Declaração de Guerra
-Eles chegaram. -Uma voz feminina aborda o vampiro, de joelhos, em uma espécie de círculo azul. Abrindo os olhos, sua atenção é retornada a ela, esperando do seu lado com os braços cruzados. Suas roupas marrons cintilam pela energia junto ao cabelo ondulado, descendo até os ombros na mesma tonalidade das vestimentas. Os olhos castanhos dela revelam certo receio, provavelmente pensando no que está por vir.
-Certo, vamos lá então. -O homem responde levantando, ainda com dores. O círculo é desfeito, a força da criação para de restaurar seus membros e alma. Ele dá uns tapinhas na calça branca e na sua camisa de gola, ambas reluzindo pela energia dele. Em seguida, caminhando na direção de sua irmã, ele nota-a sorrir e cessa os passos. -O que foi?
-No fim, demorou. Mas, funcionou. -Gabriele diz, olhando-o de baixo para cima. A condição deplorável de seu irmão havia melhorado muito. Apesar de estar longe do atual máximo, o ser já parecia outra pessoa. Os danos sofridos na batalha compensaram e, recuperado, a força roubada o permitiu alcançar um estágio totalmente novo. Seu próprio limitador foi empurrado, suas capacidades cresceram em níveis colossais e um horizonte inteiro de poderes foi descoberto. Apesar do caos ter destruído-o, também o fortaleceu.
Um tímido sorriso cresce nele, dando uma mexidinha com a boca.
-É, eu falei. -Alucard responde, com os olhos azuis exalando força. Apesar de ter sido gravemente ferido, após esses seis meses seu atual estado é muito superior ao anterior. Mesmo longe do novo ápice, sua condição é superior à antiga. E, graças a Gabriele, o que deveria demorar dois anos demorou seis meses.
Seu cabelo branco e comprido foi substituído por uma espécie de corte militar, curto e raspado dos lados. A pele branca tomou mais cor, adaptando-se a energia que estava entrando em contato todos os dias, tomando um tom mais pardo. Os membros não cresceram até ficarem como antes. Porém, foram definidos e totalmente remodelados,
-Convencido. -Gabriele fala abrindo a mão esquerda e, fechando-a, teletransporta ambos. A presença deles é mudada para outro ponto no espaço e Luizen sente-os antes mesmo da primeira materialização acontecer, tirando os olhos de Bleeim.
Do seu lado, uma espécie de esfera marrom surge e cresce. M'boi volta a atenção na direção dela, ainda de braços cruzados e a presença dos vampiros recai ali. O líder dos defensores faz o mesmo junto aos outros membros, imediatamente reconhecendo o teletransporte.
-Fique tranquilo, chegou bem na hora. -A voz de Alucard irrompe no local, ciente de tudo o que foi dito com uma simples mensagem mental de sua discípula. Ele surge junto a Gabriele quando a força é dissipada, analisando cada membro ao sorrir. Em seguida, repousa a atenção em Bleeim, que arrepia ao reconhecê-lo, ficando com um gosto amargo na boca. -Sejam bem vindos, Defensores.
O ruivo reprime uma careta, nada feliz. Apesar do sorriso no rosto e da presença do ser, ele claramente não está totalmente recuperado. A descrição do mestre de Tobias bate com o relato de seu discípulo. Pele clara, cabelo curto e branco, roupas sempre na mesma tonalidade e um corpo alto. Desenvolvido, mas sem músculos enormes. O defensor olha-o além de seu simples físico, sentindo traços da energia daquele Caio nele. Principalmente, dos danos causados a ele.
Uma sensação estranha de culpa cresce nele, ciente de que os danos sofridos foram uma tentativa de atrasar Caio. Alucard havia sofrido graves danos e, vendo presencialmente, Bleeim vê o quão grave a situação foi. Na alma do vampiro, um enorme traço roxo brilha em meio ao prateado, uma cicatriz. Aproximando dele, Alucard oferece um aperto de mão.
-Você, deve ser o Alucard. -Bleeim calmamente diz, sorrindo ao aceitar o cumprimento. Também estranhando o fato de não sentir nenhuma energia vinda do vampiro, além da vinda do caos, que está corroendo-o por dentro. A criatura confirma num pequeno balançar de cabeça. -Tobias fala muito de você.
-Espero que fale bem. -Ele brinca.
-Fala pouco, mas fala bem. Pode acreditar. -Yellow fala e surge perto do vampiro, olhando-o de baixo para cima antes de arquear as sobrancelhas conforme ondas de eletricidade são emanadas de seu corpo, não sentindo a energia dele. Em seguida, a atenção é retornada aos outros três. M'boi e Gabriele observam tudo. Próximos, de braços cruzados e em silêncio absoluto. Um péssimo clima surge entre eles e, enquanto isso, Luizen permanece o olhar fixo em Evan. O elemental também não sente a energia da vampira rosa, o que é estranho.
