20| O HOMEM (pt.FINAL)
Rebecca abriu os olhos e tudo o que viu foi luz. Brilhou tão forte que ela se viu obrigada a fazer sombra com as mãos para que pudesse enxergar melhor. Ela vestia a mesma camisola que sempre usava quando ia dormir. Os cabelos ruivos estavam soltos e caiam sobre seu ombros e peito. Ela estava deitada.
Quando conseguiu enxergar melhor, analisou rapidamente o ambiente onde se encontrava, sem entender muito bem o que estava acontecendo. As últimas memórias ainda pintavam em sua frente. A batalha. White. A sensação de queimado e então, nada. Ela percebeu que está deitava sobre uma cama, deitada contra a parede branca. Se sentou e olhou todos os detalhes do lugar que estava. E notou que aquele era seu quarto.
Estava da forma exata como se lembrou. As luzes estavam acesas e mostravam para ela cada detalhe. A cômoda onde deixava os papéis da escola. A estante de livros que a mãe havia comprado com todas as coleções que ela amava. O carpete azul marinho sobre o chão, limpo como nunca. A porta semi aberta do outro lado do cômodo. Até mesmo a porta do armário onde guardava as roupas estava igual. Becca tinha o costume de deixar uma porta aperta e outra fechada, e sua mãe vivia reclamando com ela em relação a isso. Tudo estava igual. Exatamente igual.
Será possível... Eu sonhei tudo?, ela pensou. Nada fazia sentido ou se encaixava. Em sua cabeça lembrava-se de tudo. Cada detalhe. White com seu sorriso. O chip. Orquídea. O refeitório. Eric e seus sentimentos por ele. Todas as noites que passou ao lado dele. Todas as batalhas. Tudo.
Vocês foram experiências concluídas com sucesso.
As lembranças eram muitas. Ela não podia ter sonhado tudo. Não era possível.
Se levantou e tentou caminhar até a porta, mas deu apenas três passos antes de cair no chão. Virou-se, ainda caída, procurando a causa de seu tombo. Viu então uma corrente pressão ao pé, indo até a um dos pés da cama.
— O quê? — ela murmurou. Tentou levantar a cama, mas esta estava presa ao chão. — O quê? — ela repetiu, incrédula.
— Está tudo da forma como você deixou — uma voz masculina surgiu no ar, assustando-a.
— Quem disse isso? — ela perguntou, com medo. Nunca estivera tão apavorado como quando estava naquele momento. Desejou imensamente que Eric estivesse do lado dela. — Quem está aí?! — ela gritou, dessa vez, apavorada.
— Foi tudo por você — conforme ele foi falando, uma imagem começou a se revelar, saindo de trás do armário. — Tudo isso. Por você.
— Meu Deus... — a voz de Becca saiu em um suspiro macabro. Não porque ela estava ali, mas porque sabia com quem estava presa. Era ele. Era o Homem.
Ela estava lá. Finalmente ele estava com ela. Cara a cara com ela.
Ele a observou durante esse tempo todo. Todos esses anos.
Quando White a trouxe, em seus braços desacordada, ele pôde segurá-la. Sentiu sua pele macia contra a lã da camiseta que ele usava. Sentiu os fios de cabelo dela nas mãos. Segurou a palma da mão dela, entrelaçando seus dedos com os dela.
Ela estava lá. Enfim lá. E enquanto ela observava, com a confusão desenhada entre as linhas de seu lindo rosto, ele sentia que seu coração iria pular do peito. Tentou ao máximo não deixar escapar um suspiro alto demais para que ela o descobrisse.
Foi somente quando ela sucumbiu ao chão, perguntando a si mesma o que estaria acontecendo, que ele decidiu tomar a frente. Naquele momento, decidiu que iria revelar toda a história a ela.
— Está tudo da forma como você deixou — ele disse.
— Quem disse isso? Quem está aí?!
A voz dela. Era doce e suave. Não havia mudado em absolutamente nada.
— Foi tudo por você. Tudo isso. Por você — ele caminhou até estar de frente a ela.
— Ah meu Deus — ele disse, em completo choque.
— Sabe quem sou eu? — ele perguntou, ansioso pela resposta.
— Sim. Eu sei — ela respondeu, lágrimas brilhavam em seu rosto. Ele imaginou que isso aconteceria.
— Diga — ele ordenou.
— Você... é o Homem — ela respondeu num sussurro.
— E o que mais? — ele disse, num tom de imposição. — Diga, Rebecca, exatamente quem sou eu.
— Você... é meu pai.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro