Origem obscura
Ambos colidem e a onda de choque estremece o deserto, sendo espalhado a cada golpe desferido.
Yellow move-se tão rápido que desaparece dos sensores de Zonlui, surgindo nele em simples estalos junto aos golpes. Apesar disso, ela reage e barra os golpes vindos de todos os lados, alterando o espaço em precisos movimentos das suas mãos.
Os olhos vermelhos dela procuram o jovem em meio aos feixes de luz, circulando-o feito um anel conforme gira. O vulto dele surge e desaparece, criando imagens residuais a cada golpe desferido, todos sendo bloqueados.
As mãos de Yellow não conseguem atravessar a espécie de barreira em torno da mulher, desacelerando os golpes e forçando-o a recuar para não ser atingido. A impressão dele é de estar atravessando uma área muito maior do que a real, como se houvesse mais espaço ali.
E, algo atinge-o.
A mão da mulher fecha-se sobre o pescoço do elemental, arregalando os olhos ao ter sua rota de corrida mudada e ser puxado, girando junto a ela, fazendo um giro completo antes de acertar o corpo dele na areia em uma explosão.
Afundando na matéria, ele adentra no solo e junta as mãos, sendo outra vez atingido. O vermelho colide contra o amarelo e raios brancos tomam a visão da criatura, vendo o local acertado ser transformado em pura energia e um raio subir.
Sendo golpeada, ela sobe e fecha os punhos, concentrando sua força corrosiva nas unhas ao fazer os próprios olhos brilharem, sentindo o ser saltar e ir ao seu encontro, sem ter sido ferido.
Cortando o ar, as garras colidem contra a eletricidade e o céu é dividido pelas cores. O amarelo gira e carmesim empurra-o por cima, esmagando a força oposta contra o solo ao corroer a própria atmosfera.
O ar é transformado em energia e é lançado sobre o defensor, sendo pego completamente de surpresa ao perder a disputa e levar outro golpe, tendo a parte esquerda totalmente transformada em raios num corte.
Contra-atacando, ela dobra o espaço e gira, subindo enquanto o chute segue e soca-o, errando o golpe. Tendo se impulsionado na própria eletricidade, ele desfere um tapa e a eletricidade é espalhada, colidindo contra a força invisível próximo ao corpo dela, não permitindo sua passagem.
Contudo, a mão de Yellow começa a aproximar do rosto de Zonlui, atravessando o que quer que seja aquilo. Em resposta, ela desfere um soco na eletricidade em torno dele, barrando-a ao desacelerar o próprio golpe, transformando a parte atingida em energia.
O ataque passa direto e o defensor rompe a magia, acertando-a em cheio. A mulher é lançada pelo ar e, sem ser abalada, revida num corte com suas garras, partindo o céu em três linhas vermelhas. O homem desvia ao simplesmente se desfazer em energia e atravessar o local como um raio branco, materializando-se novamente diante dela já com o punho fechado.
O espaço é torcido e, a torção é desfeita. Arregalando os olhos, Zonlui é atingida em cheio pela segunda vez, tendo seu rosto afundado no murro que rompe a magia espacial. Antes mesmo de conseguir entender como aquilo é possível, outro ataque atinge-a na barriga e o corpo dela sobe, descendo ao ser atingido pela cauda do elemental, sendo utilizada como um porrete.
Ela cai em pé sobre as rochas, sorrindo ao sentir a dor surgir e o jovem lançar três raios, nos quais explodem contra o vermelho e, formando uma nuvem de fumaça, são dissipados por ele mesmo, aplicando outro murro.
Errando, a mão dele colide contra as pedras e o solo rompe. A eletricidade transborda por eles e o defensor salta, desviando dum chute antes de juntar as duas mãos, disparando à queima roupa uma descarga de energia.
Porém, a força gira em espirais e é afastada, girando até ser virada e retornar contra o homem, outra vez sumindo. O que restou do local é pulverizado e Zonlui surge no meio da poeira, com os pelos carmesim brilhando nos seus antebraços e pernas.
Quase em um pulso, a matéria ali é isolada e Yellow sente algo mudar, materializando-se sobre a criatura numa distância segura. Procurando os possíveis ferimentos pelos golpes desferidos na mulher, ele não encontra nada além de leves hematomas na pele parda dela.
–Apenas marcas vermelhas? –Ele fala sozinho, deixando a gravidade atrair seu corpo até o solo enquanto observa-a, energizando os membros sem nenhuma intenção de atacar. "Está esperando outro ataque? Deve estar bolando algo." O defensor pensa, ficando reto antes de reparar melhor no semblante dela, claramente empolgada. Rindo, as orelhas dele são direcionadas na direção de sua oponente, seus pelos rupeiam e o homem decide tentar algo. –Vamos ver se vai continuar sorrindo depois disso.
