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Boa leitura🏴☠️
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Eu dei meu sangue, suor e lágrimas por isso
Hope estava nervosa. O sol brilhava intensamente sobre a pequena cidade costeira, e o som das ondas quebrando ao longe misturava-se com o burburinho dos funcionários e voluntários. Blair havia tomado a frente dos preparativos, Jake pediu ajuda de Shoupe para organizar a segurança do local, Harrison estava junto de Kiara e os outros ajudando a levar os animais para adoção. Tudo estava correndo bem, mas Hope continuava nervosa. Suas mãos tremiam e ela não parava de ajustar sua roupa e passar as mãos nas pontas de seu cabelo. Ela estava sem o salto alto que havia colocado e respirava fundo ansiosa.
— Posso entrar? — JJ perguntou com a cabeça para dentro da porta. — Tive que te caçar por esse prédio todo. Me disseram que se escondeu aqui.
— Eu não estou escondida. — Hope respondeu se sentando na cama do quarto. — Estou nervosa.
— Trouxe um baseado, quer? — JJ perguntou e Hope o olhou séria. — Poxa, esse é dos bons.
— Não posso fazer um discurso chapada. — Hope disse e JJ encolheu os ombros pegando seu isqueiro. — Vai na janela…do lado de fora.
— Sim, senhora. — JJ disse batendo continência antes de sair pela janela.
Hope ficou sentada observando JJ fumar o baseado, até que ela se levantou e foi até ele, saindo pela janela e ficando de frente para JJ e contra o vento.
— Me dá isso. — Hope disse e JJ passou o baseado para ela com um sorriso divertido.
— E a história de não poder fazer um discurso estando chapada? — JJ perguntou e Hope mostrou a ele o dedo do meio.
— Só queria um pouco. — Hope disse devolvendo o baseado e entrando novamente no quarto.
— Eu estava brincando. — JJ disse tratando o baseado uma última vez antes de o apagar e entrar no quarto atrás da garota. — Ficou uma gata nesse vestido.
— Obrigada, eu que desenhei ele. — Hope disse orgulhosa e JJ sorriu. — Vou colocar no meu portfólio.
— É incrível. — JJ disse antes de mexer irritado na gravata. — Não sei arrumar isso, estou enforcado.
— Venha aqui. — Hope disse se aproximando para arrumar a gravata do garoto. — Quando tudo acabar…a gente bem que podia dar uma sumida, né? Ir em um lugar mais reservado.
— Eu cobro pelos meus serviços. — JJ brincou e Hope riu.
— Idiota.
Hope revirou os olhos e JJ a segurou pela cintura antes de beijá-la. O beijo era calmo, expressando a forma como os dois se sentiam em relação ao que tinham e como se sentiam quando estavam juntos. Corações acelerados e a sensação de frio na barriga deram espaço para a calma e leveza.
— Hope? — Harrison chamou do outro lado da porta.
— O quê? — Hope perguntou, se afastando um pouco de JJ.
— Chegou o seu momento de brilhar. — Harrison brincou e JJ fez uma expressão brava.
— Já estou indo. — Hope disse indo calçar seu salto.
— Te vejo lá fora. — JJ disse dando um último selinho em Hope.
Hope retocou seu gloss, ajeitou o cabelo e o vestido antes de respirar fundo e ir para fora. Praticamente toda a ilha estava presente no evento, Pogues e Kooks, alguns turistas e vários jornalistas. Hope cumprimentou a todos com um sorriso assim que se colocou atrás do microfone.
— Boa tarde a todos, obrigada pela presença. — Hope disse com um sorriso nervoso. — Eu sou a Hope Stuart e antes de vocês conhecerem o pátio principal das instituições e os nossos lindos e adoráveis amiguinhos animais, eu gostaria de dizer algumas palavras. Prometo ser rápida.
As pessoas riram um pouco e então Hope respirou fundo mais uma vez. Olhou em volta, observando cada uma das pessoas presentes ali, ficando surpresa em ver Rafe Cameron presente.
