O sol fraco e deveras tímido de julho, época de clima congelante mas também o período onde os corações se aquecem, alia-se às copas de árvores quase centenárias para formar no chão do bosque uma colcha de retalhos costurada por entre luz e sombras.

Era um lugar bonito, agradável. Algumas vezes pássaros cantavam. Algumas vezes folhas caíam. Algumas vezes não acontecia nada por muito tempo. Em geral, era um lugar bonito, agradável.

E cá estou, sozinho nesse pequeno pedaço de mundo sobre o qual tenho o mínimo controle, vendo todo o resto passar, avançando em direção ao futuro sem nem perceber os olhos que observam atentamente dos arbustos. Talvez fosse melhor assim. Talvez algumas pessoas estivessem destinadas a ficar
sozinhas.

Talvez fosse por isso.

As almas que se recusam a seguir em frente estão fadadas a vagar sem um destino específico além de andar e refletir sobre o que fizeram e pensaram. Essa provavelmente é a forma do universo de evidenciar as oportunidades que perdemos, e as pessoas com as quais perdemos contato. Deve ser isso.

Meus dias no bosque têm sido solitários, todos que conheci já estão vivendo suas vidas enquanto exploro os caminhos do bosque. Não é tão ruim, mas também não é bom. Só neutro, eu acho.

Ontem, vi um esquilo.