Chào các bạn! Vì nhiều lý do từ nay Truyen2U chính thức đổi tên là Truyen247.Pro. Mong các bạn tiếp tục ủng hộ truy cập tên miền mới này nhé! Mãi yêu... ♥

Capítulo 17

♥ Fred ♥

Eu acabei ficando na clínica mais tempo que eu pretendia.

O que foi o melhor que podia acontecer. Me distraiu da porra da confusão que a minha vida tinha virado nas últimas vinte e quatro horas. Mas foi só entrar em casa e as pilhas de documentos em cima da mesinha trouxeram tudo de volta com força super atômica.

Eu desconfiei da minha sanidade quando eu achei que escutei risadas debochadas vindas da direção deles, me dizendo que um homem adulto e maduro, como eu, já devia saber que fingir que um problema não existia, não fazia ele desaparecer.

A certeza de que eu tinha perdido de vez o juízo veio quando eu perguntei de volta, desde quando maturidade e idade tinham alguma coisa a ver com a outra?

Porque, das duas, uma: ou era uma crise de meia-idade precoce, ou eu tinha regredido ao tempo dos hormônios inconvenientes e incontroláveis, também conhecido como puberdade. Eram as únicas explicações para eu ter gozado na cueca num dia e transado dentro do carro, na porta de casa, na noite seguinte. Eu até podia tentar lidar com as duas situações vergonhosas, de boa, se elas não tivessem acontecido logo com as duas mulheres de quem eu tinha me prometido manter distância.

Mesmo não devendo nenhum tipo de lealdade à Mariana, o gosto de traição amargava a minha boca. A culpa era tanta, que eu tinha sonhado com o meu pai, vestido de branco, um par de asas enormes atrás dele, balançando a cabeça, com a expressão de decepção que me fazia me sentir como uma criança de cinco anos de novo, dizendo que era uma pena que a gente não fosse se reencontrar no céu porque o meu lugar no inferno estava garantido.

Exageros à parte, eu e a Mariana voltamos a brincar de fugir dos olhos um do outro naquela manhã. E eu não consegui evitar do meu peito se encher de esperanças. Se ela estava envergonhada pela noite anterior, podia, também, estar arrependida das coisas que falou...

E aqui estava eu, mais uma vez, desabando diante da minha própria resolução de não justificar o comportamento dela e me enchendo de expectativas ridiculamente infundadas.

A campainha fez o meu coração parar de bater por dois segundos, e não só porque aquele era um som raríssimo na minha casa — resultado de porta eternamente destrancada, e família e amigos abusados que achavam que podiam ir chegando e entrando — mas só podia ser uma pessoa. A vontade de ficar quietinho e fingir que eu não estava, batalhou com a vontade de sair correndo para atender e, no fim, venceu o meio-termo: me obriguei a andar devagar e abrir a porta com uma calma bem diferente da bateria de escola de samba fazendo carnaval fora de época no meu peito.

— Oi. Demorei? — a Mariana disse sem fôlego, as palavras saindo em pequenos sopros.

Os olhos dela pareciam maiores que o normal. E mais brilhantes. E quando ela passou a língua nos lábios, eu precisei me agarrar na maçaneta da porta para não me jogar de joelhos aos pés dela e pedir perdão por não ter sido forte e resistido à Naiara na noite anterior.

— Nada. Eu também acabei de chegar.

Com um passo de lado, eu dei espaço para ela passar, feliz pela minha voz saindo firme e (quase) indiferente. Ela estava com o mesmo vestido comprido, azul-escuro, e eu fui atrás com os olhos acompanhando o monte de X que as alças cruzadas faziam pelas costas nuas, e que eu não pude apreciar de manhã, até se juntarem num laço logo acima da cintura, sem conseguir parar de imaginar o que podia acontecer se eu puxasse uma daquelas pontinhas e desfizesse aquele laço.

Tomar um tapa na cara. Era o que ia acontecer. O ardido imaginário numa das minhas bochechas foi o que eu precisei para cair na real, me relembrar que meus cinco anos de idade estavam lá atrás e, quando a Mariana se virou de frente para mim, não me pegou olhando para nenhum lugar indevido.

— Vamos começar? — ela perguntou, largando a bolsa em cima do sofá.

— Se você não se importa, eu precisava trocar de roupa. Como eu disse, eu cheguei da clínica agorinha.

