O Portão
Ao fim da tarde, a tempestade de areia no ardor chateavam os três viajantes. Os grãos batiam em suas mãos nuas enquanto grudavam sobre a vestimenta. As botas afundam sobre nas dunas. Rubi olha para Rodrigo e Skraz ao lado, a impossibilidade de ouvir algo devido o barulho das areias a fez dar-lhe um empurrão para chamar a atenção. Ele a olhou enquanto ela gesticulava com suas mãos. Conseguindo compreender, o soldado apenas assentiu com a cabeça.
O mar amarelado causava uma penosa exaustão, deixando a visão da espadachim tortuosa.
Estou vendo uma muralha, minha mente criou mais uma miragem.
Ela focava naquela estrutura de argilito escuro com muramentos colossais. Rodrigo tapeou o braço dela, afirmando ser aquela paisagem o destino.
Não é uma miragem!
Desceram a duna até chegarem no limiar do horizonte, avistando uma sombra imóvel. A muralha impedia o açoite da tempestade, permitindo os viajantes retirar os panos dos rostos.
Eles olharam para o guardião dos portões, alto e corpulento, munido de um capuz que impedia a visão de seu rosto.
— É só passar? — Rubi olhou para seu aliado.
— Veremos.
Ambos andejaram tentando ignorá-lo, mas ao chegarem próximos o defensor desprendeu das costas uma espada agigantada que afundou frente a seus pés.
— Não são dignos de entrar em Korr. — Sua voz era fria e grossa.
Ele retirou o capuz mostrando sua feição animalesca, distinta dos outros animálias. Possuía a faceta de um leão, não como Baal que ainda parecia humano. A agressividade transpassava por seus pelos e mandíbulas afiadas.
— Queremos ir ao coliseu — Rodrigo barganhou.
O leão fez careta, rindo logo em sequência — Não sobreviveriam um único dia. Agora saiam.
Ambos andaram de costas alguns curtos passos.
— Estou com fome. — Rubi pôs a mão em sua barriga — Parece que o único jeito é lutando.
— Não pensamos diferente... Você consegue me proteger? — O soldado questionou mantendo em sua visão o guardião — Ele pode fazer mais do que só chutar nossa bunda.
— Fique despreocupado. — Ela tirou a espada do coldre.
Rodrigo fez o mesmo, pegando distância do adversário. Eles começaram a rodear o guarda. O leão se pôs em posição de combate.
Skraz
O imperial chamou o cão. Aquele espectro sombrio uniu-se em suas costas criando uma capa escura sobre a vestimenta de couro.
Jade
Rubi invocou o poder da espada, chamando o espírito do coelho.
O soldado forçou-se sobre aquela areia fofa indo em avanço ao leão, enquanto a espadachim deu um salto. O guardião priorizou defender-se do azulado, forçando a colisão da espada de Rodrigo com sua manopla, enquanto erguia o gládio para chocar o ataque de Rubi.
O embate das lâminas afundou os pés do leão na areia. Vendo seu inimigo desestabilizado, o garoto achou uma brecha, dando uma estocada na costela do leão. Sentindo a dor do metal o guardião parou o avanço da espada de Rodrigo com as mãos nuas.
Então o protetor forçou um contragolpe recuando Rubi, o rapaz retraiu-se para não sofrer danos.
O oponente levou suas garras até o ferimento, e começou a rir assim que viu seu sangue manchar o punho.
— A quanto tempo viajantes não conseguem me ferir — Disse alegre.
Merda, Skraz disse aos ouvidos de seu dono.
O leão fincou sua espada e fechou os olhos enquanto se concentrava. Uma aura estranha envolvia-o. Quando parou sua reza os olhou de modo infame. Flexionou suas coxas indo em direção a espadachim, sem conseguir acompanhar sua velocidade ela apenas viu-se sendo caçada. O adversário ergueu a lâmina como se fosse bater numa forja. Rubi, desesperada, apenas hasteou sua espada tentando se defender.
Vou morrer, vou morrer.
A placa de aço afundou no ombro da espadachim, que gritou de dor, com a força que possuía tentava impedir com que a arma rasgasse mais de sua carne, mas a aflição a fazia ceder atordoando-a.
Numa súbita agilidade o leão parou o ataque e fincou novamente sua espada na areia bloqueando o golpe de Rodrigo, a investida do soldado permitiu Rubi a se afastar. O leão soltou sua arma e socou o rapaz no estômago, o golpe lhe causou falta de ar paralisando seu corpo ao chão.
— Não são gladiadores, apenas dois ambiciosos supérfluos.
— Rodrigo! — Desesperada pela queda de seu aliado, ela berrou.
— São fortes para soldados rasos, mas terminamos por aqui.
O leão virou a ponta de sua lâmina para baixo, no intuito de enterrá-la no azulado, os músculos do animália rasgavam-se esbanjando força. Ao descer a espada, o garoto apenas tapou sua visão, aguardando sua morte.
Uma batida de metal ressoou. Quando Rodrigo abriu seus olhos pôde ver a ponta da lâmina do guardião tentando ultrapassar a espada da aliada.
— Você está bem?
A pergunta de Rubi fez o imperial voltar a si, erguendo-se rapidamente.
— Garota... — O leão sentiu-se feliz com a ação dela — Com o ombro rasgado, e o braço deslocado, ainda sim me desafia.
— Deixem eles comigo Zack! — Alguém gritou das dunas, um leão albino. — Vi o suficiente para deixá-los entrar.
O desconhecido era tão alto quanto o guardião, em seu olho esquerdo uma cicatriz de garras compunha sua feição imponente, enquanto o branco de seus pelos suavizavam o amedrontamento da raça.
Aliviados, os corpos dos desafiantes confiaram naquelas palavras, desabando ao chão e caindo em sono.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro