Modestos Desconhecidos
O cliente costumeiro entra no café, se senta à mesa de sempre: a azul, e pede o de costume. Enquanto passava os olhos pelo local se dá conta de que a moça da mesa amarela não esbanjava seu sorriso corriqueiro. O cliente de uma personalidade sagaz infere que coisa boa não se passa.
Enquanto observava a moça, sentia uma crescente necessidade de ir reconfortá-la, mas isso seria estranho, conclui. Eram dois desconhecidos... Ou não? Apesar de frequentarem o mesmo local constantemente, e de reconhecerem os rostos um do outro apenas a ponto de associa-los a cor da mesa, os pouco "bom dias" trocados não eram o suficiente para justificar a concretização de tal ato. Não tinham intimidade, apenas... Familiaridade, um tipo de vínculo que gira em torno do próximo e do distante, como a Terra e a Lua.
O barulho de uma xícara se quebrando interrompe os pensamentos do homem. A moça da mesa amarela ergue a cabeça e seu olhar cruza com o do cliente da mesa azul, ambos quase que simultaneamente dão um sorriso tímido e reconfortante. Pronto, ali estava o ato adequado que o homem queria, um leve sorriso, à maneira que a falta de intimidade entre dois estranhos familiarizados permitia.
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