Lauren e Chris chegaram em casa após uma tarde divertida de compras. Ao entrar em seu quarto, Lauren percebeu imediatamente que algo estava errado. Matt estava ali e, ainda por cima, estava com uma expressão estranha e distante.

—Ahn... oi.- ela disse, deixando suas sacolas em um canto perto de seu criado mudo.

—Oi.- respondeu, olhando aparentemente muito interessado para a capa do livro que a loira havia trago de casa.

—O que está fazendo?- ela perguntou, abanando a mão na frente do rosto dele.— Você está agindo de forma estranha. Mais que o normal. Você bebeu?

Matt suspirou, parecendo perdido em seus pensamentos.

—Não é nada, Lauren. Apenas um dia difícil e dor nas costas, já que alguém me mandou dormir no sofá a quase duas semanas.

—Ah, tá. Vou tomar banho.- a garota disse entre dentes, arqueando uma sobrancelha.

Ao final do banho, Lauren abriu a porta do box para pegar sua toalha e percebeu que acabou esquecendo de trazê-la ao banheiro.

—Matthew!- gritou.— Esqueci minha toalha. Pode me trazer uma?

—Por que eu teria que fazer isso? Você pode pegar sozinha.

Lauren franziu a testa, irritada com a atitude de Matt. Ele já parecia ter superado bem rápido aquele "dia difícil".

—Estamos brigando por uma toalha agora? Você está sendo completamente irracional!

—Você está brigando sozinha! Eu só disse que não ia pegar.- ele deu de ombros, como se Lauren pudesse ver.

A discussão continuou, escalando por causa de pequenas coisas que antes não teriam causado problemas. A tensão no ar era palpável, e o clima entre eles ficou cada vez mais pesado.

—Não vou parar de gritar até você trazer pra mim!- a garota ameaçou.— Matt, Matt, Matt, Matt...

—Por Deus, como você é insuportável!- ele berrou de volta, jogando uma toalha para dentro do cômodo.

—Obrigada, idiota!

Um pouco mais tarde, Rachel os chamou para jantar e, como sempre, a tensão entre eles só aumentava. Indiretas foram trocadas durante os assuntos e a comida desceu torta pela garganta de ambos.

Quando todos terminaram, Marylou apareceu na sala com uma caixa grande em suas mãos.

—Olhem o que eu encontrei enquanto limpava o galpão hoje mais cedo!- sorriu.— Uma caixa cheia de lembranças dos nossos pequenos!

A mãe de Lauren sorriu animada, imediatamente se juntando a amiga para tirar as fitas que lacravam a tampa.

Pouco a pouco, os outros integrantes de ambas famílias se juntaram a elas, risonhos pela quantidade de fotos encontradas.

—Olha, Justin, quando você pintou o cabelo de rosa porque perdeu no Uno!- Jimmy gargalhou, estendendo a foto para o filho.

Enquanto isso, Lauren estava quieta em um canto, observando a foto em suas mãos, mas logo, o sossego acabou quando Chris apontou e disse:

—Olha só, Nick! A foto que o Matt guarda naquele mural do quarto dele até hoje!

Um silêncio desconfortável se instalou no cômodo. Matthew não disse nada, apenas se levantou e saiu dali.

—Parabéns, bobão!- Nick exclamou e, antes que a discussão se prolongasse, Lauren foi atrás do outro rapaz.

A luz do quarto estava acesa, então, a garota supôs que Matt estivesse ali. Abriu a porta do cômodo com cautela e se sentou ao lado dele.

—Matthew, podemos conversar? Temos que resolver isso de uma vez por todas.

Matt suspirou, sem desviar o olhar do horizonte exposto na janela.

—O que há para ser resolvido, Lauren? Está claro que não vamos voltar a ser como antes.

—Mas nós temos que tentar, Matt! Não podemos deixar as coisas desmoronarem assim. Precisamos falar abertamente sobre o que está acontecendo. E, sinceramente, eu nem sei porque isso começou, para início de conversa!

Matt se virou para ela, com os olhos cheios de frustração.

—Você acha que é fácil pra mim? Ver você tão próxima e, ao mesmo tempo, tão distante? Um dia estamos bem e no outro, não aguentamos olhar na cara um outro?!

—E você acha que é fácil pra mim também?-a loira respondeu quase gritando.— Eu tentei... eu tentei muito, muito, muito concertar as coisas com você nesse verão. Fiquei apavorada quando cheguei com a ideia de ter que dividir a porra da cama com você, mas depois baixei a guarda e me importei contigo, cuidei de você em todas as vezes que se queimou com o sol!

