Seiva
Devido à baixa de adrenalina no corpo a pressão de Alladin caiu, fazendo-o desmaiar por um largo tempo. Um quarto de hora havia se passado, eles dormiram em meio a escuridão daquele buraco tão escuro e medonho. Os minutos eram lentos, de um sono que já devia ter sido tirado.
Então o albino despertou vorazmente, pondo seu corpo sentado. Logo sentiu a dor na mão esquerda, que derramava sangue na madeira em que repousa.
Vou morrer aqui se não estancar esse sangue.
Tirou calmamente a camisa de botões soltos, ficando apenas com a camiseta branca. Suavemente enfaixou sua mão.
Tsc! Droga!
A dor do buraco o incomodava de forma estarrecedora. O tecido amarrado começou a se manchar de vermelho. Ele tentou esquecer aquela tortura, preocupando-se com Aurora deitada ao seu lado.
Distinto das conexões de fluxo que ela apresentou quando em terra, agora parecia uma garota exaurida. Preocupado, ele tocou no peito dela — Está respirando — Pode também sentir as batidas do coração. — Provavelmente me bateria se estivesse acordada.
Esforçou-se a ficar de pé, caminhando cambaleante até a entrada da fenda. Podendo enxergar a altitude, conseguindo até contemplar o lago numa imagem azul destoante no meio do campo verde. De resto, a alusão de imensos insetos que pousavam sobre a base. — Por que ficam tanto tempo aqui? Como ficaram desse tamanho?
O barulho do vento não era a única coisa que zumbia em seus ouvidos. Podendo ouvir um estalar constante como o guizo de cascavel. Medonho e alarmante. Quando olhou para dentro, encarou a finco a escuridão. E com toda certeza, ela o olhava de volta.
Um brilho branco surgiu, em formato de dois losangos deitados que alargavam e comprimiam. Mostrando curiosidade e irritação. Na brecha de luz que penetrava a caverna, aqueles dois losangos rastejaram das sombras expondo suas pinças grotescas. O encostar daquela guilhotina parecia a colisão de dois pedaços de ferro. Pouco de sua estrutura aparecia naquela imensidão sem luz, mas Alladin conseguia ver aquela carapaça marrom, grossa. — O garoto não parecia chegado a insetos — A única coisa suave naquela criatura, era os pelos nas patas.
Alladin pôs a mão para frente, mas a magia se esgotou.
Irritado, recuou seu corpo enquanto a criatura avançava, ao tropeçar em Aurora agachou-se para arrastá-la junto consigo. — É uma boa hora para acordar! A natureza é encantadora! — Disse desesperado. A única coisa que os separava de uma queda brutal, era o soerguimento de madeira.
Ele encarou o inseto novamente, vendo em suas pinças o pingo de algo esverdado.
Espera... Isso é...
Alladin caçou aos arredores com o olhar, até encontrar acima da cabeça uma placa de gosma verde. Ao encaixar os fatos os olhos abriram-se mais que o normal. — A seiva! — Sorriu aliviado — A seiva da árvore está com propriedades mágicas! É por isso que vocês estão crescendo. — Alladin direcionou sua palma para a seiva. — Vamos, não me decepciona. — Focou o máximo que pôde, até sentir sua mão estremecer com o mísero de energia resguardada. Um corte de ar foi soprado, colidindo na seiva, e fazendo-a cair sobre sua cabeça.
Não creio que farei isso...
Ele abriu a boca. O seu corpo foi coberto por aquele fluido melequento e de cheiro ardi-o. Aquele sabor nojento o dava ânsia. — Como você consegue comer isso? — O albino perguntou para o inseto, que apenas guizava.
Gradualmente começou a se sentir recuperado do desgaste de magia, ultrapassando os próprios limites. O externo de seu corpo exalava magia, com uma cor prateada que cobria todo o visível da pele. Alladin viu-se pronto para atacar a criatura, pondo sua mão machucada em direção ao inimigo.
Algo arrepiou sua pele, tocando levemente sua canela. Quando o albino olhou para baixo, pode ver Aurora acordada, com seu rosto cansado e uma respiração pesada.
— Não o mate... — Sua voz saiu delicada — Ou toda vida é importante... Ou nenhuma é...
O inseto avançou em ambos, abrindo as pinças e fazendo um barulho estridente. O garoto deixou-se aproximar. Quando o bicho abeirou os jovens, ele soltou uma absurda quantidade de magia, que percorreu toda a extensão do braço. Aquele ataque adentrou na boca do monstro, explodindo todo seu corpo pelo interno, fazendo um barulho grotesco enquanto toda sua carapaça expandia e rasgava.
O som ardeu na orelha de Aurora. A única coisa que sobrou do inseto, foi a cabeça.
— Ou toda vida é importante... Ou nenhuma é... — Alladin repetiu a frase de Aurora, auxiliando-a a se erguer — Retirar a vida e impedi-la de viver são coisas distintas. — Ele abraçou o corpo dela, levando ambos a beirada — Ele fez sua escolha, mesmo que instintiva. Enquanto fiz a minha, mesmo que reativa. Ser bom ou cruel não são coisas medíveis na natureza.
Aurora firmou os olhos, concordando, mesmo que relutante.
— Consegue nos levar ao topo? — Ela questionou. Olhando a mão ensaguentada e o braço deslocado dele.
— Consigo... Está preparada para ver seu pai?
Eles alçaram voo, se vendo não muito distantes das copas.
— Não. — Respondeu sucinta — Mas terei de estar.
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