Alianças, sorrisos e bebidas
–Por que interferiu dessa vez? –Kevil pergunta a Karma, levando-os de volta para seu território dentro de uma esfera branca. A presença da mulher olha-o de relance, suspirando.
–Quer mesmo saber o que aconteceria se eu não intervisse? –Ela responde e o Niatit cerra os dentes, voltando a atenção para Caio. O Titan escora na energia branca da esfera, usando-a para se regenerar. Apesar de ter mantido a postura, o golpe de Solares realmente havia ferido-o muito.
Porém, um pequeno sorriso permanece no rosto dele. "Na troca, eu causei mais dano do que sofri!" O Titan pensa e, logo seu sorriso some. A criatura falhou na sua missão, está voltando de mãos vazias. Cerrando os dentes ao olhar a fundadora, observando-o de relance, ele pensa em um único motivo para ela não ter impedido-o de ir antes.
Mas, apesar disso, há certo orgulho no olhar dela, como se estivesse feliz pelo resultado.
Os ferimentos dele desaparecem totalmente e, antes de ter a chance de agradecer, Caio sente algo de errado. Kevil treme, sentindo o mesmo e Karma expande sua presença, cobrindo-os com sua aura ao olhar para frente, sorrindo.
E, no momento seguinte, uma violenta luz domina o local.
O branco é expulso, dando lugar ao amarelo enquanto uma força colossal desce para aquele plano, inundando-o com a mais pura energia celestial. Caio e Kevil sentem suas almas vibrarem, sacudindo na presença do quer que seja aquilo.
Eles se unem, preparando-se para enfrentar aquilo e Karma abre a mão, pedindo para pararem. Ambos arregalam os olhos, não acreditando naquilo e, diante deles, uma luz central brilha.
E, até mesmo os outros dois reis, tão distantes do local, conseguem senti-lo.
Um homem de cabelos loiros levanta no seu salão, olhando na direção da presença daquele ser, surpreso. Seu olho direito brilha junto a aurélia sobre a cabeça, reagindo à presença dele.
–Que, incomum. –Ele diz, sorrindo em seguida. –O que o fez descer?
E, no confins de tudo, outro ser o observa em silêncio, furioso.
Sem dizer nada, a presença aproxima-se deles. A luz é condensada, formando uma representação humanóide. Braços, pernas, uma cabeça e boné são feitos, sendo virado pra esquerda num pequeno movimento. Sua pele escurece, ficando escura e os olhos laranjas são voltados para Karma, quase ignorando os outros dois seres ali.
A roupa preta e alaranjada termina de ser materializada, feitas da essência daquele ser. Caio e Kevil olham-no abismados, totalmente em choque com a quantidade imensa de força que ele transmite. Além, de uma calma surreal.
Karma vira-se para ele, também materializando seu corpo. Braços, pernas e a cabeça são formados. A coroa dourada reluz sobre os cabelos escuros, descendo em ondulações enquanto a roupa laranja é formada por cima da sua pele escura. Parte de sua barriga é deixada de fora e, formando as calças junto a um cinto, ela termina a materialização com duas botas e espécies de ombreiras transparentes, que são abertas em seguida.
–Quando senti sua presença aqui, eu não acreditei. –O homem fala, aproximando da esfera parada no nada. –Minha cara vizinha veio dar um puxão de orelha nas suas crianças?
–Infelizmente, dessa vez precisei intervir. –Ela responde encarando Caio e Kevil de relance, que tentam loucamente entender a situação. A esmagadora presença daquele ser é totalmente estranha, ambos nunca o viram antes. Contudo, a fundadora sim. Voltando a atenção na direção dele, um pequeno suspiro escapa dela. –Me desculpe por isso, normalmente eles não vão tão longe.
–Cronos parece ter resolvido tudo, então está tudo certo. –Ele responde, ficando de frente a Karma no nada. Olhando-a, certo interesse surge no olho do homem quando uma pequena risada cruza o rosto dela.
–Cronos? –Ela pergunta, tombando a cabeça. –Eu ouvi você resolvendo a situação.
Caio e Kevil arregalam os olhos, voltando a atenção para o ser que dispara a rir.
–É, agora você me pegou. –Ele diz, confirmando. O Titan e o Niatit ficam ainda mais chocados, incrédulos por não terem notado a presença esmagadora dele ali.
–Obrigada, facilitou e muito minha vida. –A fundadora fala e, estende a mão para o nada, abrindo a esfera na direção dele ao oferecer um comprimento. –E, é ótimo finalmente te conhecer, Eli'ja.
O sorriso do homem cresce ao ouvir seu nome, incompreensível a Caio. Sua mente mortal tenta processá-lo, porém não consegue. Sua parte de Titan consegue ouvi-lo, contudo a outra parte falha. Kevil estremece, lembrando desse nome. E, enquanto o ser aceita o aperto de mão, o Niatit recorda do momento onde o ouviu, nos primórdios da criação momentos antes da fúria de Karaja.
"Isso é por causa daquele Eli'ja?"
–O mesmo, Karma. –O homem responde apertando a mão dela. A imagem de ambos tremem no toque, sentindo a essência um do outro conforme se olham, estranhamente felizes. Em seguida, o aperto é desfeito e o ser volta a atenção para sua criação, pensando em algo antes de olhá-la, que tomba a cabeça, quase em um pedido de confirmação. –Já que estamos aqui, aceitaria uma xícara de chá?
Ela permanece quieta, olhando-o de relance. Analisando o pedido, sua atenção retorna a Caio e Kevil, em choque com o convite.
–Com ou sem açúcar? –Karma pergunta, claramente brincando.
–Escolha da senhorita. –Eli'ja responde oferecendo a mão, vendo-a sorrir.
–Certo, eu aceito. –Ela responde aproximando dele, afastando de suas criações que arregalam os olhos. Porém, antes de terem a chance de falar qualquer coisa, suas bocas travam, a atenção dela retorna a eles e sua mão é aberta. –Bem, segurem as pontas lá por mim.
E, fechando-a, eles são teletransportados.
Caio aterrissa na frente de sua casa de forma bruta, assustando com o quão violento foi o teletransporte e Kevil mergulha na sua dimensão, como se fosse uma enorme piscina e imediatamente sai dela, questionando-se o motivo da brusca ação e de um teletransporte não ter sido feito desde o início.
Em seguida, Karma calmamente segura a mão de Eli'ja, curiosa. No instante seguinte, a presença dos dois desaparecem.
E ela é levada ao Oblivion.
***
Enquanto Retse bombardeia Kevil de perguntas sobre a fundadora, Karina bombardeia Caio de perguntas sobre o mesmo, Tobias se recupera do choque junto aos outros na nave dos defensores, concertada. Nela, GG, Yellow e Bleeim explicam o que aconteceu a um homem de cabelo preto, com uma enorme guitarra vermelha nas costas.
Ao lado dele, uma pessoa de máscara ouve tudo junto a um samurai, carregando uma katana nas costas. Sua pele escura contradiz com o mascarado, beirando a palidez. Bem do lado deles, uma mulher ouve a conversa enquanto come um potinho de doce, tentando entender a situação. Tanto ela quanto os outros, são defensores.
Seu nome é Spokina. O de máscara chama-se Yoshi e o samurai Gael. O homem falando com Bleeim é Strikis, o vice-líder. Ele permanece sério, ouvindo o relato do combate de Caio contra seus parceiros e contra as Vontades, na qual pode ser sentida no seu próprio verso.
–Mas, ao menos, no final ninguém saiu ferido. –O ruivo conclui suspirando. No sofá, Tobias ouve tudo em silêncio absoluto. Do seu lado, GG encara a TV, terminando de amarrar um pano em sua mão ferida. O vampiro volta a atenção para a novela, sem entender absolutamente nada dela. Ele havia curado o máximo possível seu novo companheiro, retirando a energia caótica dele e regenerando sua carne. O resto, o corpo deve fazer. –Pois bem, podemos nos apresentar formalmente ao novato?
O general rupeia, ouvindo as palavras do vice-líder e mais pessoas chegam na nave. Aterrisando no salão principal, uma criatura levanta seu rabo laranja ao olhar para os outros, com os pelos e roupas com a mesma tonalidade brilhando pela energia fluindo neles. Seus olhos imediatamente vão de encontro a Tobias, vendo outra pessoa aparecer atrás dele. Uma espécie de demi-humano, extremamente pequeno olha-o com um pirulito na boca, vestindo roupas pretas. Seu cabelo verde e comprido está enrolado, indo até as costas onde um capuz escuro preenchido por linhas brancas balança, amarrado a sua cintura.
–Chegaram na hora! –Strikis exclama sorrindo e ambos se aproximam deles. Uma outra mulher surge no local, aterrisando bem ao lado de Bleeim após teletransportar. Em seguida, uma fenda surge no ar e uma garotinha desce dela, voando até plainar sobre a cabeça de todos, sorrindo. Mais quatro defensores chegaram. –O R ainda não chegou, onde aquele cara está?
–Depois ele chega. –A mulher de cabelo escuro diz, olhando fixamente para Bleeim. –Você machucou? Fiquei sabendo do que aconteceu.
Seus olhos vermelhos procuram algum ferimento no ruivo, que prontamente nega com a cabeça. Ela suspira, aliviada. Sua atenção retorna aos outros, aparentemente sem feridas. Seu nome é Yumi. Semelhante a Spokina, seus chifres reluzem no cabelo curto e preto, amarrado atrás da cabeça. Uma pequena mexa vermelha pousa em seu tapa-olho no lado direito do rosto.
A garotinha gira no ar, aproximando-se de GG até parar sobre sua cabeça, imediatamente encarando a mão enfaixada. Ele balança o membro no ar, sinalizando que está tudo bem antes de qualquer pergunta. Em seguida, ela encara Tobias, já de pé.
Seu cabelo branco e curto parece flutuar junto ao corpo. As flores azuis em torno da cabeça brilham pela sua energia, acompanhando as pulsações de sua camiseta azulada e short cinza. Uma pequena capa de coloração marrom balança, com tonalidades em azul no final. Seu nome é Yukine.
–Esse é o novato? –Ela pergunta, cruzando os braços e todos aproximam da TV, deixando GG levemente irritado.
–Sim, é o Tobias. –Bleeim confirma, deixando-o ainda mais sem graça. Mesmo depois de tudo o que havia falado, o ruivo consegue sentir a tristeza do vampiro. Que, em olhares silenciosos, pede para levá-lo embora. –Se apresentem.
–Ah, sou a Yukine! –A anã branca diz fazendo um joinha, recebendo um pequeno movimento da cabeça como resposta.
–Bem, eu sou o Yoshi. –O homem de máscara fala abrindo a mão, cumprimentando-o de longe.
–Yumi. –A mulher do tapa-olho se apresenta e, tomba a cabeça, estranhando algo.
–Fox. –A criatura amarela fala, bem baixo. Do seu lado, o pequeno homem de cabelo verde faz um joinha.
–E eu, Wed! –Ele diz movendo o pirulito, quase escapando de sua boca.
–E minha pessoa, Strikis! –O homem da guitarra aproxima e oferece um aperto de mão, sorrindo de canto a canto. Com certo receio, Tobias aceita e, assim que segura-o, sua mana é desativada. Arregalando os olhos ao controlar a instintiva ação de recuar, o vampiro sente suas forças serem canceladas. Ele o solta e ri um pouco. –Não se assuste, é normal. Todos ficam assim.
–Normal? –Tobias pergunta surpreso e Yellow surge do lado dele, fazendo a eletricidade arrepiar seus cabelos e cachecol marrom.
–É, esse doido ama fazer isso. –O ser elemental fala oferecendo um copo de água, notando o quão tenso o vampiro está. –Tome, a reunião ainda deve demorar um pouco.
–Falando nisso –Strikis fala, voltando a atenção para Bleeim. –O motivo da reunião era a apresentação do novato ou tem algo a mais?
–Somente a apresentação de Tobias. Além, claro, de uma informação nova. –Ele responde, chamando alguém com um gesto. No segundo seguinte, Gael aproxima-se e estreita os olhos, odiando ter que ficar mais perto. Todos olham-no, esperando a revelação da informação. –Sendo direto, descobrimos uma criação nova.
–Ein? –Yellow pergunta, tombando a cabeça.
–Isso explica. –Yumi fala, retirando os olhos de Tobias. Gael e Bleeim a olham de relance, esperando uma continuação. –Olhem para o novato, a energia dele é totalmente diferente da nossa. Não como a minha e, de Gael, como exemplo. É literalmente, completamente outra.
A atenção de todos retorna a Tobias, forçando um sorriso enquanto murcha, sem saber o que dizer.
–E, aproveitando. –Bleeim fala batendo duas palmas ao retirar a atenção do vampiro, que agradece em um suspiro. –Vamos iniciar uma série de missões para lá. Motivo? Ajudar nosso querido novato, o reino dele está em guerra.
Os olhos do general são arregalados, quase não acreditando naquilo. A atenção dos outros recai sobre ele outra vez, literalmente sem palavras. "Todos eles vão me ajudar!?" O pensamento é acompanhado pela mais pura descrença, vendo o quão forte cada um é.
–Vamos ajeitar os detalhes após terminamos as que estamos finalizando, combinado? –Bleeim sorri, andando para longe ao chamar todos em um gesto. –Agora, precisamos definir algumas coisas. Além de eu entregar uma nova bússola a todos.
Eles seguem-no, sem contestar e GG levanta do sofa, estralando as costas antes de ir também. Tobias vê todos andando, totalmente incrédulo. Havia ido por uma aliança e isso, é simplesmente muito melhor do que havia pensado.
E, sorrindo um pouco, ele vai atrás deles. "Ao menos uma coisa boa aconteceu hoje."
***
Enquanto isso, Alucard bebe um pouco de cachaça no mesmo bar de sempre. Seu semblante sério afasta até mesmo o balconista, jamais tendo o visto tão estressado antes. Apesar da bebida, a cabeça do Imortal está a mil por hora. Sua maior preocupação é a de Caio ter conseguido achar Tobias.
E, um recado mental chega.
Mandando sua consciência para o plano astral, ele aterrisa no enorme campo prateado, recheado de cristais brancos dos mais diversos tamanhos. São suas memórias. No centro da enorme planície, uma maciça esfera branca brilha, iluminando o local.
É a sua consciência principal e, sua alma.
Indo para os confins do campo em um salto, Alucard vê a enorme muralha vermelha em torno do local, cobrindo literalmente tudo ali. O material é algo similar a sangue, com partes brancas espalhadas feito ossos. É sua barreira mental, já totalmente regenerada.
E, ultrapassando-a ao expandir parte de sua consciência para o limbo naquela região do planeta, um cristal rosa aproxima-se dele pela escuridão. A cor é de Luizen. Abrindo-o com sua energia, ele ri com a mensagem.
–Me dá uma garrafa ai, meu parceiro! –Alucard chama o balconista, mudando totalmente de humor. A mensagem basicamente dizia: Tobias está seguro e conseguiu reforços. O homem imeditamente obedece, preenchendo o copo e, alguém senta ao lado dele.
–Que isso, pega leve ai. –A voz feminina aborda-o e, quando o vampiro vê quem é, o que estava bom melhora. –Se não a cirrose vem pesada.
–Nah, uma vez por semana não faz mal. –Ele diz dando um pequeno gole, sorridente ao ver a mulher parda com o cabelo marrom, caindo até os ombros expostos totalmente livres. Estando usando uma camisa rosa, seus olhos castanhos que emitem pequenas colorações douradas que não o deixam confundi-la, é Andressa.
E, o sorriso dela desaparece.
–Anderson? O que aconteceu com você? –Ela pergunta, abismada ao olhar a situação de seu corpo e energia, fragmentada e estilhaçada.
–Ah, entrei numa briga com um anão. –Ele responde mostrando a bengala e arranca uma risada da mulher, não acreditando no que acabou de ouvir. –Nem me olhe assim, aquele cara é deve ser o próprio medo.
–O medo é pior, garanto. –A resposta irônica faz Alucard rir, voltando a atenção para a garrafa deixada pelo garçom. E, sorrindo, o homem olha-a de relance, que já entende.
–Aceita? –Ele empurra um pouco o vidro, bebendo mais um pouquinho. Andressa observa-o por alguns segundos, pensando no que poderia ter acontecido para deixá-lo tão alegre nesse estado. E, ficando feliz por ele, pega a garrafa junto a um copo nos pratinhos no seu lado.
–Por umas partidas no toto, é claro. –Ela diz, sentando na cadeirinha ao lado dele. E, preenchendo o copo, brinda com Alucard, controlando-se para não transbordar de alegria.
–Vai ficar igual semana passada em, dez a um. –Ele ressalta o placar no jogo, fazendo-a revirar os olhos.
–Devo lembrar o placar no ping? –O homem finge engasgar, batendo a mão no peito ao desviar o olhar.
–É… Quer ir jogar ou beber primeiro? –Desviando o assunto, seus olhos azuis brilham um pouquinho e ela estreita os dela, sorrindo.
–Primeiro, beber. –Andressa define, mudando um pouco o semblante.
E, enquanto o clima entre ambos muda, eles prevêem o quão bom a tarde vai ser.
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