Max Fraield:

Sai do quarto de Alister, fechando a porta silenciosamente atrás de mim. O corredor da mansão, que antes me parecia imponente, agora exalava um vazio opressor.

Minha mente fervilhava. A flor arco-íris era a única esperança, mas eu precisava de informações. Corri em direção à biblioteca real, um enorme salão repleto de estantes abarrotadas de pergaminhos e livros antigos. Ao entrar na biblioteca, a atenuada luz natural filtrada pelas vitrais coloridas criava um clima austero e silencioso. Jessica estava sentada em uma mesa comprida, rodeada por vários pergaminhos desenrolados. Ao me ver, ela ergueu a cabeça, seus olhos castanhos cheios de curiosidade.

Quando está descansando, ela costuma vir aqui para guardar alguns documentos que passei para a mesma sobre algumas pessoas que não pagaram pela minha ajuda em encontrar os artefatos. Até que ela conseguiu ser melhor que muitos cobradores de dívidas em dois dias. As pessoas sempre pagam o valor de volta e com bônus, que divido com a mesma.

— Max, o que aconteceu? — Sua voz suave, geralmente alegre, agora tinha um tom preocupado.

— Preciso da sua ajuda — disse, respirando fundo para controlar a urgência na voz. — Encontrei uma pessoa para mim com muita urgência.

— Claro, Max. O que você precisa saber?

Se não me engano, essa pessoa atualmente é um adolescente que tem no máximo dezoito anos. Ele seria quem ajudaria os protagonistas da continuação a descobrir sobre a flor e as propriedades dela. Mas também foi o único que seria capaz de fazer alquimia com a flor e torná-la pura. Ainda assim, morando a poucos metros dali, sabia que a guilda iria saber disso. Mas até fazer uma poção, que de certo irá demorar bastante...algo que Alister não tem.

Nesse quesito, precisaríamos de um alquimista capaz de criar através do toque delicado de sua própria pele, combinando os ingredientes de sua alquimia. Suspirei profundamente, deixando escapar toda a tensão que me envolvia, e então compartilhei tudo isso com Jessica. Ela sorriu amplamente antes de se erguer com graciosidade e desaparecer diante dos meus olhos. Eu sabia, sem sombra de dúvida, que ela seria fundamental para o sucesso dessa empreitada. Além de ser uma excelente investigadora, Jessica também possui habilidades na alquimia, o que a torna ainda mais valiosa.

Olhei para o meu reflexo no espelho e me questionei sobre o que poderia acontecer se eu decidisse mudar tantas coisas. Ainda assim, sabia que precisava me livrar de Gabriel o mais rápido possível.

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Na manhã seguinte, meus olhos se abriram com um brilho de expectativa. Um convite para uma reunião no palácio imperial repousava sobre meu criado-mudo, e a promessa de um encontro com o imperador e a imperatriz me enchia de emoção.

Ao descer da carruagem, meus passos eram calmos, mas meu coração batia acelerado. A grandiosidade do palácio me deixava sem fôlego, e a visão dos monarcas me causou uma mistura de reverência e admiração.

Eles estavam à porta, aguardando minha chegada. Seus trajes eram simples para membros da realeza, mas emanavam elegância e poder.

— Saudamos o duque Fraield —disse o imperador, inclinando-se em uma reverência.

— Saúdo às luzes do império — respondi, imitando seu gesto. Seus olhos me fitaram por um breve momento, e senti uma onda de nervosismo me percorrer.

Em seguida, iniciamos nossa caminhada em direção às escadas, o silêncio apenas quebrado pelo som de nossos passos ecoando pelos corredores. A cada passo, a expectativa aumentava, e eu me perguntava qual seria o propósito desse encontro.

Subimos as majestosas escadas, adornadas com tapeçarias e retratos de ancestrais imperiais. A cada passo, a atmosfera se tornava mais densa, o ar carregado de expectativa.

Ao chegarmos ao topo, fomos recebidos por um majestoso salão de baile. O piso de mármore reluzia sob a luz das lustres de cristal, e as paredes eram adornadas com afrescos que retratavam a história do império.

No centro do salão, um trono dourado aguardava, imponente e convidativo. O imperador e a imperatriz me conduziram até ele, seus rostos sérios e impenetráveis.

— Duque Fraield — disse o imperador, sua voz grave e poderosa ecoando pelo salão. — convidamos-lhe aqui hoje para uma missão de grande importância.

Posso dizer que seria algo muito urgente pela expressão dele mudou e olhou para a esposa .

— Queremos que tome a proporção de ajudar uma clínica do império com o caso da doença de mana — a imperatriz continuou, sua voz suave, mas firme. — Precisando de ajuda para....

Suas palavras morreram e olhei para suas mãos que tremiam como as do imperador, eles estavam desesperados.

