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Capítulo 9

♥ Fred ♥

Com as plantas criando um biombo verde na nossa frente e a sombra do muro nos misturando com a penumbra da noite, nós estávamos invisíveis para alguém dentro de casa, com a privacidade que eu queria para continuar a conversa.

Eu entendia porque a Mariana estava alterada com a proposta. Ter um filho com um cara que ela tinha conhecido há dois dias, parecia mesmo loucura. E não dava, também, para ficar chateado por ela achar que foi um subterfúgio para transar. Não depois da demonstração da minha elevada maturidade, chamando ela de mariola, e do que tinha rolado na despensa.

Mas eu tinha passado a tarde inteira tentando não pensar no beijo, o que carregou meus pensamentos para outro assunto que estava me incomodando, e que virou um caldeirão borbulhando dentro da minha cabeça, misturando os comentários da Milena, sobre eu não ter tanto tempo como eu pensava, a morte precoce dos meus pais, os ecos de todas as brigas que eu tive com a Camila por causa de filhos, que se somaram ao aperto no meu coração ao me lembrar da tristeza da Mariana ao falar do mesmo assunto.

Talvez, fosse mais difícil que eu pensava, alinhar sentimentos e objetivos num relacionamento.

Se a Mariana, que sempre sonhou com aquilo, não conseguiu; se o amor que eu e a Camila tivemos um pelo outro, não foi suficiente para abrir concessões e manter nosso casamento; como eu podia relaxar e esperar, simplesmente, acontecer?

Amor recíproco por uma mulher que quisesse filhos tanto quanto eu, antes que a morte me pegasse de surpresa sem sentir a emoção de segurar meu filho no colo. Os milhões de casais no mundo que conseguiam tal façanha, faziam parecer fácil, mas será que eu podia me dar ao luxo de deixar tudo nas mãos do acaso? Ou será que a Mariana aparecer no meu caminho, naquele exato momento, tinha um motivo maior?

A conclusão de que era para termos um filho foi muito óbvia, mas as experiências da Mariana não eram as mesmas que as minhas. Se ela não tinha a mesma lista de sintomas que eu, como esperar que ela chegasse ao mesmo diagnóstico?

Por isso, eu precisei falar, ou ia ser pior. Quando eu segurava as coisas dentro de mim por muito tempo, elas tinham a tendência de explodir de qualquer jeito, como refrigerante jorrando de uma garrafa por causa de uma coisinha tão insignificante quanto um Mentos jogado dentro dela. Talvez, se eu conseguisse expor meus pensamentos de maneira lógica e sensata, ela pudesse enxergar meu ponto de vista.

Eu respirei fundo e mantive a voz o mais calma possível.

— Eu não consigo parar de pensar na nossa conversa de ontem à noite. Se ter um filho é uma coisa que você quer, e eu também quero, por que não fazer acontecer? E se você está disposta a aceitar um doador de esperma anônimo, não é melhor o de alguém que vai te apoiar durante a gravidez e depois te ajudar com a criança?

— Isso não faz sentido! — Ela coçou a testa, a mão trêmula. — A minha pressa é justificada. Eu tenho trinta e cinco anos, o meu tempo de engravidar está ficando cada vez mais curto, mas você? Quantos anos você tem?

— Trinta e três, mas...

— Trinta e três anos! — ela me interrompeu antes que eu dissesse que idade não significava nada. — Você tem todo o tempo do mundo pra ter quantos filhos você quiser.

— Tenho mesmo? Se é tão fácil conhecer alguém que quer a porra de um relacionamento e filhos, por que você ainda não conseguiu?

O meu tom, mais ríspido que foi a minha intenção, a machucou, e ela deu um passo para trás, se afastando de mim. Eu estendi a mão, com a palma para fora, tentando acalmar os ânimos.

— Eu não falei por maldade, eu quis dizer que se não aconteceu pra você, que motivo eu tenho pra acreditar que vai acontecer pra mim? Por que não aproveitar a chance que está aqui, agora. Quando será que a gente vai ter outra? Se a gente vai ter outra?

— Porque a gente não pode pensar só em nós dois. Tem a sua sobrinha. Esse é um momento delicado, com a sua irmã tentando ajudar o meu irmão a se aproximar dela. Nada pode atrapalhar isso.

A Mariana era uma mulher racional. Mais de uma vez, ela já tinha demonstrado que preferia uma conversa direta e franca a ficar dando voltas que não levavam a lugar nenhum. Minha melhor chance era não fugir desse padrão.

— Mariana, eu não tô te propondo um relacionamento romântico. Eu nem sei se eu estou pronto pra isso, eu acabei de me separar. Eu estou sugerindo a gente ter um filho. E se você se sentir melhor fazendo pelo método artificial, eu topo. Eu doo o esperma, você, o óvulo. A gente racha o custo da inseminação e pronto.

