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15| LONGA JORNADA

Um novo dia raiava novamente do lado de fora e a luz invadia a casa em que Eric e Becca passaram a noite, fazendo brilhar cada madeira da estante da sala, revelando à menina o quanto de poeira havia ali. A televisão mostrava o reflexo dos cabelos ruivos dela presos num rabo de cavalo cuja ponta descia pelos seus ombros. Ela se levantou do sofá, onde dormira, devagar, na esperança de não acordar um Eric sem camiseta que adormecera do seu lado. Assim que o fez, colocou a camiseta branca por cima do sutiã, cobrindo seu peito e sua barriga antes nus.

Ainda em silêncio, caminhou até a cozinha procurando algo para comer. Abriu todos os armários, mas tudo o que encontrou foram panelas e copos guardados. A cada porta que abria uma fumaça de poeira invadia as narinas de Becca, que por várias vezes, segurava um espirro.

Procurou durante longos minutos até dar um suspiro, aceitando a possível derrota. Lembrou-se da bolsa branca que Oliver fizera questão de buscar na cozinha. Se ao menos a tivessem pego. Lembrou-se do barulho metálico das latinhas batendo umas nas outras enquanto ele e Nina se aproximavam na volta.

Nina. O pensamento a assombrava. Ela ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido em Orquídea. Os minutos de luta ainda rodeavam sua mente, pintando com clareza todos os detalhes desde o arremesso contra a parede até a queda na escada. Ainda que tivesse aceitado que a culpa não era inteiramente sua, ela havia empurrado Nina pela escada. E isso nunca mudaria.

Pare! Não adianta se culpar. A morte de Nina não é um peso apenas seu. Se não fosse por White você não a teria matado.

Ela queria acreditar nisso. Queria muito. Mas, simplesmente, não era capaz.

— Pensando nos feijões que deixamos para trás em Orquídea? — a aparição súbita da voz de Eric cortou a linha de pensamento, fazendo-a dar um pulo.

— Quer me matar do coração, é? — ela perguntou, olhando nos olhos acastanhados dele.

Ele estava descalço e ainda sem camiseta, exibindo seu corpo definido.  Vestia apenas a calça branca que Nina distribuiu em Orquídea. Em seu rosto, Becca via uma porção de barba, da mesma cor que seus cabelos crespos, crescendo aos poucos enquanto seus lábios sorriam para ela, dizendo que não teve intenção de assustá-la, mas que estava feliz já que o fez.

— Você precisava ter visto seu rosto — ele gargalhava.

— Idiota — ela acertou um leve soco em seu ombro.

— Ai — ele queixou-se, levando a mão no ombro — Força sobre-humana, se lembra?

Becca não havia se lembrado. Ainda não entendia muito bem como aquilo funcionava.

— Ainda não entendo porque nós fomos escolhidos para isso.

— White disse que me escolheu por causa da minha marra e porque não me rendo tão fácil assim.

— Isso é verdade. Mas por que eu? Ele nunca me revelou o real motivo. Apenas disse que eu saberia na hora certa.

— O que quis dizer com "hora certa"? — ele disse, recebendo um dar de ombros como resposta.

De repente, Eric desviou seu olhar de Becca, focando-o para algo acima dela. Em seguida, abriu um sorriso e esticou a mão. Voltou com duas latas de feijões enlatados.

— Eu procurei por toda parte — ela se justificou, inconformada.

— Bem, eu sou mais alto. Talvez você não tenha enxergado — e riu enquanto falava.

Becca forçou uma expressão brava, mas por fim caiu na risada junto com Eric. Abriu uma gaveta de um dos vários armários e pegou duas colheres. Depois, agarrou uma das latas da mão do menino e se dirigiu ao sofá, onde se sentou e abriu o que seria sua primeira refeição do dia. Enquanto comia, sua mente imergiu em pensamentos e perguntas. Quando será a hora certa?

Eric remexia em todas as gavetas da cozinha da casa, na esperança, talvez, de achar algo que realmente pudesse ser usado como arma enquanto o olhar de Becca analisava as veias quase para saltar da testa do menino, mostrando a impaciência e frustração dele ao não achar sequer uma faca. Ela estava na sala, se preparando para ir embora daquela casa, rumo ao laboratório. Depois que se alimentaram, chegaram a conclusão de que precisariam levar algumas coisas, como duas trocas de roupa — que acharam remexendo no guarda-roupa não usado mais pelo casal que ali morava — para cada e o restante das latas de feijões que encontraram na casa para o caso de mais uma parada ser necessária. Então juntaram tudo e enfiaram dentro de uma bolsa que acharam no quarto das meninas.