— Ah... Claro... — O entusiasmo dela virou cinzas, como uma fogueira apagada com um jato de água. — Eu vou embora e volto mais tarde?

— Você pode esperar, se quiser. Eu não demoro.

Eu subi as escadas me sentindo um merda por fazer a Mariana sentar na pontinha do sofá, desconfortável e insegura. Mas não era aquela, a vontade dela? Ser tratada como alguém irrelevante na minha vida? Então, ela que aguentasse.

Acabei tomando uma chuveirada rápida e quando me peguei catando as roupas espalhadas pelo chão do quarto, joguei tudo de volta, xingando meu subconsciente por achar que tinha alguma possibilidade de a Mariana ir lá e descobrir que eu era o clichê do homem solteiro, desorganizado, que, quando não tinha ninguém olhando, deixava a bagunça por conta da faxineira que vinha toda terça-feira.

Eu desci as escadas em silêncio, os chinelos de borracha não fazendo nenhum barulhinho para alertar a mulher sentada no sofá de costas para mim, concentrada na tela do celular. Parando no último degrau, olhando a Mariana com os cabelos presos no alto da cabeça, e tudo em mim implorando para eu ir lá e encher aquela nuca de beijos, foi preciso encarar que a minha resistência tinha uma chance maior de sobreviver largada e pelada no coração da floresta amazônica do que a mais meia hora na presença dela.

— Ei — eu disse com suavidade para não assustá-la.

— Ei — ela respondeu, jogando o telefone dentro da bolsa.

— Eu estava pensando...

— Você costuma fazer muito isso? — ela me interrompeu, com o meio sorriso que era a minha perdição.

— Só nos domingos e feriados — eu respondi, meus lábios traidores sorrindo de volta. — Então, eu estava pensando que a gente já conferiu, o quê? Uns 90% dos documentos?

— Hoje deve ser um domingo especial, então. — Ela pôs a mão no peito, os olhos arregalados. — Você pensou e fez um cálculo bem preciso.

— Se eu soubesse que ressaca te deixava tão engraçadinha, eu não tinha deixado você beber ontem.

Golpe baixo, admito, mas serviu para o que eu queria: matar o sorriso no rosto dela. Aquele clima de brincadeira e paquera era perigoso demais para minha saúde. Eu sentei a uma distância segura dela, no sofá, e continuei:

— Se a gente não achou nenhum erro até agora, qual a chance de ter algum absurdo nesse restinho de notas?

— Bem pequena — Ela desviou os olhos do meu rosto para os papeis em cima da mesinha, prendendo o lábio inferior entre os dentes. — Ou eu posso fazer a conta e te dar um número exato?

— Bem pequena, serve. — Eu ajoelhei no chão e comecei a juntar tudo, organizando do mesmo jeito que a Naiara tinha entregado. — Domingo não é dia de trabalhar. Eu não conto pra ninguém que a gente não terminou, se você também não contar.

Um calafrio desceu pela minha coluna só de imaginar a possibilidade de conversa entre a Mariana e a Naiara, ainda que o assunto fosse contabilidade.

— Você que sabe... — ela murmurou.

O silêncio dominou a sala enquanto eu voltava os papeis para as caixas de papelão e os enfeites da mesinha, para o lugar.

— E eu preciso ir checar a Bia. Ontem eu deixei ela sozinha com o seu irmão, e ela fez uma tatuagem. Eu não quero nem pensar no que os dois aprontaram hoje. — Eu fiquei de pé. — Vamos?

Eu enfiei as mãos no bolso da bermuda ou eu ia acabar estendendo uma delas para ajudar a Mariana a se levantar quando ela não se mexeu e continuou a me encarar com os olhos grandes.

— Eu queria conversar com você. Eu sei que eu não mereço, mas será que você podia me dar uns minutinhos?

Eu queria negar. Ela realmente não merecia meu tempo, ou a minha atenção, nem mais nada de mim, mas a Mariana, aqueles olhos brilhantes e o ar de vulnerabilidade em volta dela eram uma combinação impossível de resistir. Como um viciado que é impotente para dizer 'não' a só mais uma dose, eu me peguei sentando de volta no sofá.

— Eu comprei um presente pra você. — Ela remexeu na bolsa e pegou um embrulho de papel brilhante prateado amarrado na parte de cima com um laço vermelho.

Foi a minha vez de ficar sem ação, o olhar fixo na mão estendida com o pacote na minha direção. De tudo que passou pela minha imaginação sobre o que a Mariana podia querer comigo, me entregar um presente, nem chegou perto de fazer parte da lista.

