–QUE DROGA! –Yellow ruge, olhando para a encruzilhada, retornando nela pela quinta vez. O labirinto está confundindo os sentidos do elemental, seu próprio senso de esquerda e direita está desorientado. Se não fosse pela bússola, sequer saberia onde seus companheiros estão. –COMO VOCÊS ESTÃO AI!? VOLTEI PRO MESMO PONTO DE NOVO!

–Mesma coisa. –Evan responde com o item mágico em mãos, retirando o dedo do botão maior. –Aquele idiota não vai se perder?

–As bússolas são interligadas, conse… cons... conseguimos achar ele. –Yoshi garra na fala, pondo a mão no pescoço ao tossir. Nayuta arqueia as sobrancelhas, estranhando a reação do homem de máscara cinza, sentindo algo na garganta. –Foi mal, pareço ter engasgado.

–Certo, vamos tentar achar essa chave. –O homem diz colocando o dedo novamente sobre o botão, abrindo o canal de comunicação com a bússola 3. –Caso ache algo suspeito nos avise, vamos tentar burlar essas restrições e evitar disso tudo sumir. Entendido?

–Fechado. –O elemental rosna de volta, disparando a correr. Aproveitando a linha reta, o ser pega impulso e salta. O chão rompe, raios saem de seus calçados enormes e seu corpo ultrapassa a altura das paredes.

Vendo o enorme aglomerado de encruzilhadas e o próprio labirinto por cima, ele vê uma cúpula central. Seus olhos são atraídos pelo caminho até lá e, algo atinge-o.

Rompendo a conexão da bússola.

Evan arregala os olhos, sentindo o salto do homem e vendo uma imagem surgir na frente dos ponteiros. "3° bússola fora do ar" – é o que está escrito. Antes mesmo de conseguir falar, o local treme e tudo racha, engrenagens são ativadas e uma quantia imensa de energia cai ali, ativando uma magia.

O selo vai ser reposicionado.

–QUE DROGA! –Evan ruge e enfia o item no bolso, abrindo as duas mãos ao revestir ambas pelo IN, vendo o azul dominar tudo ali. –SE PREPAREM PARA QUALQUER IMPACTO!

Assim que Yoshi aproxima, já convocando suas cartas em mãos, o defensor de cabelo xadrez cobre-os com seu IN em uma esfera e eles são atingidos. O homem tomba, Nayuta imediatamente reforça a esfera e ele é segurado pelo seu companheiro, olhando a espécie de tsunami azul devastar tudo e levá-los consigo.

O ambiente muda, todos são lançados no absoluto nada e, são puxados para outra dimensão. A trajetória faz a mente de Yoshi quase explodir, não conseguindo processar tudo o que viu enquanto as luzes, forças e magias colidem uma contra a outra, chocando-se com o IN escuro de Evan.

Nayuta sente a mudança da força e, prevendo que vão ser expulsos, age primeiro. Seus olhos vermelhos cintilam e, numa ação instantânea, cancela o ataque. Retornando os olhos para seu pai, sentindo a pressão aliviar, a garota vê a esfera continuar sua trajetória junto a força, não sendo mais reconhecida.

E então, eles aterrisam em algo.

***

Yellow berra, mas não consegue produzir nenhum som. Está no vácuo. Sua respiração trava, o frio do vazio atinge-o e ele olha ao redor, vendo apenas escuridão. Sua energia cria uma espécie de cápsula em torno de si e algo estala, um feixe rasga o preto e o local muda.

Atingindo o chão, o elemental retira a cabeça da terra e fecha a cara, sem entender absolutamente nada do que aconteceu. Olhando para as estranhas ruínas em sua volta, o ser levanta e sente a poeira passar com tudo pelo deslocamento do vento, extremamente forte.

Pequenos pedaços do que um dia foi uma casa se desprendem e saem voando, seguindo pelo local desértico. A areia e estranha energia incomodam o elemental, sentindo certa "acidez" no ar. Além disso, o fato de não ter uma unica alma ali incomoda-o.

–Para onde eu fui mandado? –Ele pergunta para o nada puxando a bússola multiversal do bolso. O item está louco, com as setas girando para todas as direções conforme tenta entrar em contato com os outros equipamentos, em vão. Os botões estalam e somem, retornando para dentro. As opções somem e um enorme erro surge no aparelho, com interferência. –E o que raios está acontecendo? Isso funciona até em universos distintos, como está falhando?

Não há resposta. Apertando um botão da bússola, no qual a faria apontar na direção de seu desejo, o absoluto silêncio domina as ruinas. As setas continuam rodando, sem rumo e o ser grunhe, enfiando-a no bolso antes de subir os olhos, observando o céu cinza.

–Certo, vamos tentar sair daqui. –Rupiando, a eletricidade domina seu corpo e o rabo dele levanta, o amarelo brilha e, em um impulso, o defensor dispara pelas ruínas no deserto.

Saltando entre os blocos e postes caídos, o jovem nota um padrão nas estruturas. Prédios, ruas e casas. Espaços que aparentavam ser praças e algumas lojas tombadas, com escrituras que ele não consegue entender.

"Devia haver uma civilização aqui." Yellow pensa, seguindo sua trajetória rumo ao nada. O local não parece ser um planeta, o defensor sente somente o absoluto nada em torno dali. A intuição dele é de ser uma espécie de dimensão prisão, o que explicaria a interferência na bússola.

Apesar das ruínas, é a melhor explicação no momento.

Ou apenas um plano isolado. Desacelerando, o elemental sobe o olhar outra vez, pondo as mãos nos óculos sobre seu cabelo antes de descê-los. O item com lentes em formas de espirais escuras e branca reluz, ampliando a visão do defensor que, vê somente o branco. "É, é realmente um plano isolado." Ele define, subindo-o antes de retornar a corrida a procura de qualquer coisa, encontrando um foco de luz.

"O que é isso?" Voltando a atenção na direção daquilo, tão brilhante quanto um sol, o jovem simplesmente muda a rota e vai na direção dele. Atravessando um espaço enorme em pouquíssimo tempo, ele sente a claridade ficar cada vez mais forte e desce os óculos, ficando levemente incomodado.

A visão amplificada é ativada e ele vê a origem daquilo, um cristal. Aproximando-se, Yellow desacelera e sobe o item outra vez, observando a espécie de diamante brilhante no ar, emanando uma imensa quantia de energia.

Sua coloração amarela é intensa, não deixando qualquer outra cor no local. Seu formato em prisma cintila, sendo rodado em pequenos movimentos, sempre girando-o em torno do próprio eixo. O objeto prende a atenção do defensor, simplesmente maravilhado com aquilo.

"Devo pegar?" Ele olha para os lados, não vendo ninguém. "Olha, não parece ser usado como fonte de energia por aqui. Literalmente está tudo em ruínas, então… levar deve, deve fazer mal a ninguém."

E, quando abre a mão, seus instintos gritam.

A presença de alguém surge e Yellow volta a atenção na direção dele, distante a sua esquerda.

A quase um quilômetro, uma espécie de mulher olha para ambos os lados, com o cabelo curto e vermelho voando pelo deslocamento de ar conforme a energia procura qualquer coisa na região, claramente desesperada.

Encarando-a, ela rupia feito um animal encantuado e o defensor arqueia as sobrancelhas, surpreso.

"Alguém aqui?"

Ele pensa, vendo as pupilas vermelhas dela dilatarem. Sua pele escura e levemente amarelada reluz, emitindo energia enquanto abre os dois braços, longos e fortes. A blusa curta de exercício e preta é imbuída de energia, riscos vermelhos surgem nela e tomam formas de losangos, um maior do que o outro.

Pressentindo um ataque, Yellow abaixa e, tudo treme. Num piscar de olhos, garras surgem diante dele e seu corpo reage sozinho. Dando um passo para trás junto a um giro do próprio tronco, as gigantes unhas cortam o ar em formato de meia-lua ao deixarem o vermelho como rastro.

A mulher pisa no chão, incrédula a falha do ataque e o ser sente algo pressioná-lo. Por todos os lados, uma força atinge seus membros e ele é travado, sendo imobilizado.

–MAS O QUE!? –Ele berra e tenta se libertar, falhando. A criatura fica reta e encara-o, não tentando mais nenhum golpe. Fechando os punhos e, encarando de volta, o defensor é tomado pela raiva. –GRATUITO ASSIM!?

Nenhuma resposta é dada. A mulher move um pouco a boca, como se fizesse uma leve careta e volta a atenção para o cristal, claramente sem entender o que foi dito. "Ah, maravilha! Até o tradutor da bússola está falhando? E se…"

O pensamento é cortado. De uma vez, Yellow explode em eletricidade e rompe a força que estava prendendo-o, afastando em um salto ao sentir algo invadir sua consciência. Arrastando os pés pela areia ao aterrissar, a eletricidade forma pequenos cacos de vidro no solo, estalando.

"O que foi isso?" Ele pensa, vendo a mulher abaixar a mão esquerda e encarar os vidros formados no movimento, tendo se defendido do golpe. "Eu senti como se algo estivesse entrando na minha mente, foi essa coisa? Não duvido nem um pouco." Concluindo, outro arrepio percorre-o quando a atenção dela é focada no cristal. E, em seguida, a mão é estendida na direção dele.

"Ela vai tentar pegar ele!?" Yellow pensa e uma barreira é feita em torno do item. A criatura cessa o movimento, pensa um pouco, o vermelho é invocado nos seus dedos e a resposta é clara. "MAS NÃO VAI MESMO!"

Concentrando a eletricidade nas mãos, a atenção dela é atraída e um raio é disparado pelo defensor. Sem tempo de reagir, ela é atingida em cheio pela energia e é afastada violentamente, saindo arrastando os pés pelo chão enquanto o item sobe pelo ar, oscilando pelo impacto.

O jovem fecha as mãos e move a esquerda, fazendo o raio lançado retornar e ir até o prisma amarelo, sendo segurado e puxado para o elemental, segurando o campo de força em torno dele ao olhar para a mulher, com parte do rosto queimado, encarando-o furiosa.

–Nem me olhe assim, você atacou primeiro. –Ele protesta e abaixa o cristal, segurando o item como uma bola de basebol. A pele carbonizada some, retornando a cor original. A cara dela fecha, o vermelho é invocado e as garras crescem, junto a pequenos pelos vermelhos pelos braços e pernas. Yellow cerra os dentes, prevendo o combate que vai ocorrer e solta o objeto, deixando-o atingir o chão antes de abrir os braços, pondo-se em posição de luta. –Não venha pedir direitos iguais depois, esteja avisada.

–Não vá chorar com meu pai depois de levar uma surra, esteja avisado. –A mulher fala pela primeira vez, de alguma forma entendendo o jovem e a surpresa domina-o, ciente de que a bússola ainda está sem funcionar. Os símbolos na blusa curta e preta de exercício crescem, fundindo-se conforme o mesmo acontece com o ajustado short preto, onde círculos vermelhos surgem de ambos lados. A pressão no local aumenta e uma genuína empolgação invade o interior do elemental, começando a se empolgar pela batalha iminente.

–Pode vir. –Yellow fala sorrindo e, o local torce. Assim como antes, a mulher simplesmente surge diante do ser e as garras arrancam parte de seu ombro.

Tendo desviado parcialmente em um salto por puro instinto, o ser arregala os olhos ao ver o sangue subir pelo ar e parte de sua roupa amarelada também. Outra torção, o defensor sequer a espera aparecer e move-se feito um raio, prevendo de onde o próximo golpe virá.

Indo pra esquerda, as garras cortam o ar para a direita e o rastro vermelho deixado por elas são violentamente atravessados pelo punho do elemental, surpreendendo a adversária ao desviar do golpe.

Acertando em cheio as costelas da jovem, as energias de ambos colidem e o carmesim é afundado, a mão fechada atinge a pele e o impacto ecoa no local. Ela sobe no golpe e imediatamente contra-ataca com um chute, outra vez acompanhado por uma torção. E, de novo, Yellow desvia.

Segurando a perna dela com ambas as mãos, ele gira o corpo e bate sua inimiga contra a areia, levantando uma imensa cortina de matéria conforme a eletricidade transforma tudo em vidro, que são rompidos pelo deslocamento em espiral do vermelho, acertando em cheio o amarelo e o ser.

Saltando ao dissipar o golpe, Yellow é lançado para trás e aterrissa sem sofrer quase dano algum, afastando uma mão da outra coberto de faíscas. A criatura levanta dos cacos de vidro arrebentados e abre o máximo possível as mãos, olhando-o repleta de fúria conforme os olhos cintilam num violento púrpura. 

No local atingido, apenas um pequeno vermelho foi formado. Sorrindo, o defensor abaixa mais um pouco e levanta seu rabo, pronto para reagir a qualquer nova torção ao mesmo tempo que analisa o ferimento, sumindo em menos de um segundo. Apesar de ter aplicado uma força considerável, precisou imbuir ainda mais energia no último momento para afastar o vermelho. Caso contrário, sequer teria ultrapassado a barreira.

Um estrondo e, a mulher arregala os olhos, juntando os braços instantes antes deles serem socados. Antes mesmo do som da colisão acontecer, outro ataque atinge-a e seu braço esquerdo desce, sendo puxado pela eletricidade imbuída no pé direito do elemental, fechando bem o punho ao torcer o corpo, armando um murro.

Golpeando, o espaço é alterado e o soco passa reto. Tendo o braço segurado, a barriga do ser é atingida por uma joelhada. Fazendo uma careta, o elemental ouve o som do primeiro impacto e seus olhos se encontram com o da criatura, com a outra mão fechada.

