Pés
Corpos e destroços, a população de Myan havia evacuado do distrito real a horas antes de tudo aquilo acontecer, mas parecia que a guerra não teria fim. Pessoas que assistiam em distanciado não conseguiam crer na violência imposta por seu rei, duvidando em suas próprias cabeças sobre seus atos naquele momento estarem certos ou errados. Casas passadas a gerações eram transformadas em pó e desalento, enquanto a atmosfera daquele espaço de batalha aquecia mais e mais.
Rex começou a se adaptar a velocidade dos ataques executados por Kim, mesmo que ela estivesse sendo auxiliada pelo poder da aceleração de Hyung, o fluxo dourado da gladiadora moldava-se ao seu redor expelido a cada movimento artístico de seus golpes. Rasteiras eram esquivadas com pequenos saltos, enquanto punhos digladiavam durantes os contragolpes de ambos. Sua pele branca era suja pela poeira dos fragmentos carbonizados, manchando a tatuagem da Fênix em suas costas.
Alladin buscou a brecha para atacá-lo por cima de sua cabeça. Num movimento com a ponta das unhas apontadas para seu adversário, executou um corte ao ar, e essa ação gerou um rasgo nos ventos que avançou em velocidade para cima do nobre vil. A habilidade minuciosa e bem articulada surpreendeu Rex, que fez uma cara de espanto ao sentir o toque daquela magia de vento.
Quando encostou, aquele fluído arqueado de ar passou como uma lâmina de metal, rasgando sua carne e decepando o braço esquerdo do régio. O golpe efetivo assustou até mesmo Kim que recuou para ver a efetibilidade daquela magia. Seu membro caiu ao chão como um pedaço de carne sem movimentos.
Rex hasteou seu olhar aos céus, vendo o fim do plainar de Alladin, e jogou com seu outro braço uma quantidade massiva de fogo em sua direção. Não preparado para reagir, o garoto usou sua magia muito tarde sendo ricocheteado pelo impacto em uma queda brusca para uma das casas. Kim avançou para continuar seu plano de atordoamento, mas no momento que tentou desferir seu soco o punho fora pego pela palma grosseira de Rex.
Os cabelos vermelhos do líder e seu observar melancólico eram entristecedores e pareciam subjugar a combatente. Ela olhou o cintilar que começou a ocupar onde era o antigo braço do seu professor, chamas envolviam como uma materialização através da magia do fogo, fazendo o molde do seu membro. Até que por fim, ele ressurgiu, em carne e osso. Ao olhar para o chão, o antigo membro decepado começou a carbonizar-se por si só.
— Como? — Perguntou a aluna espantada.
— Alguns deuses possuem escolhidos únicos, os chamados "Filhos". Concedendo a ele não só seu fluxo mágico, mas também metade de seu poder total. — Rex a levantou pelo pulso, colocando seus rostos num mesmo plano — Querem protegê-la, para ceder a possibilidade de estarem auxiliando um mago destrutivo a ser um Deus. Bem. Considerem-se lutando contra um.
Rex a pegou pelo pescoço e arremessou-na em direção donde Alladin havia caído, com uma força descomunal causando a quebra de mais escombros. O líder olhou para o horizonte da rua, vendo o seu objetivo final logo a frente, então não hesitou em caminhar em sua direção. Aurora fez o mesmo.
Seus dedos agilizavam-se pelo ar, enquanto sua aura de magia expandia cada vez mais. Sem precisar tocar ao chão, ramos de árvores e troncos ascendiam de maneira acelerada sobre aquela ruela, criando densas copas vistosas e brilhantes. Além de alguns arbustos abarrotados de flores de diversas cores.
O ambiente tornou-se impecável na mesma medida que intensidade de belo, mas não tirava a tensão do combate. Todo aquele espaço parecia corresponder ao mando de uma pessoa. Aurora.
Tais simbologias tribalistas possuintes em sua pele começou a brilhar e penetrar em maior afinco, subindo sobre os braços e contornando seu corpo.
— Mestre... Eu não quero, e nem irei lhe matar, desejo que juntos sejamos capazes de parar tudo que nos dar temor. — A garota pôs a mão em direção ao coração — Sei que a morte de Heiko dói no fundo, de seu âmago, mas você precisa se lembrar do motivo por não ter tomado essa ação antes.
— Uma sociedade igualitária e sem guerras, não me esqueci pelo qual motivo lutei ao lado de Heiko. Só havia me esquecido que não dá para deixar as causas da guerra se recriarem de maneira vertiginosa, como ideologias genocidas e ideais preconceituosos. Já lhe disse Aurora, você é o fardo da guerra. Sua existência é a ferida não cicatrizada em cada combatente de Bastia vivo.
Rex deixou um largo poder queimar ao seu redor, tão denso como fluídos de lava, e jogou uma rajada em direção a sua aluna. A garota elevou do solo à terra preta, fazendo uma barreira de proteção "natural", deixando com que as chamas batessem no escudo soerguido. Assim que a magia parou de ser avançada deixou os grãos caírem e lançou no meio da queda uma flecha esverdeada.
O projétil materializado acertou o coração de Rex, criando nele flores e raízes que começaram a se moldar e perfurar a carne do líder de maneira violenta. No primeiro momento ele gritou de dor e contraiu seu corpo instintivamente, mas o grito tornou-se iroso e o fogo que saía de seu torso se condensou até queimar a magia da garota. A magia da Fênix finalizou o ato, curando os ferimentos.
— Talvez este momento fosse o único, não existisse outro modo de tudo acabar sem ser deste jeito. — Rex proferiu — Diferente do conceito do Caos, há a probabilidade desta ser a ordem única das coisas. — O líder desapareceu no mesmo instante que um filete de brasa cintilante começou a surgir ao lado de Aurora.
O teleporte ocorreu, e o mestre que a ensinou, atualmente o homem que deseja assassiná-la, estava do seu lado. Com sua mão em chamas e uma voracidade imensa ele avançou seus dedos, jogando-a da tração de suas costas em direção ao pescoço nu de Aurora.
Sua vida estava em risco.
As movimentações limitadas. O golpe foi executado em cheio, e por instinto humano a jovem só teve a fechar seus olhos. Contudo, o fogo nunca fora sentido por sua pele, a ardência que seu cérebro tentava se preparar através do medo e desespero acabou sendo em vão, já que o acontecimento não chegou a ocorrer. Ao abrir os olhos, pode se ver amparada pelo albino, que respirava ofegante enquanto o suor preenchia seu rosto.
— Salvar os outros da guerra Aurora... — Ele respirou mais um pouco. — Esses são meus novos pés!
Alladin recuou o rosto fazendo uma careta, sentindo uma dor latente. Quando Aurora se deu por conta espantou-se, dando um pequeno grito infeliz. Os pintos de sangue faziam barulho no chão de cascalho. Sem muita salvação para as ações ali acometidas.
Não.
Aquele momento não era um treino, mesmo contra um único homem, podia se dizer ser o marco de uma guerra.
— Alladin... — Aurora ainda não sabia que sentimento era mais forte, o desconforto ou a pena. — Seu braço... Você perdeu seu braço...
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