Capítulo 14
♥ Mariana ♥
Música, risadas, conversa animada, garçons e garçonetes circulando afobados entre as mesas. Para a Mariana, era quase como estar em casa. Resultado de ser o contato de emergência do irmão que se desdobrava administrando dois bares e um restaurante.
Nessas noites, em que ela ajudava a cobrir faltas ou férias, ela combinava a atenção no trabalho com a distração de observar as pessoas. Foi muito fácil aprender a distinguir uma conversa puramente amigável entre um casal da faísca sutil entre duas pessoas interessadas uma na outra, ou da esperança desesperada de um só. Diferenciar a confiança das mãos distraídas de namorados que estava juntos há mais tempo dos olhares hesitantes e o esforço de agradar de um primeiro encontro.
Os sinais de atração entre duas pessoas, então, muito claros de reconhecer: toques casuais e inocentes; o homem que acaricia, quase que sem querer, o copo na mão com o olhar fixo e o ouvido atento no que o objeto do seu desejo fala; como um, inconscientemente, imita os gestos do outro; a mulher que brinca com o cabelo ou passa os dedos pelos lábios, pelo decote, sutilmente atraindo a atenção do homem para os movimentos dela.
A Naiara estava a fim do Fred. Mais óbvio, só se ela ajoelhasse no chão e se declarasse com um poema.
As palmas da Mariana estavam cheias de marcas de unhas, dos punhos que ela tentava não fechar cada vez que a Naiara colocava a mão no braço dele e ria exageradamente de cada coisinha, nem tão engraçada assim, que ele dizia. Cada vez que ela cruzava e descruzava as pernas. Cada vez que ela se inclinava na direção dele.
A Mariana tinha tentado ignorar os dois. Conversar com o Lourenço e, depois que ele usou a desculpa de ir ao banheiro para sumir, com as pessoas sentadas do lado oposto ao que o Fred estava. Mas sem perceber, quando ela se dava conta, sua atenção já tinha voltado para o casalzinho nota mil.
O problema era que, apesar de todo seu conhecimento de causa, estava difícil ler o Fred. Algumas vezes, ele parecia retribuir o interesse da Naiara. Outras, parecia simpatia ou educação. E tinha os momentos em que ele dava um jeito de chegar a cadeira para longe da outra mulher com um olhar de desculpas na direção da Mariana.
Não devia ser surpreendente, essa sua dificuldade. Seu instinto costumava dar defeito quando seus sentimentos e emoções, inimigos número um da razão, entravam no jogo. E isso, sem contar o agravante do álcool.
O tal do drinque docinho e leve, de inocente não tinha nada. Esperou o terceiro copo para fazer efeito de uma vez. Ela, que sempre tinha o juízo de parar de beber ao perceber estar alcançando seu limite, começou a desconfiar que o limite tinha ficado para trás há séculos. Ou talvez, não. Não dava para ter certeza, com a cabeça rodando daquele jeito.
Ela largou o copo quase vazio em cima da mesa, procurando um garçom. Se ela começasse a beber água, ainda podia tentar controlar a situação.
— Outro? — o Elias ofereceu.
— Não, obrigada. Pra mim, chega.
— Você é muito comportada! E bonita desse jeito fica difícil acreditar que você não tem namorado.
— Quem disse que eu não tenho namorado? — a Mariana perguntou.
A olhada rápida que ele trocou com o Fred, e em seguida com o Ângelo, não podia ter sido mais óbvia. A cabeça toda bagunçada não a impediu de conseguir seguir as pistas: o tom das conversas e das brincadeiras entre o Fred, o Elias e o Ângelo, mostrava, claramente, que eles eram mais que conhecidos ou companheiros de trabalho. Eles eram amigos. A reação do Elias significava que o Fred tinha comentado alguma coisa com ele. Alguma coisa desfavorável para a Mariana. Ou o Elias não teria feito o esforço de se colocar como barreira física entre ela e o Fred, praticamente embrulhando a Naiara para presente antes de oferecer a moça a ele.
Quem era o confuso e o bipolar?
