O olhar Fenrir era tão cintilante quanto sangue, mas ira e nem poder conseguiam superar a experiência de Adamastor. Golpes esmurravam o ar tentando alcançar o esguio lanceiro. Os ataques que conseguiam ser efetivos acabavam tendo contragolpes brutais. Baal tentou socá-lo, mas logo seu braço foi suspenso, e o lobo recebeu um soco direto no queixo. — Precisam fazer algo antes de decidirem — As falas do cinzento fluíam no respirar leve.

Yam e Adamastor trocam socos mais acelerados e de maneira mais objetiva. Os golpes acertavam partes superiores de ambos os corpos, principalmente nos braços e costelas. Num momento oportuno, o lobo branco deu um chute lateral no joelho do cinzento, fazendo-o agachar de dor. Em seguida fez o mesmo movimento em direção ao rosto de Adamastor.

O seu chute trava após o estrondo na bochecha do cinzento, como se o oponente tivesse parado o ataque com a face. Um pouco de sangue descia no canto da bochecha, e ele sorria de maneira que irritava o lobo branco — Falem com Fenrir, até lá. — Adamastor ergueu Yam pelo pescoço, o jogando contra o teto em sequência. Ao chocar, as costas quebraram parte da estrutura, deixando um filete de sol bater na raposa vitoriosa — Não permitirei essa ideia absurda acontecer. Adamastor pegou sua lança e saiu do salão real.

Os garotos se recuperavam da humilhação, seus corpos exaustos perduravam para soerguer do chão, tímidos. Seus músculos não doíam mais que seus orgulhos. Eles se arrastaram até a escadaria do trono, deixando a rainha por a palma sobre suas cabeças.

— Há uma forma de falar com Fenrir. — Todos fecharam os olhos, e a majestade iniciou um contato místico fazendo os lobos adentrarem a uma dimensão distinta daquela — Meus filhos, encontrem a resposta.

Baal sentiu seu corpo mergulhar no mar, ao abrir os olhos, o desespero tomou conta dos pulmões. Seu corpo descia na água azulada e escurecida, ele começou a nadar em direção a superfície.

Pode ver uma mão esticada pronta para ajudá-lo, e sem pensar muito a agarrou para sair do mar. — Obrigado — Disse ofegante. Em meio a uma paisagem de mar incrivelmente aberto, eles encontravam-se num piso de concreto, como se aquele solo se sustentasse sobre o oceano.

— Magnífico! — Uma voz feminina soou, se pondo a aplaudir os filhos.

Quando os lobos olharam, estremeceram, ficando boquiabertos perante a imagem a frente, os lábios balbuciavam enquanto as lágrimas escorriam no rosto molhado do lobo preto. O cabelo comprido que ia até sua coxa lhes era familiar, assim como a pele preta, delicada e brilhosa.

— N-não acredito... — Baal chorava. — Mãe?