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Conquistar

Distinto do deserto desesperançoso, as miragens eram visíveis adentro das muralhas. Rubi e Rodrigo olham para o máximo de informações que possam captar, interessados nos arranjos das casas com aberturas como janelas, e entradas sem portas.

A movimentação da população local era de Korr e humanos, que conviviam em bebedeira e gritaria, nítida nos bares e comércios. O povoado usava de roupas simplistas, por vezes de couro, diferente dos tecidos embelezados de Myan.

Eles acompanhavam o leão albino, vendo-o trajado naquele sobretudo preto. O salvador não possuía juba como normalmente visto nos Korr presentes.

Numa virada brusca do leão, os jovens despertaram do transe, deparando-se com a casa do albino. Eles sentaram nas cadeiras empoeiradas da mesa cheia de furos enquanto o estranho fora a um cômodo além.

— Rodrigo — Rubi tonteava, vendo seu sangue minar da ferida no ombro — Vamos embora!

O garoto se entortava no assento — Estamos fodidos, pensa que conseguimos fugir dele?

— Não, não conseguem. — O leão voltou — Me admira estarem acordados com tais ferimentos. — Ele pôs na mesa, ervas, cumbucas e um pote com uma gosma branca.

Rodrigo caminhou para o sofá rasgado para descansar, entrementes seu andejar a sombra daquela armadura negra descia até formar novamente Skraz. O desprendimento do cão fez seu dono berrar de dor.

— Você era a armadura dele? — O Korr questionou.

— Siiiim... — Skraz falava arrastado.

— Agora entendo o fato dele não sentir dores — Ele pegou o líquido viscoso e misturou na cumbuca junto das ervas, amassando com um socador. O leão andejou até Rodrigo levantando a camisa do forasteiro, e expondo o roxo de sangue acumulado nas costelas. Com suas garras, passou a mistura sobre o machucado.

Quando parou de passar, foi em direção a Rubi, para tratar das feridas ainda mais graves.

— Qual o seu nome? — Questionou enquanto via ele passando a pomada sobre sua carne, e a enfaixava com atadura. — Sou Rubi, e este é Rodrigo.

— Me chamo Maahes.

— Maa... hes — Rodrigo chamou, seu rosto suava frio devido às dores — P-por que nos ajuda?

— Era isso ou deixar vocês definharem nas mãos de Zack. Inclusive, por que vieram até aqui?

— Um amigo disse que meu passado poderia ser descoberto em Desanth. — Rubi o olhou.

— E eu qu-quero me tornar r-rei de Myan. — A fala de Rodrigo chamou atenção de sua aliada.

Maahes segurou no braço direito de Rubi — Sei que ter o corpo rasgado dói muito, mas isso aqui também vai doer. — Maahes realocou o braço de Rubi, o estalo do osso e o brado da garota fizeram um uníssono.

O albino deixou os viajantes descansando enquanto preparava comida.

— Rei de Myan... — Rubi recitou.

— Disse que estou unicamente atrás de poder. — Rodrigo fazia carinho no cão adormecido.

— A que preço? — Ela questionou com seus dentes trincados — Não julga que aquelas terras derramaram sangue demais?

— Por isso mesmo que quero ser rei. — Respondeu ameno — Maahes, como se consegue poder por aqui?

— O único poder em Desanth é a força. — Maahes amassa o alho na mão, deixando os fiapos caírem na panela de pedra. — Os gladiadores até treinam pupilos, mas possuem repulsa por humanos.

— Como são os treinos?

Maahes fincou uma faca na tábua e pôs a cebola junto ao alho — Ganhem uma batalha no coliseu, e treinarei vocês.

— E ser treinado por ti, é comparável a um treino com um gladiador? — Rodrigo indagou, deixando Rubi irritada com a falta de educação.

— Gosto da sua objetividade garoto! — Maahes deu uma curta risada — O coliseu possui uma tabela de classificação dos melhores gladiadores do reino — O leão olhou de canto para o ferido — Quando forem lá, verá o nome Maahes sustentando o título a mais de noventa anos.

Rodrigo engoliu a seco, virando seu rosto para o teto com feições alegres.

— Maahes, no portão. O Zack num momento parecia como nós em poder, mas de repente... — Rubi assustou-se ao recordar

— Aquilo se chama Ki. — Ele bufou vendo o silêncio contemplado da jovem — Diferente de magos, que dispersão seu poder, gladiadores ampliam a própria corrente de energia. Criando um fluxo limpo e sem denominação elemental. Fazendo com que ele aumente nossas capacidades físicas ao máximo.

— Entenderam? — Skraz questionou.

— Sim! — Rubi respondeu.

— Não... — Rodrigo rebateu.

— É mais fácil ensinar a vocês do que explicar. — Maahes pôs as cumbucas de comida na mesa — Contudo, se buscam sobreviver por aqui, aprender a usar o Ki é a forma primordial, e se forem capazes de vencer uma luta no coliseu, terei a honra de torná-los os mais fortes gladiadores de Korr.

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