Muitos nobres investem em centros para o tratamento de doenças de mana, mas para o imperador e a imperatriz pedirem que mais um invista nesse tipo de tratamento estavam desesperados de mais e com um possível filho tendo essa doença.

Mas qual dos filhos ou filhas? O imperador é um ótimo pai para todos os filhos e a imperatriz uma mãe fantástica, mas pela reação deve ser um dos mais novos.

— Precisamos de sua ajuda, duque — o imperador disse, seus olhos fixos nos meus. — Eu preciso que ajude ainda mais.

Em segundos o imperador se ajoelhou à minha frente, isso surpreendeu ainda mais a imperatriz que seguiu os passos dele.

A enormidade da situação me atingiu em cheio, eles realmente estavam desesperados pela situação ainda mais para fazer com que o imperador tivesse que fazer isso de lado e deixar o lado orgulhoso para o lado. Ainda mais com ele me pedindo isso tão abertamente.

— Sei de tudo que meu filho Gabriel fez a você, mas peço que aceitei me ajudar — A imperatriz disse, mas ela estava desesperada demais.

Com certeza eles precisam de muito apoio para ajudar na investigação da doença, me aproximei calmamente e peguei as mãos de ambos. Tanto eu na minha vida passada e o Max queríamos ter pessoas que lutassem pela gente igual o imperador e a imperatriz estão agindo nesse momento.

— Aceito fazer parte da investigação — disse com voz firme, apesar do tremor em minhas pernas. — Farei tudo o que estiver ao meu alcance para proteger o império e seu povo.

Um sorriso se formou no rosto da imperatriz.

— Sabíamos que poderíamos contar com você, duque Fraield — ela disse, enquanto o marido pegava a mão dela e limpava as lágrimas de seu rosto. — sinto muito por nós ver nesse tipo de situação.

— Não julgo ninguém por se importar com a família — falei com um sorriso, pegando um papel que havia guardado. — Mas o que tenho aqui é resultado de uma investigação sigilosa que o antigo duque me entregou deliberadamente.

Forcei Diego a me contar tudo, mas fiz o possível para que ninguém desconfiasse ou a informação vazasse.

Ambos leram o conteúdo calmamente, limpando as lágrimas dos olhos. Suas expressões se transformaram em descrença. Imagino que seja devastador ver que um de seus filhos planejava uma rebelião e ainda queria matá-los.

A dor de ver que alguém que deveria ser sua família deseja sua morte por algo tão simples, e que isso causou o mal de muitos outros.

— Max... digo, duque Fraield — o imperador disse depois de recuperar a voz. — Tem certeza disso que está escrito aqui?

Ainda existia a esperança de que alguém como Gabriel poderia mudar? Infelizmente, pessoas como ele nunca mudam, só sabem usar as pessoas para seu próprio bem-estar. Balancei a cabeça com a minha melhor cara de certeza.

— Meu irmão mais novo foi um dos experimentos dessa cura que Gabriel desenvolveu e seu estado é quase de um boneco vivo — falei calmamente e lentamente. A expressão de ambos se fechou com tanto pesar que me senti mal por eles descobrirem desse jeito.

A imperatriz apertou o frágil pergaminho contra o peito, o tremor em suas mãos denunciando a angústia.

— Max, isso... isso muda tudo. Como ele pôde fazer isso? Com a própria irmã?

— Ele não hesita em sacrificar ninguém em nome de sua ambição — respondi, a voz firme apesar da raiva que queimava por dentro. — E a 'cura' que ele desenvolve? É uma farsa. Um experimento cruel que transforma as pessoas em marionetes vivas.

O imperador se levantou abruptamente, a face contorcida em fúria.

— Mentiroso! Ele prometeu a salvação sem ter!

— Prometeu mentiras! — rebati, me colocando de pé para encará-lo. — Enquanto ele brincava de Deus, o povo sofria. Pessoas inocentes morreram por causa dele, e meu irmão... meu irmão está pagando o preço e muitos outros irão ficar desse jeito sem nem perceber.

Um pesado silêncio se instalou na sala. A dor pairava no ar, sufocante. Então, a imperatriz ergueu a cabeça, os olhos marejados, mas cheios de determinação.

Realmente a mesma estava abalada, mas se manteve firme.

— Precisamos detê-lo. Não podemos deixar que ele continue com isso e deixando muitos morrerem.

— Eu não vou deixá-lo — confirmei, meu olhar fixo no dela. — Mas ele ainda vai achar que ninguém sabe de nada e vai continuar praticando esses atos a menos....

O imperador me fitou por longos segundos, seus olhos carregados de uma mistura de fúria e incredulidade.

— E ainda tem a audácia de colocar a culpa em outra pessoa? — rosnou ele, a amargura em sua voz cortando o ar como uma lâmina.

Em um movimento brusco, ele se levantou, imponente em sua fúria.

— Chamem os guardas! — ordenou ele com voz tonitruante. — E tragam-me meu filho Gabriel imediatamente!

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