Enquanto ajustava o rabo de cavalo, Becca olhou mais uma vez para o porta-retratos que ficava na estante, perto da televisão. Caminhou até lá e o segurou em suas mãos. Limpou a poeira acumulada, assoprando e passando a mão, deixando mais claro a imagem da foto dentro dele. Exibia uma família feliz, onde um casal sorria, segurando um a mão do outro e duas meninas, crianças, grudadas em suas costas sob a luz de um pôr do sol e de pé sobre um gramado brilhante. Becca havia se esquecido de como o verde era uma cor bastante presente na natureza antes da explosão. Ela imaginou a alegria que aquela foto continha. Imaginou a felicidade ali, congelada no olhar e no sorriso estampado no rosto daquelas meninas, naquele momento que poderia ter sido seu último como família.

Aquilo tudo a fazia lembrar da mãe, a mulher de cabelos ondulados e de cor preta, que a criara sozinha desde o abandono de seu pai. Ela ainda se lembrava de seus calorosos abraços quando ela sentia medo e de seus sorrisos grandes e acolhedores. Lembrava de sua voz dizendo que tudo ficaria bem quando a explosão ocorreu e lembrava que não conseguia acreditar naqueles dizeres. Lembrava da aparência de sua mãe semanas depois que a radiação a afetou. Os cabelos já não tinham o mesmo brilho, sequer o sorriso era grande e receptivo. Os olhos castanhos não estavam vivos como antes. Era triste de se ver. A mãe se transformara em outra pessoa em pouco tempo.

— Becca? — a voz de Eric a trouxe de volta a realidade. Quando ela percebeu, segurava o porta-retratos contra o peito, apertando-o contra a camiseta branca, as bochechas molhadas pelas lágrimas que escorreram de seus olhos.

— Sim? — ela olhou para ele, rapidamente limpando as lágrimas.

Ele não havia encontrado nenhuma arma pelo visto, as mãos estavam vazias e ele suava. Becca então percebeu que era por causa do clima quente que se instalara de última hora na casa. Ele mexia na bolsa, como se estivesse checando se tudo estava realmente lá. Assim que acabou, seus olhares finalmente se encontraram.

— Está tudo bem? — ele perguntou.

— Sim, eu só estava olhando eles por uma última vez — e levantou o porta-retratos para que Eric pudesse vê-lo.

Ele caminhou para perto dela tocando o objeto com a ponta dos dedos. O olhar em seu rosto revelava uma certa tristeza por tudo o que aconteceu com aquela família. Ela se perguntou por um segundo qual teria sido o último membro da família a partir e se repreendeu internamente, tentando afastar aquilo da imaginação.

— Eles eram felizes, sabia?

Aquilo a pegou de surpresa.

— Conhecia eles? — ela perguntou.

— Não. Mas por algum motivo sei seus nomes — e moveu seu dedo indicador para o único homem da foto. Ele era alto e tinha cabelos castanhos claro — O nome dele era Richard — então apontou para a mulher de cabelos louros escuros que estava ao seu lado. — O nome dela era Michaela — moveu de novo o dedo, dessa vez apontando para a menina grudada nas costas da mãe. Elas tinham o mesmo rosto — Essa era Ana e a sua irmã se chamava Marina.

O rosto de Becca devia extrema confusão, porque a fala de Eric não fazia o mínimo sentido. Como ele poderia saber o nome de todos se negava tê-los conhecido? O menino olhou para ela e deu de ombros.

— Não sei porque sei. Apenas sei. Sinto que os conheci, mesmo não me lembrando de fato de ter os conhecido — foi tudo o que disse, por fim.

As palavras se perderam dentro dela e ela não sabia como trazê-las de volta. Não conseguia contrariá-lo, porque ela mesma não sabia se ele dizia a verdade. Mas por outro lado, por que mentiria para ela? A troco de quê?

— Pronta? Devemos ir se queremos chegar ao laboratório de dia.

E ainda sem palavras, ela apenas assentiu, levando o quadro de volta para a estante e o seguindo até a porta, rumo ao laboratório.

Não trocaram sequer uma palavra durante o caminho, enquanto a dúvida ainda martelava a cabeça de Becca. Como? Talvez o chip devesse ter algo a ver com aquilo. Mas, se compartilhavam o mesmo chip, por que ela não sabia detalhes como este?

O sol estava a matando e pela posição da estrela, Becca acreditava que o dia já estava chegando a sua metade. Sua garganta ansiava por água mais do nada e o calor havia se habitado debaixo daquelas roupas, fazendo-a suar intensamente. Perguntou a Eric quanto tempo mais faltava para que chegassem até o destino, mas ele apenas respondeu com um "Estamos quase", o que a irritou.

Ela estava quase desistindo e correndo até alguma outra casa, considerando dessa vez ficar ali para sempre, mas se forçou a continuar a andar. Devia isso a Nina, e principalmente, devia isso a Emily, mesmo que não soubesse se ela estava realmente viva. Ela pensou em como a menina se sentiria ao saber que sua irmã estava morta e que ela nunca mais a veria. A sensação devia ser devastadora, como se uma parte de si se perdesse num mundo sem chão.

A ansiedade por aquele momento a devorava viva. Queria encontrar Emily, mas ao mesmo tempo não queria ter que contar a ela o que houve em Orquídea. E quem iria contar era ela? Combinou isso com Eric, mas enquanto àquela hora não chegava, o coração dela batia descontroladamente se ao menos pensasse naquilo.

Então continue, Rebecca. Precisa continuar, dizia isso a si mesma, repetidas vezes, forçando suas pernas a darem mais um passo sempre. Até que trombou com algo grande e duro em sua frente, perdendo o equilíbrio e indo de encontro com o asfalto quente.

Quando se virou enxergou a luz de sol e tudo ficou claro. Viu um vulto indo em sua direção e estendendo-lhe a mão. Ela agarrou e se levantou, a visão ficando nítida novamente.

Viu Eric, com uma preocupação desenhada no rosto. As sobrancelhas estavam franzidas e a boca aberta em um pequeno O. Ela conseguiu ver uma parte do rosto contraída, segurando o riso e então soube que fora nele que ela esbarrou. A cabeça devia estar cheia com pensamentos que já não se concentrava mais na estrada que tinha pela frente. Ele perguntou se Becca estava bem e ela se irritou de vez, gritando com a voz elevando uma oitava:

— O que você acha? Estamos andando há horas sob o calor escaldante dia e não encontramos nada, nada sequer. Nina está morta e estamos sendo caçados por um psicopata que nos implantou chips e nos deu superpoderes. Tem ideia do quão insano isso soa, Eric?

— Para falar a verdade, eu tenho sim — disse ele, abrindo um sorriso. Aquilo irritou ainda mais ela. Como ele podia sorrir em uma situação dessa?

— Qual é seu problema? Por que sempre tem que agir como se nada de ruim estivesse acontecendo?

— Porque nem tudo está perdido, Rebecca. Não vê que podemos vencer o Homem? Temos habilidades que se unirmos, podemos vencê-lo.

— Só temos um problema nesse seu plano: não fazemos ideia de onde eles estão.

— Eles estão no laboratório. Sei que estão.

— Da mesma forma que sabia o nome de todos os membros daquela família? — ela questionou, cruzando os braços e procurando soar o mais cética que conseguisse.

— Sim, dessa mesma forma.

— Tudo bem então, eles estão no laboratório. Só mais uma coisa, Eric, você consegue achar a droga do laboratório?! — gritou — Porque estamos procurando há horas e não o encontramos em lugar algum.

Ele ainda sorria, como se estivesse tentando debochar do nervosismo dela. Ela queria estapeá-lo por isso e arrancar seu rosto fora com as mãos.

— Olhe para trás — foi tudo o que ele disse.

Ela fez, e soltou o ar que não sabia que estava prendendo.

Ali estava. Uma construção gigantesca, provavelmente maior do que Orquídea era, embora compartilhassem o mesmo design. O laboratório era construído num formato quadrado. Era branco e de vidro. De longe era possível ver o brilho do reflexo da luz do sol, que batia contra as janelas. Era colossalmente largo e na frente era possível ver altos pilares que sustentavam o telhado em formato de V e que ficavam na frente de uma larga sacada enfeitada com grades pretas. Havia um letreiro um num espaço retangular entre o telhado e os pilares que, com três grandes letras, formavam a palavra LAB. No meio da construção, Becca notou, uma torre subia onde no topo era visto um teto quadrado e uma pequena construção parecida com uma casa, onde uma pequena janela se mostrava aberta. Por fim, os olhos da menina se moveram em direção a porta, que também era de vidro, grande e branca, mas que diferente de todo o restante do lugar, era vigiado por guardas armados com fuzis.

Becca virou para trás e assistiu outro sorriso se formar no rosto de Eric. Agora que a raiva havia passado, ela via a sinceridade daquele sorriso. Era acolhedor, como fora o de sua mãe. Ela o abraçou, involuntariamente abrindo um sorriso.

— Acho que mereço um pedido de desculpas — ele disse.

— Depois, talvez. Antes temos uma batalha a enfrentar.

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