-Você, deve ser o Yellow. -Já tendo soltado a mão de Bleeim, Alucard as enfia no bolso e chama a atenção do defensor, sorrindo de canto a canto ao ser reconhecido. -Aquele, Yoshi. Os dois ali, Evan e Spokina. Tobias havia falado que passa a maior parte do tempo com vocês. Infelizmente, não conheço o resto.
O homem de máscara gesticula com a mão ao ouvir seu nome, lembrando de quando estavam jogando truco e de todas as vezes que a mulher de chifres quase arrebentou o chão da nave na brincadeira. Todas as vezes, foi gritando: TRUCO. Dex nota o olhar desconfiado de Luizen em Evan, sentindo certa agressividade nela. Num ato instintivo, dando um único passo na direção de seu companheiro, que sorri conforme lembra do mesmo, sua aura atrai a atenção dela e seus olhos se encontram.
Ele fecha a cara, deixando claro sua insatisfação com a encarada.
-Ensinamos ele a jogar truco, foi ótimo. -O defensor revela sorrindo e imediatamente Yoshi cerra os punhos, voltando a atenção na direção dele, muito nervoso. Isso o faz sorrir ainda mais. -Ganhar do Yoshi com o vampiro foi incrível.
-Vocês roubaram! -O homem rosna, falando pela primeira vez.
-Magina. -A resposta vem recheada com ironia, deixando-o ainda mais nervoso. Um choque parece estalar no ar e todos notam o clima ruim entre Dex e Luizen, ambos fingindo que nada aconteceu em seguida ao simplesmente desviar o olhar.
-De todo jeito, é melhor entrarmos. -Alucard fala chamando todos em um gesto, olhando os outros membros que não conhece antes de seguir. GG e Dex permanecem quietos, esperando alguma ação do ruivo. Yukine faz o mesmo ainda flutuando no ar feito uma pipa.
Bleeim vai atrás e os defensores o seguem. Spokina segue-os em saltinhos, animada para finalmente entrar em ação. Evan estreita os olhos, levemente preocupado dela acabar quebrando algo lá dentro e passa a mão pela camisa, parando-a no bolso na altura do peito.
-Ei, é melhor sair daí. Aquela mulher te notou. -Ele sussurra, ciente da encarada de Luizen. Em seguida, o tecido mexe e uma pequena criatura sai dele, pulando na mão do defensor antes de ser posta nos seus cabelos pretos e brancos, em formato de xadrez, crescendo.
-Desculpa, não quis atrapalhar. -A pequena garotinha sussurra, abaixando os olhos vermelhos sem graça. Sua pele relativamente branca reluz no contato com o cabelo, como se estivesse reagindo ao IN do defensor, sua energia. O cabelo azulado amarrado em dois coques sobre a cabeça balança no pequeno balançar, tendo a forma de duas flores de lótus.
-Não atrapalhou, Nayuta. Ela apenas deve ter estranhado. -O homem fala, observando a estranha vampira. Ela segue do lado de Alucard, indo na direção de uma casa branca ao final da rua. Apesar de ter dois andares, não é a maior do local. Ele procura por sinal de vida naquele local, vasculhando qualquer energia dentro das residências. Contudo, estão todas vazias.
A garotinha murmura algo, ainda sem graça e Evan tenta processar o que está acontecendo. "Deve estar tudo vazio por causa da guerra." Ele define retornando a atenção a Dex, caminhando bem próximo. O olhar dele parece focado em Luizen, esperando qualquer outra encarada e Spokina aproxima, notando a estranha ação do celestial. Que, em casos normais, manteria a maior distância possível dos outros.
Yellow segue saltitante bem ao lado direito de Bleeim, maravilhado com a aparência antiga das casas, similar ao estilo gótico. Várias decorações brilham nas paredes das residências. Passaros, dragões e corujas feitas de metal reluzem na ponta dos muros, movendo-se conforme passam, feito câmeras. As tintas ressoam com a energia vindo deles e tomam tonalidades distintas, indo do azul ao violeta em segundos. Os entalhes fazem círculos e curvas, dando a impressão de toda a estrutura fazer o mesmo conforme eles andam.
Atrás dos dois, Yoshi analisa tudo também surpreso. A energia diferente do local faz a visão dos defensores ficar mais clara, mais reluzente e brilhante. O homem de mascara casualmente materializa uma carta na sua mão esquerda, um coringa. Movendo-a entre os dedos, todos chegam na casa branca e a porta de madeira é aberta sem nenhum toque. Alucard sinaliza para eles entrarem primeiro e, enquanto os defensores passam pela entrada, Luizen permanece com um péssimo pressentimento.