— Eu nasci aqui, mas passei a maior parte da minha infância e adolescência em Londres. Passei por alguns problemas e esses problemas acabaram comigo. — Hope disse séria. — Algumas pessoas acham que depressão, ansiedade e outros transtornos psicológicos são uma besteira. Mas a minha família e eu dizemos com toda a certeza que não é porque…muitas vezes ninguém percebe pelo o que estamos passando e não queremos falar nada sobre para não preocupar ninguém e isso é perigoso porque pode acabar tirando de nós alguém que amamos.
Hope olhou para sua família com um leve sorriso antes de voltar a falar:
— A depressão quase me tirou deles. Não só uma vez, mas sim, duas. — Hope disse segurando o choro. — Depois que eu dei esse enorme susto nos meus pais e no meu irmão, eles decidiram que seria melhor eu ficar em um lugar onde teriam pessoas preparadas para me ajudar a superar isso. Eles salvaram minha vida e me machuca saber que tem pessoas que passam por isso sem ajuda nenhuma, seja por não ter como bancar um tratamento, ou por negligência. — ela disse, notando algumas pessoas chorando. — Eu também amo animais, então a ideia de juntar uma casa para animais abandonados e um lar temporário para quem precisa de ajuda me pareceu boa. Animais curam pessoas e nós curamos eles. Pode parecer besteira, mas existem milhares de estudos científicos que dizem que ter a companhia de um animalzinho pode reduzir as chances de depressão e ansiedade e outras doenças.
— Isso é sério? — JJ perguntou baixinho para Sarah.
— É, depois ela te explica melhor.
— Tá bom.
— Um estudo feito pela Universidade Estadual de Nova York mostrou que os animais de estimação são ótimas companhias para combater o estresse. A convivência reduz a sensação de solidão, a ansiedade e a depressão, pois em contato com os animais, o ser humano passa a produzir mais hormônios como a ocitocina, prolactina e a serotonina, e eles melhoram o humor. — Hope explicou com um sorriso. — Outro benefício do contato com os bichinhos é reduzir o risco de alergias em crianças. Estudos da Universidade de Wisconsin-Madison mostraram que as chances de uma criança ter esse tipo de problema são 33% menores com um bicho de estimação, pois com a convivência as crianças desenvolvem um sistema imunológico mais forte.
— Viu mamãe, a gente precisa de um cachorrinho. — uma criança falou e todos riram.
— E tem mais. Sabiam que os animais também fazem bem ao coração? Segundo pesquisas dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, criar um bicho em casa ajuda a reduzir a pressão sanguínea, o colesterol e o nível de triglicérides, ajudando na prevenção contra ataques do coração e outras doenças cardiovasculares. Já um estudo da Universidade de Minnesota afirma que gatos podem ser benéficos para prevenir acidente vascular cerebral, infarto e outras doenças cardiovasculares. — Hope explicou vendo as pessoas sorrirem e cochicharem entre si sobre adotar algum animal. — Além de todos esses benefícios, sabiam que os cachorros ajudam no emagrecimento? De acordo com levantamento do Instituto Wellness, no Hospital Northwest Memorial. As caminhadas com os cachorros são boas para manter e perder peso, e, segundo outro estudo do Instituto Nacional de Saúde dos Estados Unidos, os responsáveis pela saída diária são menos propensos à obesidade, se comparados com quem não possui animal de estimação. E um último superpoder canino foi encontrado em uma pesquisa realizada nos Estados Unidos que aponta que cães são capazes de “farejar” o câncer em amostras de sangue e saliva com 95% de precisão. Outro estudo na Universidade Belfast do Queens, na Irlanda, e pela Universidade de Lincoln, na Inglaterra revelou que diabéticos ou outras pessoas que têm bruscas quedas de níveis de açúcar no sangue podem treinar seus cães para ajudar a evitar crises de hipoglicemia. Já pensaram em adotar um cãozinho ou um gatinho hoje?
As pessoas bateram palmas enquanto conversavam e Hope sorriu abertamente.
— E por último, mas não menos importante, eu gostaria de dizer que a cada dois meses nós iremos organizar feiras de adoção, e nós também temos um hotel para seus animais aqui, então se forem viajar e não puderem levá-lo, ele terá um lugar seguro para ficar. — Hope disse sorrindo em meio às palmas. — Também gostaria de informar que este lugar é para todos, aqui não ligamos se você é Kook ou Pogue, todos são bem vindos porque classes sociais não definem o quanto de ajuda você precisa. Quem puder pagar para ficar aqui, ótimo, você será acolhido. E se você não tem condições de pagar para estar aqui, será acolhido e bem-vindo da mesma forma. Transtornos psicológicos não olham a classe social. — ela disse olhando de relance para o grupo de amigos do Topper. — Sem mais delongas, sejam todos bem-vindos ao Instituto Padfoot e Long Story Short Center.
A salvação de palmas que se seguiu aqueceu o coração de Hope. Ela abriu as portas da frente e todos entraram no prédio que serviria de lar para os animais, seguiram para os fundos e encontraram alguns cachorros soltos pelo enorme gramado. Hope recepcionou a todos com um sorriso radiante no rosto, deu entrevistas onde explicou a escolha de nomes, falou sobre ela e os amigos terem entrado em muitas aventuras e também falou sobre seu amor por moda e sobre o vestido que estava usando ser desenhado por ela, tirou fotos e apresentou o local.
Os petiscos foram servidos em uma área onde os cachorros não estavam liberados de entrar e Harrison ficou responsável pela música, então ele pegou um violão e ficou tocando uma música ambiente. Depois de falar com todos, Hope se aproximou da mesa de petiscos e pegou um chamado dadinho de tapioca, que depois ela descobriu ser brasileir.
— Na última festa com uma mesa de petiscos, você ficou mal com as palavras de uma senhora. — Rafe disse e Hope o olhou dando uma risada baixa.
— Ainda bem que eu melhorei. — Hope disse pegando petiscos em um pratinho. — Não pensei que fosse aparecer.
— Fiquei surpreso em receber o convite. — Rafe disse dando uma risada baixa.
— Oi. — uma garota de cabelos curtos e pretos disse ao se aproximar. — Parabéns por tudo isso, é incrível.
— Obrigada, você é a Sofia, né? — Hope perguntou sorrindo.
— Eu mesma. — Sofia disse rindo.
— É um prazer te conhecer. — Hope disse sorrindo.
— Eu digo o mesmo. — Sofia sorriu. — Esse vestido é lindo.
— Obrigada, fui eu quem desenhei. — Hope disse sorrindo orgulhosa.
— Que incrível! Não é pra menos, sua mãe é ninguém mais ninguém menos que Blair Stuart. — Sofia disse e Hope riu. — Minha irmã é apaixonada pelas roupas dela.
— Quantos anos ela tem?
— Tem 14 anos e meu irmão tem 16. — Sofia disse e Hope comeu um dadinho de tapioca.
— Idades do cão. — Hope disse e Rafe riu.
— Tinha 16 até outro dia. — Rafe disse e Sofia riu da expressão de indignação de Hope.
— Mas agora tenho 18 e eu nunca fui insuportável. — Hope disse sorrindo. — Preciso ir, obrigada por terem vindo. Adorei te conhecer, Sofia.
No fim do evento, Hope estava pegando suas coisas quando JJ apareceu para ajudá-la. Ele entrou no escritório e Hope nem mesmo percebeu por estar com seus fones. O garoto ficou parado na porta observando a garota cantar enquanto arrumava suas coisas. JJ se aproximou em silêncio e abraçou Hope por trás, com o susto, a garota deu um grito e se virou batendo em JJ.
— Ei!
— JJ, que cacete!
— Caramba, não sabia que batia forte assim. — JJ disse passando a mão na bochecha. — Nossa.
— Desculpa, eu me assustei. — Hope disse tirando seus fones.
— Tudo bem, a culpa foi minha. — JJ disse e Hope pegou sua bolsa.
— Vamos ter um jantar no meu restaurante favorito, me diz que vai. — Hope pediu e JJ riu.
— Eu não tinha outra opção. — JJ disse e Hope sorriu para ele.
— Sobre a nossa pequena fuga…
— Topo fazer isso depois do jantar. — JJ disse piscando para Hope.
Hope deu um selinho no garoto e os dois saíram do escritório juntos. A família de Hope e seus amigos estavam os esperando no pátio em meio a uma conversa animada. Todos saíram juntos dali e foram para o restaurante favorito de Hope e ao chegarem no mesmo foram levados para as mesas que haviam sido reservadas para o grupo.
Mais tarde, depois de saírem do restaurante, Hope e JJ foram juntos para a casa barco que tinham como um lugar apenas deles. Os dois entraram na casa e trancaram a porta em seguida, JJ puxou Hope para perto e iniciou um beijo calmo, aos poucos JJ foi tirando as peças que Hope usava. JJ deitou Hope na cama com calma e ela levou as mãos aos botões da camisa de Hope e começou a abri-los, fazendo JJ tirar a camisa em seguida e jogá-la no chão, fazendo o mesmo com a calça.
— Como tira isso aqui sem rasgar? — JJ perguntou se referindo a meia calça de Hope.
— Não tem problema se rasgar, tenho várias. — Hope disse e JJ riu dela. — Mas caso queira ser um cavalheiro, é só tirar com cuidado como se fosse uma calça.
— Me dê um segundo então, senhorita. — JJ disse enquanto retirava a meia calça de Hope cautelosamente ao mesmo tempo em que beijava delicadamente as pernas da garota.
— Devagar demais, senhor. — Hope provocou e JJ riu negando com a cabeça antes de puxar Hope para perto de si.
— Melhorou? — JJ perguntou se debruçando sobre Hope. Ela riu e voltou a beijar JJ, sentindo as mãos dele percorrer em seu corpo como se tudo dependesse daquele gesto.
Mais tarde, Hope estava deitada com as costas apoiadas em JJ e os dois conversavam sobre a ideia que Pope teve há algumas semanas, até que ambos ficaram em silêncio e Hope soltou um suspiro longo.
— Suspiro longo e pesado demais, o que aconteceu? — JJ perguntou e Hope negou com a cabeça. — Ei, me fala.
— Só estava pensando sobre como tudo vai ser daqui pra frente. — Hope disse. — Tipo, a Blair quer que eu crie uma coleção do zero. Incluindo músicas, modelos, roupas, estética e eu venho trabalhando nisso mas eu não sei.
— Como não sabe? Esse é seu sonho. — JJ disse e Hope assentiu.
— Eu sei.
— Então qual é o problema?
— Tenho medo de tudo ser uma porcaria e não entrar em nenhuma das minhas três opções de faculdade. — Hope disse e JJ riu.
— E quais são as suas opções? — JJ perguntou e Hope o olhou com brilho nos olhos.
— Parsons School of Design, em Nova York. Central Saint Martins, em Londres. E Institut Français de la Mode, na França. — Hope disse sorrindo de forma sonhadora.
— Londres?
— Sou mais forte que meus demônios. — Hope disse piscando para JJ. — E a Stella McCartney se formou lá. Ela é minha maior inspiração na moda depois da Blair.
— Você vai conseguir, relaxa. — JJ disse e Hope assentiu. — Vamos descansar, amanhã o Pope já marcou uma reunião do grupo.
— Pope e suas reuniões. — Hope riu. — Ele devia virar dono de uma empresa.
JJ riu enquanto Hope se deitava ao seu lado. Os dois trocaram um beijo rápido e então dormiram. Sabendo que tudo estava correndo bem, tendo noites de sono tranquilas depois de todos o caos pelo qual passaram.
Os Pogues estavam em sua melhor fase.
Oi, Pogues, tudo bem?
O que acharam desse segundo capítulo? Usei ele pra contar sobre um dos maiores sonhos da Hope, espero que tenham gostado!
Não se esqueçam de favoritar e comentar bastante ao longo do capítulo.
Bjs, até sexta,
Ana!
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