Capítulo Dezesseis
Max Fraield:
Afinal, não precisava me preocupar com ele. Além de ser filho de um Duque, o que me parava? Só porque terminei com Gabriel, isso não dificultaria minhas futuras propostas de casamento.
Isso não deveria afetar minha família também. Isso quer dizer que mesmo se meu noivo fosse um príncipe, terminar meu noivado devia ter sido uma coisa bem simples.
Antes de sair da sala, ouvi Steven me chamar.
— Por que não conversam com ele mais profundamente? — Steven supôs para Gabriel. — Não tem como piorar as coisas
Vida, por que ele não aceita? Dei o que ele queria há muito tempo. Estava na cara que Steven estava adorando a humilhação que dava em seu irmão. Qualquer um poderia ver isso, quer dizer, menos todo mundo, pois Gabriel parecia acreditar nisso, o que chegava a ser cansativo. Como alguém desse nível chegou a ser uma boa escolha como protagonista de uma história e ainda mais ser um bom herói para o mundo?
— Por quê? Estão insistindo tanto em fazer ele e eu casarmos? — Perguntei. — Ele pode se casar com qualquer pessoa, não quero um homem que me trai o tempo todo, me humilhe e chora só de ouvir alguém falando a verdade para ele.
— Você não pode terminar comigo — Gabriel falou se aproximando de mim. — Não, acredito que não me ama mais. Eu... — Gabriel hesitou mordendo o lábio. — O que aconteceu com você tão de repente?
— De repente? — Perguntei o encarando, e ele se encolheu. — Isso não era o que você queria? Você é tão engraçado, quero dizer, não é por isso que você mostrava seus amantes na minha frente, certo? De jeito nenhum você iria querer um trio.
Gabriel abaixou os olhos e vi como ele estava nervoso. Steven ficou ainda mais sem graça.
O que há com esse olhar deles? Não teria razão para ele fazer essa cena, a não ser que ele não queira terminar.
Nah, isso não pode estar certo...
Então o que é isso, exatamente?
Hm... huh?
Olhei para Gabriel e me surpreendi ao ver seu rosto vermelho.
Por que a cara dele está tão vermelha?
— Então, meu ponto é... Eu não quero terminar — Gabriel falou. — Desejo que volte a ser o meu noivo. Assim, poderei mostrar aos meus pais que estamos em bons termos e que teremos um casamento feliz.
Me espante com o que ele acabou de dizer, nesse caso. Então ele não quer, huh.
— Hum — Falei pensativo. — Ah Você tem fetiche de trair as pessoas? Estou certo?
Naquele momento tenso, a atmosfera na sala parecia carregada de eletricidade, com palavras pesadas pairando no ar. O silêncio se instalou por um breve instante após minha pergunta direta, criando uma tensão palpável entre nós.
O olhar de Gabriel tornou-se incerto, como se tentasse encontrar uma resposta que não queria admitir. Seus lábios tremeram antes de finalmente soltar uma resposta, carregada de defensividade.
— Fetiche? Do que você está falando? Isso é ridículo! — exclamou ele, sua voz elevando-se em um tom nervoso, enquanto Steven assistia à cena com um sorriso cínico.
Minha surpresa refletiu em minha expressão, afastando-me dele como se tivesse sido atingido por algo indesejado. A sugestão de que ele poderia ter um fetiche estranho trouxe uma nova dimensão à situação, uma que eu não estava preparado para enfrentar.
— Espera, você quer dizer que fica excitado quando outras pessoas estão assistindo? — indaguei, incapaz de conter minha incredulidade.
A reação de Gabriel foi explosiva, suas feições contorcendo-se em descrença e raiva. A confirmação não verbal de suas emoções veio quando me afastei, como se estivesse repelindo a ideia recém-descoberta.
