19| ELA SE FOI
Nina sentia o sangue correndo por suas veias, transportando a adrenalina por todo seu corpo. No andar debaixo, ela ainda ouvia os berros raivosos e os xingamentos odiosos de White enquanto a fumaça branca das granadas fazia seu corpo desaparecer, mas nada mais importava. Naquele momento, seu olhar tinha se congelado no de Rebecca. Era bom rever ela, mesmo depois de tudo o que aconteceu entre elas. Queria abraça-la forte, como nunca quisera antes. Nina desviou o olhar para os azulejos. A sacada não era alta e definitivamente não iria matá-la. Ela fechou os olhos e sem pensar duas vezes se arremessou andar abaixo.
Ela ouviu o nome dela sendo gritado por Oliver, mas quando seus pés tocaram o chão nada mais importava. Ela correu até Rebecca e apertou-a num abraço forte. O coração dela batia forte contra o peito e ela pôde sentir as lágrimas da menina molhando sua camiseta suja.
— Me perdoe... Eu não quis... — ela começou, mas Nina a interrompeu.
— Está tudo bem. Sei que nunca quis me machucar — ela sorria, assim como Rebecca.
Houve um barulho e quando Nina se virou deu de cara com o corpo de Oliver espalhado no chão, queixando-se de dor.
— Como você conseguiu cair de pé? — ele perguntou, se levantando e passando os dedos entre os cabelos desajeitados.
Eric caminhou até o menino, com um sorriso que ia de orelha a orelha. Ele abriu os braços no que parecia uma tentativa de abraça-lo, mas antes que pudesse ter a chance, Oliver desferiu um golpe em seu rosto.
— Ei! — Rebecca se pôs a andar, agarrando o menino, desamparado pelo soco. — Qual é seu problema? — ela perguntou, furiosa.
Oliver abriu outro sorriso e quando Eric ficou de pé novamente, o nariz sangrando um pouco, ele o abraçou.
— Aquilo foi por ter tentado me matar — então, deu outro abraço nele — E isso é por não ter conseguido.
Eric riu, puxando a camiseta até o nariz, limpando o sangue.
— Obrigado, eu acho.
— De nada — Oliver sorriu e se virou para Rebecca — Bom te ver de novo.
— Igualmente — ela estava furiosa. Caminhou até Eric e perguntou se ele estava bem. O menino respondeu que sim com a cabeça.
— O que perdemos? — Nina perguntou, procurando quebrar o clima que havia se instalado.
— Ah, você sabe... o de sempre. White quase nos matando e o Homem nos caçando loucamente — respondeu Eric, baixando a camiseta e mostrando o nariz sujo de sangue seco.
— E temos superpoderes — completou Rebecca.
— É eu sei disso — Nina comentou, mas antes a menina ruiva pudesse dizer algo o som de um revólver disparando soou pelo ar, trazendo o silêncio profundo e incômodo ao ambiente.
— Quem vocês acham que são? — White estava furioso. — Acham que podem desafiar o Homem? Acha mesmo que são capazes?
Seu olhar estava transtornado, quase perdido na insanidade, Nina notou. Nunca o havia visto daquela forma e aquele olhar de puro ódio a assustava um pouco.
— Vou dar um jeito em vocês. Vocês verão.
Sua mão moveu-se rápido até a cintura, de onde retirou um pequeno objeto cinzento. Ele o levantou até o alto e apertou um botão. Sirenes soaram por todo o salão, um barulho tão alto e estridente que parecia que a cabeça de Nina ira explodir.
White ria como uma criança e olhava para todos os 4, o rosto manchado pelas lágrimas e os cabelos grisalhos molhados com o suor.
Nina olhou para seus amigos e viu Eric pronto para correr em direção a White, assim como Rebecca. Mas antes que ele pudesse fazer qualquer movimento, guardas começaram a saltar da sacada para dentro do salão. Carregavam armas grandes e aterrissavam em toda a parte, nas bancadas, ao lado de White, até mesmo na frente deles. Não se moviam, sequer piscavam. O olhar estava congelado como icebergs e, olhando atentamente, Nina viu que suas pupilas estavam dilatadas.
— Peguem eles. De preferência vivos, o Homem vai querer vê-los — White falou.
Então foi como se alguém tivesse puxado uma corda. Os guardas se mexeram e avançaram nos adolescentes, uns arremessando seus corpos pesados contra eles e outros mirando as armas e atirando, sem nenhuma dúvida sequer. Rebecca agarrou a ponta de uma arma e deu um chute na barriga do guarda, o arremessando para longe. Com arma em mãos atirou no homem fardado que atacava Oliver.
Nina viu que outro deles atacava Eric. Eram 3 no total. Dois deles seguravam os braços do menino enquanto o outro desferia golpes em seu rosto. Nina correu, um arrepio subia em sua espinha e um calor queimava sua nuca.
Num movimento derrubou um guarda que corria em direção, arrancando-lhe a arma. Seu coração pulsava contra o peito enquanto disparava tiros contra todos os outros que cruzavam seu caminho.
Ela nunca pensou que estaria fazendo aquilo. Matando pessoas para sobreviver. Quando via na televisão achava aquilo completamente estranho. Era Emily quem realmente gostava de cenas assim. Toda vez que assistiam a filmes assim, a irmã fazia perguntas que ela não sabia responder.
— O que será que as pessoas sentem quem estão nessa situação? — ela indagava antes de pular no sofá cada em na vez que sangue jorrava. — Viu isso, Nina? Ela deu um tiro bem na testa dele.
Lágrimas saíam de seus olhos. Ela sabia o que as pessoas sentiam em situações como aquela agora: nada.
Ela chegou até Eric e atacou o guarda com a arma descarregada antes que ele pudesse dar o último soco. O menino aproveitou a distração dos outros dois que seguravam seus braços e se levantou o mais rápido que conseguiu, jogando sua cabeça contra o homem que segurava o braço direito. Nina deu um coronhada no ouro, antes que ele pudesse reagir e em segundos, os guardas já estavam desmaidos.
— Bom trabalho — ele disse, colocando a mão na nuca.
— Igualmente — ela sorriu, estendendo a mão fechada num punho. Eric fez mesmo, retribuindo um toque.
Rebecca.
Nina se virou por instinto. Era aquela voz de novo. Quando o fez, viu a pilha de cadáveres que havia deixado no caminho até Eric.
Rebecca.
Dessa vez, olhou para frente. Tudo o que viu foram muitos guardas caindo. Rebecca derrubava muitos deles, sozinha, enquanto Oliver lutava contra um.
— Você ouviu também, não ouviu? — perguntou Eric.
— O nome de Rebecca?
Ele assentiu.
— Ouvi. Você também ouviu?
— Sim, isso anda acontecendo há alguns dias.
— Nina, uma ajuda aqui por favor — ela ouviu Oliver e quando olhou viu muitos guardas o cercando em uma das bancadas.
Ela saiu correndo, deixando Eric para trás.
A cada passo que dava parecia que Oliver se afastava. Quando enfim estava se aproximando um guarda cruzou a sua frente, apontando o enorme rifle para ela.
— Você? — ela disse, impressionada.
— Cale a boca, garota estúpida — o homem respondeu.
Era ele, o guarda do lado de fora.
Nina viu seu dedo indo em direção ao gatilho e se moveu rápido.
Sua mão escorreu até o bolso de sua calça e agarrou o objeto que ele havia a entregado mais cedo. O bracelete brilhava à quando ela estendeu ao guarda.
Ela observou o objeto por um leve segundo antes de abaixar a arma e toma-lo em suas mãos. Os olhos já enchiam-se de lágrimas.
— Ah, minha Tessa...
— Você se lembra de mim, certo? — perguntou Nina.
— Sim, você é a irmã daquela garotinha.
— Preciso que você me ajude a salvar meu namorado.
O guarda se virou e viu Oliver em total desespero. Ele gritava o nome de Nina.
— Venha, tenho uma ideia.
Ele a agarrou pelo braço e mandou ficar quieta. Então, pôs-se a andar em direção ao menino.
— Acho que encontrei a menina que ele procura — disse ele.
— Solta ela! — gritou Oliver, se aproximando.
Um dos homens fardados agarrou o rifle que segurava e o enfiou com toda força na barriga do menino. Ele recuou, caindo para trás.
— É a namorada dele? — perguntou o guarda.
Nina não respondeu, observando o homem do bracelete. Será que o tempo havia acabado?
— Sim! — Oliver gritou. — Essa é minha namorada. E se você tocar um dedo sequer nela...
— Ah, meu caro amigo. Eu vou tocar algo muito maior que um dedo nela — o guarda respondeu, movendo suas mãos até a calça camuflada.
— NÃO! — Oliver avançou mais uma vez, mas foi impedido pelos outros guardas.
O corpo de Nina congelou, tentou se libertar dos braços do homem do bracelete, mas ele apertava seu braço com força, a impedindo de se soltar. Ela não sentia nada, sequer o próprio coração.
Então pôde ouvir barulhos de tiros e quando abriu os olhos metade dos guardas já estavam no chão. A outra metade encontrava-se em choque.
O guarda a empurrou para trás, servindo de escudo humano enquanto atirava em seus companheiros. Gritou para que ela corresse, mas ela não conseguiu se mover. Não demorou até que este estivesse no chão, baleado por seus colegas que não conseguiram entender nada.
Quando ela se virou para correr, outro guarda a agarrou. Este sim, ela percebeu, a machucaria pra valer. Fechou os olhos, esperando pelo pior e então conseguiu ouvir um gemido, alto e com uma certa... dor no tom, que com certeza não vinha dela.
Abriu novamente os olhos quando se virou viu o olhar de pavor estampado no rosto do homem. Os olhos estavam arregalados e a boca aberta com sussurros roucos saindo de lá.
Todos os outros guardas estavam em choque olhando fixamente para a cena à frente deles.
Então, como um boneco de pano puxado pela gravidade, o guarda caiu como um boneco de pano, atingindo o chão, petrificado.
— O que fez com ele, sua vadia? — um do guardas moveu a arma, apontando-a para a cabeça de Nina.
— Eu não... — Nina tentou encontrar as palavras certas para explicar o que havia acontecido, mas nada vinha.
— Você vai pagar — rosnou o mesmo guarda.
Ela ouviu um clic antes de fechar os olhos, pensando que iria morrer. Mas quando não ouve disparo, ela os abriu novamente e viu Oliver com um rosto sem emoção. Entre a pele clara e o cabelo louro, ela notou, brilhavam uma cor azuladas em sua íris que ela nunca vira antes. Era um azul escuro e intenso que causava arrepios em sua espinha. Além disso, viu uma pilha de guardas deitados no chão.
Oliver encarou Nina por um segundo antes de correr até elas e beijá-la. Tudo parou e o mundo começo a rodar a sua volta. Naquele momento se arrepender de ter desejado que a bomba nunca explodisse. Se não tivesse acontecido, Oliver e ela nunca teriam se conhecido.
— Você está bem? — ele perguntou, passando a mão nos cabelos dela. Atrás deles ainda estava o caos ainda que Eric e Rebecca estivesse lutando bem e dando conta sozinhos.
— Sim, estou. O que houve com seu nariz?
Havia sangue seco em suas narinas, o que preocupou a menina um pouco.
— Não é nada. Quando vi aquele guarda tocando em você, senti minha nuca e meu corpo queimarem. Acho que isso foi apenas uma alerta para não me concentrar demais ou algo do tipo.
— Você fez aquilo?
— Sim, embora não saiba como exatamente.
— Obrigada — ela sorriu.
Subitamente, um dos guardas se pôs de pé, levantando dos mortos com um par de algemas nas mãos. Ela gritou, assustada, mas logo o reconheceu como o homem do bracelete.
— Prenda-me com elas — ele ordenou.
— O quê? — Nina perguntou, confusa. Eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo.
— Preciso que me prenda com elas para que eu não a ataque quando minha lucidez passar.
— Lucidez? Do que você está falando? Achei que estava morto.
Num movimento ele rasgou o uniforme, exibindo um colete a prova de balas.
— Nina, se quer realmente saber o que houve com sua irmã, por favor, faça o que estou lhe pedindo nesse momento.
Nina estava sem reação, seu corpo estava paralisado. Tudo estava acontecendo muito rápido e ela não sabia como absorver tudo. Ela queria apenas que tudo parasse e voltasse ao normal. Queria se sentir normal novamente, com sua mãe e sua irmã. Queria um futuro alternativo, onde nunca houvera uma explosão.
— Nina! — berrou o guarda.
Num movimento, um par de mão fechou uma das argolas no pulso do guarda rápido como o ar, levando-o até a mesa de mármore presa ao chão.
Quando se virou, Oliver já havia começado a correr em direção a multidão dos guardas, chamando-a e dizendo que precisavam ajudar Eric e Rebecca.
Nina começou a segui-lo, mas parou para olhar para o guarda algemado mais uma vez. Ele chorava e gritava de dor enquanto segurava o bracelete da menina que ele havia chamado de Tessa. Sentia pena por ele, sem ao menos saber seu nome. Era visível que algo que ele amava foi tirado dele, quebrando. Ela sentia muita dó dentro de seu coração.
Quando Oliver a chamou por uma segunda vez ela saiu de seu devaneio instantâneo, se pondo a correr, atingindo com toda a força o primeiro guarda que viu à frente.
Becca atirou contra o peito do guarda que avançava em direção a Eric. O sangue espirrou contra o uniforme camuflado e ele caiu sem hesitar, sua cabeça indo de encontro com o piso agora melado e escarlate.
O número de guardas de pé estavam diminuindo cada vez mais o que dava a ela uma sensação de alívio. Estava acabando e eles estavam ganhando de novo. Ela sentia seu coração bater contra o peito tão fortemente que pensou que ele pularia para fora.
Eric despejava cartuchos contra os soldados fardados que avançavam em sua direção enquanto Nina e Oliver detinham-nos manualmente. Becca se sentia bem com aquilo, mesmo sabendo que pessoas teriam que morrer para isso.
A nuvem de fumaça da granada que Oliver jogara contra White colaborava à seu favor, atrasando os guardas, impossibilitando-os de enxergar direito. Oliver, Eric, Nina e ela tinham uma visão melhor, por isso conseguiam neutralizar os guardas sem muito esforço. Cada golpe era fatal. Eles não podiam arriscar que qualquer um deles saíssem vivos.
Com o rifle em mãos, deu uma coronhada no guarda que viu e quando ele caiu ela conseguiu enxergar, escondido na fumaça branca que ia embora, uma figura de um White encolhido e apavorado.
Agora você não escapa, pensou, se pondo a correr até ele.
Nada a impedia, nenhum dos guardas ousou se por à sua frente. Em segundos, ela estava lá, cara a cara com o homem que causou tudo isso. O homem que destruiu a vida que ela pensara que não podia mais ser destruída.
— Isso deve te deixar muito feliz, não estou certo, pequena Lancaster? — ele perguntou, com o mesmo sorriso cínico no olhar.
— Como pode manter este olhar soberbo mesmo sabendo que está perdendo?
— E quem foi que disse que estou perdendo? — ele perguntou.
— Por favor, olhe em volta. Sobraram pouquíssimos guardas de pé e nós não pretendemos parar até que o último deles esteja morto.
— E suponho q eu eu seja um deles, não é?
Becca assentiu, ainda procurando descobrir qual era a armadilha por trás daquele sorriso. Estaria ele tentando ganhar sua piedade?
— Minha cara Rebecca — White disse, se pondo de pé —, acha mesmo que pode vencer esta guerra? Acha mesmo que pode vencer o Homem?
— Eu tenho certeza, White. E é uma pena que você não estará lá para ver — ela disse, levantando o rifle e mirando a arma para a cabeça grisalha do homem.
— Se me matar agora, Rebecca, nunca saberá os segredos do chip. E nunca saberá o porquê foi escolhida — ele arqueou uma sobrancelha.
— Você nunca me contaria — ela respondeu, sentindo o braço tremer.
— Será? Se apertar este gatilho nunca vai saber a resposta.
— Resposta do quê?
— Nunca vai ser quem é o Homem. Você gostaria de saber quem é a pessoa por trás do anonimato, não gostaria?
Não o deixe entrar na sua mente, Rebecca, é tudo um jogo.
— O que você pensa que isso tudo é? Não é um jogo. Não somos peças do seu tabuleiro psicótico. SOMOS HUMANOS — ela gritou, sentindo as lágrimas de raiva queimando seus olhos. — O que te faz pensar que pode simplesmente escolher pessoas, como se fossemos um tipo de objeto, e fazer experiências conosco.
— Só assim poderemos saber quem é digno de viver neste mundo. Não percebe? É tudo um jogo. Um grande jogo. Um jogo onde apenas os mais fortes sobreviverão e se juntarão ao Homem. Tem ideia do quantas pessoas foram testadas antes de vocês?
Ela sentiu suas pernas tremerem. Houveram mais pessoas?
— Foram milhares de pessoas. Por quase 15 anos o Homem vem tentando encontrar as pessoas certas para receber os dons do chip. Para se juntar à ele. Para receber o CRUEL...
A voz dele se quebrou. Os olhos se arregalaram e a boca se abriu num formato de O. Becca sentiu um arrepio subindo por todo seu corpo e mesmo que não pudesse sentir, sabia que um também contaminara o corpo de White. O hoemem estava pálido. Mais do que constumava ser. Claramente a conversa tomara um rumo que ele não podia mais ter controlse sobre.
Antes que Becca pudesse ter a chance de perguntar algo sobre o que "CRUEL" significava, White retomou aquele olhar raivoso que tinha e olhou para algo além dela. Sua face séria foi quebrada por um riso irônico.
— Nossa, seu namorado é lindo quando está rendido por guardas.
Becca sentiu seu coração parar de bater. Se virou o mais rápido que pode, preparando a arma com o dedo se movendo rapidamente ao gatilho, pronta para matar qualquer guarda que estivesse machucando Eric.
Mas não encontrou nada. Apenas ele e seus outros amigos lutando contra guardas, atirando e nocauteando um por um. Sobravam cerca de uma dúzia de pé.
— Mas o que... — antes de terminar a fala sentiu algo frio e pontiagudo perfurando seu pescoço, transformando em segundos cada gota de seu sangue em pedras de gelo.
Seu corpo se desequilibrou e a última coisa que ela ouviu antes de sucumbir totalmente a escuridão foi a voz fria de White que dizia, em um tom mais ácido do que nunca:
— Você vem comigo, pequena Lancaster. Tem alguém que deseja te conhecer.
O último guarda sucumbiu ao chão, inerte como um pedaço de gesso. A batalha havia terminado e Eric nunca sentiu um alívio tão grande como o que sentia naquele momento.
O chão estava coberto e melado de sangue. A quantidade de corpos era ainda maior do que a que ficara no refeitório em Orquídea. O corpo de Eric e de seus amigos estavam igualmente escarlate, os cabelos de Oliver brilhavam vermelho à luz do Laboratório, assim como as manchas de sangue nas roupas brancas de Nina.
— Acabou — suspirou o menino loro. — Vencemos mais de cem guadas sendo apenas quatro. Me sinto invencível.
— Eu não sei o que Rebecca e eu teríamos feito se vocês não tivessem aparecido — Eric falou. E dizia a verdade. Provavelmente não estaria vivo se os dois não tivessem aparecido.
— De nada — Nina disse, abrindo um sorriso.
— Onde ela está, afinal? — perguntou Oliver, olhando ao redor.
— Quem? — Eric perguntou, olhando ao redor, instantaneamente procurando a garota ruiva.
— Rebecca. Eu não a vejo — disse Oliver.
— Nem eu — completou Nina.
Rebecca, a voz sussurrou novamente.
— Rebecca? Onde você está? — Eric ignorou o som, o coração começava a palpitar descontroladamente dentro do peito.
— Ela se foi — disse uma voz, dessa vez sólida, não sussurrada como anteriormente. Vinha de um homem acorrentado a uma das mesas do outro lado do salão.
— O que foi que você disse? — Eric perguntou, o pânico já tomando conta de sua voz.
— White a levou. Eu vi. Ela se foi.
Então as paredes e os pisos do Laboratório fizeram ecoar um último grito: o som do desespero e da raiva, do terror e do espanto, do medo e da tristeza de um Eric que, em lágrimas, clamava horrorosamente em negação.
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