Revidando o soco, o ataque também passa reto e ele gira no ar, puxando-a no processo conforme o braço dela é torcido pelo movimento do pé, ainda prendendo-o pela eletricidade. Ela tenta libertar o membro e é atingida, as costelas vibram junto ao vermelho e a descarga elétrica atinge-a com tudo.

O espaço é dobrado e o corpo do homem é levado junto, tendo a parte superior levada pra esquerda enquanto a inferior é puxada para baixo. Arregalando os olhos, Yellow grunhe e resiste a espécie de magia, movendo-o como uma massinha enquanto a mulher cai no chão e reúne as duas mãos, concentrando o vermelho nelas antes de dispará-lo.

Atingindo o ser imobilizado, que usa o impacto para romper a magia junto a própria força, ele dispara raios em formato de setas contra a criatura, mandando todos para posições diferentes em um único movimento de seu punho.

Os olhos do defensor brilham, outra descarga ainda maior atinge-a e a matéria ao redor imediatamente troca de estado físico, entrando em imediata sublimação. O ferimento na barriga dele cauteriza, fechando e a criatura resiste ao impacto, transformando.

Uma espécie de orelha animalesca é materializada na cabeça dela, substituindo a antiga. Tomando a forma similar a de um lobo, os pelos vermelhos crescem pelo seu antebraço e pernas, reagindo a energia carmesim.

Impulsionando de volta, o vermelho empurra a electricidade amarela e Yellow ri, divertindo-se com a ideia de uma disputa de força. E faz exatamente isso, revidando com ainda mais energia. Caindo no chão, o defensor é tomado por raios e o feixe saindo de seu corpo é intensificado, cobrindo uma área ainda maior ao ir em direção a jovem, sendo afastada ao receber o golpe inteiro.

Afundando os pés na areia praticamente em estado gasoso, a pressão nela aumenta em milhares de vezes e seu estado retorna ao físico, sendo pressionada pelos enormes pés dela, tomando características de um animal conforme as garras surgem junto aos pelos vermelhos, estendendo-se até o local.

Outra explosão, o carmesim empurra de volta o amarelo e Yellow estende as duas mãos, barrando o avanço da força oposta, tomando ainda mais espaço ao engoli-la. Expandindo a própria energia, o defensor empata tanto em tamanho quanto em potência, empurrando-a enquanto caminha para frente, sorrindo de canto a canto.

Sentindo a pressão aumentar, a jovem não se intimida e faz exatamente o mesmo, com os caninos descendo até o lábio inferior no seu enorme sorriso. A distância entre eles diminui, a colisão fica ainda mais intensa e o deslocamento de ar em torno deles faz uma gigantesca tempestade de areia, oscilando entre os estados físicos ao ser bombardeada pelas energias.

Ambos ficam a menos de um metro de distância, mandando suas quantias imensas de energias para um único ponto. As mãos dos dois estão direcionadas uma contra a outra, emitindo raios e ondas vermelhas.

O ponto de colisão é condensado, pressionado por todos os lados e fica cada vez mais denso, reunindo a energia resultante ao ser empurrado para frente e para trás, numa espécie de cabo de guerra com proporções imensamente maiores.

A coloração amarela de Yellow começa a se esvair, tomando uma tonalidade branca ao emitir ainda mais energia. Os olhos clareiam e ficam azuis, a pupila esquerda é energizada e toma o formato de um trovão.

O rabo amarelo fica branco, sobe e a eletricidade fica ainda mais potente. As forças empatam e, uma explosão acontece.

A esfera feita na colisão rompe e as energias são mandadas para os lados, afastando a areia em gigantescos tsunamis conforme o cristal outra vez flutua, reagindo à batalha.

No meio da poeira levantada, duas esferas surgem e tomam duas tonalidades, amarela e vermelha. Da esquerda, Yellow balança as duas mãos conforme gotas de sangue pingam no chão, sangue esse escorrendo da palma delas.

–Qual é seu nome? –Ele pergunta dando alguns saltinhos, cauterizando o ferimento conforme seus olhos exalam empolgação.

–Zonlui –Ela responde, com parte dos dedos queimados. Seus ante-braços, pés e partes inferiores dos pés estão cobertos por uma pelagem vermelha, as garras cresceram e o tamanho dos músculos também. –E o seu?

–Yellow. –Ele responde, com os seus pelos quase totalmente brancos. Pequenas partes amarelas restam em meio a falta de pigmentação, recheados de eletricidade. Retornando a posição de combate, a intenção dele de continuar a batalha é clara. –Pronta pro segundo round?

–Pode vir. –Ela exclama abrindo os braços.

E ambos avançam.