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9| CHUVA DE VIDRO

A voz de Sr. White ecoava pelo ambiente vazio. Era como se as palavras estivessem sendo ditas por várias pessoas, num mesmo tom e na mesma frequência.

"São experiências bem sucedidas."

"Experiências bem sucedidas."

A frase entrava na cabeça de Eric e forçava sua mente a buscar um significado concreto para tudo aquilo. Quer dizer que era isso? Estava sendo feito de cobaia esse tempo todo?

— Então é isso? Simplesmente fomos usamos como ratos nesse seu experimento maluco? — perguntou Rebecca, como se estivesse lendo a mente dele. Surpreendeu-se com a altura de sua voz pra projetar as palavras e com o tom agressivo que ela usou, ainda que ele concordasse.

— Não use esse termo, senhorita Lancaster — White disse, olhando ao redor enquanto dava as costas para os dois adolescentes amarrados em cadeiras. — É sem classe.

— Não estou nem aí pra sua classe — respondeu Rebecca, furiosa. — Quem lhe deu o direito de nos transformar em cobaias?

O dedo indicador de White se moveu rapidamente — apontando para cima —, enquanto ele exibia um sorriso em seu rosto. As covinhas em suas bochechas, Eric notou, destacavam-se contra a pele branca, assim como seus olhos azuis faziam, brilhando profundamente sob a luz do refeitório.

Os olhos de Eric e Rebecca se encontraram antes de se dirigirem para o teto de vidro escuro, para onde White apontava.

Ele me deu o direito, senhorita Lancaster — foi tudo o que disse.

— Ele quem? — perguntou Rebecca.

— Ora, quem? A figura superior. O Homem. Ele tem controle sobre todos os seres vivos que tem o chip dentro de si. Só ele é quem decide o que fazer.

— Por que o idolatra tanto assim? — perguntou Rebecca, com uma mistura de nojo, angustia e confusão estampada no seu rosto.

Eric se manteve em silêncio. Tentara conversar com White na esperança de fazê-lo perceber a gravidade de suas ações em nome do amor cego que sentia pelo Homem. Mas ele mostrou ao menino, em mais de uma ocasião, que preferia tratar o assunto como algo indiscutível. Portanto, dessa vez, decidiu permanecer quieto, esperando evitar que mais alguém se machucasse por sua culpa.

— ...nunca entenderá, garota, como é ser poderoso como o Homem é — disse White, numa frase que Eric, imerso em seus pensamentos, não pôde ouvir por completo.

— Tem razão. Nunca entenderei. Isto é surreal. Desumano — retrucou a menina.

— Desumano é o que a sociedade causou a este planeta. Nada disso estaria acontecendo se a ambição e o ego não se tivessem se tornado coisas tão disputadas por um ser humano cego atrás de poder.

Aquilo era algo que Eric concordava. O mundo não estaria daquele jeito se não fosse pelo míssil nuclear lançando por um conflito governamental. Tornara a Terra um lugar inabitável para adultos. Deixara animais mortos, crianças órfãs e algumas até mesmo mortas. Vidas foram perdidas. E tudo pela ambição.

De repente, a imagem de sua mãe veio a sua mente. Ela estava lá, com o pijama branco com bolinhas pequenas e avermelhadas, as sobrancelhas franzidas e os gemidos que saíam de sua boca como uma forma de súplica. Eric afastou a imagem de sua cabeça. Não era hora para pensar naquilo.

— Vocês dois sabem que estou certo. Caso ao contrário estariam retrucando e discutindo comigo como sempre fazem — disse White, e Eric percebeu que além dele, Rebecca também não dissera uma única palavra. — O míssil, no entanto, trouxe coisas boas. Se não fosse por ele, o Homem nunca teria ascendido e estaríamos hoje no meio de uma guerra mundial muito mais catastrófica.

— Mas... por que nós? — o menino perguntou. — Por que Rebecca e eu?

O sorriso maléfico retornou ao rosto do homem de branco, fazendo com que Eric arrepiasse de cima a baixo.

— Porque eu escolhi vocês.

Então um novo silêncio se instaurou e Eric observou o choque tomando conta novamente do rosto de Rebecca, como quando ela fora esfaqueada. As lágrimas que haviam escorrido ainda eram visíveis em sua face e seus lábios estavam secos como os de um cadáver. Eric se perguntou se era só aquilo que White tinha a dizer, porque não sabia ao certo até quando seria capaz de aguentar sem que explodisse num ataque. Se perguntou também até quando Rebecca conseguiria aguentar e deixou que o sentimento de pena tomasse conta de si. Queria tirá-la dali. Queria protegê-la contra aquele monstro e contra todo aquele inferno.

— O Homem me disse para escolher duas pessoas que estivessem dispostas a ajudá-lo a testar o novo chip — continuou a figura de branco, arrancando Eric de seus devaneios. — E eu escolhi vocês dois. Escolhi Eric por perceber nele a força que tinha dentro de si e pela marra de quem não se rende tão facilmente. Você daria um ótimo soldado, garoto, se quiser saber minha opinião.

— E quanto a mim? — perguntou Rebecca. Uma mistura de dúvida, raiva e medo pairava sobre seu rosto. — Por que me escolheu?

— Você, cara Rebecca — o olhar dele se focou na menina —, não é o momento adequado para lhe contar porque escolhi você. Irá descobrir o motivo, no seu devido tempo.

A menina foi tomada por um olhar vazio e escuro em seu rosto. Era como se uma parte dela tivesse sido estilhaçada em mil pedaços e não havia nada que ninguém pudesse fazer para ajudar. Era ali. Aquela era a linha tênue da menina entre explodir e se controlar. Se White dissesse algo que perturbasse ela, Eric sentia em seus ossos que seria capaz de mata-lo com as próprias mãos. A cabeça da menina se abaixou lentamente, até que os cabelos de fogo escondessem o rosto dela.

— Agora, vamos ao que interessa. Já desperdiçamos tempo demais nessa conversa boba. Acredito que não tenham mais nenhuma pergunta a me fazer, certo? — ninguém respondeu. — Ótimo. Como já disse, o Homem pediu para que eu escolhesse duas pessoas que estariam dispostas a ajudá-lo a testar o novo chip e seus benefícios. Eu escolhi vocês, e sou obrigado a perguntar. Eric Montenegro e Rebecca Lancaster, se mostram dispostos a trabalhar, obedecer e se devotar completamente ao Homem?

Eric levantou os olhos, encarando o homem a sua frente. Não podia estar falando sério. Se unir ao Homem, depois de tudo o que passaram?

— Você só pode estar brincando, não é? — respondeu e viu a expressão de White mudar completamente.

— Como é, senhor Montenegro?

— Está brincando, não é? Não pode estar falando estar falando sério.

— Acredite garoto. Nunca estive tão lúcido em toda a minha vida.

— É claro que não vamos nos juntar a esse psicopata — Eric esbravejou.

— Bem, é realmente uma pena. E quanto a você, senhorita Lancaster? — Sr. White deu poucos passos até que estivesse na reta da menina. — Aceita trabalhar junto com o Homem?

Eric não ficou surpreso quando Rebecca não respondeu. Ela apenas levantou o olhar totalmente sem expressão e repousou as íris esverdeadas sobre o homem parado a sua frente. Eric percebia, naquele momento, que os olhos dela não carregavam mais a mágica de antes. Agora era apenas pura raiva e aquilo o amedrontava.

— Não ouviu o que eu disse? — gritou o menino, conseguindo a atenção de White. — Não vamos nos juntar a esse monstro.

— Infelizmente, senhor Montenegro, o senhor não é capaz de responder por ela. Senhorita Lancaster, eu lhe fiz uma pergunta.

Rebecca permaneceu em silêncio, encarando White com um olhar que parecia invadir a alma.

De repente, a mão do homem de branco avançou brutalmente e seus dedos pálidos se fecharam no queixo da garota. As unhas perfuraram a pele dela e Eric testemunhou seus olhos se fechando e derramando lágrimas. Em seu queixo, pequenas gotas de sangue escorriam por entre os dedos de White, que agora estava com os olhos arregalados, as sobrancelhas franzidas e os lábios se encolheram até que formassem uma linha fina. Sua veia saltava em seu pescoço e Eric sabia o que aquela expressão significava. Já vira antes, quando estava amarrado na cama. Era ira e ódio, mas também um vulnerabilidade mascarada.

— Me responda, garota estúpida! — gritou e chacoalhou a cabeça de Rebecca pelo queixo. Ela gritou e mais lágrimas escorreram de seus olhos.

Eric forçava as fitas que o impediam de se mover. Não rasgavam e não demonstravam nenhum sinal de estarem se afrouxando. O suor manchava seus cabelos e ele também pôde sentir as lágrimas queimando no fundo dos olhos. Se perguntou rapidamente por quê. Não chorava desde a morte de sua mãe. E nem mesmo conhecia Rebecca tão bem.

— NÃO! — urrou a menina, entre dentes. White soltou seu rosto, exibindo as marcas de unhas que deixara em sua pele enquanto se afastava de volta ao lugar onde estava. — Não, seu desgraçado. Não me juntarei a ele. Nunca.

Eric assistiu a boca de White se mover até formar aquele sorriso que ele odiava profundamente.

— Bem, então infelizmente não temos mais nenhum assunto a se tratar — e fez um gesto com os dedos, olhando para alguém atrás dos dois adolescentes.

Eric sentiu mãos encostando em seus ombros e os pressionando tão fortemente que a dor quase o cegou. Não emitiu nenhum som, odiaria dar ao homem de branco o prazer que ele queria. Braços entraram em seu campo de visão e, com um canivete, recortaram as fitas de um de seus pulsos.

Aproveitando a chance, Eric se moveu o mais rápido de conseguiu e tentou desferir um golpe em quem quer que estivesse atrás dele. Mas a pessoa moveu-se mais rápido, e atingiu o menino com uma arma de choque. As ondas penetraram seu corpo e ele se estremeceu inteiro, perdendo qualquer força restante que tivesse em si para resistir ao que estava acontecendo. Sentiu então seu outro pulso ser libertado das fitas e com isso desabou ao chão.

As mãos o guiaram novamente para que ficassem de joelhos. Lutou para se manter firme, com seu corpo se sentindo cansado e sua mente, esgotada. Ele olhou ao lado e percebeu que Rebecca também se encontrava de joelhos e sua cara estava péssima. Cortes, sangue, suor e choro. Ela estava paralisada, de joelhos como ele.

— Eric Montenegro e Rebecca Lancaster — começou White —, pela autoridade do Homem vocês foram sentenciados à morte por rebeldia contra o sistema. Tem algo que queriam dizer antes de serem executados?

Eric levantou o olhar e descobriu de quem eram as mãos que seguravam seus ombros e o puseram de joelhos. Eram os guardas que atiraram neles com os dardos, assim como outros que ele não havia visto anteriormente. Ao todo formavam cerca de uma dúzia, talvez mais, de guardas. Deviam estar se escondendo atrás deles esse tempo todo. Notou também que White desta vez não sorria, e Eric pôde jurar que havia um ar triste pairando sobre ele, como se ele se sentisse realmente mal por ter de fazer aquilo.

— Tudo bem então — disse a figura de branco. Então olhou para os guardas. — Prossigam.

Os homens de farda levantaram as armas e Eric se virou para olhar para Rebecca por uma última vez. Ela estava do mesmo jeito: paralisada pelo choque. E o menino se sentia profundamente culpado por tudo aquilo. Se não tivesse a arrastado para isso, ela não estaria ali e não estaria prestes a morrer por sua causa.

E ele não acreditava que seria assim que terminariam. Com os dois mortos.

As cenas seguintes se passaram como um filme em câmera lenta. Uma voz cortou o silêncio gritando em negação. Parecia mais alta que tudo o que Eric ouvira nas últimas horas. Ressoou por todo o ambiente e invadiu os ouvidos de todos lá presentes. Os olhos do menino procuraram a fonte mas tudo o que viu foi um objeto grande voando. O que era, a visão de Eric não pôde captar. Apenas ouviu um barulho de estilhaços e observou enquanto pedaços reluzentes caíam do céu.

Ao ver aquilo, Eric usou as forças restantes que tinha e se levantou, correndo em direção a Rebecca. Agarrou a menina pela cintura e se jogou no chão no momento exato em que o primeiro estilhaço atingiu o guarda que estava a frente dela. Sangue voou, jorrando por todo canto.

Rebecca caiu em cima de Eric, e aquilo pareceu desperta-la do choque. Levantou-se e agarrou a mão do menino. Juntos, correram até debaixo da sacada, onde assistiram a chuva de vidro que tingia as paredes, o piso e até mesmo a pele dos adolescentes com um líquido viscoso e escarlate.

Contem-me suas opiniões, quero muito saber se estão gostando

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