Yam caminha sobre o solo misto de pedras e gramas do reino. Vislumbrando a paz agraciada da raça Hast. Soldados jogavam cartas, e crianças corriam ao redor do príncipe. O sol acalorava os corações felizes dos cidadãos. Ele devaneou sorrindo pela calma do ambiente, uma tranquilidade inexistente desde sua infância.

Mãe, pai. De onde estiverem, creio que se orgulham do trabalho de Baal.

— Voltou de viagem. — Uma voz feminina chamou-o pelas costas.

Reconhecendo aquela fala, Yam virou-se para abraçá-la — Lyvia! — A alçou nos ares rodopiando a raposa.

— Para! — Ela ri enquanto é posta no chão — Sumiu após a guerra.

Ele levou sua mão até o rosto de Lyvia, tirando os cabelos da frente. — Não conseguia olhar para Baal depois de tudo.

— Sinto muito. — Lyvia Suspirou — Preciso que fale com ele. Essa cidade ficou em paz. Sacrificar toda sua família para isso destruiu Baal, e mesmo que nos amamos, não temos o mesmo sangue. A única pessoa infeliz nesse reino é ele, Yam. Só você pode salvá-lo.

— Aquela maga saiu furiosa, isso deve ter deixado-o triste.

— Pensa que têm algo entre eles? — Lyvia mostrou-se apreensiva.

— Deixa de ser ciumenta Lyvia. Ele ama você desde nossa infância. Não se preocupe, ela não tem o mesmo sangue dele, porém deve ser considerada da família também.

Yam despediu-se beijando a testa da Frost, partindo em direção a torre real. Os guardas permitiram-no que adentrasse em direção as escadarias de quartzo. A cerâmica lisa reluzia o reflexo do lobo branco.

No pisar de cada degrau uma energia fria descia, como uma neblina negra espessa.

Sinto sua tristeza, irmão. Nunca pensou em justiça, mas a que preço conquistou sua vingança?

Ao topo fronteou-se a uma sala, um portal semicircular silencioso. Hesitante adentrou, tendo visões desagradáveis. Os pisos estavam aos cacos com enormes lascas espalhadas, a távola usada por seu pai foi partida e continha marcas de arranhões irosos.

O sol iluminava até metade do salão, em oposto, via o atual rei imerso na escuridão, com seu cálice e jarro dourados despejando vinho nos curtos degraus do trono. Baal possuía um semblante demoníaco inconsolável. Os cabelos banhavam o encosto.

— Mesmo vitorioso na retaliação pela mamãe, você foi o único derrotado. — Yam entristecido andejou até o trono.

— Irmão... — Bêbado, Baal despertou da tristeza ao ouvi-lo, seus olhos encheram-se de lágrimas. Ele se ergueu, mas tropeçou, sendo aparado pelo príncipe.

— Nunca foi forte para bebidas Baal. — Yam fez carinho sobre os cabelos do mais velho — Estou em casa.

Baal despejou-se em choro nos peitos de seu familiar.

Eles foram até o penhasco, tendo seus corpos agraciados pela luz.

— Por que voltou? D-digo, não que queira você longe, mas...

— Sempre contrariei sua vingança, necessitava de tempo para que minha raiva sumisse.

— Não queria matar o pai, mas quando lutamos ele ameaçou Aurora, se eu o deixasse vivo ele a assassinaria.

— Se lhe alivia o peito — Yam bufou — Papai aguardava a morte. Alguns anos após matar a mãe ele percebeu a merda de ter caído nas lábias daquele mago, ou melhor, maga.

— Quem diria... Papai admitindo um erro...

— Você gosta muito daquela garotinha não é? Você não era triste ao lado dela.

— Ela estava com medo de mim Yam. Logo quem prometeu protegê-la.

— Então sei o que devemos fazer. — O príncipe se ergueu.

— Yam? Para onde está indo?

— Para aonde iremos. — Ele hasteou Baal pelos braços — Vamos para Frost! Se você ainda quer protegê-la tem de controlar aquilo que nos deixa raivosos. O olho Fenrir. Julia saberá te ajudar a encontrar o caminho de volta a felicidade.

O caminho de volta a felicidade... Baal pensou em Aurora.