Prego
Aflição ou raiva?
Desejo consciente pelo assassinato ou desespero por todas as peças se encaixarem?
Aurora não sabia compreender seus próprios sentimentos, levando a mão diretamente ao pomo devido às dores do palpitar. Seus pulmões esforçavam-se mais do que o comum para que pudessem respirar, nada naquele momento tortuoso parecia fazer sentido.
Baal... Aurora pôs se a lacrimejar com o trincar dos dentes Foi ela que machucou Baal... Ela que... Não! Não! Não!
Aurora começou a se recordar de todas as conversas, acusações e histórias sobre a morte de sua mãe, e como tudo aquilo machucou sua cabeça. Ter que conviver com aquele que havia tirado a vida da mulher que lhe concebeu, e em dado momento tocar-se do fato dele não haver culpa sobre os acontecimentos. Aurora estava ficando cada vez mais "maluca" durante a situação.
— Conforme cresço meu poder é disseminado por todos os monstros que consigo dominar, mas quando volto a meu estado original apenas os guardiões são meus protetores. — Morgiana olhou para o ovo que cada vez mais brilhava — Está chegando a minha hora.
Morgiana voltou sua atenção intuitiva para Aurora, hasteando rapidamente seu braço. O movimento corporal não foi o suficiente, pelo contrário, só a fez sentir uma quantidade de dor mais absurda. A rainha pode ver seu braço ser esmagado de forma brutal pelo soco verdejante da aprendiza, e quanto mais os milissegundos avançavam ao tempo, mais aquele formato corporal tornava-se um molde grotesco e irreconhecível de seu próprio corpo. Aquele membro começava a formar um "C" conforme seus ossos estalam durante o quebrar.
— VADIA! — Morgiana gritou em uma dor insana.
Ela principiou o criar uma pequena esfera roxa em sua outra palma, tocando-a diretamente no úbere de Aurora, fazendo ambas voarem. Morgiana usou da levitação para não ter que ver seu corpo sendo afundado na areia fofa e quente, enquanto Aurora não teve a mesma forte, tendo de cuspir sangue devido à força absurda daquele ataque feito pela reação da rainha.
A aprendiza se levantava com dificuldade, tentando desesperadamente buscar ar para que pudesse respirar. Seus olhos exalavam poder, aquela essência verde referente ao fluxo da natureza agitava seu corpo parecendo o ar quente que saía junto ao transpirar do suor. — Que menina desgraçada! — A rainha ouviu o barulho da eclosão do Ovo, como um chamado.
A garota assistia a monarca fazendo algo que não chegava a ser de seu entendimento, gradualmente tirando peças de sua roupa de maneira delicada até que pudesse ficar nua no meio daquela tormenta de guerra.
Seu corpo começou a iluminar-se, transformando sua pele branca em albina conforme o luminar do sol batia em suas células e refletia nos grãos de arenito, o seu jeito impecável. Aquele cabelo preto curto que parecia andar sobre o ar, e o olhar solene.
— Continuaremos daqui a pouco criança... — Morgiana deu suas últimas palavras enquanto seu corpo descascava numa essência embranquecida aos ares.
— Não! — Aurora correu aflita em direção a rainha.
A garota criou um arco e flecha iluminado com a essência de sua magia e a disparou, mas ela passou direto pelo corpo da adversária, que dissipou. O chocar do ovo começava a ser mais barulhento. A casca fazia um barulho estridente enquanto os monstros ao redor morriam e sumiam, aliviando soldados e povoado.
Heiko e Aurora se olharam no distanciado de seus mirares, focando por sequência suas íris na rachadura daquilo que tentavam impedir. Pedaços de sua crosta começava a cair sobre os escombros do palácio enquanto a essência da magia daqueles monstros iam direto para o centro do núcleo.
As rachaduras davam margem a iluminação escura em seu interior, nela mostrando o molde de algo de corpulência magra e franzina. Toda aquela energia internalizou naquela estrutura corporal juvenil, mostrando o monstro mais terrível de todas as invocações.
Morgiana.
Seu torso não tinha mais o molde curvilíneo e excitante da mulher que um dia era considerada a rainha de Danagor, nele via-se a inocência de uma criança diferente. Seu cabelo curto fora substituído por um tão longo que cobria sua bunda, e em sua testa, dois pequenos chifres pretos sobressaiam sobre sua pele, enquanto em seus caninos pareciam ser mais afiados.
A criança nua espreguiça sobre o lumiar de seu nascimento, sendo arredoada pelos guardiões dourados restantes. Todos aqueles monstros dourados animalescos ajoelharam-se ao redor da garota. Morgiana levantou o dedo e começou a apontá-los.
— Um jacaré, uma aranha, uma andorinha, uma hiena — Sua voz poderosa foi substituída por alguém que parecia ser tanto inocente quanto, mimada — Uma coruja, um sapo e... — Ela apontou para o último guardião — Um escorpião... Onde está o Bode Buba e o Caranguejo Cusco?
Ela questionou, mas os seres mantiveram-se parados de cabeça baixa, até que o jacaré apontou para os corpos sucumbidos dos outros dois guardiões. A criança pasma começou a lacrimejar em raiva.
Algo se atinou em sua cabeça, recordando de estar com alguém a tempos atrás, virando sua atenção novamente para Aurora.
— Au... ro... ra — Morgiana tentou recitar o nome que vinha a sua cabeça, com dificuldade. — Você estava me atacando... Eu me lembro de algo parecido... Mas você é tão pequena... Por que não é minha amiga? — Ela percebeu que a expressão da jovem não se alterou, confirmando suas ideias — Ah... Me lembro... — A criança respirou fundo.
Morgiana começou a criar uma esfera roxa em sua mão, mas aquela era diferente, o fluxo daquela energia espantou rapidamente Aurora.
Que poder é esse!?
O pavor penetrava o seu corpo a cada momento que aquela magia se condensava, a um ponto de ficar grande e grosseira. A aprendiza olhou para trás, se vendo como última barreira entre aquele ataque e algumas pessoas que não conseguiram ser resgatas por Alladin e Bruna.
A invocadora lançou a esfera com força, enquanto Aurora esperava o momento certo para tentar parar aquele ataque súbito.
— AURORA! NÃO! — Heiko gritou.
O sol aparentou ser mais caloroso e intenso, fazendo o suor da aprendiza evaporar no mesmo instante, e fechando seus olhos, o barulho de algo que queimava tudo desceu dos céus. Quando Aurora enxergar viu aquela criatura alada idêntica a um Deus cair na sua frente, com a tatuagem de uma fênix em suas costas.
Rex apontou a palma nua de sua mão para a esfera, desferindo um fogo insano. A colisão das energias mágicas causou um impacto que reverberou por toda a lateral de ambos os usuários de magia, o choque de ar destruiu as muralhas adjacentes do império e levantou tanta areia que fez o ambiente se tornar um disforme mar de dunas.
Ele não parou a magia poderosa de Morgiana. A queimou. As brasas em suas mãos dançavam como se fossem seus cabelos vermelhos no bater do vento.
— Rex! — Morgiana disse animada, com um sorriso inocente.
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