Os olhos de Zonlui reluzem, em um claro desafio. Ela já entendeu o que está deixando seu oponente "intangível" e sabe exatamente como lidar com isso. Abaixando, Yellow levanta o rabo similar ao de um canino e a eletricidade atravessa o ar, tomando tonalidades brancas conforme o homem abaixa, pondo as duas mãos no chão, ficando em posição de corrida.
"Vai atacar em linha reta?" Ela pensa, não acreditando no próprio pensamento ao fechar o punho direito, aproximando-o do próprio corpo. "Não, deve ter…"
Antes do pensamento ser concluído, sua visão desaparece.
Seus sentidos falham, seu queixo é violentamente atingido e o corpo dela gira, só então sentindo o deslocamento do elemental, que a golpeou.
Continuando a trajetória após desferir o soco, o jovem gira e afunda os pés na areia, desacelerando enquanto retorna a atenção para a mulher, tombando pelo ar até cair de joelhos nas rochas destruídas, quase sendo nocauteada.
Zonlui pela primeira vez sente o impacto do golpe e põe a mão no queixo, deslocado. Seus sentidos retornam e a dor a desperta da espécie de transe, ainda tentando entender como foi atingida ao levantar, meio bamba. Se o feitiço dela não tivesse sido ativado, ela teria perdido a consciência.
Levantando, suas pernas falham e ela retorna pro chão, ajoelhando novamente enquanto murmura um xingamento, tendo levado mais dano do que deveria. O defensor enfia as mãos no bolso, aproximando bem devagar conforme pensa um pouco, pensando como deveria prosseguir.
Na teoria, deveria finalizar a batalha. Porém, o ser não sente nenhuma intenção maligna na jovem. Tudo o que ele sente é uma estranha confusão, raiva e, preocupação.
Levantando, Zonlui sorri ao finalmente se recuperar, realmente surpresa pelo golpe. Preparando-se para um terceiro round, a surpresa domina-a quando a eletricidade em torno de Yellow é dissipada e sua coloração amarela retorna.
–Apesar de estar sendo divertido, vamos parar por aqui. –Ele calmamente fala, parando a menos de quatro metros dela ainda com as mãos no bolso, não querendo mais lutar. Apesar de querer continuar, a lembrança de seus companheiros o obriga a parar. O defensor sequer sabe se eles estão indo bem, ou se estão bem.
–Acha que eu vou simplesmente, parar? –Ela pergunta realmente em choque.
–Você não estava querendo aquele cristal? –O ser pergunta e aponta para o lado, exatamente na direção dele. O prisma continua flutuando a uma distância relativamente grande, oscilando no ar. –Pode ficar. Iria levar porque achei bonito, mas nem sei o que é aquilo.
Não há resposta. O silêncio permanece no local, pairando sobre ambos. Abaixando as mãos, a desconfiança fica explícita no semblante dela. E, ambos arrepiam.
"Me ajude." Os dois olham na direção do cristal, sentindo-o vibrar. A voz vem dele. A mulher treme, lembrando do motivo de ter ido até ali e salta na direção do item, reconhecendo a dona do som.
E Yellow tem um péssimo pressentimento.
Indo atrás sem nem mesmo saber o porquê, o elemental vê a mulher agarrar o campo de força em torno do item e descer pelo céu, aterrisando na areia ao olhá-lo por todos os lados, ouvindo a voz ficar cada vez mais forte. "Me ajude."
–Você, você sabe o que é isso? –O defensor pergunta e a retira do transe, atraindo sua atenção. Ele fecha um pouco o rosto, realmente sentindo uma péssima sensação conforme o cristal emana ainda mais o amarelo. "Há algo de errado nisso, tem prego nesse angu."
–Não. –Ela finalmente responde depois de um tempo, voltando o foco para o item. A resposta faz o jovem arquear as sobrancelhas, querendo saber o motivo dela ter começado uma luta por algo totalmente desconhecido. –Mas eu, eu ouvi a voz da minha mãe vindo disso. Apesar de ser impossível, eu ouvi. E, e… Eu agi por instinto.
Silêncio. O elemental suspira, entendendo. Apesar de não ter mais sua mãe, caso ouvisse a voz dela do absoluto nada assim, provavelmente teria ido atrás. Porém isso aumenta a preocupação dele, receoso do mesmo ter acontecido com a jovem.
