Alento
Eu fiquei inconsciente no chão da minha casa por um dia inteiro.
Um. Dia. Inteiro!
Era tanta dor de cabeça que eu tive até que faltar no curso! Pelo visto, ter 75% de presença vai ser difícil esse ano... especialmente se continuarem aparecendo essas visões que exigem tanto esforço mental.
O lado bom é que pelo menos eu consegui ajudar uma mãe e sua filha a se reencontrarem no Além.
Ah! E eu também ganhei uma casa nova num sorteio ontem! Isso mesmo. Eu GANHEI uma CASA. De primeira, eu achei até que era golpe, porque eu nem me lembrava mais de ter me inscrito nisso. Na verdade, eu nem sei se eu realmente me inscrevi. É tanta rifa e inscrição em que eu coloco meu nome por aí que eu nem sei. Eu só vejo uma chance de ganhar alguma coisa e vou atrás. Já ganhei um ano de miojo assim.
Mas enfim, eu fui lá e era verdade. Tinha documento e tudo. Parece que o universo finalmente resolveu me ajudar! Eu ouvi um aleluia, irmãos?
Ou talvez isso seja alguma cláusula secreta no meu contrato sobrenatural, já que também foi de um jeito super suspeito que eu consegui a minha antiga casa. Eu ia comprar só o lote, mas eu ganhei um mega desconto do preço original, a burocracia mal existiu no processo, a casa dele veio "de brinde" e MOBILIADA ainda por cima! Será que ISSO é o tal "benefício contratual" que eu tinha visto no contrato? Ganhar casas praticamente de graça?
Pensando bem, talvez seja furada de qualquer jeito. Não deve ter sido coincidência que as minhas duas casas antigas fossem secretamente assombradas e/ou localizadas no meio das rotas de seres sobrenaturais como a Mula-sem-cabeça e a Besta-Fera. Vai que agora a casa pertenceu a uma família que foi completamente devorada pelo Babau ou que foi assombrada até a loucura por causa do Mimirã. Ai, credo, vou ter que gastar todo o meu salário em arruda e sal grosso.
Não, não, "você atrai o que você pensa", então vamos focar no lado positivo e parar de imaginar cenários ruins.
Fala sério, é uma CASA DE GRAÇA e eu trabalho num supermercado. Eu não tenho do que reclamar. É um presente do universo!
Só é meio... desconfortável... o fato de ficar de frente para o cemitério mais antigo de Serra Baixa... onde coisas estranhas sempre acontecem... pensando bem, talvez por isso tiveram que sortear a casa. Morar em frente a um cemitério não é exatamente o sonho de consumo das pessoas, ainda mais nesta cidade, onde você bate numa árvore e cai cinco assombrações. Se pá, ninguém quis comprar e tiveram que dar um jeito.
O lado bom é que é do lado de uma padaria. Eu ainda não fui lá, mas, quando eu tiver preguiça de cozinhar de manhã, com certeza vou visitar.
E é por isso, caras vozes da minha cabeça para quem eu estou escrevendo isso, que eu demorei para atualizar o meu... diário? Não, isso não é um diário, porque eu não tenho mais idade pra isso. Então do que eu vou chamar? Autobiografia em tempo real? Audiolivro de memórias feito enquanto as tais memórias acontecem? Relato de vida?
!
...
AH, QUE MARAVILHA! Alegria de pobre dura pouco mesmo, fala sério.
É CLARO que o arrepio decidiria aparecer com um relato justamente quando eu estou em paz...
Eu já estou escrevendo aqui mesmo, então vamos lá, né.
A visão começa me mostrando (tinha que ser) o lado de fora da minha casa.
...
Eu odeio a minha vida.
Dessa vez, inconvenientemente os espectros da visão estão se movendo nos lugares físicos onde a visão está se passando e não num cenário ilusório dentro da minha casa como sempre. É exatamente o que aconteceu anos atrás, quando eu também tinha extrapolado os limites da visão. A partir de agora, as coisas provavelmente vão estar um pouco bugadas e eu vou ter que CORRER atrás do meu tormento ao invés de só esperar por ele no conforto e na segurança da minha casa protegida por cristais e sal grosso.
Ah, céus, espero que a história toda se passe só nesse bairro. Eu não quero caminhar pela cidade às cegas. Claro que também tem o fato de que as pessoas não vão entender quando eu estiver desviando de pessoas invisíveis ou fazendo caretas de pavor para o nada, mas isso é o de menos. Não quero ser parte da ironia dramática de alguém que escreve relatos do Além acabar indo pro Além enquanto produz os relatos.
Aaaah, OK! OK! EU VOU ESCREVER, CARAMBA!
No recorte de espaço da visão atual, está de tarde e um funeral está acontecendo (obviamente) no cemitério. A cena já está acontecendo, então melhor eu caminhar até lá senão eu perco a história.
Beleza, passei pela porta da minha casa. Agora vem a parte desconhecida, o salto no escuro. Primeiro a calçada... tudo certo, tudo certo... esbparrei em alguém. Tranquilo, tranquilo, tudo normal... ok, cheguei no meio-fio... a rua da visão está vazia e eu não estou vendo nada da rua real, então agora é hora de "segura na mão de Deus e vai".
MDS
MDS
MDS
MDS
Tranquilo. Tranquilo... sobrevivi! Ainda escutei uma buzina passando às minhas costas, mas eu não morri! O motorista realmente não era louco e estava me vendo.
No cemitério, "vendo a visão de perto" agora, noto que todas as pessoas estão embaçadas, "fora de foco", quase como uma pintura a óleo no cenário. Bem, todas exceto uma. Mais próxima do caixão, uma mulher de talvez uns 40 anos está rezando pela alma do recém-falecido. Sua pele oliva escura começa a ser marcada pelas rugas da idade e as raízes brancas começam a emoldurar seu rosto sério. Ela faz as rezas fúnebres com a solenidade de quem tem experiência com isso e seus olhos castanhos mostram uma dor profunda.
A cada vez que eu retorno a olhar para ela depois de tentar ver o cenário, ela parece envelhecer mais e a multidão do funeral muda, como se eu estivesse vendo uma sequência de momentos idênticos da vida dela. Seus cabelos logo ficam completamente brancos e sua postura parece ficar cada vez mais dobrada, como se o peso dos anos fosse literal. O vento sopra, sumindo com os espectros da visão, e a noite cai, me envolvendo numa atmosfera solitária e sombria que é paradoxal com o calor de 40 graus que eu estou sentindo agora por estar no sol.
Não há viva alma nas ruas. A julgar pelo tom de azul do céu e pelo quase silêncio do bairro, deve ser madrugada, cinco horas da manhã. Todas as portas e janelas das casas e lojas estão fechadas. A única luz acesa vem da janela da cozinha da padaria, onde o trabalho já começou.
De repente, saindo da casa que fica entre a minha e a padaria, vem a senhorinha de antes. Curvada e compenetrada, ela vem caminhando com os pés arrastando no chão e o terço enrolado nas mãos. Atravessa a rua e vem até aqui, o cemitério. No centro dele, um pequeno altar é o ponto de chegada da idosa. Lá, ela deposita cuidadosamente uma vela e a acende, terminando suas orações pelos falecidos. Seus olhos castanhos novamente exalam um ar triste.
Ela estremece e se vira para o lado. Um cachorro preto e muito peludo a observa, o que não seria algo estranho ou sinistro se não fosse pelos seus olhos vermelhos faiscantes e sua aura sobrenatural distorcendo a luz ao redor. Ela dá um sorriso meigo, nenhuma demonstração de medo apesar da aparência ameaçadora do bicho. Novamente, conforme observo, o tempo passa rápido. Novas lápides e novas velas do altar aparecem, frutos de vários funerais que ela presenciara, mas a mulher e o cão permanecem nas mesmas posições ao longo de tantos anos. A essa altura, provavelmente ela se acostumou com a presença desse ser.
O cão se aproxima, dócil. Em todas essas sobreposições de memória, a mulher sempre se abaixa brevemente, estica os braços e acaricia a cabeça peluda da criatura, mergulhando seus dedos enrugados entre os pelos negros. O animal quase sempre cai aos pés dela, esperando por afago na barriga macia e felpuda, e é atendido. Com uma ou duas lágrimas nos olhos, a mulher sempre se ergue suspirando e segue o caminho de volta para casa com um ar mais leve apesar de ainda triste.
É interessante ver essa sobreposição de memórias ao invés de elas simplesmente flutuarem em um movimento fluido ao meu redor. Assim, consigo ver melhor como as mudanças do tempo vão se acumulando, como se fossem grãos de areia preenchendo uma praia. Ok, hora de atravessar pro outro lado...
mds
mds
mds
mds
Ok, sobrevivi dessa vez.
A idosa sentou-se na cadeira de plástico da frente da padaria com um gemido de cansaço. Torceu seu terço em volta da mão, fazendo uma ruga na testa - provavelmente por causa das memórias tristes que a envolviam sempre que acendia as velas. Por fim, com um suspiro, ela esperou, olhando para a entrada da padaria com expectativa.
Não tardou muito, talvez por estar acostumado a essa rotina matinal da vizinha, o padeiro apareceu com um bolo quentinho e uma garrafa de café. A idosa deu um sorriso breve com a aparição do companheiro. Por acidente, ele bateu a perna na grade torta da entrada da padaria e resmungou que devia arrumar aquilo logo. Olhou para a idosa, retribuiu o sorriso, os dois trocaram cumprimentos e então começaram a tomar café-da-manhã juntos enquanto o sol começava a despontar no horizonte.
E isso se repetiu quase todo dia. Sempre do mesmo jeito.
Ela se sentava na cadeira da calçada, ele aparecia com café-da-manhã, ele prometia que ia arrumar a grade no dia seguinte e aí iam comer juntos enquanto conversavam.
Os trechos começam a passar mais rápido, sobrepostos. Os dois idosos vão envelhecendo, a fachada da padaria vai mudando de cor e desbotando em seguida, as articulações dos dedos da beata vão se enrijecendo, os movimentos do padeiro vão ficando cada vez mais lentos...
Mesmo assim, sempre ao nascer do sol, lá estavam os dois, conversando e contando histórias de sua juventude. Ela conta sobre como, quando era jovem, teve a impressão de que uma coruja tinha falado com ela. Durante esses instantes de perplexidade, ficou parada e um raio caíra bem na frente dela. Já o padeiro tentava superar essas histórias contando sobre como, quando era menino, tinha visto uma criatura com corpo de cavalo, chifres e torso humano passando em sua rua. Ele diz que ficara em choque por semanas e tinha certeza de que estava vendo os espíritos dos mortos aonde quer que fosse.
No fim dessas histórias, os dois falavam sobre a vida e sobre a morte. Sobre dor e luto. Sobre o tempo e a saudade. Sobre as perdas que tiveram. Sobre as alegrias que viveram. Falavam sobre fofocas do bairro, sobre quem teve filho, sobre quem enriqueceu...
Os trechos de conversas foram ficando cada vez mais abafados até serem substituídos por outra cena.
A idosa estava sozinha na mesa, provavelmente à espera do seu companheiro da madrugada. Uma coruja pousou no telhado e começou a assobiar intensamente.
Ah, não...
Com uma ruga de preocupação, a humana simplesmente disse "vem amanhã que eu te dou sal", o que fez a coruja ir embora.
Ué.
Ok... essa foi a primeira vez que eu vi alguém usar esse velho truque com uma Rasga-Mortalha. Que eu saiba, só funciona com lobisomens isso de oferecer sal. E nem é uma boa ideia porque alguns lobisomens podem querer "dar um jeito" nas testemunhas que sabem da sua identidade real e aí você meio que morre por adiar a sua morte.
O que importa é que funcionou com a Matinta Pereira. E a mulher-coruja com certeza voltaria no dia seguinte para cobrar.
A cena some e o dia nasce.
Na porta que fica entre a minha casa e a padaria, batendo de forma lenta, estava uma figura usando um vestido marrom desfiado e um xale xadrez marrom que escondia bem a sua cabeça. A beata abriu a porta para atender a estranha e, antes que dissesse qualquer coisa, já recebeu um "vim pelo sal". Com um misto de surpresa e medo, pegou o pacote de sal que tinha deixado perto e o entregou para a criatura que agora estava com sua aparência humana. Com a voz embargada de cansaço, a aparente mulher de meia-idade disse simplesmente "não saia de casa nessa madrugada de quinta-feira". Dito isso, apertou o sal no peito e virou as costas, indo embora.
Confusa, mas ciente dos poderes da criatura que tinha acabado de visitá-la, a idosa decidiu obedecer ao aviso. No meio do dia, visitou seu vizinho e avisou que ele não deveria sair também, já que a coruja tinha pousado no telhado entre as duas casas, então talvez o destino fatal ameaçasse os dois. Ele concordou, sério, e assim o dia seguiu.
A visão entrou dentro da casa dela, então tive que ficar olhando pela janela da minha vizinha. Espero que ninguém esteja me vendo agora. Vão pensar que estou bisbilhotando.
Lá dentro, é madrugada e dessa vez a beata estava fazendo seus ritos fúnebres dentro de casa ao invés de caminhar. Fazia suas orações, mas se perdia toda hora. Sentia um aperto no peito que não conseguia explicar. Estava inquieta e nem rezar estava funcionando para acalmar seu coração angustiado.
De repente, muito barulho ecoa do lado de fora. Um grito foi o que fez seu pavor aumentar. Correu o quão rápido suas articulações permitiram, ouvindo o som de galopes, relinchos e batidas violentas no chão da rua. Escancarou a porta com urgência. Evitei virar a cabeça para ver o que estava acontecendo aqui fora, mas vi o rastro flamejante do ser quando ele disparou rua acima e notei, pelo rabo de olho, o sangue manchando a rua.
Só precisei ouvir o grito de desespero e dor da idosa ao ver a cena para perceber quem tinha morrido.
O vento sopra a visão e de repente eu estou sob o sol morno da tarde. Vários espectros apareceram no cemitério, então lá vou eu, atravessando a rua e torcendo para que nenhum veículo esteja passando na vida real.
Ainda mais ironicamente, pude ouvir os diálogos dos fofoqueiros enquanto atravesso a rua. Eles assistiam o enterro à distância, dizendo que o padeiro tinha morrido atropelado. Compreensivelmente ninguém diria o que realmente tinha causado sua morte. Ninguém tinha visto o que houvera além da velha senhora. E ninguém acreditaria no que ela dissesse. Seu estado emocional estava em frangalhos. Inconsolável, ela permanecia olhando para o caixão fechado enquanto as lágrimas desciam de seus olhos em cascata. Outra pessoa teve que fazer as rezas no enterro.
Os dias depois disso foram sombrios.
Toda madrugada, ela acordava e ia sentar-se na cadeira de plástico da calçada. Não importava se estava chovendo ou fazendo frio, ela saía de casa e ia para a cadeira onde sempre sentava, segurava o terço como sempre segurava e observava a entrada da padaria, em espera.
Observava a porta de lá por horas, esperando que seu velho amigo saísse com o café e o bolo quentinhos como sempre... esperando que ele batesse a perna na grade e prometesse que a arrumaria no dia seguinte, um dia seguinte que agora nunca chegaria... esperando que ele aparecesse com seu sorriso simpático e suas conversas poéticas sobre a vida... esperando que ele reaparecesse bem e explicasse por que tinha saído de casa naquela madrugada mesmo quando ela tinha dado o aviso a ele...
Esperava e esperava...
Mas ele nunca apareceria. Ela sabia disso.
No fundo, não conseguia se permitir aceitar a dura verdade: seu amigo mais querido se foi. E não havia o que ela pudesse fazer para mudar isso.
As portas da padaria permaneceram estáticas, fechadas. Os fornos continuaram desligados, frios. A luz da cozinha não se acendeu mais de madrugada. O cheiro de pão fresco não voltou a tomar a rua. E a velhinha continuou em sua posição, sentada na cadeira de plástico, à espera de alguém que não voltaria a aparecer ali. À distância, o cachorro preto de olhos vermelhos faiscantes a observava. Ficava rondando a entrada do cemitério, como se não pudesse sair dali.
A beata não tinha mais voltado ao cemitério para cumprir seus ritos. Seu companheiro não humano permanecia a esperando do outro lado da rua, tentando passar, à distância, ao menos uma fração do consolo que transmitia quando estava próximo. Ainda assim, a idosa se recusava a atravessar aquela rua, mesmo que ela não entendesse ao certo o porquê.
Um dia, a beata acordou à meia-noite.
Silenciosa, fez uma garrafa de café fraco e doce, como seu amigo costumava fazer, e saiu de casa. Pegou a cadeira de plástico e, com dificuldade, rumou para o cemitério. Soturna, fez o caminho que conhecia até o altar. Com um suspiro triste e prestes a chorar, ela acendeu uma vela. Sua luz bruxuleante e pequena lançava sombras sobre os restos de cera de velas passadas. Melancólica, ela foi até o lugar do túmulo do padeiro. Com cuidado, arrancou ervas daninhas que cresciam ali e retirou as folhas secas e a sujeira. Tirou a tampa da garrafa térmica e usou-a de caneca, colocando o café quente ali.
O vapor da bebida quente subiu, espalhando seu cheiro agradável naquela noite fria. Soluçando pelo choro, a beata tomou um gole de café. Não demorou para que começasse a chorar profusamente.
A dor e a saudade que estava tentando conter até agora transbordavam como lágrimas salgadas. A criatura notou isso e, nesse instante, o cão negro chegou mais perto. Ela o observou enquanto ele se aninhava junto às pernas dela, seu pelo macio encostando nas mãos entravadas e enrugadas da idosa. Trêmula, ela acariciou o pelo do bicho e, de repente, foi como se voltasse ao passado e tudo ficasse mais leve.
Era a sensação familiar que ela sentia sempre que voltava do cemitério. Uma sensação triste, mas ao mesmo tempo reconfortante. A dor do luto, mas ao mesmo tempo o afago de um abraço. Um abraço quente e terno que parecia envolvê-la inteira e que durava por muito tempo.
O bicho olhou a velhinha com seus olhinhos brilhantes e lambeu a mão dela carinhosamente. Ela riu enquanto chorava, as lágrimas deixando tudo embaçado. Então colocou as mãos no túmulo de concreto e fechou os olhos, talvez relembrando todos aqueles momentos felizes do passado, talvez apenas sentindo enfim a sensação de paz e conforto.
Os trechos dos dias voltam a passar. Dessa vez, toda madrugada, ela vem até o cemitério, faz suas preces, acende uma vela e então vai até o túmulo de seu velho amigo com uma garrafa de café. O Cão-da-meia-noite, como sempre, faz companhia, ficando ao seu lado e dispersando a tristeza da humana até a hora em que o sol nasce. As coisas funcionaram assim por vários dias, meses, anos... seu cabelo fica ralo e agora ela mal consegue abrir as mãos ou dobrar os joelhos. Ainda assim, continuava essa rotina.
Um dia, encontraram a beata dormindo na cadeira. Tinha morrido de hipotermia num dos dias mais frios do ano. No rosto, um sorriso.
O que nenhuma das pessoas ali tinha notado - até porque isso aconteceu antes mesmo de o sol nascer - foram as silhuetas dos dois idosos, a beata e o padeiro daquela rua, ao lado de um cachorro de pelo preto indo embora para o indefinido.
...
Nossa.
Eu recebi o seu relato... senhora? Não sei se seu caso encaixa nos relatos que eu recebo. O Cão-da-meia-noite não causou diretamente sua morte... eu acho. Perguntas ficaram sem respostas. Acho que a história ficou incompleta demais. Ou eu só não tive poder suficiente para ver todos os pontos de história desse relato. Não sei. Tomara que o arrepio aceite o relato assim.
O que importa é que mais uma vez duas almas se reencontraram... não é?
Se ainda faltar coisa, eu vou saber em breve, quando o arrepio estiver torcendo as minhas entranhas haha
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