Evan passa diante dela e, algo é sentido. Olhando para o rosto calmo dele e para a garotinha sentada na sua cabeça, estando com o tamanho de uma criança, os instintos da vampira alertam-na sobre o perigo. Contudo, não é por causa do defensor, sem nenhuma intenção maligna. Nem da garota, apesar de ser imensamente mais poderosa do que aparenta. Mas sim, de outra coisa.
A consciência de Luizen varre o plano astral inteiro de um instante pro outro, procurando qualquer outra consciência além dos moradores afastados e deles no meio da escuridão. Entre as luzes, a sensação estranha fortalece-se e, nada é encontrado.
Encostando no ombro dela, Alucard retira o foco dela da busca e sinaliza para entrar também. Ela morde a bochecha, desistindo momentaneamente da busca e concorda, entrando também. Apesar disso, a sensação de algo estar observando tudo ali incomoda. Não tudo. Porém, especificamente aquele homem.
-Bem, vou resumir tudo para facilitar minha vida e a de vocês. Caso tenham alguma dúvida, apenas perguntem. -O vampiro fala quando todos param na sala vazia e, uma mesa é materializada diante deles, com comida e bebidas. Cadeiras surgem em seguida e, no ar ao lado dele, uma espécie de projeção de luz é feita, mostrando vários pontinhos brancos. -E, claro, comam a vontade. Vocês não vão entrar em ação ainda. Somente vão caso Tobias volte hoje, o que é difícil.
-Ele está na batalha? -Yoshi pergunta e Luizen concorda. -Então por que não podemos ajudar ele!?
-Por que pra vocês irem lá, precisamos de um teletransporte muito bem feito. E, reforços do outro lado também seriam enviados para lá. -A vampira explica, estando acompanhando a luta de seu irmão durante todo esse tempo. E, o encaminhamento dela não está sendo bom. Gabriele e M'boi sentem a leve alteração de humor e encaram-na, que desvia o olhar para o quadro de luz. -É muito arriscado. Precisamos confiar que ele vai conseguir com os soldados de Kahn.
-Kahn? -Yellow pergunta com um biscoito na boca, tendo aberto um pacote de bolacha e Bleeim estreita os olhos, não gostando do quão rápido o elemental aceitou a comida. Porém, ao verem isso, os outros aproximam-se da mesa e sentam, começando a comer enquanto esperam a explicação.
-É o nome do Reino de Tobias. -Gabriele explica, fixa no quadro. M'boi permanece imóvel, do lado dela. Ambos estão na parte de trás da mesa, perto dos defensores.
-Nome estranho. -Spokina murmura com um pedaço de frango na boca, amando o tempero e leva uma cotovelada por baixo da mesa. Voltando a atenção para a pessoa, furiosa, seus olhos se encontram com o de Evan, repreendendo-a em um pequeno gesto. A mulher para, pensa e volta a comer, em silêncio.
-Normalmente conhecemos os locais pelo número da dimensão, aqui é por reinos? -Ele pergunta, tentando disfarçar conforme um pedaço de maçã flutua na sua direção, subindo até ser agarrado por Nayuta, mordendo-o ao olhar para o vampiro, concordando.
-Dividimos tudo por planos, territórios e reinos. Aquele planeta é dominado quase totalmente por Kahn, então o chamamos assim. -Apontando para uma bolinha branca em meio do azul, ela cresce e um mundo é formado na mesma tonalidade. Em seguida cinco continentes são feitos, em direções opostas e uma seta surge no central. -Esse daqui é onde a base central está. O dos humanos, vulgo do Tupã, também está aqui. É basicamente a maior ameaça ao nosso Reino.
-Motivos? -GG pergunta, olhando para o frango, a carne de boi assada do lado e para uma panela sobre um grosso forro. "Pelo visto há coisas que não mudam." Ele pensa, pegando um pouco do feijão estrangeiro na panela e o põe no prato.
-Bem, eu sou o único idiota que enfrenta ele. -Alucard diz e a projeção muda, mostrando não um planeta, mas uma espécie de cidade numa planície. Antes deles entenderem o que ela deveria representar, uma intensa luz rasga o ambiente e a varre do mapa, deixando apenas os escombros. Todos arregalam os olhos, não esperando aquilo. Em seguida, outra cidade é mostrada e a mesma luz surge. Contudo, o vermelho colide contra a força e uma explosão acontece.
