pedi, batendo meus cílios sem rímel na sua direção e Eduardo apenas estreitou seus belíssimos olhos na minha direção, não resistindo ao se levantar do sofá para esticar as suas costas.

Ele mal conseguiu deslizar o dedo pelo botão verde para ligar o viva-voz quando a voz macia de Getúlio preencheu o ambiente:

— Celinha! Romeu está morrendo de preocupação do seu paradeiro desde que você desapareceu com aquela divindade de homem! — o pediatra disparava as palavras como se estivesse competindo em uma modalidade olímpica — falando nisso, como estamos? Você finalmente aceitou aquela divindade na sua vida? Já disse as três palavrinhas e foi por isso que ele fez o clássico movimento de escalar a mesinha para te beijar? Porque foi muito sexy isso e eu e o Rom repetimos isso várias vezes aqui em casa.

Eduardo me deu um sorriso triunfal e aproximou a boca do microfone quando eu fiz menção de levantar do sofá para impedir que aquele sofrimento se estendesse por muito tempo.

— Oi, Túlio! Estamos bem — o arquiteto começou a falar e eu me lancei na direção dele como um foguete, porém ele levantou o aparelho, deixando-o longe das minhas mãos — e sim, ela me trouxe pra casa. E sim, também, ela finalmente admitiu que me ama, só demorou uns quatro anos para perceber isso, mas quem está contando? Ah, e obrigado, eu ainda me sinto constrangido por vocês me chamarem de divindade.

Falso! — ciciei entredentes, saltando e quase arrancando a sua orelha no processo — Tutti, Eduardo está sendo presunçoso e arrogante!

— Dá um beijo que passa... espera! Marcela disse que te ama? Rommi! Celinha admitiu que ama o Cristal! — não precisei de muito para saber que o barulho de patas de elefante contra o piso eram de Romeu, porque, por mais delicado que ele fosse, ainda era uma besta com pé pesado.

Cristal! Você disse que ama? Eu não me aguentava mais com esse segredo entalado na garganta desde o Natal! — escutei a voz do meu melhor amigo e Eduardo ficou me olhando com a boca abrindo e fechando algumas vezes, como um peixinho dourado buscando comida em seu aquário.

— Você contou para o meu melhor amigo que me amava e não teve a decência de me contar que... desde o Natal? — eu dei um tapa de leve no seu braço, porém o Edu apenas me abraçou, rindo — Eduardo Senna!

— Está brava comigo? Pelo jeito o Getúlio já sabia! Poderia ter me avisado, aí eu não pensaria que você estava tendo um caso com o Gustavo! — ele me recriminou no meio de uma risada.

— Bem, acho que se o Tutti aparecesse com um Gustavo aqui em casa, até mesmo eu teria ficado com ciúmes, então eu te entendo, Cristal — Romeu veio na defesa do arquiteto, que fez uma pequena dancinha de comemoração comigo nos braços, porém eu consegui pegar o celular nesse meio tempo.

A-mi-go! Todo mundo entendeu isso, só o detetive confuso que achou errado! — resmunguei contra o aparelho e Eduardo me atacou pelas costas, me lançando contra o sofá.

— Concordo com a Celinha, ela quase tatuou na testa dele isso — Tutti provou que era mais meu amigo do que eu pensava quando veio ao meu resgate e eu só estuque um baque — ei! Nada disso! Agressividade é coisa da Marcela, Romeu Sampaio!

— Ei, faz tempo que eu parei com a reatividade — comentei, irritada, ao dar uma cotovelada para que Eduardo saísse de cima de mim, porque eu não sentia que havia mais ar em meus pulmões.

— O que realmente interessa é que o Cristal ama a Celinha! E a Celinha ama o Cristal! — Getúlio anunciou e vários barulhos de beijos foram escutados do meu lado da linha, porém eu não liguei, porque, toda vez que um beijo acontecia, Eduardo beijava uma parte do meu rosto e me puxava para mais perto, querendo fundir nossos corpos.

— Eu acho que esse foi o maior segredo que um guardou do outro — o arquiteto comentou, erguendo-se e me levando com ele. Eu não sabia muito bem como nossas pernas se enrolaram tanto, mas eu estava adorando aquela sensação.

— Então é oficial? Mardo é real? — Rom perguntou e eu olhei para Eduardo, esperando que ele concordasse com aquilo com furor e seus um milhão de eu te amos que ele havia me prometido no dia anterior, mas ele apenas sorriu e beijou minha bochecha ao dar uma risada discreta, satisfazendo meus amigos, porém me deixando com a sensação de que ali havia algo que ele ainda queria conversar comigo.