— Por que diabos você continua pensando assim? Isso é loucura! — Gabriel retrucou, surpreso com a reviravolta da conversa, enquanto Steven ria, quase como se estivesse se deliciando com o desconforto alheio.
A verdade pairava no ar, mas a hesitação de Gabriel era evidente. As palavras ficaram presas na garganta dele, mas seu silêncio falou volumes. Uma sensação de choque e traição se misturava enquanto eu processava a possibilidade de que sua intenção era me humilhar.
— Então, se não é isso... — murmurei, refletindo sobre a situação. — Você só gosta de me assediar?
O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas por uma tentativa frustrada de Gabriel em articular uma resposta. Steven, por outro lado, levantou-se do sofá, um sorriso de satisfação estampado em seu rosto, como se estivesse assistindo a um espetáculo particularmente divertido.
A revelação final, a constatação de que tudo se resumia a uma forma cruel de humilhação, ecoou dentro de mim. Suspirei, expressando meu desencanto.
— Então é isso. Aqui estava eu, pensando que suas palavras tinham algum significado mais profundo. Desculpe por esperar mais de você. Descobrir dessa maneira é definitivamente desagradável, mas ao menos acordei a tempo para evitar que suas humilhações se tornassem públicas.
De acordo com as memórias de Max e as cenas da novela, os escandalosos casos de Gabriel com outras pessoas eram justificados pelo fato de que "seu noivo era uma pessoa muito fechada e tinha uma personalidade difícil de entender". Isso gerava críticas constantes sobre ele.
Pobre Max...
Teve que suportar toda a dor em silêncio, já que todos sussurravam que era sua culpa por onde passava.
Meus amigos da vida passada também culpavam Max pelos casos de Gabriel, e vejo que isso não é diferente nesse lugar.
— ... mas... m-mas... foi você quem me assediava primeiro? — Gabriel gritou.
— Você não se apegava excessivamente a mim? Você não me incomodava com as menores coisas? Você chegava sem ser convidada várias vezes — Gabriel retrucou. — Foi difícil para mim também, sabe? Não tinha ninguém para me dar carinho ou amor.
Então foi por isso que ele ficou calado todo esse tempo! Se fazendo de vítima, hein? Você realmente acredita que somos iguais?
— Essa foi a pior desculpa que já ouvi na minha vida! Nunca fiz essa coisa, pois não me achava bom para você! — Falei me virando. — Mas agora, vejo que estou certo em romper nosso noivado, seu grande idiota! Só saiam da minha casa, acabamos por aqui!
— Você é um grande idiota! — Steven gritou. — Não, falei para se tornar um grande idiota com as palavras, nosso pai não vai ficar feliz com isso!
Gabriel me olhou com lágrimas nos olhos. Se fosse anteriormente, o perdoaria, mas ele é só um babaca.
— Saiam logo daqui! — Falei, saindo daquele espaço.
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No corredor, encontrei Jéssica segurando o riso.
— Você ouviu tudo? — perguntei enquanto andávamos. — Esse cara é um grande idiota! Quase senti vontade de matá-lo.
— Devo dizer que o Diego não vai ficar feliz com isso — Jéssica falou, sorrindo para ela mesma. — Você vai levar uma grande bronca.
Dei de ombros.
— Ele pode vir, não me importo. Meu pai não me atrapalha nos meus negócios. Afinal, ele não tem muito poder aqui em casa ou em qualquer lugar — falei.
— O que está havendo com você, senhor Max? — Jéssica perguntou.
— Estou mudando e não vou aceitar nada de cabeça baixa — falei. Mal sabia que os príncipes teriam um plano para me fazer ver os dois novamente.
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Passei o resto do dia tranquilo, no lado de fora da casa, tomando um pouco de chá com um livro em mãos. Até que uma pessoa veio me incomodar.
— O que deseja, Diego? — perguntei sem olhar na direção dele.
— Como sabia que era eu? — ele perguntou.