Quem ia no seu quarto pedir um beijo e falava mal dela para o amigo?
Pelo menos, a Mariana tentava ser honesta na sua ambiguidade.
Mas a culpa toda era sua mesma. Como ela tinha sido burra em achar que o Fred era diferente! Não existia homem diferente. Era uma raça de criaturas que valorizava quantidade, e a qualidade que fosse para o inferno!
No fim das contas, era até bom a máscara do Fred ter caído. Se ela não estava querendo envolvimento antes, agora, ficava mais simples se manter firme na sua decisão.
— Você tem? Namorado? — o Elias insistiu.
— Não — ela respondeu e ele franziu a testa, como se não estivesse entendendo. Ela não tinha problema em explicar. — Eu tinha, mas não tenho mais. E sabe por quê? Porque eu estou cansada de mau-caráter na minha vida. Você não concorda comigo, Naiara? Que homem é tudo igual?
— Viche! Esse papo ficou sinistro demais pra mim. E o show já vai começar. — O Ângelo levantou um dedo, chamando a atenção de todo mundo para a mudança da música que tinha parado de sair dos alto-falantes para as notas dissonantes de instrumentos sendo testados. A Mariana se lembrava, vagamente, de um cartaz na entrada, com o nome de um conjunto que ela nunca tinha ouvido falar. — Eu vou no banheiro e depois a gente desce?
O convite foi para o namorado dele, claro.
— Baby! Só se eu morrer nos próximos minutos pra eu não me acabar naquela pista com você. Não demora! — Foi a resposta entusiasmada do Elias.
A Mariana ouviu a troca entre os dois sem tirar os olhos da Naiara, que rodava o copo de chope na mão, parecendo estar muito, muito longe, olhando sem ver, o líquido amarelado lá dentro, até levantar a cabeça e responder:
— Eu entendo essa revolta, Mariana. Eu sei como é lidar com cafajestes. Mas acho que não dá pra generalizar.
Ela terminou olhando para o Fred. Ninguém ali ficou com dúvidas sobre quem ela achava que era a exceção à regra.
— Você ainda é nova. Daqui a uns dez anos, a gente conversa de novo. — A Mariana pegou o copo dela, esquecida da decisão de parar de beber, e tomou o restinho todo. — Por enquanto, deixa eu te ajudar. Me diz uma coisa, você pensa em ter filhos?
A Naiara chegou para trás na cadeira, o rosto espantado com a guinada 180° do assunto.
— Mariana... — o Fred tentou se meter na conversa.
— Não. Espera. Vai me dizer que você não está interessado na resposta? — Ela continuou encarando a Naiara e não desistiu, nem depois que as bochechas da moça ficaram quase da mesma cor do vestido que ela usava. — Então, casamento e filhos, ou o seu trabalho e sua independência?
— Por que um tem que excluir o outro? — a Naiara perguntou de volta, um ar de desafio na voz. — Uma mulher pode ter marido e filhos sem abrir mão de ser independente e trabalhar. Eu quero isso tudo sim. Quando eu encontrar o cara certo.
— Ah, o cara certo... — A Mariana soltou uma risada seca. — Boa sorte em encontrar o seu cara certo. Ou quem sabe...
Como se tivesse sido combinado, todos os olhares se viraram para o Fred, que se encolheu na cadeira, dando a impressão que não se importaria nem um pouco se um buraco se abrisse no chão e ele fosse engolido para nunca mais voltar.
— Mariana? Tudo bem com você? — ele perguntou, preocupado.
— Está tudo ótimo comigo. Por que não estaria tudo ótimo comigo? — Ela se virou para o Elias. — Tem alguma coisa errada comigo?
— Salvo pelo gongo! — Ele apontou o Ângelo voltando e empurrou a cadeira que raspou no chão, se levantando. — Vocês não vão descer pra dançar? O show é divino!
— Eu já vi um show deles. Muito bom! — A Naiara girou na cadeira ficando de frente para o Fred. Sutileza, realmente, não era um dos fortes da moça.