Eduardo estava me ajudando a tirar o tapete da sala para mandar para a lavanderia após termos terminado de conversar com a entidade Retúlio. Eles ficaram um tempinho conosco no telefone, surtando com toda a narrativa de como eu seduzi o Edu com uma vela afrodisíaca e de como ele tentou me deixar no clima com uma playlist do Spotify — não que as duas coisas fossem mentira, né? — então descobrimos que Rom havia conseguido uma vaga para fazer mestrado em blend de vinhos e Getúlio queria começar a pensar em um doutorado antes que eles decidissem seguir adiante no plano de adotar o primeiro bebê Alves-Sampaio, por isso eu e o Edu abrimos um Chandon Rosé, que eu estava guardando para estourar quando M4 nascesse, mas acho que eu poderia comprar mais uma, porque não era uma comemoração sem espumante, não é?

— Nem acredito que o sábado já acabou — Eduardo comentou comigo, enquanto assistíamos a última temporada do nosso diabo (ou ex-diabo) preferido enroladinhos no sofá da minha casa, porque, por mais que eu amasse ir para a cama com ele, acho que a gente se encaixava melhor ali. A cama era grande e cada um acabava rolando para um lado diferente, mas ali, naquele sofá, seu braço passava por cima do meu corpo e minhas pernas se enrolavam contra as dele, no nó mais perfeito que a náutica ainda estava para descobrir.

— Mas a gente ainda tem o domingo — esgueirei meus pés gelados contra suas panturrilhas e ele começou a rir.

— Eu comprei meias de bambu, Marcela, essa farra de me usar como cobertor vai acabar — constatou vitorioso e eu apenas soltei um grunhido nada feliz com aquilo, porque eu adorava que o corpo do Edu sempre parecia ter a temperatura certinha para me aquecer em qualquer momento.

— Mas elas não são você — gracejei, beijando o espaço entre o seu pescoço e seu ombro que estava disponível e não precisava que eu saísse daquela posição de conforto absoluto — vai mesmo deixar meus pezinhos frios?

— Isso é chantagem emocional. Não vale — ele riu, me olhando de soslaio em uma inclinação engraçada.

— Se funciona, eu me sinto realizada — brinquei voltei meus olhos na direção da tela, adorando a conversa que a Linda estava tendo com... bem, vocês sabem quem — mas não espere que eu use no trabalho, porque você ficaria lindo nelas, mas a Andreia só tiraria uma foto e a Sâmia faria um postal disso para o próximo natal.

Eduardo se remexeu desconfortável, embaixo de mim e eu ergui um pouco o meu corpo, sentindo-o se arrumar até que ele estava de barriga para cima e eu estava em cima dele, frente a frente.

— O que foi? — indaguei, a série já completamente esquecida na televisão.

— É só que... hoje está uma delícia me enrolar contigo, Má, e amanhã vai ser ainda melhor se a gente conseguir ir na feira e comprar umas coisas não congeladas pra comer — ele passou a mão no meu rosto, colocando uma mecha de cabelo atrás da minha orelha e eu assisti o reflexo da imagem das asas de anjo nos olhos de Eduardo — só que... e segunda? E depois?

Por um momento, para mim, eu não entendi sua dúvida, o que ele estava me perguntando, porque se nós estávamos ali, se nós já estávamos daquele jeito, sem nos esconder ou correr ou fugir na calada da noite por semanas, então era tão simples quanto isso. Estávamos juntos. Não estávamos?

— Edu, eu... — comecei a falar, sentando no sofá para que ele fizesse o mesmo, porque eu sentia que uma conversa dessas não poderia acontecer com nós dois deitados e enrolados, porque muitas coisas poderiam se perder no meio do caminho.

— Não, Má, eu... eu te entendo — ele segurou minhas mãos e plantou um beijo em cada uma delas, abaixando a sua voz em um tom que eu não estava muito acostumada a escutar vindo dele — admito que eu demorei muito tempo para perceber, para entender, o que significava assumir algo comigo antes. Eu só... sentia insegurança e era idiota, mas agora eu entendo, porque quando todo mundo... tudo... quando aquilo lá aconteceu, com aquela pessoa, teve muita gente falando merda, mesmo que nada tivesse acontecido entre vocês dois. Mesmo que não fosse da conta de ninguém. E eu demorei muito tempo para entender que você não estava mantendo nós dois em segredo por vergonha e sim para se proteger do bando de gente escrota que existe no mundo. E é uma bosta pensar que tudo isso acontece só porque as pessoas não tem nada melhor para fazer de suas vidas além de falar dos outros, inventar merda alheia.

