Era uma manhã normal em Londres. As nuvens escuras e a chuva que caia pesadamente atingiam sem dó as janelas de um determinado apartamento localizado de frente para um parque, fazendo com que uma das mulheres deitada na cama se remexesse.

Com um pouco de preguiça, a ruiva, Rosé, abriu seus olhos devagar. A primeira coisa que notou foi a chuva. A segunda, foi o corpo que dormia tão próximo ao seu. Levantou a cabeça parcialmente, dando de cara com cabelos loiros bagunçados e uma franjinha desarrumada. Soltou um risinho ao ver as bochechas de Lisa espremidas contra seu peito e o jeito que ela puxava seu moletom com os dedos magros.

Rosé deixou um sorriso bobo escapar, acariciando os cabelos da namorada e beijando sua testa. Se assustou brevemente ao notar Lego, o gato que Lisa havia trazido para casa há 2 dias, dormindo perto de sua bunda. Balançou a cabeça ao pensar nas piadas que Lisa faria caso estivesse acordada.

— Por que está tão longe de mim Rosie-ah?

Um sorriso surgiu nos lábios da garota com cabelos cor de salmão com a voz manhosa da namorada. Virou-se para ela novamente, sorrindo como uma idiota ao ver o bico nos lábios vermelhos da tailandesa que tanto amava. Os olhinhos estavam começando a se abrir, e logo as orbes castanhas se focaram nela como uma interrogação. Rosé riu de leve e beijou o nariz redondinho de Lisa.

— Estava checando nosso filho, amor.

Lisa sorriu com o apelido e se aconchegou ainda mais na namorada, aspirando seu cheiro. Rosé não conseguia deixar de sorrir como uma idiota. Lisa, a Lisa tão cheia de personalidade e pose que todos conheciam, perdia-se totalmente em seus carinhos e se tornava uma completa criança birrenta toda vez que achava não estar recebendo atenção suficiente dela. As manhas que fazia e os bicos, junto dos braços cruzados, eram a diversão rotineira de Rosé, que sabia o quão carente sua namorada podia ser.

— Podemos adiar o passeio só mais um pouquinho? Quero ficar grudadinha com você.

Rosé riu levemente ao ver Lisa tentando se aproximar dela ainda mais, algo meio impossível pela tailandesa já estar quase fundida com seu corpo. Mas ela passou seus braços contra o corpo de Lisa e a abraçou, ouvindo ela ronronar manhosa e mover sua cabeça contra seu pescoço, deixando os lábios encostando de leve na pele quente.

— Vamos ter que adiar de qualquer jeito, princesa. — Ela disse, acariciando os cabelos loiros da namorada. — Está chovendo.

Lisa praticamente deu um pulo da cama, olhando para a janela do quarto. Um sorriso completamente sapeca surgiu em seus lábios enquanto olhava para Rosé e a ruiva riu alto. Era ela quem queria fazer um passeio, mas Lisa vivia tentando adiar justamente por manha. Ela se recusava a sair de perto do corpo quentinho da namorada para encarar seres humanos que em nada iriam acrescentar em sua vida.

— Que pena, Rosie! Você queria tanto.

O tom falsamente chateado e a expressão inocente fizeram Rosé soltar uma gargalhada. Lisa abriu um sorriso cheio de dentes e sentou-se no colo da namorada, a abraçando pelo pescoço. Rosé olhou profundamente para ela.

— Você sempre consegue o que quer, não é, Manoban?

Lisa balançou a cabeça alegremente e Rosé riu. As duas se assustaram com o miado alto de Lego, que saiu de trás da neozelandesa e pulou no chão, correndo para fora do quarto. Lisa virou-se para ela com a boca aberta em um 'O' perfeito.

— Ele dormiu na sua bunda!?

O tom de voz indignado da tailandesa fez Rosé arquear as sobrancelhas.

— Sim?

— Aquele danado! — Lisa disse inflando suas bochechas, e Rosé se controlou para não apertá-las. — Ei, volte aqui! Ninguém toca na bunda da minha namorada!

A gargalhada saiu de Rosé como um vulcão entrando em erupção. Lisa saiu do colo dela e se sentou emburrada na cama, cruzando os braços. Rosé a abraçou e beijou o canto de seus lábios, sentindo Lisa ir cedendo aos poucos.

— Vamos levantar e eu vou fazer café, sim, princesa? — Ela sussurou, dando outro beijo. Lisa se derreteu toda.

— Rosie! — A voz manhosa fez Rosé esconder um sorriso, já sabendo o que vinha. — Vamos ficar com fome, não quero sair de perto de você hoje!

Lisa praticamente se jogou em cima dela, e Rosé não conseguiu esconder a risada. Puxou a cabeça da namorada e lhe deu um selinho longo, acariciando seu rosto com um sorriso bobo.

— Eu seria uma péssima namorada se deixasse meu dragãozinho morrer de fome.

Escondeu a risada. As bochechas de Lisa inflaram e ficaram vermelhinhas, indicando sua "raiva".

— Eu não sou um dragãozinho!

— É sim. — Puxou seu rosto para beijar os lábios formando um bico dengoso. — É meu dragãozinho que está sempre faminto, e eu preciso acabar com essa fome.

— Mas Rosie-ah!

— Lalisa, você está realmente querendo morrer de fome apenas para não sair daqui?

Lisa assentiu, olhando para ela como se fosse uma idéia brilhante. Rosé balançou a cabeça.

— Teimosinha! Espere aqui que eu já volto.

Em resposta, Lalisa bufou e se jogou na cama com força, cruzando os braços. Rosé escondeu o sorriso enquanto saia do quarto.

*

Lisa gemeu manhosa olhando o relógio. Rosé ainda não havia voltado, e por mais que ela sentisse seu estômago roncar com o cheiro de café fresco e ovos mexidos com bacon, ela queria estar grudadinha com o corpo de sua namorada. Era muito tempo longe para Lisa aguentar. Qual é! Rosé havia saído fazia 7 minutos!

Derrotada, Lisa saiu da cama e estremeceu quando seus pés quentinhos tocaram o chão gelado do quarto. Calçou suas pantufas do Barney e saiu do quarto, descendo as escadas. Seu peito preencheu de amor ao ver Rosé de costas para si, tirando os bacons da frigideira. Lisa sorriu ao ver dois pratos no balcão em cima de uma bandeja. Um dos pratos era branco, o outro tinha desenhos do filme Ponyo, que Lisa estava viciada.

Sua namorada virou para trás, sentindo sua presença, e sorriu.

— Minha preguiçosa decidiu sair da cama?

Lisa assentiu dramaticamente, se jogando na cadeira e fazendo uma expressão de tristeza com um bico nos lábios. A gargalhada que saiu de Rosé a fez prender o sorriso.

— Eu já estava subindo Lili, já acabei aqui.

— Mas eu fiquei com saudades! — A voz manhosa fez Rosé revirar os olhos com um sorriso.

— Lalisa, você sabe que eu não fiquei nem 10 minutos longe de você, não sabe?

— Mas é muito tempo!

Rosé balançou a cabeça e sorriu, se aproximando da namorada e beijando os lábios formando um bico. Nenhuma das duas se importou de não terem escovado os dentes ainda, não queriam se privar de ficarem longe uma da outra por mais tempo. Lisa enrolou seus braços no pescoço da namorada e suspirou, beijado-a profundamente. Abriu a boca para receber a língua quente e macia de Rosé, sentindo-a passear gostosamente por toda sua cavidade bucal e sugar seu lábio inferior de forma gostosa, causando um gemido fraco. A ruiva de sua vida se separou e sorriu fraco, acariciando seu rosto.

— Vamos subir, dengosinha.

*

Depois do café, Rosé e Lisa escovaram os dentes e tomaram banho. A namorada se recusou a desgrudar de si até dentro do chuveiro, causando Rosé a ter que dar banho nela e em si mesma ao mesmo tempo. Na hora do almoço Lisa novamente se recusou a deixar Rosé e as duas acabaram pedindo pizza, e foram de mãos dadas atender a porta, com Lisa fulminando o rapaz que olhava para sua namorada. Rosé achou graça e passou o restante do tempo do almoço apertando as bochechas de Lisa, deixando a namorada irritada.

Agora, a cena era a seguinte. As duas estavam na cama, rodeadas dos 5 gatinhos e de Hank, o cachorrinho de Rosé. O cobertor grosso deixava o corpo das namoradas quentinho e dizer que Lalisa estava grudada com Rosé seria um eufemismo. A mais nova parecia querer achar a todo custo um jeito de fundir seu corpo ao da namorada, o tempo todo se remexendo para uma posição em que pudesse ficar mais próxima de Rosé. A ruiva, por sua vez, achava a maior graça. Os copos de chocolate quente, junto com os mistos, pipoca e cookies recheados estavam em uma bandeja ao lado da cama e um filme romântico passava na televisão.

— Lisa. — Rosé chamou, observando o olhar irritado da namorada sendo dirigido a televisão.

— Hm?

— Por que está irritada, meu dengo?

— Porque não consigo ficar perto de você!

Rosé riu alto, vendo as sobrancelhas se franzirem. Sua namorada era tão manhosa e tão grudenta, era adorável aos seus olhos. O peito se preenchia de amor e o coração dançava todos os ritmos sabendo que era tão amada pela mulher de sua vida. Tinha sorte.

— Eu acho que tenho um jeito de você ficar pertinho de mim para sempre.

Quando Lisa levantou a cabeça, confusa, foi surpreendida com um anel brilhante que quase bloqueava a visão para sua namorada. Abriu a boca em descrença, arregalando seus olhos e se sentando rapidamente. Rosé sorriu lindamente, causando borboletas no estômago da tailandesa.

— Quer ficar grudadinha comigo 'pro resto das nossas vidas, dengosinha carente?

A última coisa que os vizinhos se lembram foi de ouvir um estrondoso "SIM" e gritos escandalosos da tailandesa para quem quisesse ouvir que, com certeza, ela iria ficar grudadinha com sua namorada para o resto da vida.