Capítulo 23
♥ Fred ♥
Não que eu estivesse contando, mas devia ser a milésima vez que o meu polegar deslizava pela tela do celular, empurrando minha lista de contatos para cima, puxando minha lista de contatos para baixo, clicando num aplicativo, clicando em outro, voltando, empurrando minha lista de contatos para cima, puxando minha lista de contatos para baixo...
Nenhuma mensagem nova nos últimos quinze minutos.
Claro que não! Quase meia-noite, todo mundo estava ocupado com coisas mais importantes. Como estar entre amigos, comemorando tudo de bom que tinha acontecido no ano velho, recebendo de braços abertos o ano novo.
Tá bom! Eu empurrei a amargura goela abaixo com um gole de cerveja morna.
Bem que eu tinha tentado. Eu ganhava pontos pelas boas intenções, não ganhava?
Eu me curvei à insistência do Ângelo e estava passando o réveillon no apartamento dele e do Elias, em Santa Tereza. Eu tinha chegado com a minha oferenda em forma de duas caixas de long necks e uma garrafa de vodca. Cumprimentado todo mundo, rostos conhecidos e novos, com um sorriso. Espalhado a minha simpatia pela festa como se fosse o pó da felicidade.
Mas o esforço tinha me deixado exausto e eu desabei meu traseiro desanimado numa poltrona solitária no cantinho da sala, usando minha melhor fantasia imaginária de porco espinho: Aproxime-se por sua conta e risco!
Estava funcionando. Tinha um tempão que as minhas únicas companhias eram o meu celular e a grande chance de desenvolver LER.
Ou não.
— Cerveja quente dá dor de barriga, ninguém te avisou? — O Ângelo me estendeu uma long neck estalando de gelada.
Aceitei agradecido e larguei o celular e a outra garrafa quase vazia, perto de uma pilha de livros artisticamente empilhados na frente de um abajur roxo em cima da mesinha pintada de vermelho sangue do meu lado.
Eu não tinha passado a última meia hora bebericando suco de cevada morna por ter adquirido um gosto especial por bebidas que tinham sabor de purgante e o grande potencial de funcionar como um. Mas buscar outra cerveja significava ter que levantar, atravessar a sala, entrar na cozinha, abrir o congelador e voltar só para encontrar a minha poltrona ocupada por um casal se agarrando como se o mundo fosse acabar caso eles não trocassem a cota anual mínima de saliva antes das doze badaladas do relógio.
Não, muito obrigado. Eu estava super bem onde eu estava.
— Me diz que você entregou os pontos e estava ligando pra Mariana? — O Ângelo esperou minha resposta tomando um gole de cerveja com o quadril apoiado na parede do outro lado da poltrona que a mesinha não estava.
Não era a primeira vez que ele tentava me convencer a ligar para a Mariana, mas só porque ele não sabia tudo o que tinha acontecido no Natal. Eu tinha confessado que eu tinha sido um babaca e que ela tinha ido embora puta da vida comigo (o que eu não tinha visto, mas devia ser verdade). O resto era íntimo demais para eu abrir até mesmo para o meu melhor amigo.
— Quantas vezes eu vou ter que repetir que eu não tenho o telefone dela? — Eu deitei a cabeça no veludo verde bandeira do encosto para ficar mais fácil olhar para ele. — Ou que esse assunto morreu?
— A sua irmã tem o telefone do irmão dela. E pra que existe Google, Facebook e Instagram? — O engraçadinho deu um sorriso debochado. — Não foi o que você me disse?
Quase. A única diferença foi que eu disse que o irmão dela tinha o telefone da minha irmã, quando ele me perguntou como a Mariana ia me avisar se estava grávida quando o burro aqui tinha deixado a mulher voltar para Porto Alegre sem nenhuma maneira de entrar em contato.
Quando eu entrei em casa, depois que a Bia tinha ido levar as meninas para o Diego, eu sabia que a minha chance de convencer a Mariana a ignorar o pedido da minha irmã para ela ir embora, era mínima, e estava com a cabeça viajando em mil alternativas para conseguir passar o máximo de tempo possível com ela. O meu plano de deixá-la de quatro por mim, dependia daquilo. Imagina ser recebido com a pedrada de que ela estava voltando para Porto Alegre?
Eu fiquei louco. Fora de mim. Possuído por um espírito maligno.
Sempre que eu lembrava de como eu tinha agido com a Mariana, minha vontade era cavar um buraco até o inferno e atravessar os portões das trevas de braços dados com o meu novo amigo, Lúcifer, resignado a queimar no fogo eterno. Isso nos meus momentos mais otimistas, porque nem o capeta ia querer a porra de um babaca desgraçado como eu por perto.
Depois de tudo o que eu fiz e falei, imagina a reação da Mariana se eu tivesse me despedido com um: e aí, mariola, eu sei que eu acabei de te tratar como uma vagabunda da pior espécie, mas dá pra deixar seu telefone?
Eu, que tinha enchido o peito dizendo para a Naiara que não me considerava um babaca. Eu, que tinha juntado várias pistas que me levaram a acreditar que a Mariana vinha de uma série de relacionamentos ruins. Eu fazia o quê? Provava a tese dela de que homem era tudo igual. Tudo mau-caráter. Mas o pior, o que estava me massacrando de culpa, era lembrar como ela tinha aceitado todas as minhas barbaridades. E por quê? Porque quando uma pessoa apanha da vida, é maltratada e menosprezada, ela se acostuma. Respeito e carinho é que se tornam a exceção, o surpreendente.
Se alguém aí souber de castigo pior que arder eternamente no mármore do inferno, pode falar. Estou aceitando sugestões.
— Ela não ia me atender, pra que perder tempo? — eu menti na cara dura.
Não porque eu achasse que era perda de tempo ligar para ela, ou que ela fosse me atender. Eu não fazia a ligação por medo que ela fizesse justo aquilo. O que eu ia dizer? Como justificar um comportamento que eu mesmo considerava injustificável?
— Você só vai saber se você tentar — o Ângelo argumentou, desistindo do deboche. — Você não quer saber como ela está?
Só a cada segundo do meu dia. Minha mais nova obsessão era pensar no que ela estava fazendo, com quem ela estava, se ela estava rindo ou chorando, comendo ou dormindo, planejando o meu assassinato ou me considerando indigno de entrar nos pensamentos dela nem que fosse para imaginar maneiras horríveis de acabar comigo. Mas eu estava descobrindo que o limbo era, na verdade, um lugar superconfortável. Eu estava até pensando em me mudar para lá em definitivo. Construir uma casinha simples, viver da natureza, quem sabe adotar uns vinte gatos?
A única resposta que eu consegui dar para o Ângelo foi uma patética subida e descida de ombros.
— Cara, posso ser sincero com você? — Aquela pergunta dispensava resposta. O meu amigo ia me dizer o que ele queria, independente da minha vontade de ouvir. Por isso, eu acompanhei em silêncio as costas dele escorregando pela parede, até ele sentar no chão, e me ajeitei na poltrona para continuar olhando para ele. Os sons da festa pareceram se afastar em respeito à seriedade no rosto do Ângelo. — Você não quer me contar tudo o que aconteceu entre você e a Mariana, e eu respeito isso. Mas não pode ter sido tão ruim. Eu te conheço, Fred.
Esse não é você. Você não é desse jeito... O rosto cheio de lágrimas da Mariana na hora que ela disse aquilo se materializou na minha frente.
Eu queria acreditar naquelas palavras, só que... eu era daquele jeito, não era? O bruto que não soube lidar com o choque de estar perdendo a mulher por quem ele tinha se descoberto apaixonado um dia antes. Que ao invés de ser corajoso e abrir o coração, tinha pegado o desespero de não querer que aqueles fossem seus últimos momentos com ela e escondido atrás de uma parede de crueldade. Negando orgasmos por castigo, na esperança que aquilo a fizesse sofrer como ele estava sofrendo. E que só tinha deixado ela gozar para provar que era melhor que ela. Que sabia manter a palavra. Que porra de palavra? Onde estavam a clareza, o respeito e o carinho que ela tinha pedido?