— Edu, não é... — eu tentei falar, porque, por mais que a gente tivesse passado por isso antes, de ter colocado pontos em todos os i's que poderíamos, acho que alguns pontos se tornavam reticências, sobre coisas que não percebíamos.

— E tudo o que eu menos quero é que você passe por isso de novo, porque eu te amo. Não quero nada disso para você, nunca mais — confidenciou e eu me calei, sentindo meus lábios levemente trêmulos — então eu vou entender se você quiser manter isso, nós dois, só entre nós, e não quiser que o pessoal do trabalho saiba.

Acho que existiam pequenos momentos que eu me apaixonava mais e mais por Eduardo, mesmo que eu não percebesse e que ele nem ao menos se esforçasse para tal, mas acontecia simplesmente, porque... porque ele me entendia. Me aceitava. E me amava desse jeito mesmo.

Eu amava que ele era preocupado e me pedia para mandar mensagem sempre que eu saía de uber, adorava que ele era o meu ponto de paz em uma semana tumultuada, que ele colocava as mãos nas minhas costas quando eu estava subindo uma escada ou que me oferecia sua mão sempre que eu saía do carro. E, neste momento, quando ele disse que tudo bem nós mantermos em segredo do que tínhamos, porque ele não queria me machucar? Ah, cara, meus pneus arriaram e eu senti o meu coração bater tão forte, que temi ter um colapso bem ali com ele.

Só que eu não queria um colapso ou um segredo ou tentar me proteger, escondendo que eu estava completamente apaixonada pela pessoa que estava bem na minha frente.

Eu só queria ficar com ele, do jeito que a gente deveria ter feito desde o começo, mas eu precisei de tempo para entender isso. Entender que para se estar com uma pessoa, você tinha que querer ela por inteiro, com ambas as partes cedendo um pouquinho, porque amar poderia ser fácil, mas se fosse fácil demais e não te demandasse nenhum esforço, então você provavelmente não estava fazendo isso direito.

— Ei, amor — eu soltei uma das minhas mãos que estava presa nas dele para tocar o seu rosto, notando que ele estava com o maxilar tenso, provavelmente usando todo o seu controle para não demonstrar o quanto aquela ideia o assustava — eu não ligo para eles. Se as pessoas quiserem qualificar o meu trabalho por estar com você, então elas não conhecem o meu trabalho — eu tombei meu rosto e dei um sorriso frágil quando ele imitou o meu gesto, perdido — eu... eu quero fazer as coisas certas dessa vez. Com termo de relacionamento e tudo. Quero segurar a sua mão, poder sair do seu carro sem correr, te dar um beijo antes do trabalho começar e depois que ele acabar...

— Não no meio do expediente? — me perguntou com um sorriso esperto.

— Não apela — brinquei. Mais ou menos, porque eu ainda entendia que deveríamos ter limites para nós dois quando estivéssemos dentro da CPN — mas é isso. Se quiser, eu quero. Quero muito, porque eu te amo e quero o pacote completo com você.

Ele me olhou por alguns segundos, como se esperasse que eu fosse dizer que estava brincando e que queria ficar na mucosa pelo restante de nossas vidas, mas isso não aconteceu, porque não era o que nenhum de nós queria para o que tínhamos.

— Tem certeza? — indagou uma última vez, me dando um cartão branco para sair correndo caso quisesse.

— Absoluta — eu concordei, me inclinando na sua direção e beijando a sua bochecha com calma, porque eu queria dar tempo. Queria que ele entendesse que, desta vez, nós estávamos na mesma página sobre isso.

— Eu te amo, Marcela Noronha — ele me puxou para cima do seu corpo, me fazendo tombar meu peito sobre o dele em um movimento impulsivo e súbito — tanto que deveria ser proibido — ele murmurou contra o meu pescoço, se afogando nos meus cabelos e amando cada segundo daquilo.

— Eu sei — eu fechei meus olhos, sentindo que o pulsar do meu coração estava completamente sincronizado com o dele. Tudo do jeito que deveria estar.

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Boooa tarde, bambuzetes mais lindas desse Brasiiiil!!!

Mardo conversando com sinceridade e sem caraminhola é nosso nosso novo estado de espírito.

Quem ta amando essa vibe de "eu te amo" e "amor" manda um amor para nós duas aqui hahaha (as biscoiteiras que vocês mais amam).

Agora vai????????????????? Será que estamos mesmo vendo a luz no fim do túnel?????

Esperamos que estejam gostando! Não esqueçam da estrelinha e do surto, porque o amor ta deitando e rolando por aqui <3

Beijinhos,

Libriela <3

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