–Minha mãe está viva, por isso é impossível. –Ela explica e outro suspiro escapa do defensor, ficando aliviado. –Minha mãe não pode morrer e selar… Selar alguém como ela é impossível.
–Tem certeza que é a voz dela? –Ele pergunta e, assim que a cara dela fecha, levanta ambas as mãos em um pedido de espera. –As vezes é parecida, pode ser uma distorção, uma ilusão ou algo assim. Eu estou sem ouvir nada, e olha que ouço muito bem.
Zonlui permanece imovel, pensando. "Pode ser." Ela conclui, estranhando o quão similar é a voz. Na verdade, estranhando absolutamente tudo. De repente uma fenda surgiu no planeta onde estava treinando e a voz de sua mãe a abordou, pedindo ajuda. Isso é totalmente insano em qualquer linha de raciocínio.
Encarando o cristal, tão brilhante e poderoso, ela consegue ver algo através dessa "casca", agindo como um selo. Uma espécie de luz escura em meio ao amarelo, tão fraca a ponto de ser quase invisível, porém ali. É uma essência, uma alma.
Pelo plano astral, a mulher procura-a e não a encontra. "Está realmente selada." Definindo ao vê-la apenas pelo cristal, a descrença a domina em seguida. "Espera, ela é… IDÊNTICA A DA MINHA MÃE!"
Seus olhos arregalam, não acreditando no que estão vendo e Yellow aproxima, querendo saber o motivo da reação. Porém, ele não consegue ver nada além do amarelo. A escuridão está se mostrando apenas a mulher.
–É a alma da minha mãe. –Ela sussurra, incrédula. A surpresa domina o jovem, não acreditando naquilo e a mulher fecha as mãos sobre o cristal. "Eu preciso quebr…"
Um olho é aberto no cristal. Congelando, Zonlui arrepia dos pés a cabeça ao ver a pupila escura em meio ao amarelo, encarando-a fixamente conforme a escuridão dentro dele fica mais intensa. O cristal vibra, sendo pressionado por dentro e uma força começa a rompê-lo por dentro, destruindo-o.
Yellow vê o prisma vibrar loucamente, pensando ser uma reação da energia da mulher. Contudo, o que está ali é uma coloração escura, na qual destrói a matéria sem deixar nada para trás, engolindo-a. E o vermelho estava corroendo, não destruindo.
Porém, antes de conseguir pensar mais, Zonlui brilha. A surpresa domina-a e, de uma vez, sua força é drenada.
O vermelho irrompe do corpo dela junto ao preto e branco, atingindo o cristal que imediatamente racha. O elemental reage instintivamente e, segurando a mulher enquanto o olho finalmente fica visível, encarando-o com a pupila dilatada e arregalada, salta para trás ao chutar o objeto.
Terminando de romper.
A luz do local é totalmente sugada pelas trevas, mergulhando aquele plano inteiro na escuridão enquanto uma pressão esmagadora atinge os dois, batendo-os contra o chão. Yellow explode em eletricidade, criando um campo de força em volta deles antes de olhar para Zonlui, ofegante e pálida. A própria energia vital foi sugada e, por muito pouco, quase a sua alma.
–Engraçado. –Ambos sobem o olhar, vendo algo ser formado em meio às trevas. Elas se reúnem e condensam, tomando uma tonalidade ainda mais escura e dois olhos surgem, iguais aos sobre o cristal. –Na verdade, curioso. Eu sinto que te conheço, eu te conheço.
Terminando de se formar, a criatura aterrissa em frente ao campo de força feito pelo elemental, suando frio. O péssimo pressentimento foi concretizado, haviam libertado algo e isso definitivamente não é bom.
Subindo o rosto negro, pequenas faíscas de energia permitem o elemental ver o ser. O cabelo difundido na matéria corrompe-a, emitindo ondas de luzes enquanto os membros finos e compridos permanecem imóveis. A roupa velha e rasgada balança, oscilando em pulsos junto as asas negras, que abalam a própria base do plano.
Zonlui não acredita naquilo, é impossível. A energia, as características e a voz, são idênticas às de sua mãe. Porém, é um homem. Sorrindo, a criatura gargalha e põe as mãos na barriga, inconscientemente pressionando a barreira ao rir feito um louco da situação, sentindo as forças que compõem a mulher.
–Por algum acaso, você é minha filha? –Ele pergunta e a insanidade domina os seus olhos, não conseguindo acreditar naquilo.
Yellow põe um dos joelhos no chão, não suportando a pressão e Zonlui continua perplexa, simplesmente sem conseguir reagir.
–Você é uma alternativa?
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