Em seguida, a imagem da cidade retorna. Os defensores vêem aquilo e, enquanto uma mulher de cabelo preto fica de pé no topo de um prédio, outros feixes descem contra o local.
-Isso é basicamente o que está acontecendo agora. -Ele fala e a espécie de magia colide contra a energia vermelha, vindo dela. Os olhos azuis brilham e a força é dissipada, sendo empurrada para uma dimensão inabitada. A imagem muda, mostrando cenas similares em locais diferentes. O recado é dado e todos entendem, os domínios do Imortal estão sendo atacados. -Tupã quer destruir meus postos enquanto estou enfraquecido. Na cabeça dele, ainda estou debilitado pela luta com Caio. Porém, a ideia é mostrar o contrário.
A projeção muda, mostrando quatro locais específicos. Um deserto, uma espécie de labirinto, um reino e uma floresta.
-A intenção é agir nesses quatros locais. O plano é o seguinte...
***
Tobias afunda na terra. A dimensão ramificada da ordem cede e, quebra. O vampiro cai no absoluto nada entre os planos, vendo o branco ser maculado pelo amarelo e o herói descer atrás dele, revestindo sua armadura com a força de Tupã.
-NÃO QUERIA ME ISOLAR!? -Ele ruge por uma mensagem telepática, lançando cortes de energia contra o defensor que se projeta para os lados, impondo a noção de espaço ali ao pisar nele. O humano emite sua luz e ela colide contra o gelo, refletindo-a para os lados antes de girar e ser quebrado.
A lâmina da espada sagrada atravessa-o e passa zunindo pelo rosto de Tobias, desviando em um rápido movimento. Contra-atacando, suas unhas cravam-se na energia amarela em torno do pescoço do herói e atravessam-na, rasgando a carne ali ao injetar o caos nela.
O ser grunhe, reposicionando a espada e cortando o branco atrás do vampiro, torcendo o espaço pela segunda vez e retirando a arma das mãos dele, terminando de cortar a jugular do guerreiro com suas unhas. Assim que retira as unhas da carne, o caos é expelido e a força de Tupã ativa um feitiço, o defensor é atingido e afastado pela luz, carbonizando sua armadura e pele conforme a espada do humano retorna feito um raio.
Torcendo o local pelo mais puro reflexo, parte do peitoral de Tobias é cortado e a luz arrebenta-o, abrindo um buraco no seu ombro. A Ordem redireciona o golpe e, levando outro golpe, ele bloqueia a lâmina com o gelo e é batido contra a própria noção de espaço. A luz simplesmente desintegra a magia inata do vampiro e passa direto, atingindo em cheio na barriga.
A lâmina atravessa-o e um feitiço é ativado. Arregalando os olhos em meio a luz, o herói vê o roxo agarrar sua espada e as duas mãos da criatura atingem-no em cheio, tentando perfurar seus olhos. O golpe é barrado pela luz, porém a onda de choque atinge-o e afasta o humano, sendo girado pela força caótica e batido contra a malha no branco, simbolizando o próprio espaço conforme é deformada nos impactos.
Retirando a espada da barriga, Tobias lança-a para outra dimensão e seus olhos brilham, tomando a tonalidade de um rubi carmesim conforme o colar verde sobre seu cachecol reluz. A runa feita por Alucard é ativada e, quando o ferimento feito pela espada fecha, uma onda de energia atinge-o.
O herói sai arrastando os pés pela malha, arrebentando-a conforme a armadura reluz, resistindo ao golpe e, carregando-se de luz, contra-ataca. A explosão atinge o general que não consegue reagir a tempo, sendo mandado para cima antes de girar e devolver todo o dano amplificado.
A armadura trinca, a força de Tupã é ultrapassada e o humano ri, não sofrendo grandes danos. Tobias arrepia dos pés a cabeça, com sua parte superior esquerda quase toda carbonizada e, quando outro feixe de luz vem, ele vê ainda mais poder recair sobre seu inimigo.
Que, em um piscar de olhos, surge diante dele.
E, algo atinge-o em cheio.
Tobias arregala os olhos, vendo o sangue do humano espalhar-se pelo ar junto a um grito de dor no plano mental. Quem foi atacado não foi o vampiro, mas o humano.
"Um ataque mental!?" O herói afasta-se instintivamente, cambaleando conforme a força do Niatit reage aos danos e cura-o. A própria consciência dele surge parcialmente ali, procurando o que causou aquele imenso dano que, caso não tivesse sido bloqueado no último instante, teria o matado.
E, do outro lado da criação, a quase seis dimensões de distância, Luizen pragueja um palavrão pelo golpe não ter matado o herói.
E agora, a verdadeira guerra foi declarada.
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