— Você não está entendendo, Ângelo. — Eu apertei os olhos querendo sumir. — Foi muito pior.
— Você tem certeza? Porque você tem uma pequena tendência a ser exagerado e um tantinho dramático...
— Vai se fuder! Se você está tentando me ajudar, eu dispenso!
— Se eu não te ajudar, quem vai? — Ele não se intimidou e me respondeu no mesmo tom irritado. — O que aconteceu no Natal com a Alícia foi uma merda. Eu sei que a Bia está precisando de você, e que é por isso que você não quer deixar ninguém ver o seu coração partido. Mas eu vejo! E, por favor, antes de fazer birra, conta até dez e só depois me responde, porque eu juro que eu estou perguntando com todo amor de melhor amigo que eu sinto por você, mas será que você não está desistindo da Mariana muito fácil porque você sempre teve tudo de mão beijada e não sabe como é realmente lutar por uma coisa que você quer?
O meu primeiro impulso foi levantar e sair batendo o pé, mas como aquilo seria bem parecido com fazer a birra que o Ângelo estava esperando de mim, eu preferi tomar um longo gole de cerveja, esperando a poeira da minha indignação baixar.
Eu não podia negar que eu sempre tinha me considerado um cara privilegiado, crescendo numa família onde não faltaram nem amor e cuidado, nem coisas materiais. Estudando nas melhores escolas. Faculdade particular não foi problema porque meus pais tinham condições de pagar. E ainda me deram um carro de presente e um aumento de mesada para bancar a gasolina e os rolés. Emprego garantido. Sorte nos meus relacionamentos. Um sim no primeiro pedido de casamento que eu tinha feito à única mulher com que eu quis me casar, até naquele momento. O jogo só começou a virar depois da morte dos meus pais...
— Eu luto pela clínica — eu argumentei.
— A clínica está indo muito bem. E o doutor Macedo está lá, segurando a sua mão.
— Eu lutei por um filho com a Camila. — Eu apontei o gargalo da garrafa de cerveja para ele.
— Aquilo não foi uma luta por um filho. Aquilo foi você e a Camila batendo cabeça e quando você viu que não tinha jeito, você se separou. — Ele levantou a mão com a palma virada na minha direção. — Sem condenação aqui. Foi o melhor que você fez. Você e a Camila eram muito diferentes.
— Tudo bem, então! Eu sou a porra de um menininho mimado. É isso que você quer provar?
— Mimado não precisa ter uma conotação ruim. Você sempre ganhou tudo de mão beijada, o que não significa que você não soube dar valor a tudo o que recebeu. — Ele apertou meu joelho de leve. — Você cresceu com tudo pra virar um adulto arrogante, metido e insuportável, mas não aconteceu. E eu te admiro pra cacete por isso! Você é uma das melhores pessoas que eu conheço e eu tenho orgulho de você me chamar de melhor amigo.
Filho da puta por me deixar com um nó na garganta e os olhos ardendo no meio de uma festa de ano novo! Tomei mais cerveja para não começar a chorar na frente de um monte de gente que eu não conhecia direito.
— E agora eu tenho outra pergunta pra você. Presta atenção. — Ele deu outro apertão na minha perna quando eu rolei os olhos. Eu não tinha parado de prestar atenção nele nem um minuto, e depois eu que era o dramático. — A Mariana vale a pena?
— Vale a pena o quê?
— Tudo. Qualquer coisa. Um pedido de desculpas? Você tentar consertar a merda que você fez? Rastejar um pouquinho, se for o caso?
Precisei respirar mais rápido porque o ar pareceu sumir. Eu nunca tinha conhecido uma pessoa que valia mais a pena tudo e qualquer coisa que a Mariana. Talvez, o Ângelo tivesse um pouquinho de razão. Talvez, eu tivesse passado aquela semana morto por dentro e tentando me convencer que era merecido, que não tinha nada a ser feito, porque era mais fácil que admitir para mim mesmo que eu simplesmente não sabia o que fazer.
— Eu não sei como consertar o que eu fiz — dei a vitória a ele.
— Sorte sua que você está saindo de férias com a sua irmã e as meninas, e vai ter todo o tempo do mundo pra fazer um plano pra colocar em prática depois que você voltar de Fortaleza.
— Depois que a gente voltar de Fortaleza, tem a audiência da Bia.
— Depois da audiência, Fred — ele falou como uma ameaça. — Sai pra lá derrotismo!
— Não vai ser fácil.
— Um idiota que me disse, há pouco tempo, que difícil não é impossível.
Antes que eu desse o meu primeiro sorriso verdadeiro da noite, o Elias apareceu do meu lado, abraçado com uma garrafa e batendo um troço verde nos meus ombros.
— Isso é salsinha? — eu perguntei, tentando me defender do ataque.
— É arruda. — Ele começou a balançar o ramo no ar acima da minha cabeça. — Pra desfazer essa nuvem negra em cima de você.
Eu relaxei e deixei ele continuar com a macumba. Se bem não fizesse, mal também não ia fazer.
— Dá um tempo pro Fred — o Ângelo pediu, tomando a arruda da mão do namorado. — Ele não está legal hoje.
— Tô sabendo. E aqui está o meu pedido de desculpas.
O Elias colocou a garrafa em cima da mesinha vermelha, virando o rótulo da Jose Cuervo para mim, e tirou um copinho do bolso da camisa branca, e outros dois do bolso da bermuda azul.
— Desculpas por quê? — eu perguntei largando a cerveja e aceitando um copinho transbordando de tequila. Se bem não fizesse, mal também não ia fazer.
Ele fez um gesto de cabeça para o grupinho no sofá, a Milena e o Roger conversando com a Naiara, de mãos dadas com o namorado.
— Quando eu liguei pra convidar, eu não disse que ela podia trazer acompanhante. — Ele parecia cheio de remorsos ao entregar o segundo copinho para o Ângelo, mas sem tirar os olhos de mim.
— Aliás, eu não tive nada a ver com isso! — o Ângelo falou bem alto para o caso de eu não ouvir, logo ali, a dez centímetros de distância, e derramou um pouco de tequila em cima do azul-escuro da minha calça, ao aceitar o copo com um movimento brusco.
É, usar branco o ano todo não parecia estar me trazendo boas vibrações. Vamos ver o que camisa verde-clara e jeans escuro, com uma mancha molhada parecendo xixi, podiam fazer por mim no ano novo.
— Eu te avisei pra parar de empurrar o Fred pra cima da Naiara — o Ângelo continuou a extravasar a revolta com o namorado. — E bem-feito pra você, nem é por causa dela que ele está chateado!
— Não? — O Elias parou no meio de encher o último copinho.
— Não — eu confirmei. — Eu fiquei feliz de ver que ela se acertou com o namorado.
E era verdade. A Naiara tinha me apresentado ao Cléber na hora que eu cheguei, toda alegrinha e satisfeita, e eu tinha ficado feliz por ela. Não era porque eu estava vivendo no fundo de um abismo frio e escuro que eu desejava o mesmo para todo mundo.
— Hum! — O Elias estreitou os olhos, terminando de encher o copo dele. — Então, só pode ser por causa da mona que não quis ter o seu filho.
E porque me lembrar da Mariana, e do meu comportamento horrível com ela, fazia tudo de bom que existia no mundo sumir num passe de mágica, eu levei a tequila à boca e virei.
— Mudança de assunto! — O Ângelo arremessou o ramo de arruda que bateu no peito do Elias ao mesmo tempo em que ele gritava:
— Porra, Fred. Nem esperou meu brinde!
— Um brinde a quê? — Estendi o copinho para ele, que não perdeu tempo em voltar a encher até o topo.
— À minha solução pra todos os seus problemas!
A ameaça foi o suficiente para o Ângelo e eu virarmos a tequila com movimentos tão sincronizados que parecia ensaiado. Digamos que nós dois sabíamos que vinha merda por aí.
— Vocês dois não tem graça nenhuma. Saúde! — o Elias falou para o ar e bebeu um golinho de tequila com o mindinho esticado para fora, como se estivesse tomando chá com a rainha. — Você não está curioso pra saber a minha solução pros seus problemas?
— Nem um pouco! — Eu limpei a boca com as costas da mão, o estômago queimando e uma moleza deliciosa relaxando o meu corpo.
— Mas eu vou te contar assim mesmo. — Ele sentou no braço da poltrona. — Perto da janela.
Ele não precisava explicar mais. Perto da janela, num grupinho de pessoas conversando, uma mulher de pele cor de café com leite e um monte de trancinhas espalhadas pelos ombros, me encarava tomando um gole de champanhe com um sorriso por trás da taça. Ela não estava perto o bastante para nos escutar, graças a Deus! Mas a distância era o suficiente para eu entender a sugestão no olhar dela. Eu já tinha recebido milhões de olhares como aquele. E numa outra ocasião, o convite sutil teria rendido ao menos uma conversa. Mas naquela noite?
— Me escuta antes de dizer não — o Elias insistiu. — O nome dela é Talita. Ela é a melhor arquiteta na firma onde eu trabalho, e ela odeia relacionamentos sérios. O negócio dela é ficar. Então, Fred, uns beijos à meia-noite, sem compromisso?
— Elias... — Com um suspiro, eu passei o dedo na borda do meu copinho. — Eu tenho certeza que a Talita é uma mulher e tanto, mas qualquer parada com ela, só se fosse pra eu fechar os olhos e fingir que ela é outra. Não ia ser legal com a Talita. Não ia ser legal comigo.
— Tudo bem. — A decepção dele não durou muito. — Plano B! Eu e você vamos secar essa garrafa de tequila.
— Aí, eu vejo valor! — Eu me entusiasmei. Álcool não seria a solução dos meus problemas, mas por uma noite, eu ia poder colocá-los lá no fundinho da memória. E na atual conjuntura, eu estava aceitando qualquer migalha. Desde que não envolvesse outra mulher que não fosse a Mariana, claro.
— E eu? — o Ângelo perguntou.
— Ah, baby! — O Elias esticou o braço e fez um carinho no rosto do namorado. — Alguém tem que cuidar dos convidados, e você é bem melhor nisso que eu.
— Tá certo! — Ele levantou do chão, batendo as mãos no traseiro das calças. — Mas vou logo avisando que eu não vou limpar vômito de ninguém!
— Ele quis dizer o seu, viu? — O Elias me deu uma cotovelada depois que o Ângelo se afastou. — O meu, ele vai totalmente limpar.
— O meu também. — Eu e ele caímos na gargalhada, porque era a mais pura verdade. O Ângelo era o clássico clichê do cachorro que ladrava, mas enchia a gente de baba quando chegava perto. — Eu só preciso... — Eu fiquei de pé e me apavorei por alguns segundos ao apalpar os bolsos, não sentindo o celular, mas lembrei que eu tinha deixado ele na mesinha. Peguei o telefone e balancei a mão para o Elias. — Ligar pra minha irmã pra desejar feliz ano novo enquanto eu consigo formar frases. Vai servindo a tequila que eu já volto.
O meu coração estava mais leve quando eu saí a procura de um lugar menos barulhento para fazer a ligação. A minha amizade com o Ângelo era fundamental na minha vida por vários motivos, mas um dos principiais, sem dúvida, era saber que ele não tinha medo de me dizer duras verdades quando era o que eu precisava.
Eu me lembrei de uma frase que eu meu pai sempre me repetia: não tem problema você perder desde que você tenha dado o seu sangue tentando ganhar.
Era muita covardia entregar os pontos com a Mariana sem nenhum esforço só porque me parecia impossível reconquistar a confiança dela.
Eu devia ao meu pai, ao meu amigo e a mim mesmo, ao menos, tentar.
A solidão já estava me matando aos poucos mesmo, o que mais eu tinha a perder?
E se bem não fizesse, mal também não ia fazer.
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