A proposta
Ao pôr os pés em sua nova morada, Aurora deixou as sacolas de frutas no chão, calmamente tomando controle. Seus braços marcados de vermelho demonstram o esforço exercido. Ao bater a porta ouviu — Bom dia, querida! — com clareza. Saindo de um cômodo, Beatrice foi carinhosamente de encontro a ela. Ambas se abraçaram, mas a boca da garota mantinha-se aberta.
— Querida? — Cantarolou Beatrice — Tudo bem? — Sorriu inocente.
Aurora não respondeu, sua respiração pesava.
— Irmã... — Bianca, prendendo o cabelo, deparou-se com a cena. — O que aconteceu? Ela trouxe legumes podres de novo?
O insulto despertou a criança.
— Foi sem querer daquela vez! — Defendeu-se.
— Ela travou, ai travei por medo!
— Beatrice... — A irmã levou a mão ao rosto.
— Se Acalmem — Aurora interrompeu a discussão — Na feira encontrei o R-R-Rex. — Gaguejou — Digo, o rei! Me chamou para ser aluna dele.
Como dar o mesmo presente para gêmeas mimadas, o rosto delas retratou picos de emoções distintas para aquela resposta. Beatrice saltitava quase rasgando seu vestido turquesa. Bianca negava com a cabeça segurando seus óculos para não voarem.
— Não vai — Bianca determina.
— Irá sim — Beatrice rebate.
— Myan mudou desde que Rex principiou a comandar, Heiko avisou para termos cuidado com ele — Encara sua irmã ajeitando a armação.
— É uma ótima oportunidade dela evoluir Bianca! Mesmo que a treinemos, ela ultrapassou o limite daquilo que ensinamos. Olha a aura dela! Estamos retardando-a! — A expressão de Beatrice corou Aurora.
— Mas, Heiko...
— Mas, mas, mas. Ele tem um pé atrás por rancor de Rex devido ao término do namoro. — Beatrice se agachou — Pequena, com os guias certos, se tornará uma maga incrível!
A jovem sorriu e abraçou fortemente Beatrice, devido ao aval cedido. Contudo, sentia-se mal com o rosto desgostoso de Bianca.
— Tia Bianca... — A noviça se aconchegou em seus braços — Ambas... Após a morte de meus avós, dentre tudo que me ocorreu, vocês certamente foram algo especial. Considero-as da minha família.
A emoção percorreu através dos pelos eriçados e olhares lacrimosos de todas presentes.
— Entretanto — Aurora continuou — Prometi a mim e a Nefertari ser forte o suficiente para não depender de ninguém. Nunca mais. Não posso retroceder naquilo que almejo.
As irmãs sentiram tenacidade nas falas da garota. Olharam-se numa conexão mental, reconhecendo que aquela decisão. Bianca separou a franja da pequena para beijá-la em aprovação.
— Não gosto da ideia, porém não posso te impedir, mas saiba que qualquer perigo estaremos aqui, ouviu? E pare de me chamar de tia, tem quinze anos garota!
— Desculpa! — Aurora ri.
A garota correu para o quarto azulado ao fim do corredor, a euforia a fez tropeçar nos diversos livros espalhados ao chão, todavia um único lhe interessara naquele mundo de papéis. Munido de uma armação de corda. Ela pôs o tomo suspenso no corpo, e numa bolsinha despejou um livreto com a capa formada por folhas secas. Tendo tudo pronto, precipitou até suas tias para uma singela despedida.
O céu aberto e o calor ameno davam um toque derradeiro aquela manhã. Aves transitavam pela cidade e donas de casa estendiam as roupas, crianças chispavam levando comida roubada em seus trapos, e soldados apostavam em cartas.
Na frente do castelo a garota viu-se no meio dos guardas. — O que quer? — Um miliciano questionou.
— Falar com o rei! — Respondeu entusiasmada— Ele me recrutou para estudar.
O homem fez careta.
— Pode entrar — Outro soldado a autorizou — O monarca pediu para deixarmos todos os jovens interessados alistarem-se. — Próximo à garota apontou para o arranjo interior — Atrás da escada central há a saída para o jardim, ele está lá.
Aurora o reverenciou, ao passo que para o soldado que lhe tratou mal mostrou seu dedo do meio conforme infiltrava devagar naquele paraíso carmesim. Em partes o vermelho-escuro era mais presente, ainda assim a assiduidade do ouro fazia-se valer, além da ornamentação na madeira clara. Ela observava dos serventes aos aristocratas, bem como quadros, o lustre e a quantidade incontável de candelabros.
Ao contornar a escadaria Aurora viu um portão fechado, e quando abriu a iluminação do dia resplandeceu semicerrando seus olhos, até que sua visão voltasse a se acostumar. A garota pode ver o jardim, com canteiros nas laterais, mas o seu meio era composto por uma trilha de pedras tendo fim numa imensa árvore ao centro.
Abaixo do sombreamento da copa, três adolescentes mantinham-se ao redor do régio. Vestido de camisa branca, e seu cabelo é tão vermelho quanto fogo. Ele sorria dentre suas falas, mas a jovem não conseguia ouvir.
Ela se apegou aos detalhes que chamam atenção em seus colegas. O cabelo branco de um, olhos puxados de outro, além de uma pessoa com o rosto enfaixado que aparentava ser mulher.
— Aurora! Seja bem-vinda! — Rex ergueu seu indicador, soltando uma pequena esfera avermelhada que subia aos ares distanciando-se da árvore. Ao chegar no ápice dos céus explodiu criando uma enorme fênix, a força daquela magia atiçou uma tenebrosa ventania. — Que bom que podemos contar com você. — Rex sorriu.
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