Os olhos arregalados do Fred pularam dela para a Mariana. Quando ele começou a balançar a cabeça numa negativa, preferindo não ter que escolher uma e colocar a outra numa posição difícil, foi o momento de deixar seu recado bem claro.
— Eu detesto dançar — a Mariana mentiu. — Ficou fácil pra você agora, né, Fred? E eu também preciso ir no banheiro.
Ela se levantou e apoiou as mãos na mesa, o chão ondulando debaixo dos seus pés por alguns segundos.
— E você vai ficar aqui sozinha? — o Fred perguntou, bem do seu lado, fazendo ela dar um pulo. Ela não tinha percebido ele levantar e se aproximar.
— Sozinha?
A Mariana fez um gesto exagerado com os braços, mostrando o resto do bar, que estava bem mais vazio depois que a música ao vivo começou, mas estava longe de poder ser considerado completamente deserto. Ela interrompeu o movimento com os braços quando percebeu que ela não era o tipo de pessoa que fazia movimentos exagerados de jeito nenhum e que, embora o Fred a conhecesse há poucos dias, uma coisa que ele já devia saber é que ela era o tipo de pessoa que não fazia movimentos exagerados com os braços, e tudo o que ela não precisava era que ele desconfiasse que ela estava, talvez, um tiquinho bêbada e se sentisse na obrigação de ficar com ela.
— Você não precisa se preocupar comigo. — A Mariana deu dois tapinhas no ombro dele, tentando não perder o equilíbrio. — Você não vai deixar a Naiara esperando, vai?
Ela deu uma piscadinha de olho, esperando que tivesse saído como na sua imaginação, instigante e motivador, e não como a provável careta que realmente deve ter sido. Sem esperar resposta, ela deu as costas e entrou no salão do bar, parando alguns segundos para localizar os banheiros, antes de continuar.
O ambiente em volta tinha assumido aquela aparência meio desfocada e distorcida dos sonhos, e ela se concentrou em colocar um pé na frente do outro, não tropeçar e não esbarrar em nenhuma mesa. A necessidade de usar o banheiro tinha sido outra mentira, uma desculpa para não ficar sentada com cara de tacho olhando o Fred se afastar com a Naiara, mas assim que pisou no chão de azulejos brancos e pretos, sua bexiga pareceu que ia explodir, e ela correu até o primeiro cubículo vazio.
Depois de sair e lavar as mãos, a Mariana molhou um bolo de papel toalha e colocou na nuca. Uma mulher, que estava retocando a maquiagem na frente do espelho, deu uma olhada rápida para ela e continuou a passar batom como se a Mariana não estivesse lá.
Todo mundo bebia por aquela sensação de estar flutuando, livre de inibições e preocupações, mas ela odiava não estar no domínio de si mesma. De falar e fazer coisas que ela não teria falado ou feito numa situação normal. De não conseguir manter sentimentos contidos e comportados.
A Mariana não queria estar com a palavra CIÚMES escrita em neon no próprio cérebro e não ter o raciocínio afiado para achar argumentos e apagá-la de lá. Ela não queria estar se importando com as mãos do Fred pousadas na cintura de outra. Imaginando a boca dele sussurrando no ouvido da Naiara. Mas era muito difícil quando aquelas mesmas mãos e boca, há poucas horas, tinham feito coisas com ela que ela não se lembrava de ter sentido nunca.
Onde estava o orgulho e a satisfação de ter feito o certo ao empurrar o Fred para a Naiara? De saber que tudo estava acontecendo do jeitinho que tinha que acontecer?
Provavelmente sufocados debaixo da vontade gigante de ir atrás dele e admitir que sim, ela amava dançar e que seria o céu se perder na música dentro do abraço dele.
Mas ela não ia fazer aquilo. Sua força de vontade podia não ser das mais fortes, mas seu amor próprio ia muito bem, obrigada. Verdade que o Fred tinha ficado numa posição complicada quando a Mariana se retirou da lista de possíveis pares de dança dele, dando o lugar de honra para a Naiara, mas ele nem pareceu ter se importado muito.
O que ela queria mesmo, era voltar para casa. A noite tinha perdido a graça e nem dançar mais ela podia, sem se revelar uma mentirosa de primeira. A batida seca da porta do banheiro quando a mulher saiu a acordou dos seus devaneios e ela jogou o bolo de papel molhado no lixo, pegou o celular dentro da bolsa e mandou uma mensagem para o Lourenço. A noite também não estavam correndo bem para ele, com a Biatriz fazendo questão de ficar sentada do outro lado da mesa. Eles podiam deixar os dois irmãos se divertindo e ir embora de táxi. A não ser que o Lourenço estivesse afogando as mágoas com outra, afinal, homem. Tudo igual!
Depois de vários minutos sem resposta, ela jogou o telefone de volta na bolsa. Procurar pelo irmão no meio daquele monte de gente ia dar trabalho, mas era melhor que ficar parada se olhando no espelho, e andar ia ajudar a clarear um pouco sua cabeça.
— Ei. — O Fred se desencostou da parede em frente ao banheiro assim que ela saiu.
— O que você está fazendo aqui? — A Mariana parou. Os braços cruzados e o mundo rodando ligeiramente em volta dela.
— Quantas vezes você vai me fazer essa pergunta hoje?
— Pois é. Todas desnecessárias. — Ela voltou a andar. — Você não devia ter ido no meu quarto. Você não devia estar aqui, agora.
— Eu fiquei preocupado. Você não está bem.
— Eu estou ótima! Ótima! Pode voltar pra Naiara.
— Por que você está fazendo assim?
— Assim como?
— Você sabe. — Ele segurou o braço dela e a obrigou a parar de andar. Os dois ficaram cara a cara. A Mariana apoiou uma das mãos no peito dele, se firmando. — Eu sei que você está confusa. Eu não sei os seus motivos, mas eu estou tentando entender. E não é possível que você não vê que não é a Naiara que eu quero.
— Se não é, devia ser. — Ela lembrou do Elias bancando o cupido e das coisas em comum que ele listou entre a Biatriz e o outro médico. — Pensa bem. Ela é novinha e vai poder te dar quantos filhos você quiser, vocês moram na mesma cidade e trabalham no mesmo lugar. E olha só! Ela trabalha na contabilidade. Ela vai te ajudar todo mês. Se bem que... é ela quem faz as planilhas, não faz sentido ela conferir o trabalho dela mesma... O que é melhor ainda! Ninguém vai precisar conferir mais nada!
— Como eu não pensei nisso antes? Um teste de matemática pra escolher minhas namoradas...
— Como você vai escolher suas namoradas, Frederico, é problema seu. Mais uns dias, e eu estou indo embora, sabe quando a gente vai se ver de novo? — Ela cutucou o peito dele e esperou por alguns segundos pela resposta que não veio. — Nem eu.
— Então, o que aconteceu ontem, e hoje de tarde, pra você, não foi nada?
— Não foi nada. Quer dizer, foi mais que nada... foi alguma coisa... — A Mariana massageou a testa, tentando colocar os pensamentos em ordem. — Não interessa o que foi ou o que não foi. O que interessa é que não vai acontecer mais.
— Para com essa história! Nós dois sabemos que vai acontecer muito mais.
— Não vai! E chega! Eu preciso encontrar o Lourenço. — Ela saiu andando e perguntou por cima do ombro. — Você sabe onde ele está?
— Não. E vem cá. Eu não ainda não acabei...
Ele tentou segurar o braço da Mariana outra vez.
— Me deixa, Frederico. Me esquece!
Ela deu um puxão. Talvez, mais forte que o necessário. E acabou perdendo o equilíbrio, dando vários passos para o lado até o quadril bater na quina de uma mesa e ela cair sentada no colo de alguém. A mesa tremeu e vários copos viraram. Por sorte, todos vazios. Por azar, vários rolaram e se espatifaram no chão.
— Meu Deus! Desculpa! — Ela virou para pessoa cujo colo ela estava ocupando e deu de cara com um homem sorridente. Ele era mais velho, mas não muito velho. Na verdade, com os cabelos começando a ficar grisalhos e as ruguinhas nos cantos dos olhos por trás dos óculos de grau, ele era o tipo de homem que costumava capturar a sua atenção.