—Eu nunca te pedi pra fazer isso.- Matthew murmurou, olhando para ela.

—Você nunca pediu porque é isso que pessoas normais fariam! Elas não precisam ser questionadas sobre.

—Você não entende o meu ponto de vista, Lauren! Sempre colocando a culpa em mim, como se fosse a única dona da verdade! Desde que chegou aqui dando pitaco por causa do quarto! Quantas vezes eu dormi na sala porque você mandou, porra?!

As palavras duras continuavam a ser trocadas, cada uma alimentando a raiva e a frustração do outro. Mas em um instante, algo mudou. Um breve silêncio se instalou, e os olhares deles se encontraram. Em uma fração de segundo, seus lábios também.

—Desculpa.- o rapaz sussurrou, ainda segurando o rosto da menor.

Lauren sentiu seu coração acelerar com a proximidade. Por um instante, todas as mágoas e ressentimentos pareciam desaparecer, substituídos por uma faísca de esperança.

Sem esperar por uma resposta, Matt inclinou-se lentamente em direção a Lauren, torcendo para que não levasse um soco. Por sorte, Harrison não se moveu e, então, seus lábios se chocaram novamente.

O beijo foi como um turbilhão de emoções, um misto de raiva, paixão e vulnerabilidade. O mundo ao redor parecia desaparecer, e tudo o que importava naquele momento eram eles.

Quando finalmente se separaram, suas respirações ofegantes ecoaram no silêncio da madrugada. Eles se encararam, seus olhos transmitindo uma mistura de surpresa, incerteza e uma faísca de algo novo.

—Eu guardo a minha cópia dessa foto em um mural no meu quarto porque... éramos tão felizes, Laurie. Me lembro como se fosse ontem do dia em que tiramos essa foto. Estávamos naquele restaurante chique que nunca mais voltamos porque pagamos caro em meia dúzia de camarões.- ele riu.— Depois disso fomos na sorveteria, já que ainda estávamos mortos de fome.

—Eu estava com um vestido longo amarelo e você com uma roupa social.— ambos se encararam, dando um sorriso sincero.— Você me disse que parecia que eu estava indo para um baile de gala e eu disse o mesmo de você. Então começamos a fingir que éramos famosos e, caramba, demos tanta risada naquele dia...

Matt sorri, abaixando suas mãos para a cintura da garota.

—Matthew, por quê não quer mais falar comigo?- Lauren pergunta novamente.

Ele abaixa a cabeça tentando responder, mas não consegue.

—Porque eu te amava e continuo amando, Lauren. E eu sabia que você não me via como nada mais que um irmão mais velho. Mas você é tão fascinante, tão linda e cheia de personalidade que é basicamente impossível não cair de amores por você.

—Matt...

—Eu fui um babaca por tempos porque não queria ter que deixar as coisas estranhas e acabei estragando tudo como sempre e você não tem culpa de nada disso!

—Matt...- a loira tenta falar mas, novamente, é interrompida.

—Tudo bem se quando eu calar a boca você quiser virar as costas e nunca mais olhar na minha cara e...

—Matthew!- ela chamou, quase gritando.— Eu sempre fui louca por você, achei que já estivesse óbvio.

O moreno a olhou com as pupilas dilatadas, quase escondendo suas orbes azuis.

—E eu ainda te amo. Mesmo que agora a faísca esteja meio apagada, tenho certeza de que se acenderá mais forte do que nunca se você realmente fizer o favor de fechar o bico e me beijar de novo.- sorriu.

—Não posso acreditar no quão idiota eu fui...- o Sturniolo riu, se aproximando da amada para, enfim, fundir seus lábios novamente.

Ambos se encontravam em puro êxtase e não sabiam direito o que fazer naquela situação. Respirações ofegantes, as mãos passeando por todos os cantos dos dois corpos e os sorrisos contidos rodeavam o quarto que, antes, era recheado de tensão e, agora, podia-se sentir de longe toda a paixão exalada ali.

Os corações de Lauren e Matt finalmente estavam em paz. O resto da noite foi aproveitado em claro, colocando em dia todas as conversas, desejos e beijos dos últimos anos. O jovem casal não poderia citar um momento em que tivessem se sentido mais felizes quanto aquele. O amor estava no ar e, este, a maresia não levaria para longe.

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