— Eu sei que o Natal é amanhã, mas eu queria que você abrisse hoje — ela insistiu, chegando a mão mais perto de mim.

Eu aceitei o embrulho com as bochechas queimando. Eu era aquele cara que não entendeu porque a minha mãe tinha ficado brava quando o meu pai achou que eu era grandinho o suficiente e me deu dinheiro para eu comprar o presente de dia das mães e eu apareci com um aspirador de pó. O fiasco me ensinou a sempre pedir ajuda a alguém nas datas especiais. As minhas compras de Natal duas semanas antes, por exemplo, tinham se resumido a entregar meu cartão de crédito para a Bia comprar alguma coisa para as meninas e para ela mesma.

Um presente para a Mariana, nem tinha passado pela minha cabeça.

— Obrigado... — A minha voz soou tão instável quanto a mão que ela recolheu e cruzou com a outra no colo dela.

De dentro do pacote, saiu uma camiseta branca, dobrada. Segurando os ombros, eu levantei os braços e o pano se desdobrou na minha frente, revelando o escrito em letras coloridas, como se tivesse sido pintado com um pincel por uma criança: Melhor Pai do Mundo.

A minha confusão aumentou, meu primeiro pensamento indo direto no meu pai. Por que a Mariana estava me dando uma camiseta dizendo que o meu pai tinha sido o melhor pai do mundo? O Natal era uma época especialmente difícil para quem tinha perdido alguém, talvez, fosse um gesto de solidariedade, uma maneira de dizer que ela entendia o que eu estava passando, de me oferecer um pouco de conforto? Mas, por que a homenagem para o meu pai e não para a minha mãe?

Um segundo depois, a ficha caiu.

Eu.

Eu era o melhor pai do mundo. Ou seria.

Será?

— Eu não estou entendendo? — Melhor esclarecer que meter os pés pelas mãos. De novo.

— Você me pediu pra te avisar se eu mudasse de ideia... — a voz baixinha pareceu vir de longe.

— Mariana...

Naquele suspiro de palavra saiu toda a minha confusão e frustração. Ela não podia fazer aquilo comigo. Me jogar de um lado para o outro como uma bola de pingue-pongue na final olímpica entre dois japoneses. Me dar esperanças num minuto e me rejeitar, no minuto seguinte. O pior é que se a Mariana fosse o tipo de mulher que gostasse de brincar com os sentimentos dos outros, eu podia tentar me defender dela, mas não. Toda aquela ambiguidade vinha de alguma luta interna que só fazia minha vontade de ser o mocinho da história dela aumentar cada vez mais. Mas crueldade era crueldade, não importava se nascia da maldade ou da inocência. Cada vez que ela me oferecia um pouquinho dela mesma, doía, porque eu sabia que o próximo gesto dela seria puxar meu tapete e voltar a me derrubar. Até quando eu seria capaz de me levantar, fingindo que não tinha sido nada de mais?

— Eu vou entender se você tiver mudado de ideia — ela disse.

Eu abri os olhos que eu nem percebi que eu tinha fechado e encontrei a camiseta amassada entre as minhas duas mãos no meu colo, com a dela por cima.

— O campeão de mudança de ideia aqui, não sou eu, Mariana. — Eu precisei rir. Um som amargo que soou estranho aos meus próprios ouvidos e que fez ela se encolher.

— Eu sei. E normalmente eu não sou essa contradição ambulante, pelo contrário. — Ela apertou a mão na minha. — Na minha vida, é tudo muito claro, existe o certo e existe o errado e eu sempre tento fazer o certo. Tem gente que vive pra quebrar regras, mas não eu. E uma das minhas regras, uma das mais importantes, é cuidar dos meus irmãos. Mas, às vezes é difícil, sabe? Viver me colocando em segundo plano.

— Imagino. — Eu virei a mão e segurei a dela, meu coração apertado com a agonia e o sofrimento na voz baixa e apertada, ainda mais por saber que eu era parte dos motivos deles estarem lá. — Eu entendo que você está preocupada com o Lourenço, mas, por mais que seja a sua vontade proteger ele de tudo, e me acredita, eu sei como é, eu também tenho esse impulso com a Bia, a gente tem que lembrar que eles são adultos. A nossa interferência tem um limite. Eles têm que tomar as decisões deles.

— Mais fácil falar do que fazer... — Ela me deu um sorriso tão triste, que chegou a doer dentro de mim. — São anos e anos de condicionamento. Eu acho que eu já me esqueci como é ser egoísta e tomar uma decisão pensando só em mim.

— Mas alguma coisa fez você mudar de ideia hoje. O que foi?

Ela remexeu na bolsa outra vez, e se virou para mim com o celular na mão. O ar de decisão foi trocado pelas bochechas avermelhadas assim que os olhos dela se encontraram com os meus.

— Você vai rir de mim...

— O que você vai me mostrar é engraçado?

— Não! Quer dizer, talvez... um pouquinho...

— Então, eu prometo rir só um pouquinho.

A brincadeira funcionou. Os ombros dela relaxaram e ela desbloqueou o celular.

— Eu tenho um aplicativo que monitora meu... — Ela respirou fundo, as mãos tremendo ao abrir o tal aplicativo. — Que monitora meu ciclo menstrual, e hoje eu recebi essa notificação.

Ela virou a tela com a mensagem que fez a sala rodar em volta de mim: início do período fértil. Ainda bem que ela seguiu falando sem esperar nenhuma reação da minha parte, porque algum feitiço tinha me transformado numa estátua que continuou olhando para o espaço vazio onde a tela do celular estava mesmo depois que ela desligou e guardou o aparelho dentro da bolsa.

— Eu terminei com o Eduardo no dia que eu tinha que recomeçar com o anticoncepcional, mas eu pensei, pra quê? E aí, eu recebo a notificação e me lembro do que você me disse, sobre a gente estar se encontrando na hora que tinha que acontecer, porque aqui estou eu, no meu período fértil, sem nenhum impedimento pra engravidar e seria tão horrível colocar o meu sonho em primeiro lugar?

Apesar de ser um pouco engraçado sim, a Mariana tomando uma decisão importante como aquela se baseando no destino que ela mesma admitiu não acreditar, rir não estava nos meus planos. Não no meio de uma das conversas mais importantes da minha vida.

— Nem um pouco horrível — eu incentivei. — Você só está sendo humana.

— E eu pensei que se a gente a gente conversasse com franqueza, talvez, estabelecesse algumas regras...

Ela me olhou com a cabeça meio abaixada, mordendo os lábios e eu precisei sorrir, porque era a Mariana. Mesmo quando ela queria explorar o místico, ela não conseguia deixar a razão de fora.

— E quais seriam essas regras? — eu perguntei.

— A primeira é que a gente não vai contar pra ninguém, por enquanto. O Lourenço já tem muitas preocupações pra eu acrescentar mais uma. Uma que pode nem acontecer.

— Por mim, tudo bem — eu concordei, dando de ombros.

— A segunda é que o destino vai ter uma chance. Se é pra nós dois termos um filho, ele tem até o dia de eu voltar pra Porto Alegre pra fazer acontecer.

Fui eu mesmo que disse que a minha proposta não envolvia romance, mas eu não vou dizer que não me incomodou ouvir a Mariana negociando a coisa mais íntima que podia acontecer entre a gente, como se fosse um contrato.

Mas, como sempre, ela estava certa.

O que eu tinha a ganhar se eu abrisse meu coração, só para descobrir, depois de algumas sessões de sexo, que a minha obsessão por ela tinha sido um simples caso de se querer o que não se pode ter? Não ia ser a primeira vez que acontecia comigo. E mesmo tendo quase certeza absoluta que era diferente com ela, recoloquei minha cabeça no lugar e me obriguei a encarar a situação com a mesma racionalidade.

— Mas tem isso, como você disse antes, você mora em Porto Alegre e eu, aqui no Rio.

— Eu pensei nisso. E o apartamento de Copacabana que a gente nunca vendeu? — Os lábios dela se entortaram num meio sorriso. — E se foi porque o destino sabia que eu ia precisar voltar a morar nele, um dia?

— Você está disposta a voltar pra cá, se você engravidar? Mariana, isso é muito sério, eu não quero ter um filho que eu só vou ver algumas vezes no ano. Se é pra ser pai, eu quero o pacote completo.

— O que é uma mudança de cidade comparada com realizar meu maior sonho? — Ela voltou a cobrir minhas duas mãos, que ainda estavam emboladas na camiseta no meu colo, com as duas dela. — E então, Frederico, agora sou eu que estou te propondo, você aceita ser o pai do meu filho?

Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro