Dois dias passaram após aquela desastrosa entrevista, não desanime e estou entregando currículos feito louca,torcida por qualquer retorno. O problema é a Megan colocou na cabeça que vou conseguir a vaga de assistente. Ela está animada demais, coitada. Não imagina o fiasco.

Ela praticamente me arrastou ao shopping, sem escutar minhas recusas de não ter dinheiro. Megan balançou os ombros falando que logo teria dinheiro. Ela está mesmo otimista, vai ficar decepcionada.

Olhando as vitrines, observando a Megan sorrindo cheia de esperança, não consigo dizer falar a verdade. Não posso tirar o sorriso largo do rosto dela, em breve momentos como esse serão raros.Quando ela casar não teremos tantos tempo juntas.

Fico observando o jeito da Megan olhar as crianças brincando perto de nós, fica nítido o desejo dela ser mãe. Não desvia o olhar das crianças correndo ao lado dos pais. Não deixo de sorrir vendo Megan assim sonhadora, logo será ela passeando junto dos filhos, minha irmã merece tanto ser feliz.

Meus pensamentos são interrompidos quando Megan mostra um vestido longo azul, repleto de cristais e sai me arrastando para o interior da loja.

Megan não pára um minuto de mexer nas araras animada, olhamos as roupas. Ela entra e sai do provador umas vinte vezes, não satisfeita faz experimentar o dobro, saímos da loja deixando uma vendedora sorrindo, uma Megan feliz e eu duzentos dólares mais endividada.Ninguém merece.

Aperto as sacolas rezando para conseguir um emprego. Megan fez questão de assistirmos um filme de comédia, realmente valeu a pena. Estávamos saindo da sala de cinema ambas sorrindo. Ligo o meu celular encontrando duas libações perdidas.

—Ai meu deus— o coração batendo acelerado.

—Algum problema?— Megan pergunta preocupada.

—Duas ligações perdidas.
— Mostrei o aparelho minhas  mãos estão tremendo. Torço para ser uma resposta das várias entrevista, só espero que seja do serviço do Edu.

—Mika, pode a vaga no serviço do Edu.—Viram minha irmã está na torcida do time rival, vejo ela cruzando os dedos sorridente.—Pedi tanto.

Enquanto observo o aparelho, ele toca fazendo Megan dá pulinhos cruzando os dedos, não resisto e acabo sorrindo diante da torcida, eu por outro lado se for daquele lugar espero escutar" sinto muito mas não foi selecionada". O telefone continua tocando.Que seja para o outra entrevista.Vai deus, ajuda por favor.

— Atende logo— diz minha irmã impaciente.

—Já vou— digo fingindo um sorriso—Alô— atendendo a ligação no terceiro toque.

—Senhorita Hill?—Pergunta uma mulher.

— Sim, sou eu—respondo olhando minha irmã bisbilhoteria puxando o celular na tentativa de escutar a conversa, sou obrigada a sair de perto, essa garota não tem limites. Confesso ela nem parece respirar.

—Sou Lindsay da Provest Engenharia, senhorita foi aprovada no processo de seleção— diz ela cordial ao lançar a bomba- meus parabéns.—Acabo de ter certeza sou azarrada mesmo, vou trabalhar para o maior mala da história, eu não tenho sorte.

—Senhorita Hill?—Chama a mulher na ligação.

—Há muito obrigada— tento falar animada observando o rosto ansioso da Megan e minha situação financeira, não dá espaço para recusar a vaga, nem posso.

— Enviei a lista dos documentos no seu e-mail, compareça na segunda-feira no recursos humanos com todos eles, não esqueça.

—Muito obrigada—falo contendo minha frustação.—Não vejo a hora de começar.

Desligo fingindo meu melhor sorriso, já Megan está apertando as mãos de ansiedade, não quero nem imaginar no dia do casamento, ela vai ter um colapso nervoso.

—Você conseguiu?— Pergunta com os olhos brilhando de curiosidade—fala Mika, quer matar?

Deixo escapar um sorriso sincero dessa vez, não consigo resistir alegria dela, parece que até ganhei um prêmio.Só que não, acabei ganhando um tremendo arrogante como chefe, estou ferrada.

—Eu—digo fazendo uma pausa dramática olhando ela e sua reação impaciente puxando meu ombro, volto a sorrir dizendo-consegui.

—Mika estou tão feliz—diz ela abraçando apertado. A felicidade dela é tanta que também estou comemorando junto, devemos parecer duas doidas varridas.Acabamos chamando atenção das pessoas curiosas.

— Nunca virão ninguém comemorando?—Pergunta ela fechando a cara.

As pessoas ao redor afastam disfarçando, Megan permanece sorrindo porém minha animação acaba ao lembrar do babaca insuportável que terei de aturar.Talvez esse seja um teste de resistência, não matar meu chefe no primeiro dia de trabalho.

—Que cara é essa?—Pergunta Megan—desse jeito vou pensar que não gostou.

Tento disfarçar empurrando esse questionamento afundando ele bem no meu interior e sorrindo.

—Não estou acreditando, eu consegui.—ainda processando a notícia

—Viu eu disse, você está numa maré de sorte.

Apenas mantenho um sorriso no rosto, vou precisar mais que uma maré de sorte. Vou precisar do oceano todo.

(....)

Os dias passam rápido, na verdade eles parecem voar, já é segunda-feira e estou sentada na mesa de vidro, olhando o relógio pendurado em frente a minha mesa marcando 08: 02. Aguardando a chegada do arrogante do meu novo chefe.

Só de pensar no demônio ele sai do elevador de cabeça erguida óculos escuros, semblante fechado. Vestindo um terno cinza pelo jeito feito sob medida que moldam os contornos do seu corpo. Ele não olha aonde estou apenas deposita uma agenda na minha mesa e entra na sala fechando a porta.Idiota.

Caramba, qual é o problema desse homem?

Abro a agenda encontrando uma tabela de horários adivinhem! Num idioma desconhecido.Falo três idiomas e esse babaca escolheu um que não conheço.Seguro a tabela as mãos tremendo, minha vontade é ir no escritório enfiar pela goela dele abaixo essa tabela idiota.

Meu deus não posso simplesmente desistir, eu preciso de dinheiro e a Megan ficaria decepcionada. Ela pode achar que não quero trabalhar. Vai Mika, controla a raiva.

Respiro fundo controlando minhas emoções, eu só vou sair quando ele mandar.Recuso dar o gostinho aquele miserável engomadinho, ligo o notebook tentando acessar o google. Porém minha irritação aumenta quando percebo que não está conectada a internet. Volto a segurar a tabela, ainda incrédula diante da atitude daquele homem maligno de terno chique.

Procuro nas gavetas em todos os lugares a senha do Wi-Fi e nada.Eu pobre não tenho crédito no celular. O desespero bate. Oh droga de homem atormentando meu primeiro dia.

Pensa Mikaela, pensa mulher. Pego o telefone na mesa ligando para a única pessoa que pode ajudar.No segundo toque Edu atente.

—Mika, está tudo bem?
—Pergunta preocupado.

—Edu preciso de ajuda, tem uma tabela num idioma que eu não conheço- falo baixo quase aos sussurros.

—Calma Mika—ele fala paciente.

— Não tenho crédito para pesquisar, preciso da senha do Wi-Fi.

— Aquele filho da mãe!— exclama Edu—anota a senha ai,Pro-engenharia.

—Muito obrigada Edu—respiro aliviada ao digitar a senha conseguindo acesso a Internet.

— Imagina Mika, qualquer coisa pode chamar.Não desiste do emprego.

—Não vou dar esse gostinho a ele.

—Assim que se fala cunhadinha
— ele deixa escapar uma gargalhada— achei a assistente certa. Acaba com ele.

— Pode deixar.

Desligo o telefone lançando um sorriso na direção da porta do escritório. Ai se olhar com raiva mata-se.

Reprimindo minha raiva concentro na tradução da bendita tabela, não acredito quando encontro, está em Finlandês.

Isso mesmo minha gente, FINLANDÊS.

FINLANDÊS...

Perdi trinta minutos nessa luta até ter algo útil, vejo seus compromissos, as ligações que preciso fazer aos clientes e pasmem, suas refeições. Acreditam nisso.As refeições dele sou eu quem pede e quem deve levar.

Leio os lugares nos quais preciso comprar ou assim espero. Ele definitivamente é o pior e mais carrasco chefe da história. Faltou marcar meus horários de ir no banheiro ou respirar, cretino.

Respiro fundo olhando o cronograma traduzido na base da pura raiva e do santo Google, as mãos ainda tremem, não faz nem uma hora que trabalho para esse homem e desejo arrancar seus dentes ou joga-lo do vigésimo andar.Nervosa passo as mãos pelo cabelo ajeitando os fios.

Coloco a tabela na mesa ainda recuperando do nervoso, ela caí no chão ao pegar vejo uma pequena anotação atrás da folha, me fazendo pular da cadeira." Café servido às 08:00, descafeinado e sem açúcar". Estou terminando de ler, o telefone na mesa toca fazendo derrubar novamente a tabela.

—Cadê o meu café? —Questiona a voz odiosa dele do outro lado da linha.— Algum problema para compreender a tabela senhorita Hill?—Pergunta sarcástico.
— Filho da pu.. desculpa gente, mais não deu.

—Nenhum senhor—respondo fingindo estar calma mas no meu interior gostaria de estar estrangular ele até a morte.
— Precisa de algo?—Pergunto o mais simpática possível

—Faz meia hora que estou aguardando meu café— diz ele ignorando minha pergunta.

Minhas mãos voltam a tremer, no momento uma justificativa surge, se ele quer jogar eu também quero

—Lamento mas estou seguindo a risca sua observação na tabela
—falo serena feito um anjo angelical, sei ser cínica também— senhor Stewart.

—Qual observação!—Questiona ele rude.

—Aquela na qual todas as minhas tarefas devem ser realizadas pontualmente.
— Faço uma pausa antes de falar.
—Porém o senhor chegou as 08:02, não poderia servir seu café fora do horário!—Contenho para não sorrir na cara dele. Imagino a expressão idiota no rosto que ele deve estar, ai. Está difícil manter a postura.

—Pelo visto contratei a pessoa certa— fala ele ríspido.

—Muito obrigada farei o meu melhor se..

E educado assim, ele desliga na minha cara.

Fico segurando o telefone sorrindo inclinando na cadeira. Olha queridos estou pressentindo uma guerra sendo travada entre eu e meu odioso chefe, só para constar ganhei o primeiro round.

Quem está na minha torcida deixa seu votinho ai 😘