Ela mordeu o lábio inferior, a expressão impassível. Ela podia ganhar milhões jogando pôquer, perfeita em não deixar nada do que acontecia dentro dela, escapar. O único sinal que ela deu de que eu devia me preparar para ouvir meu veredito, foi uma rápida puxada de ar pela boca.

— Olha, Frederico, eu estou vendo que você realmente pensou bastante, e eu agradeço você estar me fazendo essa proposta, mas eu não posso aceitar — ela respondeu com firmeza, me olhando nos olhos, e foi a minha vez de tentar esconder minha decepção, mas eu tinha certeza que minha cara de paisagem não se comparava com a dela. — Tem outros fatores que eu não posso ignorar nessa equação. Pra começar, eu moro em Porto Alegre, e você aqui, só aí já fica muito complicado.

— Tudo bem. — Eu me recolhi a minha insignificância, enfiando as mãos no bolso. Mas porque persistência era uma das minhas melhores qualidades, eu insisti. — Eu sei que eu te peguei de surpresa. Pensa melhor. Se você mudar de ideia, me avisa.

— Eu não vou mudar de ideia.

Eu me despedi com um aceno de cabeça, e passei por dentro da garagem, saindo de volta na frente da casa. A Bia estava na cozinha e eu não estava a fim de explicar o que eu estava fazendo sozinho com a Mariana no quintal. E eu precisava de alguns minutos para me recuperar.

Rejeição era uma puta de uma merda!

Eu não era idiota, eu sabia que tinha mais chance de a Mariana recusar que aceitar, mas é incrível como mesmo quando a esperança é só um fiapinho de nada, a gente se agarra nela. Não me consolava nem saber que os motivos dela não tinham nada a ver comigo. Ela podia, pelo menos, ter pedido um tempo para pensar. Porra! Meu oferecimento de ir numa clínica passar pelo constrangimento de me trancar numa sala, me masturbar e gozar num copinho, merecia mais que uma recusa tão definitiva e segura como a que ela me deu.

Mas, tranquilo. Bola pra frente. A vida continua.

Bati um carimbo de rejeitado na pasta de filhos com a Mariana e guardei no arquivo de tópicos a serem esquecidos.

Era uma pena desperdiçar a chance óbvia que o destino estava me dando, mas fazer o quê?

E numa coisa ela tinha razão — irritante como ela tinha razão em quase tudo, aquela mulher! Eu não podia perder o foco da situação do Lourenço com a Alícia. Não fosse a Mariana consumindo meus pensamentos, eu já teria arrumado um jeito de perguntar à Bia porque ela tinha escondido que a minha sobrinha tinha o mesmo nome da avó paterna, detalhe que eu só descobri naquela manhã, vendo a tatuagem que o Lourenço tinha feito em homenagem à mãe. E não dei a devida importância na hora, por causa da tentação de biquíni branco.

Não era o caso de querer controlar tudo na vida da minha irmã. A Alícia tinha achado engraçado, a coincidência, e não desconfiou de nada, mas não era porque ela era criança, que eu ia subestimar a inteligência da menina. Eu só queria ter certeza que a Bia não estava escondendo nenhum outro detalhe idiota que ia voltar a me pegar com cara de mané e nem um pouco preparado para salvar a situação, se fosse o caso.

O Lourenço estava sentado no sofá, com o celular na mão, e me olhou confuso quando eu entrei na sala. Não tinha meia hora que a mesma cena tinha se desenrolado, mas, para a minha sorte, ele não me pediu nenhuma explicação sobre como eu podia estar entrando de novo se eu não tinha saído.

Uma olhada para a cozinha foi o suficiente, a minha pergunta para a Bia ia ter que ficar para outra hora. As meninas estavam lá com ela, debruçadas em algo em cima da mesa. E como eu não podia conversar com a minha irmã, eu ia resolver outro assunto, igualmente importante.

— Posso te atrapalhar, um minuto? — Eu sentei perto do Lourenço, para a nossa conversa não chegar na cozinha.

— Não me atrapalha. — Ele guardou o telefone no bolso da calça.

— Eu não sei se a Bia te falou, mas o Diego vem buscar as meninas amanhã de manhã.

— Ela me disse. Elas passam o final de semana com ele.

— Desculpa a grosseria, mas ia ser melhor se você não estivesse aqui na hora que ele viesse.

O Lourenço não pareceu ficar surpreso com o pedido. Um confronto dele com o homem que a Alícia chamava de pai não ia ser bom pra ninguém.

— Sem problemas — ele concordou com um aceno firme. — Eu tenho umas paradas pra resolver amanhã cedo. Mas a Bia não vai ficar sozinha com ele, vai?

— Nem pensar. Eu venho antes de ele chegar. Ela não vai ter outra dor de cabeça por causa dele.

