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6| TEM QUE VIR COMIGO

Os pés de Becca já haviam se cansado de ficar parados, sob a luz clara do corredor, sustentando seu corpo. O calor já tomava conta do ambiente, tornando-o abafado e dificultando a respiração dela.

As vozes ainda falavam, mais irritantes do que antes. Será que não percebiam que não adiantaria reclamar com os guardas?

Havia uma porta no fim do corredor e um guarda estava lá a falar com as pessoas e anotar nome a nome para que elas passassem e sumissem do campo de visão da menina. Aquele guarda não parecia muito diferente dos outros. Tinha a mesma aparência corporal e trajava as mesmas roupas. Segurava uma prancheta transparente que prendia uma folha de papel onde ele escrevia com uma caneta. Becca não estava longe de ser chamada e não via a hora para que acontecesse.

Seus olhos procuravam algo para se focar, na esperança de ter o que pensar enquanto aguardava a voz do guarda gritar seu nome. Então, seus ouvidos captaram uma voz familiar. Soava desesperada, da mesma forma como quando Becca ouviu-a pela primeira vez.

"Você viu minha irmã? O nome dela é Emily. Ela tem cabelos curtos e pretos e usa óculos redondos. Fomos separadas quando chegamos e eu não a vi desde então", ela dissera.

Becca procurou a garota com o olhar. Ela clamava e chamava atenção de todos, que não pareciam se importar ou sequer dar ouvidos. Quando a achou, ficou orgulhosa de sua memória. Era aquela garota, frágil, bonita e desesperada.

— Não... por favor — ela implorava, resistindo ao guarda que a puxava porta adentro. — Eu preciso achar ela. A minha irmã sumiu... por favor.

— Já chega garota — disse o guarda, e a puxou mais forte rumo a porta.

— Não! — ela gritou, com os olhos enchendo de lágrimas. — Não posso ir embora sem ela.

O guarda da porta colocou a mão no ombro da menina. Embora não estivesse perto, Becca sabia que o toque tinha sido suave, visto que o pânico da garota se esvaía conforme ele falava. Ela não podia ouvir as palavras que ele dizia, mas assistiu enquanto a calmaria tomava conta da menina de cabelos negros, cuja identidade Becca desconhecia.

Agora controlada, ela assentiu com a cabeça e se virou para ir com o guarda que segundos atrás a puxava à força pelos braços. Antes de desaparecer, seu olhar encontrou o de Becca, dando a ela um leve arrepio. Será que a menina se lembrava dela? Teria ela visto Becca passando mal?

Por fim, a garota atravessou a porta, sem demonstrar nada em sua face, apenas uma lágrima que escapou de seus olhos castanhos e o mistério da irmã desparecida, que pairava sobre o ar.

Becca esperou mais algum tempo na fila, pensando se deveria falar ou não com a menina e lhe contar sobre o que tinha acontecido a ela. Quem sabe ela pudesse ajudá-la? Talvez, se trabalhassem juntas, poderiam solucionar o que aconteceu a ela e encontrar a irmã desaparecida, além de descobrir qual a razão por trás de seu sumiço.

— Seu nome, moça — ela ouviu. Era a voz do guarda. Distraída, ela não havia percebido que as pessoas a sua frente já tinham passado pela porta.

Becca encarou o homem à sua frente. Concluiu que havia sim coisas que diferenciava ele dos outros guardas. Ele trajava as mesmas roupas que todos os outros daquele lugar, mas ela sentiu algo diferente nele. Havia uma certa simpatia, um certo tom harmônico em sua voz e ele exibia um sorriso. Os outros nunca sorriam e tinham um olhar de desprezo pintado nos rostos, juntamente de uma voz grosseira. Este não. Transmitia paz e fazia com que Becca se sentisse segura.

— Rebecca Lancaster — ela respondeu, forçando um sorriso no rosto.

— Você está no ônibus 4, acento 144 — disse ele, gesticulando para que ela seguisse em frente.

A princípio ela não entendeu o que aquilo queria dizer. Foi apenas ao passar pela porta que ela entendeu o que aquilo queria dizer. Assim que saiu do corredor, deparou-se com algo parecido com um ginásio sem arquibancadas ou cestas de basquete e gols. Era gigantesco, coberto por um teto de ferro e brilhante sob as luzes de holofotes espalhados por todos os cantos. Dentro do ginásio haviam quatro ônibus enormes, os maiores que Becca já tinha visto em toda sua vida. Surpreendeu-se ao saber que ainda existiam ônibus depois da explosão. Os motores ligados produziam uma fumaça negra que sufocaria todas as pessoas, se não fosse por um enorme portão pelo qual a fumaça ia embora e por onde também vinha a luz do sol, exibindo lá fora o mundo que ela vivera um dia.

Becca involuntariamente sorriu. Parecia ter se passado anos desde a última vez que viu a luz do sol e a terra que morava. Obviamente não era a mesma coisa de antes da explosão, mas comparado ao que era este lugar, Becca se sentia feliz ao ver a cidade que costumava morar iluminada pela luz intensa da manhã.

Os ônibus estavam parados um atrás do outro, numa única fileira, e Becca, seguindo a orientação que lhe foi dada, caminhou até o último. Antes de entrar, parou para apreciar novamente a luz solar que iluminava uma pequena fresta dentro do ginásio. Queria sentir o calor tocando sua pele por uma última vez, antes de subir naquele ônibus, incerta de quando e se veria aquela luz novamente. Olhou ao redor e percebeu que naquele ginásio não haviam apenas dois guardas que ficavam do lado de fora. Não havia ninguém para impedi-la.

Ela começou a andar até o portão, sem olhar para trás. Andava, devagar, até a luz que vinha do lado de fora. Estava quase chegando até o claro, pronta para se sentar ali e se banhar com o sol.

Então parou.

Um soluçar chamou sua atenção. Vinha de um choro, ela reconheceu. E estava perto.

Se virou e encontrou a menina do refeitório, sentada no chão com as costas indo de encontro com a traseira do ônibus. Seus longos cabelos escuros desciam sobre seus braços e sua cabeça estava abaixada entre os dois joelhos. Ela chorava, e Becca sabia o porquê.

Lentamente se aproximou da menina, agachando-se ao lado dela. A garota levantou o olhar, mas não disse nada. Ela não se lembra de mim, concluiu.

— Vai ficar tudo bem. Eles vão encontrar sua irmã — Becca disse, na esperança de confortá-la.

— Não. Eles não vão — a menina disse, se pondo de pé e afastando-se dela. Suas bochechas estavam vermelhas assim como os olhos. As lágrimas molhavam os cílios e manchavam o rosto. Só naquele momento, Becca pôde ver o quão bonita a menina era — Eles só me disseram isso para que eu viesse para cá e parasse de importuná-los com meu desespero.

Becca encarou ela. Como podia parecer tão jovem e tão velha ao mesmo tempo? O par de olhos mostravam o que este lugar fizera com ela. Era como se tivessem retirado toda a sanidade que ela um dia já tivera. Abaixo deles, Becca notou as olheiras que coloria o rosto da bela garota com um sombreado de violeta manganês.

— Nunca mais vou vê-la. Eles a levaram de mim e me forçaram a desistir. Agora nunca mais verei ela de novo — e abaixou a cabeça, chorando novamente.

— Você não precisa desistir. Pode procurá-la. Deve procurá-la. Nem que isso leve a vida toda.

— Você não entende, não é? Eles nunca vão me deixar vê-la novamente. Mesmo que eu a ache, nunca vou poder ajudá-la.

— É claro que vai. Você estará lá. E isso a dará forças para lutar. Para lutarem.

A menina a encarou de novo, agora com um leve sorriso estampado no rosto. As lágrimas ainda escorriam dos olhos, mas ela já não chorava mais.

— Eu me lembro de você — disse ela.

— Se lembra?

— Sim, do refeitório. Estava com uma cara péssima.

— Bem, você está com uma cara péssima também, mas eu não estou julgando — Rebecca respondeu, arrancando uma gargalhada da menina.

Após o mar de risos, a menina limpou as lágrimas dos olhos com as mãos e os moveu até que estivessem novamente encontrando com os de Becca. Eram castanhos como o carvalho e pareciam penetrar sua alma

— Você me ajudaria? — ela perguntou.

— Ajudaria no quê?

— Me ajude a procurar por ela.

— O quê? — Becca se levantou, assustada com o pedido.

— Sozinha lá fora eu não tenho a mínima chance, principalmente contra aqueles guardas.

— Olha... — ela começou, procurando as palavras certas para dizer — sei que você quer muito encontrar sua irmã. Mas eu... nós nem nos conhecemos e...

— Meu nome é Nina — ela estendeu a mão com a palma aberta para um aperto, interrompendo a frase de Becca. — O seu é...

— Becca — ela respondeu, sem apertar as mãos da menina. Preciso sair daqui.

— Que nome legal — Nina disse sorrindo, parecendo nem sequer notar que seu aperto de mão não fora correspondido.

— É um apelido... olha, eu tenho que ir — Becca respondeu, se levantando devagar.

— Espere... não vai me ajudar? — Nina levantou-se em seguida, com a sobrancelha franzida e o rosto formando uma expressão de espanto.

— Eu...não posso, me desculpe — e correu, o mais rápido que pôde.

Nina disse algo para ela, na intenção de convencê-la a voltar, mas Becca já tinha partido, deixando para trás a menina que se afogava no desespero novamente.

Ela correu com o olhar fixo nos guardas que estavam na porta. As pessoas continuavam entrando e os nomes continuavam sendo anotados, o que sugeria que a fila interminável de jovens mantinha-se do mesmo jeito que estava quando Becca entrou no ginásio. Atrás, ela ouvia a voz de Nina gritando seu nome, implorando para que ela voltasse. Mas não voltaria. A última coisa que queria era acabar envolvida em mais problemas.

Procurava um bebedouro, ou algum banheiro, ou alguma outra coisa para que pudesse desaparecer da visão da menina, mas não achou nada. Por fim se enfiou no vão que se abria entre o segundo e terceiro ônibus e lá sentou, sentido o cansaço a consumindo. Como sua vida tinha mudado completamente em um período tão curto de tempo? Antes ela se preocupava com as tarefas da escola, tinha tantos trabalhos para ter entregue e as provas finais do ensino médio. Agora, depois da explosão, com a mãe morta pela radiação, tinha de se preocupar com a falta de comida e lutar para não morrer de fome; teve de ser amarrada a uma cadeira e ter um chip introduzida nela a força; tinha de ir para um laboratório como uma espécie de objeto de estudo; e, por fim, tinha que fugir de uma menina maluca que conhecera em uma espécie de campo de concentração. Além de tudo isso, tinha que fazer sozinha. Nunca quis tanto a mãe como naquele instante.

Ela sentiu seus olhos coçarem, as unhas perfuraram a palma da mão. Uma lágrima caiu sobre ela e Becca percebeu o quanto tremia. Estava sentada no chão do ginásio, exatamente como Nina estava. E estava chorando. Embora tentasse combater o impulso, não conseguia controlar e só sentia as lágrimas descendo pelas suas bochechas. Fazia um bom tempo que não chorava por saudade da vida que tinha antes.

Ela abaixou o rosto. Sentia tudo desabando, queria que tudo fosse um sonho e que quando ela abrisse os olhos novamente, ouviria a voz da mãe a acordando para ir à escola.

Sentia a pressão da realidade empurrando-a para fundo. Ela sabia que aquilo nunca iria acontecer. Que a mãe nunca mais falaria com ela. Que o Homem havia ganhado. Que estava tudo do jeito que ele queria. E que ela tinha perdido. Tinha fracassado.

De repente, ela sentiu dedos cutucando ombro.

— Ei — dizia uma voz em seu ouvido.

Ela levantou a cabeça, e a sua frente, parado estava um guarda.

Involuntariamente ela olhou para a porta e viu que os dois guardas ainda estavam lá, no mesmo lugar, sem sequer parecer ter notado que Becca estava sentada ou que havia outro guarda falando com ela.

— Me desculpe — ela disse, limpando o rosto e se levantando. — Vou para meu ônibus.

— Não, espere. — o guarda disse, agarrando o braço dela. — Não me reconhece?

Foi preciso um longo instante para que seu cérebro identificasse a pessoa parada na sua frente.

— Meu Deus. Você é o menino do refeitório — seu olhar ia da roupa para o rosto dele. — Por que está vestido assim?

— Derrubei um guarda e peguei o uniforme dele para passar despercebido — ele respondeu. — Você precisa vir comigo.

— Do que está falando? Como entrou aqui? — Becca perguntou, tentando livrar seu braço das mãos firmes e fortes do menino.

— Por aquela porta — ele apontou para uma porta que Becca não tinha visto antes, que abria espaço para um corredor imenso e escuro, com uma luz brilhando ao longe. — Olha, não temos tempo, precisa vir comigo agora mesmo.

— Eu não vou a lugar nenhum — Becca disse, se soltando com uma puxada só. — Os guardas sabem que está aqui?

— Não, estou fugindo deles. E de White.

— Por quê?

— Olha, depois eu explico, é complicado. A gente não tem tempo...

— Tempo para que? Do que você está falando?

O olhar dele congelou, desfocando-se dela. Olhava para trás dela, na mesma direção que ficava a porta pela qual se entrava no ginásio. Becca virou para olhar o que aterrorizava ele, e viu um White com o terno branco ensopado de sangue, furioso, gritando algo para os dois guardas.

Num movimento rápido, o menino se escondeu atrás de um dos ônibus e sussurrou para que Becca viesse de encontro com ele. Ela foi, curiosa para saber o que está acontecendo.

— Esse é o motivo pelo qual temos que ir embora — disse ele.

— Porque White está desse jeito?

— Porque eu bati nele. — ele puxou a manga do uniforme de guarda e mostrou e Becca um dos pulsos. Nele haviam marcas vermelhas, cortes, ela identificou depois, que estavam por toda a pele. — Ele me amarrou na cama do dormitório e me disse que iria me manter aqui nesse lugar para fazer experiências comigo. Ele me viu passando mal quando apertou o botão, mas por algum motivo não viu você.

O coração de Becca acelerou. Ele tinha mesmo visto ela correndo para o banheiro naquele momento fatídico.

— White me explicou o porquê de termos passado mal. Mas não tenho tempo para te contar tudo. Venha comigo.

Becca pensou, sua cabeça rodava. Tudo estava acontecendo muito rápido.

— Está bem. — ela cedeu.

Os dois se levantaram e correram até a porta aberta. Becca entrou primeiro, avançando no escuro. O menino parou, com a mão na maçaneta e a porta quase para se fechar.

— A propósito, eu sou o Eric — disse, abrindo um sorriso.

Então ele fechou a porta, imergindo os dois na escuridão.

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