— Já senti meu clima acabando — falei sem me virar para ele. — Se veio tentar me convencer a ser mais amoroso com o príncipe, pode desistir. E lembre-se: quem manda na mansão sou eu.
— Quero saber o que aconteceu com você — Diego disse. — Você está muito raivoso nesses dias. Já não basta ter tentado fugir de casa, agora faz o príncipe Gabriel ser destituído do título de próximo imperial e rompe o casamento de vocês.
— Às vezes me surpreendo que você nunca se preocupou comigo — falei. — Ou quis saber de mim. Só tem seu ódio mirado na minha direção, como a Alice e o Alister. Em raras ocasiões, você era gentil comigo, como o Gabriel, que era gentil especialmente em eventos públicos, onde nós dois não tínhamos escolha a não ser estarmos juntos. Como você fez comigo. Por isso tomei uma decisão.
— Qual decisão? — ele perguntou.
— Devo limitar a liberdade daqueles que são contra mim — falei, me aproximando. — Você nunca teve três filhos, não é? Esses dias ouvi uma conversa do idiota do Miguel e de uma amante dele antes do mesmo ir embora desse lugar às pressas. Você suspeitava que minha mãe o traiu antes que eu nascesse.
Me afastei e vi sua expressão se perder. Finalmente, ele olhou para o livro que tinha em mãos. Estava na capa que reconhecia: o próprio diário, dos muitos que tinha em seu quarto.
— Magia de sangue. Só quem tem seu sangue conseguiria abrir esse livro — falei, assobiando. — Li todos os seus segredos. O mais interessante é que você quem traia minha mãe, não o contrário. Quando nasci com os cabelos ruivos, você criou essas suspeitas, já que nunca existiu um Fraield com os cabelos ruivos ao invés de castanhos.
Joguei o diário para o lado, notando seu desespero. Mas as amarras tomaram conta de tudo e ele apenas se abaixou para pegar o livro.
— Você realmente é um nojo como ser humano — falei sem me virar e olhar para ele.
Ele se abaixou para pegar o diário, as mãos trêmulas revelando a tempestade de emoções dentro dele. Dei as costas, saboreando a vitória de vê-lo quebrado novamente. Mas a satisfação durou pouco.
— Max... — a voz de Diego era rouca, um sussurro quase inaudível. — O que... o que vai fazer comigo?
Me virei lentamente, a raiva dando espaço a uma frieza calculista.
— Depende. Você pode escolher cooperar, me contar tudo o que sabe sobre os planos dos príncipes e da Alice sei que estão se comunicando por cartas escondidas. Ou... — fiz uma pausa dramática, deixando a ameaça pairar no ar — posso tornar a sua vida um inferno bem particular.
Diego ergueu a cabeça, um lampejo de desafio nos olhos.
— Você não pode me prender aqui para sempre, Max. Alguém vai notar.
dei um sorriso lento e cruel.
— Subestima-me, Diego. Você ficaria surpreso com o que posso fazer para garantir o silêncio. E acredite, a segurança desta casa é bem mais impenetrável do que você imagina. Vários dos seus inimigos gostariam que eu assumi o poder.
O desafio nos olhos de Diego vacilou, substituído por um medo genuíno. Ele sabia que você falava a verdade. Você tinha o poder, a magia e, agora, a determinação para fazê-lo pagar por tudo.
— O que você quer saber? — perguntou ele, a voz derrotada.
Sorri.
— Tudo. Absolutamente tudo. E se você tentar me enganar, se omitir alguma coisa... bem, digamos que seu diário contém segredos bem mais obscuros do que você imagina. Segredos que eu adoraria compartilhar com cada inimigo seu e deixar que eles façam o que quiser com você.
Diego engoliu em seco, o rosto pálido. Ele sabia que você não estava blefando.
— Eu... eu conto tudo — murmurou ele.
Asseti com a cabeça, satisfeito.
— Ótimo. Então vamos começar...
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