Decisão
Maahes e Rubi chegaram na porta do palácio, onde guardas reais postos já os esperavam. Armados com lanças, espadas e escudos, os leões rugiam contra seus dois inimigos. Os soldados beiravam a casa de algumas dezenas, aquele não parecia ser um conflito simples.
— Pai... — Rubi desembainhou sua espada. — Pronto?
Maahes fitou, sentindo aquele olhar raivoso no rosto dela. — Você é mesmo filha de Dávila garota.
Jade
A garota segurou forte o cabo de sua espada, concentrando-se um pouco antes de entrar na ação. O seu Ki começou a ser exposto através das arestas de seu corpo, condensando-se por fim naquele olhar de raio azul.
Maahes ficou com uma aura dourada envolvendo-o, o poder do Ki emanava massivamente pelo corpo, mais emissivo do que de todos os seus adversários em conjunto.
O que espantou até mesmo Rubi.
Eles saltaram em direção aos seus adversários. Dando golpes fulminantes, desviando de contra-ataques brutais. Espadas voavam junto a mãos decepadas e urros eram ressoados sobre o temor dos invasores. No rosto agressivo dos leões, podia-se contemplar o desespero e a vontade abrupta de sair imediatamente de lá.
A espada de Rubi banhava-se em uma carnificina sem fim, enquanto a lâmina de Maahes, um pouco mais grossa e larga, segurava pedaços das vísceras de alguns inimigos abatidos. Os escudos eram facilmente destruídos pela força. As dezenas não chegaram a ser mais que uma única.
Seguidamente, não era mais uma dezena.
Até que por fim, o último rugido fora ressoado, o último Korr sangrou até sua morte.
Pai e filha começaram a correr dentro do palácio, buscando pelo instinto a aura de seus objetivos. Subiram rápido as escadas, o ar pesava nos pulmões de Rubi, que temia por seu irmão.
— Quando fui começar a gostar desse idiota? — A garota refletiu. Pensando na jornada efetuada até o culmino presente, as dores que não passara sozinha, e o sangue que derramou, sempre amparada por seu irmão, com aquele jeito seco e olhar soberbo de um típico militar da realeza, mas que sempre estava lá para ajudá-la.
Rubi olhou para seu pai que parecia estar excitado com o momento. Jurava ver um pequeno sorriso saindo abaixo de sua boca. Um ar frio transpassa por seu pai, como se o sangue dos Korr mortos não fosse o suficiente, como se lá dentro, estivesse algo mais valioso. Sem respeito pela ambientação, Maahes destruiu a porta com uma simples ombrada, os pedaços daquela peça de madeira voaram até o leito, rasgando os lençóis e destruindo toda sua estrutura.
Maahes olhou desesperadamente para todo cômodo, não achando nada além do filho e o cão das sombras, recostados na sacada.
— Ele está lá embaixo — Rodrigo falou com frieza, algo que provavelmente não foi direcionado a Rubi.
Maahes caminhou até a sacada, e da visão que dava ao coliseu pode ver no chão destruído da arena o rei sentando na cadeira, no estado vegetativo. Enquanto seu filho segurava uma lança ao lado da majestade.
O leão albino pulou para a arena, pode se ouvir e sentir o estrondo da queda. Rubi andejou para a sacada na busca de assistir seu pai, ao vê-lo bem virou sorridente para Rodrigo.
— Rodrigo! Pensei que estivesse em perigo! — Exclamou irritadiça, porém aliviada.
— Leonis disse que quando nossa mãe faleceu, Maahes nunca foi atrás de nós, ele viajou por Desanth para ficar mais forte, para que finalmente pudesse concluir sua vingança... Nesse exato momento, com seus três filhos juntos, a única coisa que ele tem ânsia em fazer, é matar o rei.
A voz fria e as falas dolorosas do garoto de cabelo azul deixaram Rubi sem saber o que dizer, ela olhou novamente para a arena, vendo seu pai caminhar lentamente em direção ao ancião paralítico.
— Aquele é o rei? — Ela ficou surpresa — Ele é... fraco...
— Leonis disse que talvez estas sejam as últimas horas do rei... — Rodrigo citou com seriedade — Aurora está em perigo Rubi. — A frase de Rodrigo consumiu em cheio as atenções da espadachim. — Você tem que voltar para Myan.
— Que? Do que você está falando? — Rubi aproximou-se de seu irmão. — Responde Rodrigo!
Aquele mercenário, que antes parecia tão frio e ambicioso, agora a encarava com um filete de lágrimas escorrendo no canto dos olhos — Não seja consumida por esse ódio Rubi... Esse ódio que fez nosso pai se tornar o que está sendo agora... — Eles olharam para a arena. Rodrigo limpou o rosto. — Você tem algo ao que proteger, aqui não é mais um ambiente saudável para você.
Maahes chegou próximo a Leonis, olhando-o com um certo carinho, enquanto suas mandíbulas expressavam fúria por estarem tão perto do rei. O lanceiro caminhou delicadamente para frente do monarca, pondo lentamente uma base de combate, apoiando a lança em suas mãos como se fosse um pedaço singelo de papel que não pudesse ser amassado.
— Leonis, o que está fazendo? — Maahes ficou incrédulo — este Korr nojento matou minha esposa!
— Sei pai... Mas o fato dele ter matado minha mãe não anula outra verdade, a de que nos abandonou para se consumir em vingança. Querer nos amar não foi maior que o seu desejo por sangue.
— Leonis... saia da frente dele! — Maahes rugiu.
— Não posso pai — As falas do garoto chegavam a ser frias e suaves — Quando completei quinze anos, o rei me deu a liberdade de matá-lo como justiça pela morte da minha mãe. Após aquela época... O único Korr que me deu carinho, que quis saber de mim, foi justamente aquele que me causou o maior trauma — Leonis encarou o rei. — Viver com essa culpa rasgando o seu peito, sabendo que nunca poderá ter a mulher que amou, é a maior justiça que pude ter feito contra este Korr. Não permitirei que diminua a sentença dele matando-o.
— Não me obrigue a fazer isso Leonis... — Maahes segurou firme o cabo de sua espada.
Leonis não se movimentou, manteve-se olhando para um foco perdido no meio da paisagem que compunha o leão albino, esperando o ouvir de algum movimento.
Maahes, vendo-se acuado, sem alternativas, saltou com toda fúria contra seu próprio filho.
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