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Primeira Aula

As dores incomodavam o sono de Aurora na noite, mesmo curada por seu professor não conseguia relaxar. Ela olhou a cama vazia ao lado, indicando a divisão do quarto com outro aluno. A questão era quem poderia ser?

O de olhos puxados?

Se questionou, tendo em mente que os traços dele são nitidamente estrangeiros.

A enfaixada?

A forasteira era medonha, a maga não desejava saber sobre o que há inferior às amarras, além das olheiras despejarem calafrios.

Só resta...

Imaginou Alladin no último caso, prevendo o tormento.

Ela abdicou da preguiça e se levantou, a exaustão exigia esforço perceptível na tremedeira dos braços e as caretas. Agraciada pelo candelabro na estante conseguiu ver a beleza do vestido. Na cômoda, pôde enxergar seus dois livros, pegando a corda do calhamaço para apoiar no ombro, podendo assim partir para caminhada.

Uma brisa fluía contornando as colunas lisas de concreto daquele palácio sofisticado e bagunçando seus cabelos. Aurora vislumbrava constantemente magos idosos, vestidos de sobretudo, e com barbas alongadas. As mulheres que a encaravam sorriam relaxando a aprendiza. Ela espiou sua turma aglomerada na escadaria, no mediano do corredor.

— Aurora! — O de olhos puxados dirigiu-se até Aurora e a segurou, pondo o braço dela por cima de seus ombros. Logo ela sentiu um súbito alívio nos músculos. Encarando-o surpresa. — Legal né? Kim me ensinou isso. — Referiu-se a enfaixada. — Compartilhando o fluxo a exaustão também é partilhada. Aliás, prazer! Hyung.

— Prazer! — Ela agradeceu, sentindo-se bem.

— Fico feliz pela recuperação — Rex cumprimentou — Não haverá aula em sala hoje. Tenho uma reunião com a majestade em Danagor. — Ele desceu as escadas deixando seus alunos cabisbaixos. — O que estão esperando? É aula campo.

Todos desceram animados, exceto o frívolo Alladin. Ele e Aurora se entreolharam rispidamente, mostrando a dificuldade de aproximação. Ele a deixou para trás enquanto ela era ajudada por seus colegas. Levados até os portões do palacete, uma carruagem os aguardava. As crianças dividiram-se nas poltronas, Rex e Alladin sentaram juntos enquanto Aurora e seus camaradas ficaram em oposto. Ela percebeu a beleza nos enroupamentos dos demais.

— Por que todos estamos luxuosos?

— Entre aspas — Rex sinuou — Hyung parece um abacate de tanto verde. Kim está bela com essa camisa preta de botoaduras douradas, mas a calça de moletom marrom é horrível. Alladin está simples nesse azul, e você está arrumada. Sou o único bem-vestido. A rainha é sofisticada, temos de ser cordiais. — Além de inesperado, o rei mostrou-se apreciador de boas vestimentas.

Aurora analisou-o desde o colete preto a camisa branca, e sua calça de vinho, além da bota de couro.

Não há como discordar.

— Como ela é? Não conheço toda Bastia, mas Danagor em especial é dito como severo. — Hyung comentou.

— Ela é... — Rex caçou em sua mente a palavra mais adequada — Ambiciosa.

Em Danagor, a gritaria culminava adentro dos aposentos da majestade. A amazona real guardava a porta ouvindo agressões. No interior, uma mão ensanguentada desferia socos no rosto inchado de um homem amedrontado. Sem forças, ele pedia por socorro.

— Verme! — Ela agarrou seu colarinho — Como ousa vir com algo tão... pequeno?

— Se-senhora, me-me perdoe! — Dizia chorando e cansado — Socorro.

Aos gritos voltou a socá-lo, ambos nus. O sangue da vítima resvalava sobre os detalhes mais apreciativos da rainha, pingando e fluindo sobre suas curvas, algumas voavam até seu cabelo preto unificando-se com a mecha roxa, descendo sobre seu rosto redondo e evitando seus lábios carnudos, além das gotas que iam em seus seios fartos.

— Dominick! — Ela gritou pela amazona.

A guardiã de olhos verdes e cabelo loiro cacheado adentrou ao quarto com sua armadura de aço pesado e espada embainhada.

— Morgiana.

— Empreste seu punhal. — A nobre estendeu a mão para pegar.

Assim que o possuiu, ela esfaqueou o homem no rosto, rasgando sua face como se desfiasse um frango, arrastando a lâmina sobre os músculos e ossos. Enfiando a arma consecutivamente sobre o defunto. Atacando-o até a raiva passar.

— Majestade, Rex avisa que está de partida nesta noite.

Morgiana alegrou-se.

— Um homem que me agrade. — A monarca se ergueu — Chame os servos para limpar tudo, vou tomar banho.

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