— Não precisa pedir desculpas. — Ele passou o braço pela cintura dela, a firmando no lugar. — Eu não vou reclamar de o Papai Noel ter mandado o meu presente de Natal adiantado.
— Eu achei que Papai Noel só dava brinquedo?
— Pois eu conheço várias brincadeiras pra gente brincar... — ele terminou de falar com a voz sugestiva e o olhar escorregando pelas pernas dela, expostas pelo corte do macacão.
— Mariana! Vem cá! — O Fred esticou a mão para puxá-la do colo do cara, mas ele não deixou.
— Calma aí! A Mariana tá de boa aqui.
— Você não está vendo que ela está bêbada? — o Fred cuspiu as palavras.
— E você não está vendo que ela não está tentando levantar? — o homem devolveu no mesmo tom agressivo.
— Mariana?
Ela olhou do rosto aflito do Fred, ainda com a mão estendida, para o rosto satisfeito do homem que a segurava. Seria tão fácil ficar ali. Dispensar o Fred. Fazer ele entender de uma vez por todas que eles tinham chegado ao fim da linha. Mas num detalhe o Fred estava certo. Se sóbria ela não tomava boas decisões, bêbada ia ser uma catástrofe! Além do mais...
— Você não precisa se preocupar com esse aqui. Quer ver uma coisa? — Ela olhou para o Fred e levantou a mão esquerda do homem. A aliança dourada, bem grossa, refletindo a luz do bar a fez cair na gargalhada. — História da minha vida.
— Não é o que você está pensando, paixão — ele argumentou. — Você está vendo alguém aqui comigo? Não. A minha separação é recente. Eu só ainda não tirei a aliança.
— Velha, essa desculpa! Eu já caí nela, algumas vezes. Não caio mais. — A Mariana balançou a cabeça, nem um pouco surpresa. Não tinha jeito. Tudo igual! E, sério, paixão?
— Ei, não vai não — o homem pediu quando ela apoiou as mãos nos ombros dele e tentou se afastar. — É verdade, o que eu estou falando.
— Agora, ela está tentando se levantar — a própria Mariana falou, e o homem acabou a soltando. Ela também não aceitou a mão do Fred. — Eu não preciso da sua ajuda.
O bar continuava desfocado e suas pernas continuavam parecendo de borracha, mas ela seguiu em frente, prestando bastante atenção no caminho para não dar outro vexame.
— Mariana! — o Fred gritou, andando atrás dela. — Você não me conhece. Eu não sou de desistir fácil.
— Pois, eu sou. — Ela parou e se virou para ele, que quase deu um encontrão nela com a parada súbita. — É o que acontece quando você tem dezenove anos e precisa desistir de tudo o que você planejou na sua vida pra cuidar dos seus irmãos. Você aprende que não pode ter tudo o que quer. E quando eu desisto de alguma coisa, eu desisto!
Ela nem sabia mais o que estava falando. Ela só precisava fazer o Fred entender que ela não ia voltar a mudar de ideia. Ele começou a abrir a boca, mas ela estendeu a mão. De repente, todos os acontecimentos daquela noite se transformaram num peso que caiu nos seus ombros, a deixando exausta.
— Chega, por favor — ela implorou. — Eu preciso achar o Lourenço. Eu não estou me sentindo bem. Eu quero ir pra casa.
— Eu te levo — ele se ofereceu.
— Não, Frederico! Eu vou pra casa com o Lourenço. Se você não quer a Naiara, tudo bem. Olha quantas outras têm aqui! Acha uma. Quantas vezes eu vou precisar dizer, qualquer uma, menos eu! Me esquece!
Ela virou e respirou fundo ao ver a escadaria enorme que tinha pela frente.
Agarrando o corrimão com as duas mãos, ela foi devagar, tomando cuidado para não despencar lá embaixo. O que nem seria tão ruim. Ia doer menos que ver a expressão magoada no rosto do Fred e saber que a culpa de ter colocado ela ali, era toda sua.
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