Rainha e Aprendiza
Morgiana se recompôs da queda drástica ao chão, não crendo de ter sido capaz de receber algo tão grosseiro. Nunca imaginou levar um soco.
Aprendiza nojenta.
Ela limpou a boca que deixou escapar um filete de sangue enquanto pensava em indignação.
Essa é uma das alunas de Rex? A garota é muito forte para ser uma notava...
A rainha analisou todos os desenhos triblásticos que brilhavam na pele da guria, compreendendo-os lentamente. Pôs o livro com o espectro de seu fluxo roxo para levitar novamente ao seu lado e continuou a invocar mais esferas possuintes daquela cintilação intensa, e as arremessou para embate.
Aurora não se sentiu confortável para contra-atacar desta vez, então desviou das magias. Usando de cambalhotas traseiras para esquivar-se, as energias não tocavam na jovem por centímetros ínfimos passando direto para os escombros no finito da paisagem. Quando batiam de encontro com as casas explodiam em um nível de calamidade espantosa. Contudo, a aprendiza não se sentia aflita ou possuía vontade de recuar, sua respiração e calma circundavam seu corpo como um mantra.
— Escrituras de um Deus e de códigos elementais no seu corpo. Então realmente existe, a garota que pode dominar às duas casas. — Morgiana ficou feliz. — Vamos ver até onde você consegue ir criança.
O olhar vil da aprendiza mostrou o fato de não ter gostado da citação da rainha, ela afundou seus dedos na areia quente soltando sua energia verdejante naquela terra infértil. Morgiana logo se atinou alçando levitar. Arvores com galhos secos e tortuosos surgiram daquele ambiente ácido, os ramalhos daqueles troncos esquisitos perseguiram o corpo flutuante da rainha que ligeiramente voava pelos ares fugindo daquele ataque.
Se abram, mandíbulas do cão engolidor! Morgiana pensou.
Aurora sentiu um tremor por baixo de suas pernas, onde a areia foi engolida de maneira incomum a um centro único. Ela começou a ver o molde de algo que parecia ser a boca de um enorme monstro abaixo dos pés, então saltou para se segurar em um dos galhos, usando-os para se locomover e sair de lá.
A boca do cão fechou-se vorazmente e sumiu com toda aquela quantidade de sedimentos. O suor ocupava parte do rosto da garota e as gotículas salgadas ardiam sobre seu globo sensível. Ela apenas observava a rainha que a contemplava dos céus.
Morgiana esperava os próximos movimentos da garota.
Essa garota... Que treinamento recebeu?
Seus pensamentos avoados começaram a ser incomodados com um leve tocar de poeiras que batiam de maneira delicada sobre os pelos de seu braço, irritada ela olhou...
Aqueles pequenos fragmentos de poeira eram verdejantes.
Não eram fragmentos de poeira.
Pólen?
O braço de Morgiana começou a ficar infestado de rosas rosáceas, vivas e naturais, fazendo seu membro parecer um jardim. Elas iam até à altura de seu pescoço — Ela consegue fazer magias desse nível? — As pétalas criaram uma cor um pouco mais vibrante até seu derradeiro momento.
Uma explosão criou uma enorme fumaça no meio do ar. O corpo de Morgiana foi arremessado para os escombros, afundando-se nos concretos soltos. Ela sublevou daquela paisagem apocalíptica, seu braço doía muito e estava repleto de machucados.
Se eu não tivesse conseguido por parte do escudo ela teria me matado... Que garota!
A rainha se recompôs. Pondo sua mão para frente, desferiu um raio que destruiu tudo que tocou queimando areia e demais sedimentos. Inclusive Aurora.
Ela ficou surpresa, pois a garota parecia ter saído de um ambiente de ilusões, quando o poder tocou seu corpo o mesmo dissiparam-se como rosáceas, voando.
— Minha vez! — A voz feminina aguda espantou a rainha.
Um mar de pétalas começou a sair das palmas de Aurora infestado todos os arredores de Morgiana, cada pétala que encostava em sua pele branquida cortava-a como a lâmina afiada de uma faca. Morgiana protegeu parte de seu corpo com pernas e braços enquanto gritava de dor pelos cortes incômodos e violentos, seu sangue bailava junto as rosas fazendo um espetáculo de pétalas molhadas pelo líquido avermelhado.
Para fugir daquele vórtex criou uma bola tão pequena que não ultrapassava as extensões de sua palma, e arremessou contra Aurora. Quando a esfera jogada e tocou em uma das pétalas explodiu causando a dispersão dos dois corpos. Morgiana se manteve a levitar, aliviada pelo término daquela tortura que rasgou sua roupa e pele, enquanto Aurora fora jogada violentamente contra a areia, a rebentação daquela magia cortou superficialmente expondo o sangue sobre o tecido.
— Sabia que sou a maior dominadora de monstros que já existiu? — Morgiana questionou o óbvio a Aurora. — Sei que isso é evidente — A rainha olhou todos os monstros restantes ao arredor, e todo o caos que causara. Principalmente Heiko que lutava contra os guardiões. — Todos julgam que é pelo simples fato de "invocar". Creio que você também ache isso. Todos estão terrivelmente errados... — Morgiana mostrou um semblante pouco entristecido sobre um sorriso meio aberto e falso.
— Vai dar um discurso agora? — Aurora cuspiu o sangue que se acumulou em sua boca.
Morgiana gargalhou. — Dominar... é o ponto crucial, e para criar tanta força, tanto poder, é preciso literalmente viver mais de uma vez... Já ouviu falar dos Filhos? — Morgiana não esperou a resposta — Filho é o nome dado aos deuses que fazem pactos com um único mago, como Rex, seu professor, conhecido como Filho da Fênix. Sou a Filha de Babalon, a deusa dos monstros. Babalon não tinha um seguidor a mais de mil anos, por causa do acordo que tem de ser feito com ela. O seu filho só vive até os trinta e cinco anos, e sempre que morre renasce como uma criança de doze anos. A primeira vez que isso ocorreu não me lembrei de nada, até passar uns meses para me assimilar a todos os meus antigos objetivos.
— Por que está me falando isso?
— Isso ocorre a mais de 120 anos... — A resposta espantou Aurora. — Me fazendo acumular poder, conhecimento, e conquistar meus objetivos... Dominar, assim como Babalon. Pesquisei sobre os alunos de Rex... Uma gladiadora, um combinador, um Filho do deus Kayrós. E você... Aurora Ba-ry... Filha da antiga rainha Abigail Ba-ry e do rei Driihey. Rex me disse que um de seus alunos queria por algum motivo parar Baal, o assassino de magos. O antigo Lobo Preto. É engraçado, não é? Como uma série de eventos pode estar tão conectados? Não é muito complicado pedir ajuda da Nefertari, principalmente sendo mulher.
Aurora esbugalhou os olhos, ficando pasma com tudo que começara a ouvir — O que você está me dizendo?
— Como você se sente olhando para a mulher que amaldiçoou o seu lobinho? E que por sorte ainda conseguiu matar sua mãe. — Morgiana sorriu.
Sorte?
Os olhos de Aurora encheram em ira.
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