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Capítulo 18 - Crônica: Tédio


Tédio

Apesar de ser viciada em rotina e ser um pouco controladora, tem dias que é o tédio aparece e deixa meu mundo, ou melhor, meu dia de cabeça pra baixo. E hoje é um deles.

E quando aparece, tudo que gosto de fazer perde seu encanto. Até a televisão com seus inúmeros filmes, séries, programas e clipes musicais, me aborrecem!

Fico tão inquieta que me deixa nervosa, causa ansiedade, o que não é novidade, já que tenho ansiedade e ele sempre a flora nos momentos mais inoportunos.

Desanimo que não tem fim, até a fome some. Estado de inquietude. E algo que não faço com frequência, pois tenho muita preguiça é caminhar. A única coisa que me acalma nesses dias é caminhar e não é algo do tipo em que saio de casa sem destino, vou aonde o vento me levar, não, não. Fico caminhado de um lado para o outro, dando voltas e voltas pela sala, que passa pela cozinha e o último destino e primeiro é o meu quarto. E o único som que sai de minha boca, são gemidos de desgosto, seguido pelos suspiros insatisfeitos.

E o tempo é meu inimigo!

Passo um bom tempo sem olhar para o relógio e quando olho a hora continua a mesma e se mudar é só dois ou três minutos. E o meu suspiro aumenta e continua insatisfeito.

Oh querido tédio, qual a razão de sua existência?

Acho que essa questão é uma retórica, a retórica do tempo.

Acho que o tédio existe para nos mostrar que devemos aproveitar cada segundo de nosso dia e fazer com que ele valha a pena e ser sempre produtivo.

E se for esse mesmo o seu propósito tédio, agradeço, mas, por favor, vá embora.

Estou deitada, ou melhor, largada na cama, olhando para o teto, esperando pacientemente o seu desejo de partir, contando as horas, minutos e até os segundos para este desejo acontecer, então tédio, por favor, vá embora.

Tento ler algo, mas não tenho concentração, as palavras se embolam e criam alusão de se mexerem. Tento assistir algo, mas não consigo entender os sons, são barulhos ecoados pelo vento.

Então pela fina curiosidade fui pesquisar na internet o significado real do tédio e estava lá: "sensação de enfado produzido por algo lento, prolixo ou temporalmente prolongado demais". E "Sensação de aborrecimento ou cansaço, causada por algo árido, obtuso ou estúpido".

Por isso que sinto que o tempo não passa e por isso fico tão irritadiça com qualquer coisa, por menor que seja.

Com um longo suspiro jogo meu celular na cama e me deito de bruços, esperando enfim o tédio passar.

Surpresa! Ele não passa.

Volto à caminha em volta aos mesmos cômodos que minutos atrás e tudo é o mesmo, me arrasto, meus pés fazem pequenos barulhos em contato com o chão.

Quando percebo que o tédio me abraçou e que não vai me largar tão cedo, vou direto para rede, me balanço, olhando para o céu e suas nuvens, de diferentes formas e tamanhos, se bem que não sou tão perceptiva para olhar para uma nuvem e logo descobrir com que se parece. (Às vezes até consigo, mas não é sempre).

Então aqui me despeço, na imensidão do céu azul tentando descobrir seus segredos e suas formas, com meu bom e velho companheiro, Tédio.


  Espero que tenham gostado e se identificado com o tédio, alguma vez ele já foi o seu companheiro?  

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