— Melhor assim. Eu sempre quis quebrar a cara daquele playboy, e agora não é uma boa hora pra eu ser preso de novo.

— Então, deixa comigo. — Eu dei uma risadinha. — Eu sou réu primário.

O Lourenço soltou uma gargalhada.

— Posso saber o que é tão engraçado? — a Bia interrompeu a conversa, a cabeça inclinada e os olhos estreitos de desconfiança, segurando uma travessa de arroz, a caminho da mesa de jantar.

— Nada. Eu só estava dando umas dicas pro Lourenço, de onde ir, se ele quiser dar um rolé. É sexta à noite.

— Hum — ela resmungou, virando as costas e andando até a mesa. — Alguém viu a Mariana? O jantar está pronto.

— Ela está lá fora. — O Lourenço ficou de pé. — Eu vou chamar.

Eu segui a Bia e o Lourenço de volta até a cozinha. Ele continuou, indo para o quintal à procura da irmã.

— Esse é o meu jantar? — eu perguntei, depois de dar um beijo na cabeça das meninas, olhando o monte de verduras que elas tinham terminado de jogar numa travessa, no que tinha uma leve semelhança com uma salada.

— A Berê deixou um quibe assado de quinoa com ricota pra você. Leva pra mesa, por favor? — A Bia me entregou um par de luvas térmicas. — Por que você não vai com ele?

— Ele, quem? Aonde? — A mudança de assunto, me confundiu.

— Sair. Com o Lourenço?

— Ah! — Eu me ocupei em tirar a comida do forno para disfarçar e ganhar tempo para pensar numa desculpa. Que nem foi difícil de achar. — Eu tenho que trabalhar. Eu tirei o dia de folga pra terminar de conferir os documentos e nem cheguei perto deles.

— Mas você mesmo disse que com a Mariana te ajudando estava mais fácil. Por que você não aproveita e sai um pouco? Você trabalha muito.

Meu olhar foi atraído pelo vulto da Mariana lá fora, conversando baixinho com o irmão. Eu soltei a respiração que eu nem tinha percebido que eu prendi, quando os dois se viraram e começaram a vir calmamente para a casa. Nenhuma ameaça de prisão ia impedir o Lourenço de quebrar a minha cara se soubesse o que eu tinha acabado de propor à irmã dele, mas pelo jeito, ela tinha sido discreta.

Até que a ideia da Bia, de sair e me distrair, não era das piores. Nada melhor para superar uma rejeição que uma mulher gemendo no meu ouvido. Mas, a verdade é que eu não estava a fim. E se eu considerasse a quase certeza de ter perdido a ajuda da Mariana, eu precisava, realmente, dedicar algumas horas da minha noite ao trabalho, ou a promessa que eu tinha feito para a Naiara, já era.

— É, mas a Mariana não veio aqui pra trabalhar — eu respondi. — Ela já me ajudou ontem. Eu que tenho que me virar.

O clima na mesa do jantar foi tenso. O silêncio quebrado só pela tagarelice das meninas com o Lourenço. A Bia estava calada, fingindo comer, empurrando as folhas verdes pelo prato, achando que estava enganando alguém. Eu não estava inspirado para participar das brincadeiras, preferindo estudar, disfarçadamente, a Mariana pensativa, dando um sorrisinho distraído cada vez que as meninas riam de alguma piadinha do Lourenço, e o irmão olhava para ela com a testa franzida.

Eu e a Mariana conseguimos não cruzar olhar durante a refeição inteira. Nem depois, enquanto ajudávamos a Bia a tirar a mesa e arrumar a cozinha, confirmando as minhas suspeitas de que eu tinha ferrado com tudo de verdade, e estava por conta própria.

Por isso, foi muito difícil disfarçar o meu espanto quando, ao me despedir, a Mariana se levantou e fez o mesmo.

Assim que ficamos sozinhos na varanda da Bia, foi impossível segurar as palavras.

— Você não precisa fazer isso. Tudo bem se você não quiser mais me ajudar — eu ofereci a saída fácil.

— Uma coisa não nada a ver com a outra. Eu falei que eu ia te ajudar, e eu não tenho motivos pra mudar de ideia.

A resposta fez meu coração, já disparado pela simples presença dela, se acelerar mais. Pelo jeito, a definição de 'ferrar com tudo' da Mariana era mais tolerante que a minha.

E se ela queria pensar daquele jeito, melhor para mim. Eu não ia negar que era uma mudança relaxante lidar com uma mulher que não complicava ou distorcia situações para tirar vantagem e sair por cima.

Fazer o quê? Era patético, mas era verdade. Se ela não queria os meus beijos, se ela não queria ter um filho comigo, eu aceitava de bom grado a migalha que ela me oferecia em forma de ajuda para trabalhar. Um segundo de atenção da Mariana ainda era muito melhor que uma noite inteira de distração sem compromisso nos braços de uma outra qualquer.

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