Prólogo
— Você tem certeza disso, Margot? — o homem indagou, as mãos entrelaçadas sobre o colo de forma apreensiva.
A mulher de cabelos ruivos e olhos castanhos, que mais lembravam duas pedras de âmbar, suspirou com a pergunta insistente do irmão. Mesmo que Margot dissesse inúmeras vezes que não precisaria se descabelar, Joe se recusava a se convencer de que tudo estava sob controle.
— Irmãozinho, eu sugiro que respire. — Margot riu quando ele, de fato, acatou o conselho e inspirou calmamente. Imaginava que, caso não estivessem sentados, Joe já teria caído. — Sabe, eu nem sei por que sentiu a necessidade de viajar de sua propriedade até a cidade para tratar do assunto. Poderia ter me enviado uma carta.
— Eu queria garantir que tudo ficaria bem. Estamos muito preocupados, Linda e eu. Não saberíamos como reagiria ao nosso pedido de... orientar Alicia.
Margot arregalou os olhos, e depois riu incrédula. Ela simplesmente adorava a sobrinha, tinham um bom relacionamento desde que ela era pequena, e agora com a garota no auge dos dezessete anos, Margot sentia que tudo ficaria melhor ainda.
— Eu? Não gostar da companhia de Cici? Joe, ela é uma figura!
Joe pareceu respirar aliviado, afrouxando o aperto em suas mãos.
— Não estava preocupado quando a isso, Alicia é muito amável, estava mais receoso sobre você aceitar a responsabilidade de lidar com uma jovem... Sabe, por mais gentil que seja, minha filha se tornou mais fechada, e como pai creio que novas experiências vão fazer bem.
Uma chaleira apitou ao fundo, cortando a conversa momentaneamente. Margot se levantou, ajeitou o vestido que usava e separou duas xícaras de porcelana de sua grande coleção para despejar o chá.
— Então, — continuou Joe — acho que se Cici viver com você e trabalhar em sua loja de chás talvez crie responsabilidade por algo, uma vontade maior pelas coisas, um objetivo.
Margot sorriu de canto, levando as xícaras já apoiadas em pires até a mesa. Ela direcionou um olhar de afago para o irmão caçula.
— Você talvez ainda não tenha notado, mas Alicia é como um cubo de açúcar. — seu sorriu se alargou com o orgulho que sentia — Imagina o que isso significa?
Joe negou com a cabeça depois de tomar um gole do chá para se acalmar, ainda um pouco preocupado sobre onde aquela metáfora iria chegar. A expressão de Margot se suavizou.
— É uma boa coisa. Quando Alicia entender a resposta, você também entenderá, vai ser possível ver a mudança nela.
— Você adora reflexões e analogias desse tipo, Maggie. — ele riu, relaxando mais um pouco — Só fico feliz que minha filha mudará para melhor. Eu só estou preocupado.
Margot segurou a mão de Joe, demonstrando entendê-lo, e ele ficou agradecido por ter uma irmã com quem contar. Tudo que ele queria era que sua filha fosse uma mulher de estilo parecido, segura de si e com uma paixão a seguir.
Joe não queria mudar a essência de sua Alicia, entendia como seu jeito era encantador, e amava muito aquilo nela. No entanto, queria mostrar um pouco do mundo, e não sabia de pessoa melhor em quem confiasse para fazer isso além da irmã.
Margot abriu a própria loja de chás aos vinte anos, e desde então trabalhou duro para construir o que hoje era seu sustento e sua alegria. Como mais novo, Joe usou-a de exemplo, pois os pais há muito já não estavam em suas vidas, e ele gostaria que Alicia entendesse o sentimento de se tornar sua melhor versão.
— Obrigado. — ele sorriu, segurando a mão de Margot por mais um instante — Então, se tudo correr bem, Cici deve vir na próxima semana.
De repente, o olhar de Margot se tornou um pouco decepcionado.
— Ainda vai demorar tanto?
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