Farpas
O vento confrontava seus corpos e bagunçava vossos cabelos. Além do zumbido chato no pé dos ouvidos. Eles estavam rápidos demais, e agora — adjuntos à árvore — O tronco que parecia tão fino a olho nu, moldava-se a algo absurdamente estrondoso quando próximos. Aurora olhou para baixo, assistindo os insetos de carapaças grossas alimentando-se da seiva.
Alladin tentava não se preocupar com outras coisas além do voo — na verdade, não conseguia mais nem pensar —, o torso pesava, de uma maneira rude e entristecedora.
Não consigo mais, é muito energia. Seu olhar semicerrado lerdeava a cada piscar, ficando a ponto de desmaiar.
No terceiro fechar sonolento, algo distinto fluía em sua pele. Um fluxo desconhecido. O garoto viu-se vivo, animado, poderoso. Então percebeu Aurora, cedendo-lhe energia. Numa troca de olhares, eles sorriram aliviados.
Não queria estar passando por isso, mas que bom que tem que ser com você. Alladin pensou dizer, mas o zumbido não ajudaria as palavras saírem tão facilmente. Tsc! Nunca vou dizer isso a ela.
A árvore tocava os céus, e quanto mais olhavam para o topo, mais distante parecia estar. Como um caminho interminável até a ponta do submundo.
Minutos se passaram.
Muitos minutos se passaram.
Nenhum dos dois estava preparado para o gasto de fluxo tão abundante que haviam feito. O voo exigia um custo alto. Aurora começou a sentir o mesmo pesar de Alladin, suas costas suavam como se estivesse recebendo o sol quente das areias de Saluem. As gotas desciam pela nuca, enquanto seus olhos não se abriam mais. Deitada nos peitos de Alladin, ela respirava esbaforida.
O albino — preocupado com ela — começou a olhar os arredores dos troncos. Em busca de algum galho para que pudessem parar. Ele parou de alçar voo, e começou a contornar a enorme árvore em busca de um ponto de repouso. Algo preto apareceu no horizonte. De aspecto nojento e com batida das asas.
Alladin se assustou, perdendo a conexão feita entre os fluxos, iniciando o despencamento.
Merda!
A queda bateu um súbito desespero. Ele não sabia o que fazer. Aurora desmaiou em seus braços devido à fraqueza. Algo atinou a atenção dele, vendo uma abertura no tronco da árvore. Rapidamente esticou a mão, no desespero de tentar pegar na entrada.
Por sorte, conseguiu.
Num braço, sustentou o corpo de Aurora para que não ocorresse o pior. Seu braço deslocou devido o tranco do corpo. A mão que segurava a entrada havia sido perfurada por uma enorme ponta afiada. A lasca de madeira atravessou a carne com facilidade, fazendo-o sangrar lentamente pelo membro.
Com seu último esforço, fez com que seus corpos fossem soerguidos pela magia, jogando-os para dentro da fenda.
Argh! Usando da força, arrancou da sua mão aquela farpa, e jogando-a para longe.
— Tudo para morrer numa árvore.
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